domingo, 30 de maio de 2010

Booster S 43 para o Cyclone 4: uma possibilidade

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A mais recente edição da revista Espaço Brasileiro, editada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) ("Revista "Espaço Brasileiro" nº 8 no ar"), conta com uma pequena reportagem (pp. 24-25) comparando o VLS brasileiro com o lançador Cyclone 4, da Ucrânia, a ser operado pela binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). O propósito do texto foi demonstrar que os dois projetos são complementares e não competem (ao menos tecnicamente) entre si.

A matéria, no entanto, vai um pouco além desse comparativo e acaba por revelar a necessidade de se ampliar a capacidade do Cyclone 4 para missões geoestacionárias, hoje limitadas a cargas úteis de até 1.700 kg. Como já tratado pelo blog algumas vezes, o desempenho do foguete ucraniano em missões de transferência geoestacionária (GTO) é grande barreira a ser vencida para a ACS para viabilizar comercialmente a iniciativa. Tem sido raros os satélites geoestacionários com massas inferiores a 1.700 kg, e de acordo com pessoa bastante familiarizada com o tema, talvez nos últimos dez anos o número de cargas de até 1.700 kg lançadas para órbitas GTO não chegue ao total de dedos de uma mão.

E o acréscimo de capacidade do Cyclone 4, fundamental para melhorar seu posicionamento no mercado, poderia se dar por meio do uso de strap-on boosters de propulsão sólida, similares aos utilizados no primeiro estágio do VLS-1, ideia, diga-se de passagem, que não é recente. Desde a concepção do veículo, na época em que a italiana Fiat Avio participava do projeto, já se considerava o uso destes impulsores para melhorar a sua performance. No início dessa década, a possibilidade de uso do booster S 43 (usados no 1º estágio do VLS-1), inclusive, já figurava em alguns materiais informativos (figura abaixo) sobre o binômio Cyclone 4 / Alcântara. Com o passar dos anos, porém, a ideia pareceu perder força, e agora volta a ser considerada mais seriamente, como se pode concluir da leitura da reportagem.

Numa configuração com quatro impulsores S 43 e dois tanques adicionais de combustível, a capacidade do Cyclone 4 para órbita GTO seria ampliada para 2.700 kg (desenho da direita). Observar também as configurações adicionais, com performances de 2.000 e 2.400 kg.

João Ribeiro, vice-diretor técnico da ACS, explica objetivamente na matéria o que são os boosters e como funcionam: "Os boosters são motores auxiliares externos movidos a propelente sólido, como os do VLS, fixados lateralmente no veículo. A queima ocorre junto com o motor principal, depois é feita a ejeção lateral e o foguete continua sua trajetória. Têm a função de fazer a impulsão inicial, tirar o foguete do chão, dar velocidade, e, quando terminada a queima, seriam ejetados".

A possibilidade do uso do S 43 pelo Cyclone 4, além de razões técnicas, tem também certa fundamentação política. Originada como iniciativa meramente com fins comerciais, passou-se a ter em relação à ACS a necessidade de se mostrar outros pontos positivos da empreitada ucraniano-brasileira, até para justificar seu elevado custo. Assim, seus dirigentes brasileiros costumam destacar um possível envolvimento da indústria nacional no projeto do lançador, possivelmente envolvendo inclusive transferência de tecnologia.

A instalação de boosters num foguete, no entanto, não é tarefa simples, e tem custos que geralmente chegam a casa das dezenas de milhões de dólares. No caso do Cyclone 4, surgem várias dúvidas, tais como sobre quem arcaria com os despesas da eventual adaptação, e também se esta seria justificável nesse momento. Outra questão, bem mais sensível: uma vez identificada a incapacidade do foguete em atender o maior filão do mercado (GTO), por que não se exigiu da parte ucraniana a inclusão de boosters no projeto do lançador, desde o seu início? Seria isto um indicativo da falta de consistência técnica na estruturação da joint-venture?

A reportagem afirma que a decisão sobre o aumento da capacidade do lançador depende de acordo entre os governos envolvidos no projeto. "A decisão de investir no aumento da capacidade do Cyclone-4 em lançamentos geoestacionários teria de ser do governo da Ucrânia com o governo brasileiro, talvez até em parceria. O Brasil fabrica boosters sólidos e com uma qualidade bastante aceitável, mas quando se coloca booster no veículo é preciso ajustar toda a estrutura e com os sistemas do lançador. Há uma série de aspectos que precisam ser estudados por parte do construtor-chefe responsável pelo foguete, no caso, a empresa Yuznoye. Seria necessário esse estudo e o seu desenvolvimento, na Ucrânia."-

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Carlos Ganem (AEB) na 4ª CNCTI

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Ganem aborda a importância do espaço em palestra na 4ª CNCTI

28-05-2010

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, participou nesta sexta-feira (28) da sessão paralela “Espaço, Defesa e Segurança Nacionais”, na sessão plenária 5: Democratização e Cidadania, da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI). Ganem abordou o Programa Espacial Brasileiro.

Para o presidente da AEB, no Brasil, o investimento em espaço não é apenas uma questão de defesa e soberania. “A pesquisa científica, o ensino à distância, notícias online e até mesmo a transmissão da Copa do Mundo em tempo real, sem o espaço, não existiriam”, destacou. “Só em 2008, a atividade espacial mundial, comercial e de governo, movimentou U$ 257 bilhões”, comentou.

Segundo Carlos Ganem, os gargalos nessa área no país ainda são muitos. No entanto, ele avalia que algumas ações atuais podem contribuir para modificar esse quadro. O dirigente citou o edital de bolsas de apoio a projetos voltados à fixação, formação e capacitação de especialistas para o setor espacial, lançado este mês pela Agência e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ação, que na sua opinião, poderá diminuir o déficit de especialistas no Programa Espacial Brasileiro.

A sessão foi presidida pelo diretor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Eugenius Kaszkurewicz. O diretor informou que a instituição investiu nos últimos cinco anos R$ 1 bilhão em segurança e defesa.

Defesa - A apresentação seguinte foi ministrada pelo major-brigadeiro do Ar, Álvaro Knupp, do Ministério da Defesa, que apresentou o Plano de Ciência e Tecnologia para o setor de defesa. De acordo com ele, um dos objetivos da Pasta é o desenvolvimento de sensores e outras tecnologias para o monitoramento dos oceanos e do tráfego aéreo. Knupp relatou ainda que o Ministério da Defesa pretende abrir espaço para que a sociedade civil e a indústria participem no desenvolvimento das ações de C&T voltadas à defesa e à segurança nacionais.

Inpe – Já o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e relator da sessão, Gilberto Câmara ressaltou que o “futuro da tecnologia espacial agrega valor à economia do conhecimento da natureza”, afirmou. Como o Brasil é líder em desenvolvimento sustentável, Câmara acredita que ao se investir em tecnologia espacial, "o Brasil será o primeiro país de clima tropical desenvolvido do século XXI”.

Fonte: AEB
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terça-feira, 25 de maio de 2010

AEB na 4ª CNCTI

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Carlos Ganem participa da abertura da 4ª CNCTI

25-05-2010

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, participa, nesta quarta-feira (26), às 18 horas, da solenidade de abertura da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que se realizará em Brasília (DF) até o dia 28, no hotel Golden Tulip Brasília Alvorada. Mudanças climáticas, energia, recursos naturais, desigualdades regionais, educação científica de qualidade em todos os níveis, uso da ciência e tecnologia para a promoção social e da saúde são os principais temas a serem discutidos durante o evento, promovido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Na abertura da Conferência ocorrerá a entrega da insígnia da Ordem do Mérito Científico a personalidades que contribuem para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. A condecoração é concedida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Um dos agraciados será Aldo Vieira da Rosa, fundador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Com o tema “Política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao Desenvolvimento Sustentável”, a atividade tem como objetivo central elaborar diretrizes para a consolidação de um Sistema Nacional articulado que promova a cooperação entre os âmbitos federal, estadual e municipal, consolidando a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I). A conferência reunirá milhares analistas, pesquisadores, empresários, tomadores de decisões e a comunidade em geral que debaterão e formularão propostas para a consolidação, nos próximos 10 anos, de uma Política de Estado em C, T&I, com foco principal no desenvolvimento sustentável.

Na sexta-feira (28), a partir das 10h15, Carlos Ganem será um dos palestrantes na sessão paralela da Conferência que abordará o tema “Espaço, Defesa e Segurança Nacionais”.

Mais informações: http://http://www.cgee.org.br/cncti4/

Fonte: AEB
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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ensaio estático do SARA

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Divisões do IAE trabalham no Ensaio Estático do Satélite de Reentrada Atmosférica

21/05/2010

No dia 18 de maio o IAE realizou o ensaio estático da estrutura externa do Sara Suborbital, no Laboratório de Ensaios Estruturais (X-20) da Divisão de Sistemas Aeronáuticos (IAE/ASA). O experimento tem por objetivo a simulação dos carregamentos estáticos provocados pelas forças inerciais e forças aerodinâmicas, decorrentes do voo ascendente e descendente da missão.

O ensaio, que possibilitou a verificação da resistência e rigidez da estrutura externa, utilizou um Modelo de Engenharia (ME) em escala real. As medições foram realizadas utilizando medidores de deslocamento (LVDTs) e medidores de deformação (strain gages). Com os dados obtidos será possível verificar a distribuição de tensões e deformações nas áreas críticas (com maiores concentrações de tensão) e correlacioná-las com os cálculos efetuados por elementos finitos.

Três condições de carregamentos foram aplicadas: carregamento de tração transversal, compressão na direção longitudinal e ambos os carregamentos de tração e compressão aplicados simultaneamente. Para a inserção dos esforços foram utilizados atuadores hidráulicos com intensidade das forças agentes 1,5 vezes maior do que as forças nominais em condições previstas para o voo.

A estrutura externa do SARA Suborbital é constituída de componentes metálicos de alumínio, aço e também componentes com materiais compósitos. Na estrutura externa são utilizadas tanto junções parafusadas, quanto junções coladas com adesivo epóxi de aplicação aeroespacial.

A preparação do Modelo de Engenharia foi realizada pela Divisão de Integração e Ensaios (AIE) do IAE, sendo as diferentes partes do dispositivo de ensaio fabricadas pelas Divisões de Mecânica (AME) e de Sistemas Aeronáuticos (ASA), sob coordenação e supervisão da Divisão de Sistemas Espaciais (ASE). O Modelo de Engenharia, mesmo sob os carregamentos mais intensos, suportou todos os esforços sem apresentar qualquer indício de fratura ou dano estrutural, demonstrando a elevada resistência mecânica e estrutural deste subsistema.

Fonte: Equipe SARA / IAE/DCTA
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MAPSAR, RALCam-3 e câmera MUX

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Alguns leitores eventualmente questionam o blog sobre informações sobre os avanços em alguns projetos do Programa Espacial Brasileiro. Entramos em contato com a assessoria de imprensa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para ter respostas a algumas destas questões, específicas sobre o financiamento do MAPSAR, a câmera inglesa RALCam-3, e o desenvolvimento do sensor MUX, do CBERS 3/4.

Sobre os recursos para financiamento do satélite-radar MAPSAR, no final de 2009, o INPE propôs ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um projeto de um satélite SAR (Synthetic Aperture Radar) nacional, com tecnologia de antena em rede planar. A proposta foi, inicialmente, dirigida aos Fundos Amazônia e FUNTEC, ambos do BNDES, e ainda está sob análise. Há, no entanto, dificuldades técnicas e administrativas para sua aprovação, em função do montante necessário, aproximadamente US$ 200 milhões, excluindo-se o lançamento, e das alternativas institucionais para viabilizá-lo.

A câmera inglesa RALCam-3, que embarcaria como carga útil secundária no satélite de observação Amazônia 1, não irá mais integrar a missão, em razão de dificuldades com o fornecimento da eletrônica de bordo (DHU - Data Handling Unit) da câmera inglesa. Em janeiro de 2010, o blog já havia noticiado que a câmera estava em risco ("Amazônia-1: RALCam 3 em risco").

Quanto ao desenvolvimento da câmera MUX, novo sensor ótico que integrará os satélites CBERS 3 e 4, o INPE informa que as atividades seguem em andamento normal, sendo que, atualmente, a câmera está em fase de qualificação.

O blog agradece a Marjorie Xavier, da assessoria de imprensa do INPE, pela atenção dada no levantamento dessas informações.
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quinta-feira, 20 de maio de 2010

SGB: estudo sobre PPP foi contratado

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O projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) está de fato, voltando à tona no governo brasileiro. Além da criação de grupo de trabalho na Agência Espacial Brasileira (AEB) para discussões sobre o projeto, o blog recebeu a informação de que nas últimas semanas, foi finalmente assinado o contrato de consultoria sobre parcerias público-privadas (PPP) para o SGB, a ser arcado com recursos não-reembolsaáveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Fundo Multilateral de Investimentos - FUMIN.

As empresas contratadas, organizadas na forma de consórcio, são a AAA, AGR, Telecom Biz e Union Engenharia. O escopo do trabalho envolverá a elaboração de estudo sobre a viabilidade jurídica, econômica e técnica do SGB.

4ª edição da AAB Revista

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A quarta edição (abril-junho) da AAB Revista, editada pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) já está disponível. Este número traz artigos sobre temas relacionados a simulação de escoamentos de alta velocidade, o centro de realidade virtual da Embraer, energia foto-voltáica em aplicações espaciais, satélites e suas aplicações no Brasil, e também sobre a Comissão de Política Espacial da AAB.

Para acessá-la (em arquivo PDF), clique aqui.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

UFABC participa da Missão ASTER

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Professores da UFABC colaboram em projeto de 1ª missão espacial brasileira para o espaço profundo

18/5/2010

A primeira sonda com tecnologia brasileira a explorar o espaço profundo, denominada Missão ASTER, terá a colaboração dos professores da UFABC e deverá ser lançada em 2015 caso seja confirmado o plano inicial de desenvolvimento do projeto. Professores do curso de Engenharia Aeroespacial da universidade têm participado de workshops onde são discutidas as implicações técnicas e logísticas do projeto que deve obter colaboração russa.

O projeto básico prevê a exploração do asteróide 2001-SN263, localizado a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra. A sonda seria construída sobre uma plataforma russa e contaria com a tecnologia de propulsão iônica desenvolvida no Brasil pela UnB e o Inpe. O plano inicial é lançá-la de um submarino por meio de um foguete espacial russo.

Outra opção é utilizar um foguete da Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa aeroespacial binacional criada por Brasil e Ucrânia em 2003. Nesse caso, o lançamento ocorreria na base de Alcântara, no Maranhão.

Os professores da UFABC ficaram encarregados, nessa fase do projeto, de estudar o desenvolvimento de dois instrumentos de observação do asteróide: altímetro laser e o espectrômetro infravermelho. "Estudaremos as especificações, verificaremos quem pode fabricar e pesquisaremos experiências de missões similares de outros países", explica Luiz Martins, um dos professores da universidade envolvidos no projeto.

Orçada inicialmente em US$ 35 milhões, a missão aguarda ainda a inclusão no Programa Espacial Brasileiro para sair do papel. De acordo com o avanço das tratativas, a série de workshops dará lugar aos trabalhos técnicos mais específicos nos laboratórios do Inpe.

A magnitude dos objetivos da missão seria convertida no domínio de tecnologias pouco exploradas no Brasil e daria margem a aplicações que extrapolam o uso aeroespacial, segundo Martins. "Com o conhecimento adquirido, teríamos, por exemplo, a possibilidade de dotar casas com geração própria de energia elétrica a partir de conversão da energia solar, obter a capacitação tecnológica para a indústria aeronáutica, além de alcançar conhecimentos científicos, envolvendo físicos e químicos brasileiros, sobre a constituição de nossa galáxia".

Fonte: UFABC

Comentário: para saber mais sobre esta missão, acesse a postagem "Informações sobre a Missão ASTER".
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Novo satélite da SES para a América Latina

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EADS Astrium fará novo satélite para SES World Skies

Ter, 18 de Maio de 2010 11:01

A companhia SES World Skies anunciou hoje (18) que assinou um contrato com a EADS Astrium para a construção de um novo satélite geoestacionário de comunicações, a ser denominado SES-6.

O satélite será baseado na plataforma Eurostar E3000, com massa total de 6.000 kg, contará com transpônderes em banda C e Ku e terá vida útil estimada de 15 anos. "A América Latina e o Caribe têm demonstrado crescimentos significativos nos últimos anos, e esperamos que isto continue. Nossos clientes têm nos pedido mais capacidade, e nós estamos muito satisfeitos em oferecer não apenas uma substituição antecipada de capacidade, mas também uma signiticativa atualização para a nossa cobertura das Américas", afirmou Robert Benarek, presidente da SES World Skies. "A Astrium foi capaz de oferecer um projeto inovador de satélite, nos dando condições para rpover flexibilidade em capacidade para os mercados onde vemos desenvolvimento de demanda ao longo do tempo", complementou.

O SES-6 ocupará uma posiççao orbital em 319.5º, Leste, abrangendo a região da América Latina, incluindo Brasil, região andina, México, América Central e Caribe. A encomenda da SES World Skies, do grupo SES, de Luxemburgo, se soma a outra feita há cerca de seis meses também com a EADS Astrium, de 4 satélites.


Comentário: a notícia é claro indicativo do crescimento do mercado de comunicações via satélite na América Latina. Com o crescimento econômico regional, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), o mercado deve passar por nova onda de crescimento.
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terça-feira, 18 de maio de 2010

Grupo de trabalho sobre o SGB

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Agência Espacial Brasileira cria grupo de trabaho para discutir o SGB

segunda-feira, 17 de maio de 2010, 18h44

A Agência Espacial Brasileira (AEB), com o objetivo de dar contibuidade ao processo de implementação do projeto Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), publicou nesta segunda-feira, 17, no Diário Oficial a criação de um grupo de trabalho que realizará estudos sobre a viabilidade do projeto.

O estudo de viabilidade compreende a análise da documentação existente, o levantamento de novas informações e das alternativas para a relização do projeto, apresentando relatório circunstanciado sobre sua viabilidade, contendo memorial descritivo das opções do satélite, com estimativas de custos e prazos para seu desenvolvimento, construção, lançamento e operação.

O grupo é formado por membros da AEB, do Ministério de Planejamento Orçamento e Gestão, Ministério das Comunicações, Ministério da Defesa, Anatel, Comando da Aeronáutica, Ministério das Relações Exteriores, Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, Instituto Nacional de Meteorologia e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Comunicação estratégica

Hoje o Brasil carece de um satélite próprio para comunicação militar, tráfego aéreo e meteorologia, alega o governo. Todos esses serviços, tidos como estratégicos para o País, são feitos a partir de satélites que pertencem à iniciativa privada.

O Ministério da Defesa atualmente utiliza dois transponders em banda X nos satélites C1 e C2, da StarOne. O coronel Paulo Mourão Pietroluongo, gerente da divisão de projetos especiais do Ministério da Defesa, em entrevista para a Teletime em outubro do ano passado, disse que o País em três anos precisaria de mais oito transponderes. Segundo ele, hoje o Brasil tem 40 terminais em banda X, o que não é suficiente para equipar todos os navios e aviões. A necessidade brasileira, segundo ele, é de cerca de 200 terminais em dez anos.

Atraso

O cronograma de estudos para viabilizar o SGB foi prejudicado pela troca de presidente da AEB, em 2007. Em agosto daquele ano, o então presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi, foi deslocado para a Infraero. Assumiu interinamente Miguel Henze, que tinha outras prioridades, o que acabou paralisando o projeto até março de 2008, quando Carlos Ganem assumiu a presidência da agência.

Fonte: Teletime

Comentários: talvez não seja coincidência a criação do grupo de trabalho algumas semanas depois da reativação da companhia estatal de telecomunicações Telebrás. Segundo a portaria da AEB, datada de 14 de maio, "caberá ao Grupo [do SGB] realizar um estudo de viabilidade do Projeto - SGB, compreendendo a análise da documentação existente, o levantamento de novas informações e das alternativas para a relização do Projeto, apresentando relatório circunstanciado sobre sua viabilidade, contendo memorial descritivo das opções do satélite, com estimativas de custos e prazos para seu desenvolvimento, construção, lançamento e operação." O grupo de trabalho também terá um subgrupo específico para tratar de Parceria Público-Privada.

Para saber mais sobre o SGB, acesse a postagem "Panorama sobre o SGB".
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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Economia gerada pelas previsões meteorológicas

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Pesquisa aponta economia de R$ 232,8 milhões com uso de previsões meteorológicas do CPTEC/INPE

17/05/2010

Pesquisa realizada com usuários de produtos e serviços do Centro de Previsão e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estima ganhos de R$ 232,8 milhões com o uso de dados meteorológicos, durante o ano de 2009. O valor apurado pela pesquisa é considerado positivo, representando 7,6 vezes o orçamento do CPTEC/INPE no mesmo período, de R$ 30,5 milhões, incluindo custos de capital, custeio e pessoal.

O coordenador do CPTEC/INPE, Luiz Augusto Machado, destaca, no entanto, que se trata de um valor subestimado, já que o cálculo de ganhos com os dados meteorológicos teve como base um universo restrito de usuários, incluindo apenas aqueles que acessam o portal do centro. O valor certamente seria maior caso a pesquisa tivesse apurado dados daqueles que consultam as previsões do CPTEC/INPE pela imprensa ou englobasse empresas de grande porte, como Cargill, Petrobras, entre outras, que utilizam as previsões diariamente para planejar suas atividades. Mesmo assim, afirma Machado, o cálculo tem uma base sólida, as respostas de usuários do CPTEC/INPE que nunca foram consultados, revelando um retorno positivo, mesmo que parcial, dos investimentos no centro de pesquisa.

Machado argumenta que ainda há muito espaço para investimentos na melhoria do sistema meteorológico nacional como um todo e não somente no CPTEC/INPE. Recentemente, o INPE finalizou o processo de licitação para a compra de um novo supercomputador, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). No entanto, ressalta o coordenador do CPTEC/INPE,“a maior capacidade de processamento irá demandar maior volume de dados e necessidade de novos investimentos”.

Antes do resultado desta pesquisa, projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontavam ganhos de US$ 2 bilhões, aproximadamente, ao ano para a economia nacional incluindo o uso de todos os serviços meteorológicos disponíveis no País, muitos deles utilizando dados do CPTEC/INPE. A estimativa do INMET tem como base cálculos da Organização Meteorológica Mundial (OMM), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), que alega prejuízos anuais com desastres naturais em todo o mundo, relacionados ao tempo, clima e água, da ordem de US$ 100 bilhões e cerca de 100 mil mortes. A OMM afirma que estes números poderiam ser maiores, caso não existissem os atuais serviços meteorológicos.

A pesquisa do CPTEC/INPE abrangeu 2.791 usuários, que responderam a um questionário eletrônico entre novembro do ano passado a fevereiro deste ano. Segundo o coordenador da pesquisa, Luiz Tadeu da Silva, analista de C&T do INPE, além da estimativa de ganhos econômicos, a pesquisa teve como objetivo produzir um diagnóstico sobre a aceitabilidade e qualidade dos produtos e serviços meteorológicos do CPTEC/INPE na internet.

Nestes quesitos, mais de 95% dos usuários afirmaram que os produtos e serviços do CPTEC/INPE são bons e excelentes. Já a avaliação sobre facilidade de acesso e disposição dos dados na internet foi um pouco menor, sendo considerada boa e excelente por 88% dos participantes da pesquisa, indicando necessidade de melhorias nestes dois aspectos.

Além de calcular os ganhos e economia com o uso de dados meteorológicos, a pesquisa também procurou identificar o modo pelo qual estes dados vêm sendo utilizados. A pesquisa detectou ainda necessidade de melhoria no acesso aos produtos e serviços meteorológicos, recebendo sugestões que serão incorporadas ao planejamento do CPTEC/INPE e outros já estão sendo incorporadas na reformulação do novo portal, atualmente em curso. Também será analisada a criação de novos cursos de extensão e treinamento em diferentes áreas, solicitação de mais de 62% dos que responderam ao questionário.

Fonte: INPE
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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Cooperação Brasil - Rússia

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Por ocasião da visita de comitiva do governo brasileiro, liderada pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, hoje (14) à Rússia, foram assinados alguns atos diplomáticos, inclusive um denominado "Plano de Ação da Parceria Estratégica entre a República Federativa do Brasil e a Federação da Rússia", que trata, dentre outros temas, de cooperação espacial. Reproduzimos abaixo o trecho sobre espaço:

"III – Cooperação na Área Espacial

As Partes registram o progresso alcançado no desenvolvimento da cooperação bilateral no setor espacial e reiteram a importância que atribuem à contribuição das tecnologias espaciais nas várias esferas econômicas dos dois países, bem como para fins de estudo dos fenômenos climáticos, da mudança do clima, da prevenção de catástrofes naturais e da preservação do meio ambiente.

Nesse contexto, as Partes reiteram a determinação de fortalecer a cooperação tecnológica e de lançar novos projetos de cooperação que permitam estreitar os laços entre as comunidades espaciais de ambos os países com vistas à produção conjunta de tecnologias.

As Partes destacam a relevância dos trabalhos conjuntos em andamento, relacionadas à modernização e aprimoramento do Veículo Lançador de Satélites VLS-1 e ao estudo do anteprojeto do VLS-1B com motor a combustível líquido no terceiro estágio, de elaboração russa. Nesse quadro, as duas Partes empenhar-se-ão em dar continuidade ao programa de treinamento de técnicos da área de engenharia aeroespacial, com ênfase em tecnologias de motores a combustível líquido.

As Partes reafirmam o propósito de continuar a cooperação no desenvolvimento de um satélite de telecomunicações brasileiro.

Com base no Programa de Cooperação no Campo da Utilização e Desenvolvimento do Sistema Russo de Navegação Global por Satélite, firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Federal Espacial (Roskosmos), em 26 de novembro de 2008, as Partes estimularão suas respectivas agências governamentais, institutos de pesquisa e indústrias privadas com vistas a lograr a mais ampla participação do Brasil no uso e desenvolvimento do sistema russo GLONASS de navegação por satélite.

As Partes saúdam a decisão da Agência Federal Espacial (Roskosmos) de enviar representante ao Brasil e consideram tal medida um marco no âmbito do estreitamento da cooperação na área espacial."
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"WikiInpe" e atualizações sobre missões de satélites

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Semana passada, em visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), fui informado sobre a existência do portal "Planejamento Corporativo" do INPE, também chamado "WikiInpe". O website tem informações muito interessantes sobre os diversos programas e unidades do Instituto, e segundo informações dadas ao blog, abastece o relatório de gestão divulgado anualmente. Cada programa tem seu planejamento constantemente atualizado, indicando, inclusive, o status de seus andamentos entre "adequado", "atenção" e "preocupante".

Numa breve análise sobre o andamento de alguns programas, como o do satélite de observação Amazônia-1, é possível de se apurar que o sensor de estrela para o sistema de controle e atitude em órbita (ACDH, sigla em inglês), por exemplo, já teve seu processo de contratação iniciado, devendo ser finalizado no primeiro semestre. O desenvolvimento do ACDH, aliás, realizado em conjunto com a argentina INVAP avança de acordo com o desejado, esperando-se a sua conclusão em 2012.

A intenção é também iniciar e concluir ainda este ano o processo licitatório para o lançamento do satélite, em linha com o objetivo de se ter o satélite em órbita até 2012. O desenvolvimento do imageador AWFI avança bem, tendo sido avaliado em 2009 como "adequado". Meta que preocupa é a qualificação do sistema de suprimento de energia da Plataforma Multimissão (PMM), contratado junto a uma indústria brasileira e que já há tempos é um grande incômodo para o INPE (há pouco mais de dois anos, publicamos no blog uma nota sobre um problema associado a este subsistema: "Problemas com a Plataforma Multi-Missão"). O INPE tem feito um "acompanhamento sistemático na contratada visando mitigar atrasos".

As metas de lançar em 2013 o satélite científico Lattes, em 2014 o MAPSAR, de observação, estão classificadas como preocupantes, indicando prováveis atrasos nas missões. Já o objetivo de ter o satélite GPM-Br operacional em 2016 é descrito como em estado de "atenção". O término da Fase A desta missão, de meteorologia, é aguardado para o mês que vem, junho.

Na área de tecnologias críticas para as missões de tecnologia espacial do INPE, as metas de desenvolver até 2013 o ACDH, e o computador e o software de Data Handling (DH) do Lattes, foram avaliadas em março de 2010 em estado de atenção e preocupante, respectivamente. A razão principal para essas avaliações é a falta de recursos humanos.

Em relação ao Programa CBERS, a meta de lançar os dois novos satélites da série, CBERS 3 e 4, em 2011 e 2014, respectivamente, em 2009 foi avaliada como adequada, mas em março de 2010 recebeu a classificação de estado de atenção.
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

AEB e CNPq: edital para pesquisas na área espacial

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AEB incentiva pesquisa na área espacial

13-05-2010

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançaram, nesta quinta-feira (13), edital para apoiar projetos voltados à fixação, formação e capacitação de especialistas para o setor espacial. No total serão destinados recursos da ordem de R$ 13 milhões, com desembolso de R$ 6 milhões em 2010 e R$ 7 milhões em 2011.

O Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), em mais de quatro décadas de história, conseguiu êxito na formação de pesquisadores e técnicos, com excelência internacionalmente reconhecida em várias áreas de conhecimento científico-tecnológico. Atualmente, cerca de três mil especialistas brasileiros atuam no governo e na indústria.

Os recursos são oriundos dos Fundos Setoriais (FNDCT) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e foram resultados de gestões feitas pela AEB junto ao Comitê de Coordenação dos Fundos Setoriais do MCT. Podem se candidatar pesquisadores vinculados às instituições integrantes do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Sindae) e envolvidos em projetos estratégicos do Pnae, relacionados diretamente com o desenvolvimento de veículos lançadores, satélites e seus equipamentos e sistemas de solo e operação e controle de centros de lançamento, incluindo-se também atividades de avaliação de conformidade, de extensão inovadora e transferência de tecnologia para a indústria.

Os pesquisadores devem ter experiência mínima de 15 anos em projetos de desenvolvimento tecnológico, avaliação de conformidade ou lançamentos espaciais e ainda ter seu currículo cadastrado na Plataforma Lattes. O apoio compreenderá a concessão de bolsas de fomento tecnológico e extensão inovadora e de auxilio para despesas de pesquisa, com duração máxima de 48 meses e com custo, por projeto, no valor de até R$300 mil. As propostas devem ser encaminhadas ao CNPq exclusivamente via Internet, por intermédio do Formulário de Propostas Online, disponível na Plataforma Carlos Chagas (http://carloschagas.cnpq.br/) até o dia 28 de junho. A divulgação dos resultados estarão disponíveis na página do CNPq a partir de 20 de julho.

A concessão de bolsas visa reduzir o índice de evasão e elevar a taxa de fixação dos pesquisadores, técnicos e especialistas nos institutos de pesquisa que integram o Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais; fortalecer e ampliar a capacitação das pesquisas de projeto envolvidas nas atividades de desenvolvimento de veículos lançadores, satélites e seus equipamentos e sistemas de solo e operação e controle de centros de lançamento; formar competência nacional nas áreas consideradas imprescindíveis para o domínio sobre as atividades espaciais e suas aplicações e implementar cursos de Engenharia Espacial voltados à formação de recursos humanos.

O edital está disponível no site: http://www.cnpq.gov.br

Fonte: AEB
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Telebrás no SGB?

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Várias reportagens e notícias sobre a reativação pelo governo federal da companhia estatal de telecomunicações, a Telebrás, estão sendo publicadas nos grandes veículos de comunicação nos últimos dias.

A edição de hoje (13) do jornal "Correio Braziliense", de Brasília (DF), traz uma entrevista com Rogério Santanna, indicado para ocupar a presidência da estatal. Embora isto não esteja claro e não exista qualquer indicativo oficial e concreto nesse sentido, algumas declarações de Santanna levam ao entendimento de que a Telebrás pode participar de algum modo do futuro Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Abaixo, destacamos alguns trechos, extraídos do clipping feito pela Força Aérea Brasileira (FAB):

"Então a banda larga é questão de segurança para o país?

Sim. Senão, o submarino nuclear que vai patrulhar as costas brasileiras não vai conseguir falar com um avião do último modelo que estamos comprando. Não sabemos qual vai ser a empresa vencedora, mas, com certeza, terá tecnologia de ponta. E como que esses caras falam? Falam por um satélite comercial, por exemplo?

O senhor está se referindo ao pré-sal?

Sim. No reforço da marinha brasileira, em função das riquezas nos campos de pré-sal, os submarinos vão precisar conversar com a Aeronáutica. Como é que eles vão se falar? Por satélites comerciais ou eles vão usar redes que nós controlamos? Não dá para ser ingênuo ao ponto de o país não ter autonomia.

Hoje, então, há risco de vazamento de informação sigilosa porque o governo não tem rede própria de telecomunicações?

Isso já aconteceu. Não é um fato novo. Na época da Brasil Telecom, vários e-mails de ministros foram interceptados pela empresa operadora interessada na questão. No governo Fernando Henrique, na contratação do Sivam-Sipam (programas de monitoramento da Amazônia), comunicações dos militares foram interceptadas por fornecedores interessados e acabaram interferindo em um acordo que ia ser feito com a França. Não é possível que a gente não tenha uma estrutura. É uma questão de segurança de Estado. Como é que vamos trabalhar com informação reservada, combatendo tráfego de drogas, com uma rede frágil, que pode ser escutada a qualquer momento?"
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quarta-feira, 12 de maio de 2010

CBERS 2B encerra suas operações

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Comitê sino-brasileiro anuncia o fim das operações do satélite CBERS-2B

Após fornecer milhares de imagens do Brasil e China, além de países da América do Sul e até da África, o CBERS-2B teve suas operações dadas como encerradas pelo JPC, sigla em inglês para Comitê Conjunto do Programa CBERS, que esteve reunido nesta terça-feira (11/05) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

Lançado em 19 de setembro de 2007, o satélite foi construído a partir de equipamentos e peças remanescentes do CBERS-2 e tinha vida útil estimada em dois anos. O CBERS-2B gerou aproximadamente 74.000 imagens com a câmera CCD, 11.000 com a WFI e 300.000 com a HRC, apenas sobre a América do Sul. O total de órbitas percorridas – voltas em torno da Terra – chegou a 13.000. Foram distribuídas gratuitamente cerca de 270.000 imagens deste satélite a usuários brasileiros e outras 60.000 a usuários de mais de 40 países. Todas as imagens geradas pelo CBERS-2B podem ser acessadas sem custo pela internet: http://www.dgi.inpe.br/CDSR.

Técnicos brasileiros e chineses tentavam restabelecer a operação normal do CBERS-2B desde março, quando verificados os primeiros problemas no satélite, o terceiro lançado pelo Programa CBERS - sigla para China-Brazil Earth Resources Satellites; em português, Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres.

Em 16 de abril os centros de controle brasileiro e chinês não conseguiram estabelecer contato com o CBERS-2B e, desde então, o satélite tem enviado sinais intermitentes que indicam falta de energia. Como as chances de se restabelecer o funcionamento normal são mínimas, a Agência Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST) e o INPE, responsável no Brasil pelo Programa CBERS, deram como encerrada a vida útil do CBERS-2B.

O próximo satélite do programa CBERS será o CBERS-3, que tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2011. Primeiro da segunda geração de satélites desenvolvidos pela parceria sino-brasileira, o CBERS-3 marcará uma evolução em relação aos CBERS-1, 2 e 2B. Assim como o CBERS-4, que deve ser lançado em 2014, o CBERS-3 será mais sofisticado e terá quatro câmeras imageadoras, enquanto os anteriores contavam com três.

O encerramento da operação do CBERS-2B reduz o número de imagens utilizadas em programas como PRODES e DETER, que monitoram o desmatamento na Amazônia. A continuidade dos programas é garantida pelo uso de imagens dos satélites americanos TERRA/MODIS e LANDSAT-5, e do indiano RESOURCESAT. Mesmo operando em condições não ideais, o INPE continuará a fornecer os dados necessários ao monitoramento do território brasileiro.

O Programa CBERS

Os satélites do Programa CBERS são resultado do acordo, assinado em 22 de agosto de 1988, entre a Academia de Tecnologia Espacial da China (CAST) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Este primeiro acordo de cooperação previa o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto.

O CBERS-1 foi lançado em outubro de 1999 e já em 2002 foi assinado novo acordo para a continuação do programa, estabelecendo a construção de dois outros satélites - os CBERS-3 e 4, com novas cargas úteis - e a divisão de investimentos em 50% para cada país (nos primeiros satélites a divisão foi de 70% para a China e 30% para o Brasil).

O lançamento do CBERS-2 aconteceu em outubro de 2003. Este satélite manteve suas operações até o início de 2009.

Em 2004, para abreviar o tempo entre o final da vida útil do CBERS-2 e o lançamento do CBERS-3, Brasil e China decidiram construir a partir de equipamentos e peças remanescentes dos primeiros satélites o CBERS-2B, que foi lançado em setembro de 2007 e agora encerra suas operações.

Dados CBERS como bens públicos globais

O CBERS é um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul na área de alta tecnologia e um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China. Em abril deste ano foi assinado o memorando de entendimento que definiu a política de dados CBERS, tornando global a distribuição gratuita de suas imagens e consolidando o Programa como um importante instrumento de cooperação para políticas ambientais internacionais.

O objetivo é proporcionar a países em desenvolvimento os benefícios do uso de dados de satélites, que servem para melhor monitorar o meio ambiente, avaliar desmatamentos, áreas agrícolas e desenvolvimento urbano, entre outras aplicações.

O INPE iniciou em junho de 2004 a distribuição gratuita pela internet de dados de satélite para usuários brasileiros. Com o apoio do parceiro chinês, os dados passaram a ser oferecidos da mesma forma também a países da América Latina e, mais tarde, ao continente africano. A atual política de dados permitirá que os dados dos próximos satélites sino-brasileiros possam ser livremente distribuídos a outros países.

Mais informações sobre o Programa CBERS no site www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE

Comentários: o CBERS 2B foi construído justamente para evitar (ou ao menos reduzir) os prejuízos causados com o término da vida útil do CBERS 2 até a entrada em operação do CBERS 3. Com os atrasos, por variados motivos, do CBERS 3, agora previsto para ser colocado em órbita no segundo semestre de 2011, o antes evitado hiato se torna uma realidade. Este é, infelizmente, um acontecimento que acaba prejudicando o Programa CBERS e as ambições de seus operadores em torná-lo uma opção global para fornecimento de imagens. Especificamente para o Brasil, evidencia também uma dependência de apenas um programa nacional para o imageamento de áreas estratégicas, como a Amazônia.
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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Projeto do IEAv em propulsão a laser

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O Instituto de Estudos Avançados (IEAv), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), divulgou hoje (10), reportagem em seu website sobre o início de uma série de ensaios em voo de alta velocidade de um veículo lançador leve, "propulsionado por feixes de luz laser de alta energia por pulso".

Para saber mais sobre os ensaios e o projeto, clique sobre "IEAv inicia uma nova era da exploração espacial".

SABIA-Mar: AEB divulga notícia

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Brasil e Argentina desenvolvem satélite para monitorar oceanos

10-05-2010

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) desenvolverão, em conjunto, o satélite Sabia-Mar, destinado à observação global dos oceanos e ao monitoramento do Atlântico nas proximidades do Brasil e da Argentina.

Com o Sabia-Mar será possível observar a cor dos oceanos, monitorar a exploração petrolífera, gerenciar as zonas costeiras e contribuir com a atividade pesqueira, entre outras aplicações. A iniciativa conjunta foi aprovada na última reunião do Conselho Superior da AEB, realizada no dia 28 de abril. Caberá ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) atuar como órgão executor do projeto.

Para o presidente da AEB, Carlos Ganem, trata-se de uma iniciativa conjunta entre dois países e suas agências espaciais que reafirmam um modelo de cooperação sul-sul. “Isto já foi muito bem demonstrado na experiência da Plataforma Multimissão (PMM) e seu controle de atitude, solucionado pela empresa argentina Invap. O modelo Brasil-Argentina é um exemplo de desenvolvimento tecnológico espacial para países entrantes”, diz.

O projeto Sabia-Mar está em plena consonância com os objetivos fixados pela comunidade científica internacional, e, mais especificamente, com aqueles estabelecidos pelo Comitê de Satélites de Observação da Terra (Ceos, na sigla em inglês) para a constelação de satélites de observação da cor dos oceanos.

O financiamento para a fase inicial de estudos da ordem de US$ 2,5 milhões, pela parte brasileira, com duração prevista de nove meses, foi anunciado em conjunto durante o encontro entre os vice-chanceleres dos dois países e os gestores de projetos, no âmbito do Mecanismo de Integração e Coordenação Brasil-Argentina (MICBA). O encontro ocorreu no dia 29 de abril, no Palácio do Itamaraty, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, representantes de ambos os países informaram que são muito boas as perspectivas de obtenção do financiamento da missão completa do satélite.

De acordo com o estabelecido entre AEB, o Inpe e a CONAE, os estudos para o desenvolvimento do Sabia-Mar devem buscar a otimização de sua carga útil (câmera de imageamento) visando à complementaridade com as missões ópticas existentes e previstas no Brasil e na Argentina (satélites Amazônia-1, Cbers-3 e 4, SAC-D/Aquarius).

Considerando as capacidades industriais e tecnológicas de ambos os países, serão propostas alternativas de implementação e de divisão de tarefas que incluam tanto a carga útil quanto a plataforma. Os estudos que compõem a fase A da missão levarão em conta também a opção de desenvolvimento conjunto de uma nova plataforma que contemple as necessidades do satélite Sabia-Mar e de missões futuras entre ambos os países.

Fonte: AEB
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domingo, 9 de maio de 2010

Missão SABIA-Mar: mais informações

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Domingo passado (02), publicamos notícia sobre o início da Fase A da Missão SABIA-Mar, marco da cooperação espacial entre o Brasil e a Argentina na área de satélites. Maiores detalhes sobre o projeto ainda não foram divulgados (mesmo o início da missão sequer foi noticiado pela AEB e/ou INPE), mas a agência espacial argentina - Comision Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) - já disponibilizou em seu web-site algumas informações interessantes.

Na Argentina, o SABIA-Mar também é chamado de SAC-E (dando sequência às missões satelitais do país vizinho, que começaram com o SAC-A e deve em breve lançar o SAC-D/Aquarius). Segundo o site, em tradução feita pelo blog, "o SABIA (Satélite Argentino Brasileiro de Informação em Alimento, Água e Ambiente) se enquadra num programa de cooperação entre a CONAE, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). É parte da série SAC, com a denominação SAC-E."

O projeto tem origem em novembro de 1998, apesar de uma fonte do blog no INPE afirmar que a missão hoje considerada ser completamente diferente da idealizada há mais de dez anos.

Embora toda a definição e concepção da missão devam ser definidas apenas na Fase A, algumas informações dadas pela CONAE dão uma ideia de como o satélite poderá ser. Aparentemente, o SABIA-Mar poderá contar com um transpônder de coleta de dados (DCS), como o SCD-1, SCD-2, e os da série CBERS. Contaria também, no segmento terrestre, com estações remotas de recepção, além das estações principais, a serem instaladas em Falda del Carmen, Ushuaia e Cuiabá (MT). Estas estações remotas, aliás, constam da relação de objetivos principais da missão, devendo ser de baixo custo.

Em termos de cargas úteis, além do transpônder DCS, este provavelmente em perfil secundário, de acordo com recente apresentação (janeiro, 2010) do INPE, o satélite pode contar com uma câmera de resolução de 1,1 km para observação marítima, outra de 200 metros para cobertura de regiões costeiras, e outros dois possíveis sensores: uma câmera SST, e outra para imageamento terrestre. A Fase A deverá durar cerca de 9 meses, e seguindo-se um cronograma tentativo, o satélite poderia ser colocado em órbita por volta de 2015.
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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bolsas de estudos sobre GNSS na Itália

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Bolsas de Estudos na Itália

07-05-2010

A Organização das Nações Unidas (ONU), em conjunto com os institutos italianos Politecnico di Torino, Istituto Superiore Mario Boella e Istituto Elettrotecnico Nazionale Galileo Ferraris, oferecem bolsas de estudos sobre Sistemas Globais de Navegação por Satélite e usos Relacionados (GNSS). As bolsas se referem ao Master em Navegação e Usos Relacionados (MNA), com início em 27 de setembro de 2010 e duração de 12 meses.

As inscrições deverão ser encaminhadas ao Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Espaço Exterior (UN-OOSA), em Viena (Áustria), até o dia 15 de maio. A documentação completa e os detalhes de como se candidatar se encontram no site da OOSA, nos links:

http://http://www.oosa.unvienna.org/oosa/SAP/gnss/fellowships.html e http://http://www.oosa.unvienna.org/oosa/en/SAP/gnss/fellowship_appl_instructions.html

Fonte: AEB
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Rússia oferece centro de lançamento à Bolívia (!)

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Segundo reportagem publicada no último dia 29 no website especializado Infodefensa, a Rússia ofereceu à Bolívia a construção em seu país de um centro de lançamento de satélites, juntamente com um pacote de material de defesa, especialmente mísseis antiaéreos.

A declaração foi feita por Leonid Golubev, embaixador russo na capital boliviana, La Paz. A Rússia "tem boas condições para construir uma estação de lançamento dos satélites especiais Cosmos para pesquisar, por exemplo, as mudanças de clima, observar os recursos naturais".

No início de abril, Moscou, por meio de seu primeiro-ministro, Vladimir Putin, já havia oferecido à Venezuela a construção de um centro de lançamentos espaciais no país vizinho.

Nos últimos tempos, a Rússia tem se esforçado em ampliar acordos (e oportunidades para suas empresas) na área de espaço com países sul-americanos. Além do Brasil (tecnologia de lançadores e Glonass, entre outros), o país europeu assinou um acordo com a Argentina (Glonass), e prospecta outras possibilidades, como estas na Venezuela e Bolívia, e também na Colômbia (satélite de comunicações - Projeto Satcol). As ofertas russas na Venezuela e Bolívia também podem ser uma reação ao avanço em matéria de cooperação espacial desses países com a China, que vendeu a ambos dois satélites geoestacionários de comunicações.

Com estas ofertas a Venezuela e Bolívia, aparentemente sem qualquer critério e lógica, a Rússia acaba perdendo credibilidade, em especial em países que buscam de fato comprometimento e parcerias no desenvolvimento de tecnologias ou em esforços comerciais conjuntos, como é o caso brasileiro. A imagem transmitida é de que a Rússia busca pura e simplesmente vender, sem qualquer outra preocupação.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Revista "Espaço Brasileiro" nº 8 no ar

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) disponibilizou em seu web-site a oitava edição da revista institucional "Espaço Brasileiro", referente ao trimestre de janeiro a março de 2010. O número traz uma entrevista com o Brig. Cleonilson Nicácio Silva, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, além de reportagens sobre variados temas, como o satélite tecnológico universitário Itasat, lixo espacial, distinção dos foguetes Cyclone 4 e VLS, e Programa Uniespaço.

Para acessar a revista, disponível em arquivo PDF (cerca de 30 megabytes), clique aqui.
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SARA suborbital: CENIC é contratada

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IAE contrata SARA Suborbital na Indústria Nacional

05/05/2010

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e a empresa CENIC Engenharia firmaram contrato para a produção dos modelos de qualificação e de voo do Sara Suborbital. O Sara é o primeiro sistema completo a ser contratado na indústria nacional pelo setor de espaço do IAE.

Os trabalhos, programados para o início de maio, preveem a produção destes protótipos da plataforma a serem utilizados, respectivamente, para a qualificação em solo e em voo do Sara Suborbital.

Os modelos são constituídos por quatro módulos principais, sendo um módulo estrutural, um módulo de eletrônica embarcada, um módulo destinado à recuperação do veículo por meio de pára-quedas e um módulo para abrigar os experimentos tecnológicos e de microgravidade.

“Já havíamos fornecido a coifa e a estrutura do módulo de experimentação”, comenta o presidente da CENIC, Francisco Manoel Corrêa Dias. “Agora, o que está se contratando, é um sistema quase completo, que envolve os Subsistemas de Redes Elétricas e de Recuperação.”

“O desafio está em fabricar e integrar o sistema completo, que é de alta complexidade. Isso pressupõe uma nova competência e maior credibilidade para o desenvolvimento desses produtos com alto conteúdo tecnológico”, completa Francisco Manoel. O contrato resultou de um desenvolvimento conjunto financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), prevendo, para o prazo de um ano, a fabricação completa desses modelos.

A CENIC Engenharia, além de ser responsável direta pela fabricação de todo módulo estrutural do Sara Suborbital e pelas estruturas dos Módulos de Experimentação e de Recuperação, desempenha o papel de arquiteto industrial do produto.

A empresa, fundada em 1993, possui pessoal com experiência de trinta anos no desenvolvimento de equipamentos de aplicação que abrangem desde as profundezas do oceano, atendendo à indústria petrolífera, até o espaço.

Outras empresas envolvidas na fabricação dos modelos do Sara Suborbital são a Orbital Engenharia, que participa do módulo de recuperação, a EQE Tecnologia, responsável pela eletrônica do Módulo de Experimentação e, por fim, a MECTRON Engenharia, empresa que desenvolveu a eletrônica embarcada do veículo.

Fonte: IAE/DCTA
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terça-feira, 4 de maio de 2010

Cooperação Brasil - Japão

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Reproduzimos abaixo um extrato de termo de cooperação, publicado na edição do Diário Oficial da União de hoje (04), firmado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com um instituto de pesquisa da Agência de Exploração Espacial do Japão (JAXA), sobre balões estratosféricos:

"EXTRATO DE TERMO DE COOPERAÇÃO

Espécie: Programa de Cooperação RD nº 01.01.010.0/2010.
Partícipes: Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, por intermédio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, CNPJ nº 01.263.896/0005-98 e o Instituto de Espaço e Ciência Astronáutica (ISAS), da Agência de Exploração Espacial do Japão (JAXA). Objeto: O objetivo do programa é estabelecer uma cooperação entre o INPE e ISAS/JAXA em suporte a experimentos técnicos e/ou científicos utilizando balões estratosféricos no Brasil. As atividades a serem desenvolvidas no contexto do Programa incluirão cooperação científica e técnica entre pesquisadores do Japão e do Brasil, permitindo avanços técnicos e científicos para ambos os países. Vigência: de 01/04/2010 até 01/04/2015. Data da assinatura: 01/04/2010. Assinaturas: Pelo INPE: Gilberto Câmara Neto - Diretor CPF nº 019.351.598-95, e pelo ISAS/JAXA: Dr. Junjiro Onoda - Diretor-Executivo."
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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Informações sobre a Missão ASTER

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Em 18 de abril, publicamos no blog uma notícia divulgada pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) sobre o workshop que acontecerá nos próximos dias 13 e 14, em Guaratinguetá (SP), para discussões da missão científica ASTER. Com o objetivo de oferecer aos seus leitores mais informações sobre o ASTER, o blog entrou em contato com Othon Winter, da UNESP, um de seus coordenadores. Abaixo, reproduzimos as principais informações colhidas.

Origem e escopo

A missão ASTER começou a ser pensada no final de 2008, e no momento, pesquisadores e engenheiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), UNESP, Observatório Nacional, Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de São Paulo (USP) estão envolvidos na proposta. Basicamente, envolve a construção no Brasil de uma sonda espacial de pequeno porte, baseada em plataforma de espaço profundo possivelmente de origem russa, para a realização de estudos e experimentos científicos num asteróide. Trabalha-se com uma configuração prevendo 150 kg de massa, potência elétrica em torno de 2.100 W, sendo que 30 kg e 110 W estariam disponíveis para as cargas úteis.

Com base em dois pilares principais - oportunidade de desenvolvimento e qualificação em tecnologias espaciais, e pesquisas de excelência no campo científico, a ASTER tem como cronograma tentativo o lançamento em 2015, para aproximação de um asteróide em 2018. A sonda "orbitaria" o corpo celeste por cerca de um ano, colhendo e transmitindo informações para a Terra. O "alvo" da sonda ainda não foi definido, mas o candidato mais provável é o sistema triplo 2001SN263, formado por três pequenos asteróides de diâmetros de 2,8 km, 1,9 km e 0,5 km.

Pa o seu lançamento, ainda em estudo, trabalha-se com a possibilidade de uso de foguete ("refurbished rocket") russo lançado a partir de submarino (Shtil LV, designação OTAN SS-N-23), ou mesmo em perfil "piggyback", como carona num lançador maior, como o ucraniano Cyclone 4, operado pela Alcântara Cyclone Space a partir de Alcântara (MA).

Situação atual

Uma estimativa inicial de custo para a missão aponta para algo em torno de US$ 40 milhões. Por enquanto, o projeto existe apenas conceitualmente, não tendo sido incluído no Programa Espacial Brasileiro, e não contando, portanto, com recursos governamentais dedicados. Mas, conversas com dirigentes da Agência Espacial Brasileira (AEB) têm sido realizadas.

Enquanto o projeto não é oficializado, são realizadas reuniões e workshops com os interessados. Em setembro de 2009, no I Workshop de Astronomia Espacial, promovido na USP em São Paulo (SP), foi feita uma apresentação da proposta. Três meses depois, em dezembro, houve uma apresentação do projeto para a AEB. Já no final de março deste ano, um novo workshop, que contou com a presença de especialistas norte-americanos, foi também promovido.

Agora em maio, ocorrerá o workshop sobre a instrumentação científica, e também está programada uma visita técnica de dois diretores do INPE ao IKI, um centro de pesquisas espaciais na Rússia.

Espera-se que uma vez oficializada, a missão possibilite grande envolvimento de centros de pesquisa e indústrias brasileiras. "Uma das principais diretrizes desta missão é tentar agregar o maior envolvimento brasileiro possível, seja na plataforma, em sub-sistemas, na integração, na carga útil, bem como, no rastreio, na guiagem e controle da sonda. Com certeza, pretendemos utilizar propulsores iônicos desenvolvidos por grupos brasileiros. No momento, existem 3 tipos distintos de propulsores que podem ser utilizados na missão", diz Othon Winter.
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domingo, 2 de maio de 2010

SABIA-Mar: Fase A será iniciada

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O primeiro passo para o desenvolvimento da missão SABIA-MAR foi dado. Segundo informação divulgada no web-site da Comision Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), "os governos da Argentina e Brasil decidiram iniciar imediatamente a fase A do satélite Argentino-Brasileiro SABIA-Mar".

Não foram divulgados mais detalhes, mas se as fases da Missão SABIA-Mar seguirem o padrão adotado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é na Fase A que serão definidas a concepção geral do satélite, realizados estudos de viabilidade técnica, e também a definição de estratégia para o seu desenvolvimento e construção, inclusive do cronograma e estimativa de custos.

A última informação disponível ao blog sobre a missão argentino-brasileira havia sido colhida em outubro de 2009, com dois diretores da Agência Espacial Brasileira (AEB). Reproduzimos abaixo os dados divulgados à época:

"SABIA-MAR: embora parceiros na área espacial há vários anos, o Brasil e a Argentina não chegaram a desenvolver um satélite conjunto. O projeto SABIA-MAR, para observação marítima, existe desde 1998, mas apenas recentemente passou a ser considerado com mais atenção. Em parte, o seu “atraso” também se deve a possibilidade, hoje descartada, da participação espanhola na missão, o que chegou a ser considerado há muitos anos. Inicialmente, desde que as discussões entre o INPE e a CONAE foram retomadas, o Brasil seria responsável pelo fornecimento da plataforma (possivelmente a PMM), enquanto que a responsabilidade pelas cargas-úteis seria argentina. Aparentemente, houve uma inversão, devendo o Brasil agora se responsabilizar pelas cargas-úteis. De todo modo, isto ainda está sujeito a mudanças, tendo em vista que o projeto ainda está em fase preliminar. A expectativa é que haja novidades no primeiro trimestre de 2010."

Atualização, 02/05/2010, 20h45: o acordo para o início da Fase A da Missão SABIA-Mar foi firmado na Argentina, e contou com a presença, pelo lado brasileiro, de Gilberto Câmara, diretor do INPE, e Carlos Campelo, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB.
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sábado, 1 de maio de 2010

Soyuz, SSOT e o mercado de lançamentos

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A publicação especializada Space News, em texto de Peter Selding, noticiou ontem (30) que os voos de estreia dos lançadores Soyuz e Vega a partir de Kourou, na Guiana Francesa, devem sofrer novos atrasos. As primeiras missões possivelmente ocorrerão no final de 2010 e início de 2011, respectivamente. A informação sobre os atrasos partiu de Jean-Yves Le Gall, presidente da Arianespace, companhia responsável pela operação dos dois sistemas de lançamento.

SSOT possivelmente só em 2011

Antes destes novos atrasos, havia a expectativa de que este ano fossem executados por veículos Soyuz os lançamentos do satélite de comunicações Hylas 1, e do primeiro satélite de observação da série Pleiades, da agência espacial francesa. Neste segundo voo, junto com o Pleiades, voariam alguns pequenos satélites governamentais de inteligência eletrônica (da série ELISA), e também o primeiro satélite de observação chileno, chamado SSOT. Alguns manifestos extraoficiais apontavam o mês de outubro de 2010 como o período provável do lançamento, que agora só deve ocorrer, num bom cenário, provavelmente a partir de janeiro ou fevereiro de 2011. Por mais alguns meses, o SSOT deverá permanecer, portanto, "armazenado" nas instalações de seu fabricante, a EADS Astrium em Toulouse, no sul da França.

Custos adicionais

Atrasos em grandes e sofisticados projetos de engenharia não são nenhuma grande surpresa, e os casos do Vega e Soyuz não teriam por que fugir da "regra". O grande problema é que muitas vezes estes atrasos são acompanhados de custos e despesas extraordinárias que acrescem razoavelmente os seus valores iniciais. De acordo com Antonio Fabrizi, diretor de lançadores da Agência Espacial Europeia (ESA), o atraso do Soyuz acarretará numa despesa - a ser arcada pela ESA, de aproximadamente 50 milhões de euros.

É possível, para alguns até provável, que estes dois problemas (atraso e aumento nos custos) comecem a afligir o projeto da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space, à medida que o mesmo comece a ser posto definitivamente em prática, com o início das obras de infraestrutura em Alcântara. De fato, já ocorreram, por variados motivos, diversos atrasos no cronograma do voo de estreia do lançador Cyclone 4 (hoje, obviamente fala-se em não antes que 2011). E o valor total do projeto também aumenta a cada ano. No início da atual década, por exemplo, mencionava-se algo em torno de 180 milhões de dólares, mas hoje as estimativas consideradas são razoavelmente superiores.

"Agressividade comercial da ILS"

Um dado interessante mencionado pela reportagem, mas extraído do relatório anual da lançadora europeia, é a afirmação de que os preços dos lançamentos ficaram relativamente baixos em 2009 "por causa da agressividade comercial da ILS", o que possivelmente contribuiu para o prejuízo apurado pela Arianespace, de pouco mais de 70 milhões de euros. Sigla de International Launch Services, a ILS é a principal concorrente da Arianespace, operando de Baikonur, no Cazaquistão, o lançador russo Proton.

Os fretes da ILS foram mais baratos principalmente em razão da queda do valor da moeda russa, o rublo, em relação a outras moedas internacionais, como euro e dólar. Como a grande maioria dos custos associados ao Proton são em rublo, por ser fabricado na Rússia, torna-se possível a oferta de fretes mais econômicos aos clientes.

O lance curioso é que mesmo num mercado com menor concorrência como o de lançamento de satélites geoestacionários (a crise financeira do terceiro player nesse setor, a Sea Launch, colocou-a de "escanteio" no mercado, ao menos provisoriamente), a maior provedora ainda assim não consegue impor melhores preços. Vê-se, portanto, mais um indicativo de como o mercado de lançamentos espaciais têm sua dinâmica e peculiaridades próprias, não sendo um negócio de ganhos e lucros fáceis como alguns "especialistas" dão a entender.
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Satélites IBSA: reportagem sul-africana

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Um veículo especializado sul-africano publicou mais uma reportagem com interessantes informações sobre os satélites IBSA, a serem desenvolvidos em parceria pelo Brasil, Índia e África do Sul. Para acessar a reportagem, de autoria de Keith Campbell, cliquem sobre o título "South African technology key to IBSA satellite programme".

Em alguns centros de pesquisas brasileiros, o anúncio das duas missões em abril pegou algumas pessoas de surpresa. Um dos projetos já era conhecido da maioria, inclusive pelos órgãos executores, mas o outro estava restrito a um pequeno grupo. Em breve, publicaremos aqui mais informações sobre os satélites, em especial quanto à participação brasileira.
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