quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cessão de área em Alcântara para a ACS

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Diretor-geral da ACS assina cessão de uso da área da Binacional

O diretor-geral brasileiro da Binacional Alcântara Cyclone Space, Roberto Amaral, e o diretor de Suprimentos e Qualidade, Valeriy Frolov, participarão do evento de assinatura do Termo de Entrega da área da ACS. A cerimônia ocorrerá nesta quinta-feira, (1º), às 10h, no Salão Nobre do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

A Aeronáutica alugou à ACS uma área de aproximadamente 500 hectares, ao norte do CLA, para que a Binacional possa construir seu sítio de lançamento e, de lá, lançar seus veículos Cyclone-4.

A expectativa da ACS é que as obras tenham início ainda neste ano de 2010. Prova disso é o fato de que a Pedra Fundamental das obras deve ser lançada no dia 16 de setembro de 2010, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já o primeiro foguete Cyclone-4 deve ir ao espaço em fevereiro de 2012.

Fonte: ACS

Comentários: duas informações bem interessantes: (i) pedra fundamental das obras deve ser lançada em 16 de setembro próximo; e (ii) o primeiro voo do Cyclone 4 agora está programado para fevereiro de 2012.
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"Wishful thinking" italiano

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Terminou ontem (29) a visita oficial do Primeiro-Ministro italiano, Silvio Berlusconi, ao Brasil, ocasião em que se reuniu com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, para a discussão de temas da agenda bilateral, no âmbito do Plano de Ação da Parceria Estratégica assinado em 12 de abril de 2010, com ênfase na cooperação econômico-comercial.

A imprensa italiana, com alguma repercussão no Brasil, chegou a noticiar que alguns importantes contratos na área de Defesa poderiam ser assinados. Não se tem informações, no entanto, sobre negócios assinados. Inclusive, nenhum dos atos de cooperação firmados pelos mandatários dos dois países trata de Defesa ou Espaço, e a própria declaração conjunta não faz menção explícita a qualquer das áreas.

De acordo com os italianos, os negócios poderiam envolver o fornecimento de navios-patrulha oceânicos, fragatas e navios de apoio-logístico, que envolveria uma joint-venture entre o estaleiro Fincantieri e o grupo Finmeccanica, além de "sistemas de satélites de alta tecnologia para o controle das costas e das reservas de petróleo", tudo avaliado em cerca de 6 bilhões de euros.

Apesar de alguns contratos mais pontuais e de menor montante estarem sendo assinados (projeto básico de um sistema de monitoramento de fronteiras, por exemplo), é pouco provável que negócios relevantes sejam firmados este ano, em razão das eleições. Além do mais, nos bastidores também se comenta que a indefinição do Programa F-X2, da Força Aérea Brasileira, estaria "atrasando" ou "prendendo" outras negociações.

Sobre os interesses italianos na área espacial, recomendamos a leitura da postagem "Cooperação Brasil - Itália", de abril de 2010.
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terça-feira, 29 de junho de 2010

Mais informações sobre a chegada do SAC-D

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Satélite argentino chega ao INPE

29/06/2010

Os ensaios ambientais e as medidas de propriedades de massa necessários para o lançamento do satélite argentino SAC-D serão realizados no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O satélite leva a bordo o instrumento Aquarius, equipamento inovador para monitorar a salinidade oceânica desenvolvido pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL) da Nasa, a agência espacial americana, além de outros experimentos científicos argentinos, franceses e italianos.

Dadas as dimensões e peso dos equipamentos, o transporte da Argentina para o Brasil ficou a cargo de dois voos de aeronave Globemaster C-17, da Força Aérea Americana, que foi contratada pela Nasa para esta operação.

O SAC-D levou três dias – do último sábado até segunda-feira (28/6) – para que todos seus equipamentos e carga útil pudessem ser transportados do aeroporto de São José dos Campos ao INPE. Foram necessárias sete carretas – quatro no primeiro dia e outras três no último da operação, realizada em sua maior parte durante a madrugada para não prejudicar o trânsito. Foi utilizado ainda um guindaste de 70 toneladas e outras carretas de material de apoio, além da escolta de quatro viaturas.

A operação de entrada dos equipamentos no país e o seu transporte até o INPE teve o apoio da Infraero, Receita Federal, Polícia Federal, Prefeitura Municipal de São José dos Campos, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Itamaraty, Consulado e Embaixada dos Estados Unidos, Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), Agência Espacial Brasileira (AEB), Nasa, Air Mobility Command da Força Aérea Americana, e Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais (Funcate).

As atividades no LIT/INPE devem levar em torno de oito meses e envolver, no decorrer deste tempo, aproximadamente uma centena de técnicos e cientistas de todos os países envolvidos no desenvolvimento e na qualificação do satélite.

O LIT/INPE é o único laboratório do gênero no Hemisfério Sul capacitado para a realização de atividades de montagem, integração e testes de satélites e seus subsistemas. Ter condições de oferecer a “matriz completa de testes espaciais” foi decisivo para o Brasil ser escolhido para testar o satélite que a Argentina desenvolveu com a cooperação dos Estados Unidos.

Procedimentos internos do LIT/INPE, inclusive de segurança, foram aperfeiçoados para adequação aos mesmos protocolos da Nasa adotados no JPL, tendo sido auditados e aprovados por representantes da própria agência espacial americana.

Serão realizados testes de interferência e compatibilidade eletromagnética, vibração, vibro-acústico, choque de separação, vácuo-térmico, além das medidas de propriedades de massa do satélite. A impossibilidade de reparo em órbita torna imprescindível a simulação em Terra de todas as condições que o satélite irá enfrentar desde o seu lançamento até o fim de sua vida útil no espaço.

Os painéis solares para provimento de energia do satélite chegaram ao INPE antes, em maio, e seus testes estão quase concluídos.

A realização dos testes no Brasil é resultado de acordo entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), da Argentina.

Fonte: INPE
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CRA/INPE: cooperação internacional

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CRA/INPE anuncia em Belém parceria com instituições do Brasil, Japão e França

29/06/2010

Nesta quinta-feira (1º/7), às 10 horas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) inaugura no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, em Belém (PA), as instalações próprias do Centro Regional da Amazônia (CRA).

Durante a cerimônia de inauguração será formalizado acordo entre INPE, Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) para capacitar técnicos de outros países a monitorar florestas tropicais por satélite, como faz o INPE na Amazônia há mais de 20 anos.

Na ocasião também será lançado um programa em parceria com o Instituto de Recherche por le Développement (IRD), da França, que permitirá a distribuição de imagens do satélite SPOT para pesquisas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Instalado em 2009 na capital paraense, o CRA/INPE funcionou por cerca de um ano nas dependências da Embrapa Amazônia Oriental.

Fonte: INPE
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SGB em pauta: análise

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Domingo passado (27), comentamos no blog que o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) talvez esteja em seu momento mais efervescente desde a sua origem. São atos normativos publicados no Diário Oficial da União, muitas visitas a órgãos do governo envolvidos no programa, e, lógico, matérias em jornais e revistas.

A edição de hoje (29) do Valor Econômico trata novamente do tema, em três reportagens: "Consórcio estuda construção de satélite", "Governo analisa proposta da Oi" e "Meteorologia passa a integrar objetivos da missão" (para lê-las, cliquem aqui). As matérias não necessariamente apresentam novidades, mas organizam as ideias e dá um panorama bastante claro sobre o que acontece e quais são as possibilidade no SGB.

No início de outubro de 2009, na postagem "Panorama sobre o SGB", com base em informações colhidas no 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, abordamos um ponto considerado chave para o programa: a conciliação de dois objetivos principais, o desenvolvimento tecnológico brasileiro na área espacial, e o atendimento de demanda de comunicações (tanto estratégicas - militares e governamentais, como civis). Ao mesmo tempo que existe clara demanda para um sistema de comunicações militares e governamentais no Brasil (o crescimento do SISCOMIS evidencia bem isto), talvez não haja muita disposição de alguns setores do governo e, principalmente da iniciativa privada (Oi e outros possíveis parceiros na construção de um satélite), em se correr o risco tecnológico do desenvolvimento de capacidade nacional em comunicações. Esta área, por razões passadas e possivelmente de prioridade, nunca teve um foco no País, de tal modo que a capacidade brasileira em desenvolver e construir transpônderes de comunicações ou outros sistemas relacionados no estado-da-arte é bastante reduzida, não se comparando a tecnologia hoje disponível nos EUA ou Europa.

Conciliar estes dois objetivos, se é que é possível, não será tarefa fácil. E associado a isto, ainda existe o interesse de se contar com uma carga útil meteorológica no SGB.

São raros os satélites geoestacionários híbridos, isto é, com funções de comunicações e de meteorologia. E, logicamente, existem razões técnicas e econômicas para isto. Grosso modo, a vida útil de um sensor meteorológico, mais curta, difere da de transpônderes de transmissão de dados. Geralmente, os satélites com as duas funções têm alguma carga experimental, com funções mais de desenvolvimento em algum nicho tecnológico do que propriamente contar com um sensor em condições realmente operacionais. É o caso, por exemplo, do satélite sul-coreano COMS (Communication, Ocean and Meteorological Satellite), colocado em órbita na semana passada, e que conta com cargas úteis para observação dos oceanos, meteorologia, e uma experimental em comunicações (transpônder em banda Ka).

Considerando-se todos esses aspectos, é importante destacar que, quando falamos em SGB, talvez não estejamos falando de apenas um satélite, mas sim de dois ou até mais. Seria um de comunicações, mais facilmente viabilizado, até por sua natureza, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), e um de meteorológico, duas das necessidades mais prementes do Programa Espacial Brasileiro. A missão meteorológica, área em que o País tem alguma experiência em nível tecnológico, poderia envolver mais incisivamente os centros de pesquisa e indústria nacional. Não se poderia descartar, inclusive, a possibilidade de inclusão de uma carga útil experimental em comunicações, desenvolvida localmente, de modo a dar início a uma capacitação nacional nesse setor.

Evidentemente, ninguém sabe o que esperar do SGB. O grupo de trabalho criado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) deverá considerar as necessidades nacionais, além de todos os aspectos técnicos, financeiros e políticos, para se chegar a uma formulação ideal. E é por esta razão que reúne representantes dos mais variados setores do governo, além da indústria. Ainda que o foro das discussões seja o GT da AEB, o blog já ouviu de algumas pessoas que existem elementos indicando que o satélite de comunicações acabaria saindo dessa esfera, indo, talvez, para o Ministério das Comunicações, Defesa ou outros (Telebrás?). E, é fato, muitos estão trabalhando para viabilizar este caminho, e estes "muitos", diga-se de passagem, são extremamente poderosos, bem relacionados e conectados.

"O troco"

O blog ouviu ontem de frequente colaborador do blog: "Talvez o "troco" esteja começando". Certamente, um comentário sem lógica para a maioria dos leitores, mas para quem acompanha todo o setor (não apenas espaço, mais além) com um enfoque mais empresarial, talvez o comentário faça algum sentido. É aguardar e ver.
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Arsat-1 será lançado pela Arianespace

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A companhia europeia Arianespace divulgou ontem (28) ter sido escolhida pela operadora de comunicações argentina ARSAT (Empresa Argentina de Soluciones Satelitales Sociedad Anonima) para a colocação em órbita do satélite geoestacionário Arsat-1.

A operação deverá ser realizada em meados de 2012, por um Ariane 5 ou por Soyuz, ambos operando a partir de Kourou, na Guiana Francesa. Dotado de 24 transpônderes, todos de banda Ku, o Arsat-1 tem 2.900 kg e é o primeiro satélite geoestacionário construído pela Argentina. O artefato está sendo construído nas instalações da INVAP, com a EADS Astrium e a Thales Alenia Space fornecendo importantes subsistemas e componentes.

Esta foi a segunda vez que a Arianespace foi escolhida para lançar ao espaço um satélite argentino. O primeiro foi o Nahuel 1A, também geoestacionário, colocado em órbita em 1997.

"Nós estamos muito satisfeitos com nossa seleção da Arianespace para lançar o primeiro satélite geoestacionário construído na Argentina", disse Pablo Tognetti, diretor-presidente da ARSAT. "Nossa seleção é resultado de uma competição internacional, em que preço, excelência em transporte espacial e índice de sucesso nas missões foram críticas em nossa decisão".

Jean-Yves Le Gall, presidente da Arianespace, declarou: "A Arianespace está especialmente orgulhosa de ter esta oportunidade de trabalhar com um operador de satélites sul-americano, e nós gostaríamos de agradecer a ARSAT por ter nos selecionado. Este último contrato, o nono que assinamos em 2010, é um claro reconhecimento da qualidade e competitividade de nossos serviços e soluções em lançamento."
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

SAC-D no Brasil para testes no LIT/INPE

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Fato noticiado apenas na imprensa local (vejam pequena notícia do jornal "Vale Paraibano"), mas sábado passado (26), um avião C-17 Globemaster da Força Aérea dos EUA esteve no aeroporto de São José dos Campos (SP) para a entrega do satélite SAC-D, da Comision Nacional de Actividades Espaciales (CONAE). O satélite será testado e ensaiado no Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como parte de um acordo de cooperação firmado pelos governos dos dois países.

O transporte do satélite, da Argentina para o Brasil ocorreu no final de semana por razões de segurança e por toda a logística e cuidados necessários para o transporte da carga, em torno de 1.600 kg, até o laboratório.

Do LIT/INPE, o SAC-D deverá ser enviado para o centro de lançamento de Vandenberg, nos EUA, de onde deve ser lançado ao espaço por um foguete Delta II, a partir de 2011.
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domingo, 27 de junho de 2010

SGB: Oi demonstra interesse para Lula

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A matéria de capa de hoje (27) do jornal Folha de S. Paulo (vejam abaixo) trata de uma possível parceria entre o Governo Federal e a companhia privada de telecomunicações Oi para a construção de um satélite para comunicações militares e governamentais. É mais um capítulo do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), talvez no momento mais efervescente em toda a sua história.

Em outubro de 2009, já havíamos postado aqui no blog uma análise considerando o interesse da Oi, motivado pelo próprio governo, em participar do SGB (vejam a postagem "Panorama sobre o SGB"). No início deste ano, numa matéria mais detalhada, publicada no suplemento especial sobre espaço de Tecnologia & Defesa, aprofundamos o assunto.

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Oi negocia com o governo parceria em satélite militar

Lula se entusiasma com o projeto, cujo custo estimado é de R$ 710 mi. Planalto vê negociação com bons olhos pelo fato de ela envolver uma empresa nacional de telecomunicações

ELVIRA LOBATO e VALDO CRUZ

Depois de ressuscitar a Telebrás para gerir o Plano Nacional de Banda Larga, o governo Lula estuda parceria com a Oi para lançar um satélite brasileiro de uso militar e comercial com custo estimado em US$ 400 milhões (em torno de R$ 710 milhões).

O projeto foi apresentado ao presidente Lula pelos acionistas controladores da Oi, os empresários Carlos Jereissati, do Grupo La Fonte, e Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez. O presidente gostou da ideia, e a Casa Civil pretende estudar o projeto.

De acordo com um auxiliar de Lula, o tema será analisado por uma comissão interministerial e é "natural" fechar a parceria estratégica.

Segundo relato de assessores presidenciais, há pontos que recomendam a parceria: o custo elevado e o fato de que um satélite de uso exclusivo da União ficaria ocioso.

Além disso, como a Oi é nacional, o governo vê a parceria com mais simpatia do que se a espanhola Telefónica e a mexicana Embratel estivessem envolvidas.

Pela proposta da tele, seria criada uma empresa para gerenciar o projeto. A União e a Oi teriam 50% cada uma na sociedade. O prazo de desenvolvimento, fabricação e lançamento do satélite é de cerca de dois anos e meio.

Os empresários argumentaram com o presidente que ter um satélite controlado por capital brasileiro é questão de soberania nacional.

Disseram ainda que todos os satélites considerados brasileiros, que ocupam posições orbitais pertencentes ao Brasil, são controlados por empresas de capital estrangeiro, e que, na eventualidade de uma guerra, os militares não teriam controle físico sobre os equipamentos.

Desde a privatização da Embratel, em 1998, os militares reivindicam algum controle sobre os satélites que fazem as comunicações sigilosas das Forças Armadas.

O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, confirmou que a empresa propôs parceria ao governo para um satélite de uso civil e militar.

"O principal fator para viabilidade de um satélite é haver demanda para ocupar sua capacidade. Os dois maiores consumidores de serviços de satélite no Brasil são a Oi e o governo. Por que não nos juntarmos e tirarmos proveito disso?", disse Falco.

A tele é fruto da compra, pela Telemar, da Brasil Telecom, fusão estimulada pelo próprio Lula, que chegou a mudar a lei para viabilizar a operação, dentro da estratégia do governo de ter no país uma grande empresa nacional de telecomunicações.

A Oi, por sinal, aproveitou o momento de disputa no mercado entre a Telefónica e a Portugal Telecom pela Vivo (maior operadora de telefonia celular do país, em número de assinantes) para pedir tratamento diferenciado ao governo Lula.

Militares e órgãos defendem equipamento próprio

O lançamento de um satélite de controle totalmente nacional é defendido dentro do governo não só pelos militares, mas também por órgãos que cuidam de dados sigilosos, como Banco Central e Receita Federal.

No governo, é considerado delicado o fato de informações do Banco Central, enviadas de Brasília para Manaus, por exemplo, terem de passar antes por Miami (EUA).

A proposta de lançar um satélite brasileiro consta da "Estratégia Nacional de Defesa", documento que norteará o debate sobre o tema.

Hoje, nove satélites ocupam posições orbitais registradas em nome do Brasil na UIT (União Internacional de Telecomunicações, órgão da ONU). Seis são da Star One.

A Oi é acionista minoritária (20%) em dois satélites: os Amazonas 1 e 2, pertencentes à Hispamar, controlada pela espanhola Hispasat, da qual a Telefónica é acionista. O nono é o Estrela do Sul, que tem controle canadense.

As comunicações militares são transmitidas pelos satélites Star One 1 e 2. A Folha apurou que os militares confiam no sigilo do serviço da Embratel, mas querem ter acesso físico ao satélite.

O Ministério da Defesa tem um contrato com a Star One de R$ 12,5 milhões por ano, mas a demanda aumentaria no novo satélite, que controlaria ainda o tráfego aéreo.

Além do projeto do satélite militar e comercial, a Oi pleiteou autorização para oferecer o serviço de TV a cabo, vetado pela legislação brasileira. A Lei da TV a cabo não permite que concessionárias de telefonia fixa local, como Oi e Telefónica, ofereçam TV por assinatura a cabo dentro de sua área de concessão.

Fonte: Folha de S. Paulo, 27/06/2010, via NOTIMP
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sábado, 26 de junho de 2010

Mudanças no GT do SGB

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Pouco mais de um mês depois de publicada uma portaria da Agência Espacial Brasileira (AEB) nomeando membros para o grupo de trabalho sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (GT/SGB) (vejam a postagem "Grupo de trabalho sobre o SGB"), foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) um novo normativo (Portaria nª 81), em 24 de junho, retificada no dia seguinte (25), re-indicando e fazendo algumas alterações na relação de membros.

Comparando-se as duas portarias, nota-se que vários suplentes acabaram se tornando membros titulares, além de ter havido a inclusão de novos nomes. No caso da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), por exemplo, Marcos José Mahler de Araújo, da Atech, se tornou membro titular, enquanto que César Celeste Ghizoni, presidente da Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP), foi incluído como um dos representantes da AIAB. Nove entidades governamentais (ministérios, autarquias e centros de pesquisas), e uma associação (AIAB) estão representadas no GT/SGB, reunindo muitos nomes conhecidos desde as discussões iniciais sobre o satélite geoestacionário, no início da atual década.

Reproduzimos abaixo a íntegra da nova portaria, extraída do DOU:

"AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA

PORTARIA Nº 81, DE 23 DE JUNHO DE 2010 O PRESIDENTE DA AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA, no uso das atribuições que foram conferidas pela Lei nº 8.854, de 10 de fevereiro de 1994, resolve:

Art. 1º. Nomear Grupo de Trabalho (GT/SGB) com a finalidade de dar continuidade ao processo de implementação do Projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), constante do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE 2008-2011), com a seguinte composição:

AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA (AEB)
Benjamin da Silva Medeiros Correia Galvão
Carlos Eduardo Quintanilha Vaz de Oliveira
Celso Deusdeti Costa
Francisco Cleodato Porto Coelho
Gisele Imbuzeiro Camargo
Himilcon de Castro Carvalho (Coordenador Substituto)
Leonardo de Figueiredo Naves
Thyrso Villela Neto (Coordenador)

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO (MPOG)
Claudete Hideko Fukunishi
Marcelo de Lima e Souza
Ricardo Dislich
Vânialúcia Lins Souto

MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES (MC)
Jovino Francisco Filho
Mônica Guedes de Magela Moura
Otávio Viegas Caixeta
Ludmila Deute Ribeiro

MINISTÉRIO DA DEFESA (MD)
Anderson Alvarenga Hoskin
Edwin Pinheiro da Costa
Paulo Mourão Pietroluongo

AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES (ANATEL)
João Carlos Fagundes Albernaz
Vânia Maria da Silva

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AEROESPACIAL (DCTA)
Gilberto Fisch
Osvaldo Catsumi Imamura

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE)
André Tenório Mourão
Luiz Maria Pio Corrêa

ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS DO BRASIL (AIAB)
César Celeste Ghizoni
Marcos José Mahler de Araújo
Walter Bartels

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET)
Alaor Moacyr Dall' Antonia Júnior
Luiz Cavalcanti

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE)
Marco Antonio Chamon
Mário Marcos Quintino da Silva

Art. 2º. Nomear Subgrupo para acompanhar os estudos de viabilidade da Parceria Público-Privada (PPP) em desenvolvimento pelo Consórcio AAA/AGR/TlecomBiz/UnionEngenharia, que terá a seguinte composição:

Benjamim da Silva Medeiros Correia Galvão
Carlos Eduardo Quintanilha Vaz de Oliveira
Celso Deusdeti Costa
Francisco Cleodato Porto Coelho
Gisele Imbuzeiro Camargo
Himilcon de Castro Carvalho
Leonardo de Figueiredo Naves
Ludmila Deute Ribeiro
Marcelo de Lima e Souza
Thyrso Villela Neto
Vânialúcia Lins Souto (Coordenadora)

Art. 3º. O Coordenador do GT/SGB poderá convidar especialistas para colaborar com a equipe em temas específicos.

Art. 4º. Revogam-se a portaria nº 56, publicada no D.O.U nº 92, de 17 de maio de 2010, e demais disposições em contrário.

Art. 5º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação."

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tecnologia & Defesa nº 121

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Já está nas bancas, em todo o Brasil, a edição nº 121 da revista Tecnologia & Defesa, que tem como principais matérias:

- Defesa antiaérea - uma reflexão

- Entrevista com o diretor-geral da Polícia Federal

- "Embraer - Além do Avião" - segunda parte de uma série de reportagens sobre as atividades da companhia brasileira além dos aviões, no caso, o Link BR-2 da Força Aérea Brasileira

- Navios-Patrulha Oceânicos (NaPaOc) - Protegendo o pré-sal

- Super Tucano - Sucesso de exportação

- Pequena matéria sobre o lançamento de foguetes básicos de treinamento (FTB), fabricados pela Avibras Aeroespacial, a partir do CLBI, em Natal (RN);

- Coluna Defesa & Negócios, notícias sul-americanas, da ABIMDE, e muito mais!
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Torre do VLS em Alcântara

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Equipes do IAE e do CLA trabalham no Sistema Plataforma de Lançamento do VLS-1

23/06/2010

Equipes do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) trabalham, desde junho de 2009, no acompanhamento das obras do Sistema Plataforma de Lançamento do VLS-1 (SISPLAT), uma construção constituída da mais alta tecnologia envolvendo plataformas de lançamento para veículos do porte do VLS-1.

O Complexo de Lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) faz parte do Setor de Preparação e Lançamento (SPL) do CLA e se compõe de uma série de facilidades que se destinam a dar apoio à integração final do veículo desenvolvido pelo IAE, à ativação e ao controle final do mesmo. O SISPLAT também está sendo preparado para o lançamento de outros veículos de porte médio com propulsores a combustível sólido ou líquido, assegurando maior flexibilidade às instalações do CLA.

O SISPLAT é constituído pela Torre Móvel de Integração (TMI), Torre de Umbilicais (TU), Mesa de Lançamento (ML), Torre e Túnel de Escape (TTE), Casa de Equipamentos e Apoio, Sala de Interfaces Eletrônicas (SI), Sistema de Pressurização e Refrigeração, Sistema de Detecção e Alarme Contra Incêndio (SDACI), e Sistema de Proteção Contra Descargas atmosféricas (SPDA) e Sistemas Elétricos e de Automação (SEA).

A TMI é constituída por uma estrutura metálica equipada com sistemas de rodagem sobre trilhos entre as posições de montagem, testes e lançamento. Atendendo à integração final do Veículo na vertical, plataformas fixas e móveis dão acesso aos vários níveis de trabalho – as primeiras, destinadas ao acesso de pessoal às regiões periféricas internas e, as últimas, à intervenção de pessoal junto às interfaces do veículo, durante sua integração.

Ao lado da TMI está a TTE, uma torre em concreto ligada a um túnel de escape subterrâneo que dá o acesso a uma área distante dos gases em caso de acidente. Essa Torre é equipada com sistema de pressurização que impede a entrada de gases do veículo. Além disso, tubos metálicos, escorregadores verticais de duto elástico e escadas tipo marinheiro formam o conjunto que permite, em caso de emergência, a rápida evacuação das pessoas em atividade dentro da TMI.

Particularidades como o sistema de monitoramento e operação à distância, com transmissão de dados via fibra ótica para o acionamento de portas e plataformas, e para a movimentação da TMI, são possibilitadas pelo SEA. Os comandos são externos, realizados na Casa de Equipamentos e Apoio (Sala de Comando), a uma distância de aproximadamente 90 metros da Mesa de Lançamento.

Todas as etapas de construção, montagem e inspeção foram realizadas com o acompanhamento da equipe técnica do IAE, que se reveza na fiscalização da obra, nas inspeções de fabricação e nas diversas reuniões realizadas com engenheiros representantes do Consórcio Jaraguá/Lavitta. As obras civis e de montagem das estruturas metálicas serão concluídas em julho deste ano, quando serão iniciadas as instalações elétricas e de automoção.

A equipe, formada de militares e engenheiros de diversas áreas de especialização, acompanha as atividades desde a especificação técnica do projeto e prosseguirá até a finalização das instalações, sempre priorizando a segurança e a confiabilidade dos técnicos usuários para o bom desempenho das atividades realizadas em períodos de campanhas de lançamento.

Fonte: IAE/DCTA

Comentário: para ver mais fotos da TMI, acessem o link da notícia do IAE/DCTA, clicando aqui.
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quarta-feira, 23 de junho de 2010

SARA: ensaio da eletrônica embarcada

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Eletrônica do Sara é testada em ensaio

22/06/2010

No dia 17 de junho, a equipe do Projeto SARA realizou o ensaio em mesa de mancal a ar de um eixo do SARA suborbital, a verificação funcional mais importante da eletrônica embarcada do veículo. Os testes ocorreram no Laboratório de Propriedades de Massa da Divisão de Integração e Ensaios (AIE) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA).

Neste ensaio, o SARA Suborbital é colocado sobre um colchão de ar preso ao eixo longitudinal do Sara de forma a permitir a rotação do veículo quase sem atrito. Ao ser induzida uma rotação, a rede de controle do SARA comandou os atuadores de gás frio para controlar o movimento. Todo o processo foi enviado por telemetria para uma mini-estação montada para este fim. Após o teste com o eixo de rolamento, serão verificados também os eixos de arfagem e guinada.

No ensaio, foram testadas com sucesso as redes de controle, de telemetria e de serviço, restando apenas a rede de segurança, cujo teste será programado em outra data. A eletrônica do SARA Suborbital foi desenvolvida pela empresa Mectron, sob coordenação da Divisão de Eletrônica (AEL) do IAE.

Fonte: IAE/DCTA, editado pelo blog.
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Semanas movimentadas para lançadores

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As últimas semanas têm sido movimentadas em matéria de lançadores espaciais. No início de junho, o foguete americano Falcon 9, desenvolvido pela empresa privada SpaceX, foi lançado com sucesso, abrindo um novo capítulo na história da empresa, notícia esta, aliás, que já foi abordada aqui no blog (vejam a postagem "Falcon 9: dia "histórico"", de 4 de junho), e sobre a qual escrevemos mais adiante.

Em 10 de junho, a agência espacial da Coréia do Sul tentou realizar, mais uma vez sem sucesso, o voo de seu pequeno lançador espacial, Naro (também chamado KSLV-1), que explodiu 137 segundos após o lançamento. Prestes a completar oito anos, o projeto do foguete sul-coreano, que conta com forte suporte da companhia russa Khrunichev, já realizou duas tentativas (a primeira foi em agosto de 2009, com falha no segundo estágio), comprovando o caminho sempre difícil para o desenvolvimento e disponibilização em situação operacional de foguetes espaciais.

Ontem (22), foi a vez de Israel anunciar o sucesso do lançamento de um novo satélite "espião" (Ofeq-9, dotado de um sensor ótico de alta-resolução), de pequeno porte, operação realizada por uma versão aprimorada do foguete Shavit, de porte similar ao VLS-1 brasileiro (vejam o vídeo aqui). Tanto o foguete como o satélite são exemplos do bem-sucedido programa espacial israelense, majoritariamente dirigido por necessidades militares.

O sucesso do Falcon 9 parece ter sido suficiente para reduzir algumas das desconfianças sobre o projeto da SpaceX, o que teria levado ao anúncio, alguns dias depois, de contrato bastante significativo com a Iridium, para colocação em órbita de 72 satélites de nova geração, no valor de US$ 492 milhões. "Nós estamos anunciando hoje o maior contrato comercial de lançamento da história, no melhor do meu conhecimento", afirmou Elon Musk, fundador e presidente da SpaceX. Outros contratos estariam em discussão e devem ser anunciados em breve.

À medida que os dias vão passando, o projeto da SpaceX, de acesso ao espaço com baixos custos, parece se comprovar ou ao menos se tornar mais sólido, embora existam entre os analistas especializados no setor, desconfianças sobre a capacidade financeira da SpaceX em cumprir com todas as suas promessas. O manifesto de missões da companhia já conta com dezenas de lançamentos para os próximos anos para os seus dois veículos (Falcon 1 e Falcon 9), vários deles comerciais. De acordo com a mídia especializada estrangeira, os fretes da SpaceX poderiam ser até mesmo inferiores do que os praticados pelos lançadores indianos e chineses, tradicionalmente mais baratos que os foguetes americanos (Atlas V, Delta IV), europeus (Ariane 5) e mesmo russos ou ucranianos (Proton, Zenit 3SL).

O fato é que, definitivamente, o sucesso do modelo da SpaceX deve revolucionar o mercado de lançamentos espaciais, não apenas governamental, mas também o privado. Mesmo a Europa, radicional líder no segmento privado com a Arianespace, parece reconhecer essa possível revolução. No dia 8 de junho, na ILA em Berlim, Jean-Jacques Dordain, diretor-geral da Agência Espacial Europeia, disse que a Europa precisa aprender a partir do que a SpaceX está fazendo. E, logicamente, essa possível revolução (ou mais diretamente, concorrência) terá reflexos para os esforços da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space em se tornar player no mercado.
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terça-feira, 22 de junho de 2010

Alcântara: IBAMA libera obras da ACS

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ACS recebe autorização do IBAMA para iniciar obras do sítio de lançamento

A Binacional Alcântara Cyclone Space recebeu, nesta terça-feira (22), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Licença de Instalação (LI), que permite à ACS realizar obras e intervenções relacionadas à implantação dos canteiros de obras e acessos para o Complexo Terrestre Cyclone-4.

Junto à LI, o IBAMA também concedeu à Binacional autorização para realizar supressão de vegetação no local onde será construído o sítio de lançamento do veículo lançador Cyclone-4.

A LI e a concessão para realizar a supressão vegetal são indispensáveis para a continuidade e o sucesso do Projeto Binacional Cyclone-4. Com elas, a ACS pode, de fato, dar início às obras de construção de seu sítio de lançamento.

Fonte: ACS
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Supercomputador do INPE

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Novo sistema de supercomputação mostra desempenho superior ao esperado

21/06/2010

Especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estiveram na fábrica da Cray Inc., nos Estados Unidos, para verificar o novo sistema de supercomputação, recentemente adquirido, que irá aprimorar a qualidade das previsões meteorológicas e o desenvolvimento de cenários climáticos futuros globais e regionais. A entrega da máquina XT6 está prevista para o final do mês de julho, enquanto o início de suas operações deve ocorrer em dezembro.

A velocidade efetiva estipulada no edital para a aquisição do sistema era de aproximadamente 15 TFlops, ou seja, 15 trilhões de operações aritméticas por segundo. Durante o teste para o aceite do sistema, realizado semana passada na fábrica de Chippewa Falls, Wisconsin, a máquina atingiu velocidade efetiva de 16,6 TFlops.

“As extrapolações apresentadas pela Cray foram todas superadas e a máquina que o INPE receberá é muito mais rápida do que foi apresentada na proposta da Cray, que venceu a licitação para o fornecimento do sistema”, informa Dirceu Herdies, do INPE.

Os resultados atingidos mostram que se fosse atualizado hoje o Top500, que relaciona os computadores mais rápidos do planeta, a máquina que será instalada no INPE estaria na 20ª posição geral e em 1º lugar entre as utilizadas para previsão numérica de tempo e clima no mundo.

Novo supercomputador

Adquirido com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o novo sistema de supercomputação será instalado no INPE de Cachoeira Paulista (SP) e será utilizado pelos Centros de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do próprio Instituto, além dos grupos de pesquisa, instituições e universidades integrantes da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas (Rede CLIMA) do MCT, do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas.

Este supercomputador permitirá gerar previsões de tempo mais confiáveis, com maior prazo de antecedência e de melhor qualidade, ampliando o nível de detalhamento para 5 km na América do Sul e 20 km para todo o globo. Será possível prever ainda eventos extremos com boa confiabilidade, como chuvas intensas, secas, geadas, ondas de calor, entre outros. As previsões ambientais e de qualidade do ar também serão beneficiadas, gerando prognósticos de maior resolução, de 15 quilômetros, com até seis dias de antecedência.

A nova máquina também será fundamental para o desenvolvimento e implementação do Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global, que incorporará todos os elementos do Sistema Terrestre (atmosfera, oceanos, criosfera, vegetação, ciclos biogeoquímicos, etc), suas interações e como este sistema está sendo perturbado por ações antropogênicas (por exemplo, emissões de gases de efeito estufa, mudanças na vegetação, urbanização, etc.). Este esforço envolve um grande número de pesquisadores do Brasil e do exterior, provenientes de diversas instituições, o que se constitui num projeto interdisciplinar de desenvolvimento de modelagem climática sem precedentes entre países em desenvolvimento.

O novo supercomputador irá ampliar em mais de 50 vezes a capacidade de processamento no INPE. A atual infraestrutura computacional está operando no limite de sua capacidade, o que tem impedido a incorporação de avanços já desenvolvidos nas áreas de modelagem numérica, modelagem de mudanças climáticas, assimilação de dados, química e aerossóis, atmosfera, oceanos e vegetação, que deverão trazer melhorias às previsões de tempo e clima e às simulações de mudanças climáticas.

Fonte: INPE
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Cooperação Brasil - China: satélite SAR?

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Abaixo, artigo publicado na edição de hoje (21) do JC E-mail, editado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), de autoria de José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia, analisando a cooperação em matérias de Ciência & Tecnologia entre o Brasil e a China.

Ponto interessante, destacado no artigo pelo blog (negrito), é o indicativo do interesse ("wishful thinking"), ao menos de alguns setores do governo brasileiro, em ampliar a cooperação espacial com o desenvolvimento de um satélite-radar. Para saber mais sobre esse interesse, vejam as postagens "INPE vai de CBERS-SAR?", e "CBERS: pequena frustração", ambas de maio de 2009.

Brasil e China podem ampliar muito mais sua cooperação em CT&I

O Brasil decidiu reatar relações diplomáticas com a China apenas em 1975 - depois que os Estados Unidos já o tinham feito. Mas, nestes 35 anos, aconteceu algo incrível e irônico ao mesmo tempo. A China ultrapassou os Estados Unidos como principal parceiro comercial do Brasil.

Hoje, Brasil e China mantêm um regime de "parceria estratégica", aprovado de comum acordo em 1993 e motivo de orgulho para ambos. Cabe lembrar: eles assumiram este status especial em momento decisivo, buscando superar a primeira grande crise de seu relacionamento.

Em 1993, urgia salvar o programa espacial sino-brasileiro, adotado em 1988 e bem-sucedido nos primeiros anos - como primeiro acordo entre países em desenvolvimento envolvendo alta tecnologia -, mas quase cancelado no período de 1990 e 1991, por inadimplência do Brasil, sobretudo.

Restaurada a cooperação espacial, foram lançados, em período relativamente curto, três satélites da série Cbers - China-Brasil Earth Resources Satellite (Satélite Sino-Brasileiro de Observação de Recursos Naturais da Terra): o Cbers-1, em 1999; o Cbers-2, em 2002, e o Cbers-2B, em 2007.

O Brasil converteu-se em país sensoriador, perito em sensoriamento remoto por satélite - essencial para monitorar toda Amazônia. Mais ainda: tornou-se o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo, abrindo acesso gratuito e fácil a todos os dados do Cbers. Basta baixar pela internet. Ao mesmo tempo, sistemas especiais de distribuição de imagens Cbers estão sendo montados para a América Latina e Caribe, e para a África.

Mas surgiu um problema: o Cbers-2B - lançado para impedir qualquer interrupção da cobertura entre o fim do Cbers-2, ocorrido este ano, e o início de funcionamento do Cbers-3 - acabou concluindo sua vida útil sem que o Cbers-3 tivesse sido lançado. Hoje não há nenhum Cbers ativo em órbita. O Cbers-3, que está sendo montado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, SP, deve ser lançado só em 2011. E o Cbers-4, em 2014.

O lançamento do Cbers-3 atrasou-se, principalmente porque o Brasil teve dificuldades de comprar no mercado mundial componentes para esse satélite, bloqueados pelos Estados Unidos por se tratar de satélite construído junto com a China. Washington estabelece restrições no comércio com a China de matérias consideradas sensíveis (uso duplo, para fins pacíficos e militares).

Não obstante, a cooperação espacial segue em frente. Mas o que ela mais precisa hoje é ganhar novos espaços. Avanço significativo seria a construção conjunta de um satélite radar, que pode observar a terra em condições bem melhores, varando barreiras climáticas. Este parece ser o maior desafio nas negociações atuais na área espacial entre os dois países. O acordo em torno de um satélite radar sinalizaria mudança qualitativa de patamar no programa sino-brasileiro.

Entretanto, já há clara consciência de que a colaboração Brasil-China não pode se limitar ao programa espacial. Nessa linha, em 2004, os dois países criaram o Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível (Cosban), de ampla abrangência. Em 2009, durante a visita à China do presidente Lula, aprovou-se o primeiro Plano de Trabalho em Ciência, Tecnologia e Inovação.

E, em abril deste ano, quando da visita ao Brasil do presidente da China, Hu Jintao, adotou-se ambicioso Plano de Ação Conjunta para cinco anos (2010-2014), visando diversificar e intensificar o trabalho conjunto dos dois países.

O Plano de Ação fixa sete objetivos gerais, dos quais destaco quatro: 1) "Ampliar e aprofundar as relações bilaterais em todas as áreas"; 2) "Coordenar melhor as iniciativas de cooperação em todas as áreas da Parceria Estratégica Brasil-China, bem como todos os seus instrumentos institucionais"; 3) "Estabelecer metas precisas e objetivas em cada uma das áreas de cooperação, baseadas em iniciativas específicas"; e 4) "Adotar visão estratégica sobre as relações bilaterais, a médio e longo prazo, diante dos desenvolvimentos na arena internacional".

Traduzido em miúdos, este último objetivo significa reconhecer que as relações Brasil-China podem ter implicações estratégicas na arena internacional. Isso não é nada trivial em matéria de presença ativa e protagonismo no mundo complexo do século XXI.

O Plano de Ação, além do mais, valoriza o papel do Subcomitê de Ciência e Tecnologia do Cosban, logo renomeado como "Subcomitê de Ciência, Tecnologia e Inovação". Afinal, a inovação no setor produtivo - e em toda a sociedade humana - é o grande desafio do nosso tempo.

Eis as áreas prioritárias do Plano de Ação: bioenergia e biocombustíveis, nanotecnologia e ciências da agricultura. O compromisso, aí, é de fortalecer a transferência de tecnologia e a realização de projetos conjuntos de pesquisa. No futuro, já se admite acrescentar as áreas de pesquisa e desenvolvimento na indústria têxtil, e de ensino e popularização da ciência.

Cabe salientar cinco importantes projetos de cooperação em curso hoje:

1) Programa de Bioenergia e Biocombustíveis, implementado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro através do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ); Universidade de Tsinghua; Academia de Ciências da Agricultura de Guangxi; e Academia Chinesa de Ciências da Agricultura Tropical (Catas);

2) Centro Brasil-China de Inovação Tecnológica para a Mudança de Clima e Novas Energias, em criação pela UFRJ e Universidade de Tsinghua para realizar projetos de pesquisa destinados a reduzir as emissões de gás estufa e a identificar novas fontes para biodiesel. O Brasil está investindo nesta iniciativa cerca de R$ 1,4 milhão, como ajuda inicial;

3) Centro Bilateral de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia, criado em 2009, com início de funcionamento marcado para este ano, devendo estudar, entre outras, as áreas de nanometrologia, encapsulação de medicamentos e nanomateriais;

4) Programa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Academia Chinesa de Ciências da Agricultura (CAAS) para criar laboratórios especializados em ambos os países, com pessoal próprio e com a missão de promover pesquisas básicas e aplicadas em biocombustíveis, biotecnologia e genética de plantas; e

5) Intercâmbio Acadêmico entre a Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais) e a Universidade de Agricultura de Pequim, a ser firmado em breve, para fomentar a cooperação nos campos de ensino e pesquisa em ciência, tecnologia e inovação em áreas agrícolas. Como parte do programa, as duas instituições planejam criar o Instituto Internacional de Segurança Alimentar e Redução da Pobreza, com a ativa participação de organizações intergovernamentais internacionais.

Assim, Brasil e China já têm breve mas produtiva história. Hoje, vislumbram larga e rica perspectiva de cooperação diversificada. Seu potencial vai bem além do que se vê em nossos dias. Brasileiros e chineses podem fazer muito mais do que fizeram até agora. E tudo para seu próprio bem e, tomara, em benefício também de um mundo mais inteligente, mais justo e mais próspero para toda a comunidade mundial, que disso precisa como o ar que respiramos.

Fonte: JC E-mail, 21/06/2010.
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

ILA, EADS e Espaço

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A revista Tecnologia & Defesa disponibilizou em seu web-site uma pequena matéria sobre o ILA Berlin Air Show, feira aeronáutica e espacial que aconteceu na capital alemã na semana passada (clique aqui para acessá-la). Apesar do texto não abordar assuntos espaciais (de concreto, muito pouco relacionado a espaço aconteceu na feira, e nada relacionado ao Brasil e/ou América do Sul), apresenta informações interessantes sobre negócios e perspectivas futuras do conglomerado europeu EADS, que tem forte atuação no campo aeronáutico (Airbus, Eurocopter), Defesa (MBDA, D&S), e espaço (Astrium), para o País. Durante a feira alemã, por exemplo, foram anunciadas vendas de aeronaves comerciais para a TAM, e também a assinatura de acordo relacionado à possível instalação no Brasil de uma planta de biocombustível para aviões (notícia esta divulgada apenas ontem, 17).

O salão também aconteceu alguns dias após o anúncio da criação de uma joint-venture da EADS Defence & Security com o grupo industrial Odebrecht, assunto este que, evidentemente, passava por todas as conversas cujo tópico era o Brasil. Louis Gallois, presidente da EADS, mencionou que o acordo envolve o monitoramento de fronteiras ("border surveillance"), e segundo T&D apurou com algumas fontes na França (Eurosatory), estaria relacionado ao projeto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), do Ministério da Defesa (MinDef). Guardem bem esta sigla, SISFRON, pois deverá ser ouvida com certa frequência no futuro e, de certo modo, também terá alguma relação com espaço. O MinDef, aliás, já está em processo de seleção de empresa (ou consórcio) para a elaboração de projeto básico de implementação do sistema, conforme edital publicado no Diário Oficial da União em meados de maio.

As perspectivas da EADS para o mercado local, tema frequentemente tratado pelo blog, passam também pelo setor espacial. A EADS Astrium tem relevante participação acionária (42%) na Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP), é controladora da Spot Image, provedora de imagens de sensoriamento remoto, que tem subsidiária no País (na capital paulista), além de considerar várias oportunidades futuras. Entre elas, o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), o Projeto Sentinela, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e lançadores com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA).

Pré-ILA

Antes da ILA, o blog visitou, a convite da EADS, algumas instalações do grupo na Alemanha. Da Astrium, visitamos a unidade de Bremen, responsável pela produção de módulos para a Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), dos veículos não-tripulados europeus de transporte de cargas para a ISS (ATV), e dos estágios superiores do Ariane 5. Ao término da visita, num almoço, o blog teve a oportunidade de rapidamente conversar com o responsável na EADS Astrium pelas missões TEXUS/MAXUS, que utilizam foguetes VSB-30, fabricados pelo IAE/DCTA. Tanto o foguete como a equipe brasileira foram bastante elogiados. Em breve, pretendemos publicar uma pequena reportagem sobre a cooperação espacial entre o Brasil e Alemanha, abordando este e outros projetos conjuntos.
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terça-feira, 15 de junho de 2010

Novo membro do Conselho Superior da AEB

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O Major-Brigadeiro-do-Ar Álvaro Knupp dos Santos foi indicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia para exercer a função de membro titular do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira (AEB), nos termos de portaria publicada no Diário Oficial da União do último dia 14. Com a indicação, o Brig. Knupp substituiu o Contra-Almirante (En) Arthur Paraizo Campos, que estava no conselho representando o Ministério da Defesa.

Segundo a Lei nº 8.854/94 e seu regulamento, o Conselho Superior da AEB é composto pelo presidente e diretor-geral da Agência, representantes de ministérios e de secretarias da Presidência da República com atividades ligadas à área espacial (Ciência e Tecnologia, Comunicações, Meio Ambiente, Defesa, entre outros), representantes da comunidade científica e do setor industrial (AIAB).

Dentre as competência do Conselho, órgão máximo do Programa Espacial Brasileiro, estão a apreciação de propostas para atualização da política e programas espaciais (PNDAE e PNAE), deliberações sobre as diretrizes para suas execuções, elaboração de propostas orçamentárias da AEB, de acordos, convênios e instrumentos internacionais relacionados a espaço, entre outras.
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domingo, 13 de junho de 2010

Thales: interesse no mercado brasileiro

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No início da noite de hoje (13), sobre as águas do Rio Sena, em Paris, o diretor-presidente do grupo francês Thales, Luc Vigneron e seus principais executivos receberam alguns poucos convidados da imprensa mundial para falar sobre o grupo e as expectativas para a tradicional feira de defesa Eurosatory 2010, que começa amanhã na capital francesa e vai até o final desta semana.

Em rápida conversa que teve com Tecnologia & Defesa, único veículo sul-americano presente no encontro, Vigneron afirmou que o Brasil tem oportunidades em praticamente todas as áreas de atuação da Thales, destacando os setores de defesa, segurança, satélites e transporte, apesar de não ter entrado em detalhes sobre cada uma delas. Ressaltou que o grupo deve tomar decisões no futuro relacionadas às oportunidades no País.

Especificamente na área de espaço, quando questionado sobre quais seriam os tópicos de interesse, afirmou que este existe tanto para missões governamentais como privadas. O blog acredita que em relação às missões governamentais, o interesse da Thales, por meio das joint-ventures que mantém com o grupo italiano Finmeccanica (Thales Alenia Space e Telespazio) recai em satélites de observação terrestre (do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, e Ministério da Defesa - Projeto Sentinela), e telecomunicações (Satélite Geoestacionário Brasileiro - SGB). De fato, os últimos meses têm sido relativamente bem ativos em relação ao projeto do SGB, especialmente nos bastidores.

Quanto aos interesses privados em espaço, de acordo com uma fonte, a Thales Alenia Space observa com atenção o futuro lançamento de concorrência para a construção do Star One C4, satélite geoestacionário de comunicações que deverá ser maior e mais potente que o Star One C3 contratado pela subsidiária da Embratel junto à norte-americana Orbital Sciences Corporation (OSC), em dezembro de 2009. Apesar da OSC ter conquistado o contrato do Star One C3, a fabricante norte-americana é especializada na construção de satélites geoestacionários da faixa de 2 a 3 toneladas, o que, em teoria, pode favorecer a Thales ou outro fabricante de cargas úteis de maior porte.

A Thales é um dos maiores grupos mundiais com atuação nas áreas aeroespacial, defesa, segurança e transporte, contando com mais de 50 mil funcionários em 50 países. No Brasil, a Thales já está presente há décadas (desde que se chamava CSF-Thomson), inclusive com atividade industrial (Omnisys) fornecendo equipamentos e sistemas para as três forças armadas, Polícia Federal, controle de tráfego aéreo, Programa Espacial Brasileiro (CBERS, centros de lançamento), entre outros. Para saber mais sobre os negócios e interesses do grupo francês, vejam o artigo "Thales foca o Brasil", de maio de 2008.
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Meteorologia: GOES 12 começa a atender o Brasil

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Imagens da América do Sul voltam a ser geradas a cada 15 minutos com GOES-12

11/06/2010

O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) voltou a receber imagens do continente sul-americano a cada 15 minutos e de todo o globo a cada três horas. Interrompidos em dezembro do ano passado, com o fim da vida útil do satélite GOES-10, da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, os serviços foram restabelecidos no mês passado.

A geração das imagens nesta freqüência foi restabelecida com o deslocamento de outro satélite norte-americano, o GOES-12, para a órbita antes ocupada pelo GOES-10 (Longitude 60º - Oeste), que privilegia a cobertura da região. Com essa mudança, os serviços do satélite não serão interrompidos mesmo na possibilidade de furacões sobre o Atlântico Norte, próximos à costa dos Estados Unidos, como costuma ocorrer no segundo semestre do ano.

O GOES-12 vem gerando imagens de forma operacional desde o dia 18 de maio, tendo ocorrido algumas interrupções para ajustes no processamento dos dados recebidos do satélite. Entre as melhorias introduzidas, inclui-se a maior resolução espacial do canal de vapor d´água (banda 3), que passou de 8 para 4 quilômetros, como destaca Carlos Frederico Angelis, chefe da Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais do CPTEC/INPE. As imagens meteorológicas do GOES-12 estão disponíveis na página http://www.cptec.inpe.br

O deslocamento orbital destes dois satélites faz parte de plano da NOAA de melhorar a cobertura da América do Sul. “Somos gratos à NOAA pelo esforço em prover esse serviço a América do Sul”, afirma Luiz Augusto Machado, coordenador do CPTEC. “Foi graças a esse plano que se tornou possível, pela primeira vez, o uso totalmente dedicado de satélites meteorológicos à cobertura da América do Sul”, destaca Machado.

Desde o início destas operações, ampliou-se significativamente a freqüência de imagens e o volume de dados meteorológicos sobre o continente, resultando em maior qualidade das previsões ambientais, de tempo e clima do CPTEC, além de um melhor acompanhamento de fenômenos meteorológicos extremos de curta duração.

A concessão, no entanto, não deverá se prolongar por muito tempo. A NOAA antecipou que não haverá outro satélite de reposição após o fim da vida útil do GOES-12, cuja operação poderá durar até, no máximo, três anos. No decorrer deste período, a probabilidade de ocorrer um problema com os sensores do satélite aumenta progressivamente, já que o GOES-12 foi lançado em 2001.

O coordenador do CPTEC frisa que o País precisa buscar novas soluções para suprir a necessidade de tais imagens e dados. Uma destas iniciativas, ainda em fase de estudos de viabilidade, é o desenvolvimento de um satélite nacional geoestacionário. Outra alternativa seria a participação efetiva do Brasil no novo programa de satélites geoestacionários da NOAA, da série GOES-R.

Fonte: INPE

Comentário: sobre a necessidade de um satélite meteorológico brasileiro, recomendamos a leitura do artigo "Um satélite meteorológico para o Brasil", escrito por Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), e publicado no jornal "O Estado de S. Paulo" em janeiro deste ano. Preliminarmente, na AEB e INPE considera-se a possibilidade de incluir uma carga útil meteorológica no Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), que assim atenderia parte das necessidades brasileiras em comunicações governamentais e militares, e também meteorologia.
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cooperação Brasil - Itália

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Brasileiros e italianos discutem parceria na área de Astronomia Espacial

10/06/2010

Delegação italiana de especialistas em Astrofísica está no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), para discutir os instrumentos científicos do MIRAX (Monitor e Imageador de Raios X). Primeira missão astronômica espacial brasileira – a bordo de um satélite - o MIRAX é destinado ao estudo do centro da galáxia e seus objetos, como buracos negros e estrelas de nêutrons.

Além da câmara imageadora de raios X desenvolvida no Brasil, pelo INPE, o MIRAX pode ser composto ainda por mais dois instrumentos, estes italianos. Participam das reuniões com os astrofísicos e engenheiros espaciais do INPE especialistas do INAF (Istituto Nazionale di Astrofisica), do IASF (Istituto di Astrofisica Spaziale e Fisica Cosmica) e da Universidade de Ferrara.

Segundo João Braga, vice-diretor do INPE e coordenador do MIRAX, a parceria pode envolver ainda formação de pessoas, com o intercâmbio científico entre o INPE e as instituições italianas. “O projeto já conta com o apoio da ICRANet, uma rede internacional de grupos de pesquisa nas áreas de Relatividade, Cosmologia e Astrofísica. Os dados gerados pela missão MIRAX serão utilizados pelos pesquisadores brasileiros e também serão importantes em termos de cooperação científica internacional”.

O MIRAX estará a bordo do LATTES, um satélite científico desenvolvido pelo INPE e com lançamento previsto para 2014, que atenderá não só aos objetivos astronômicos como também a missão EQUARS, esta voltada para estudos na baixa, média e alta atmosfera e ionosfera na região equatorial. No caso da missão MIRAX, o objetivo é realizar um levantamento sem precedentes do comportamento espectral e temporal de um grande número de fontes transientes de raios X em escalas de tempo de horas a meses.

“Essas fontes de raios X apresentam comportamento variável no tempo e precisam de instrumentos que observem um grande número de fontes pelo máximo de tempo possível. Os emissores de raios X estão geralmente associados à presença de objetos compactos remanescentes de estrelas (buracos negros, estrelas de nêutrons e anãs brancas) e, em muitos casos, manifestam-se através de gigantescas explosões cósmicas”, explica João Braga.

Os instrumentos do MIRAX estão sendo desenvolvidos no INPE, em cooperação com outras instituições do Brasil, como USP, UFRN e UFRS, e do exterior, como Universidade da Califórnia e MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos Estados Unidos, e Universidade de Tuebingen, da Alemanha, entre outras. Com o lançamento do MIRAX, o Brasil obterá dados sobre importantes classes de objetos astrofísicos e poderá dar significativa contribuição ao conhecimento humano acerca do universo.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Notícias sobre o Cyclone 4

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O blog conversou esta manhã (10) com um representante da Yuzhmash, empresa ucraniana responsável pela fabricação do veículo-lançador Cyclone 4, a ser operado de Alcântara, no Maranhão, pela binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space (ACS). A conversa aconteceu no estande da agência espacial ucraniana (National Space Agency of Ukraine - NSAU), na feira aeroespacial ILA 2010, que acontece esta semana em Berlim, na Alemanha.

O representante da empresa destacou que a Yuzhmash é uma empresa meramente produtora, não responsável pelo desenvolvimento dos equipamentos que fabrica, processo produtivo bastante característico da ex-URSS. Além de foguetes e propulsores espaciais, a estatal fabrica tratores, geradores eólicos de energia e outros equipamentos mecânicos. Embora a empresa não seja a responsável pelo projeto do Cyclone 4 (a desenvolvedora é a Yuzhnoye), a conversa, bastante rápida, foi produtiva, pois revelou informações sobre os avanços no projeto e construção do foguete.

O último estágio do Cyclone 4 (chamado de "upper stage") está em desenvolvimento, sendo que os dois outros estágios já tiveram seus desenhos concluídos. Até o momento, só foram fabricados modelos de engenharia, mas a previsão é que ainda este ano os primeiros modelos de voo já entrem na linha de montagem. Questionado sobre a quantidade de foguetes que seriam fabricados nesta primeira fase, o representante da Yuzhmash preferiu não responder, mas afirmou que o plano de negócios ("business plan") da ACS considera cinquenta lançamentos.

Numa brochura sobre as atividades da NSAU elaborada pela a ILA, há a indicação de que o primeiro voo do Cyclone 4 ocorrerá apenas em 2012. O blog apurou que uma data mais específica seria fevereiro de 2012, com o transporte do primeiro veículo para o centro de lançamento previsto para novembro de 2011.
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Satélites de órbita baixa: previsões para 2010-2014

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A Teal Group, uma das principais consultorias do mundo nas áreas aeroespacial e de defesa, divulgou durante a ILA 2010, feira que acontece esta semana em Berlim, na Alemanha, uma interessante previsão sobre o mercado para lançamentos de satélites de órbita baixa (LEO, sigla em inglês) para os próximos cinco anos (2010-2014).

O estudo indica que 416 satélites deverão ser colocados em órbita, num total de 184 lançamentos, o que representa um crescimento de 38% no número de cargas úteis, e de 17% nas missões de lançamento, em relação aos últimos cinco anos (2005-2009).

O crescimento se deve em grande parte a uma maior quantidade de pequenos satélites (pico ou nanossatélites, de massa inferior a 100 kg), e também em razão da renovação das constelações de comunicações moóeis, como a Globalstar, Iridium e Orbcomm.

Segundo a Teal group, o aumento no número de missões LEO deverá beneficiar principalmente os lançadores Soyuz, comercializado pela Arianespace, e o Falcon 1, da SpaceX, e em menor extensão, os foguetes russos Rockot (Eurockot) e Dnepr (ISC Kosmotras), e o indiano PSLV (Antrix/ISRO).

De certo modo, embora não exista consenso entre os especialistas, a previsão da consultoria demonstra haver mercado para foguetes de menor porte, justamente um dos nichos que a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) têm considerado há alguns tempos. A ideia do governo, baseada, segundo dizem, em estudos mercadológicos, é fazer uma parceria com algum player estrangeiro, aproveitando tecnologias já desenvolvidas para o VLS-1, com um novo estágio superior.
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Antena chinesa na Argentina

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A China está estudando a instalação de uma antena de comunicação com satélites em território argentino, noticiou ontem (09) a AFP. A antena teria por objetivo atender o programa espacial chinês. “A China enviou uma delegação para a Argentina para estudar a possibilidade de construir uma antena para suas pesquisas espaciais”, afirmou Adolfo Italiano, diretor de planejamento e tecnologia da província de Nequen, localizada a sudoeste do país sul-americano.

A delegação chinesa teria também visitado outras regiões da Argentina, como Rio Negro e Mendoza, além do Chile. Não foram divulgadas informações sobre quais seriam os satélites e/ou missões a serem monitoradas.

A antena chinesa, caso instalada, nao será a primeira estação terrestre estrangeira do continente sul-americano. Em junho de 2009, a Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) decidiu instalar numa cidade de Mendoza uma antena de apoio às missões interplanetárias por ela desenvolvidas.
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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gallois, EADS: Brasil é prioridade

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Em conferência de imprensa realizada há pouco (9 de junho) na ILA Berlin, Louis Gallois, presidente do EADS, falou um pouco sobre os projetos e interesses do grupo no Brasil. Dentre os vários interesses, Gallois citou no campo espacial as áreas de lançadores e satélites, sem, no entanto, entrar em detalhes. Esta é a primeira vez que o mais alto executivo da EADS fala publicamente sobre esses interesses especificos, embora os esforços do grupo nesse setor (satélites do INPE, foguetes, SGB, entre outros) já fossem conhecidos há algum tempo.

As atividades espaciais do grupo, um dos maiores conglomerados aeroespaciais e de defesa do mundo, são realizadas pela EADS Astrium, acionista relevante da Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP).

Gallois falou também de outros negócios do grupo no País, citando o caso dos helicópteros EC 725, que serão fabricados em Itajubá (MG), a joint-venture da EADS D&S com o grupo Odebrecht (para negócios relacionados a sistemas de vigilância e monitoramento de fronteiras, revelou Gallois), a venda de aeronaves comerciais para a TAM (ontem (08), a Airbus, controlada pela EADS, anunciou aqui em Berlim uma nova venda de A320 e A350 para a companhia brasileira), e também possíveis parcerias com a Embraer.

Nos próximos dias, a Tecnologia & Defesa colocará em seu web-site uma reportagem completa sobre a feira ILA 2010, além de notícias no blog relacionadas a espaço.
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sábado, 5 de junho de 2010

Carlos Ganem fala sobre Alcântara para a CBN

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O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, concedeu uma entrevista ao programa do jornalista Heródoto Barbeiro na Rádio CBN. O foco da entrevista foi Alcântara, especialmente a questão da necessidade de um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EUA, para a exploração comercial do centro espacial brasileiro.

De acordo com Ganem, e 2009, foram investidos R$ 85 milhões no CLA, além de terem sido realizadas obras de infraestrutura, como a melhoria numa estrada de acesso ao centro. Também foram executadas modernizações na sala de controle, e na antena de rastreio, atualizações estas, segundo palavras do próprio Ganem, "desejada(s) e ambicionada(s) por todo o sítio de lançamento no mundo".

O presidente da AEB também destacou alguns avanços em acordos de salvaguardas com diferentes países. Mencionou os instrumentos com a Rússia, com a Ucrânia, parceira do Brasil na Alcântara Cyclone Space, que operará do sítio brasileiro o foguete Cyclone 4 (lançador de "grandíssimo porte", segundo Ganem), e também com os EUA.

Em relação ao acordo com os EUA, o dirigente informou que um instrumento chegou a ser assinado em 2000, mas não foi ratificado pelo Congresso Nacional. Trata-se de "questão delicada". "Gestões da AEB junto ao Itamaraty esbarram na política de relações exteriores do Brasil". Ganem, porém, demonstra reconhecer a importância de se ter um acordo com os Estados Unidos. Afirma que sem o acordo, haverá dificuldades para lançar 80% do mercado mundial de satélites, que tem origem nos EUA. "Isso exige um grande equilíbrio, uma grande engenharia de política exterior que faça com que as posições caminhem para um entendimento."

Para acompamnhar a íntegra da entrevista (cerca de 10 minutos), clique aqui.
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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Falcon 9: dia "histórico"

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Hoje, 4 de junho de 2010 foi um dia extremamente significativo para a SpaceX, empresa privada norte-americana do empreendedor Elon Musk. O primeiro voo de seu novo foguete, Falcon 9, foi realizado com sucesso a partir do centro espacial de Cabo Canaveral, da U.S. Air Force, localizado no estado da Flórida (veja o vídeo aqui - é sempre emocionante ouvir a palavra "lifoff"!).

Algumas autoridades americanas, aliás, chegaram a classificar o dia como "histórico", dada a relevância do projeto para a nova política da NASA envolvendo uma maior participação de esforços privados na exploração e meios de acesso ao espaço. Fundada em 2002, a SpaceX tem por objetivo desenvolver veículos espaciais com menores custos de operação e alta confiabilidade, sendo o Falcon 9 o seu mais recente desenvolvimento. A SpaceX e o Falcon 9 têm grande potencial para uma verdadeira revolução no acesso ao espaço, inclusive no cobiçado mercado de lançamentos comerciais.

Sua capacidade em órbita baixa varia de 8,5 a 10,4 toneladas, dependendo do sítio de lançamento (Cabo Canaveral ou Kwajalein), e em órbita de transferência geoestacionária, de 4,6 a 4,5 toneladas. Curiosamente, a SpaceX disponibiliza em seu website uma tabela de preços para missões do Falcon 9 (de US$ 45,8 a 51,5 milhões), inclusive com informações sobre financiamentos. O preço de tabela do lançador da SpaceX é bastante competitivo quando comparado a vetores similares. O Cyclone 4, por exemplo, que tem desempenho pouco superior a 1/3 do Falcon 9, tem frete estimado em US$ 40 milhões.

O Falcon 9, aliás, foi o lançador selecionado pela Argentina para pôr em órbita os satélites da série SAOCOM, de observação terrestre baseada em radar, missão prevista para 2013. O manifesto de lançamento conta com cerca de 20 missões, a maioria para a NASA (missões de reabastecimento da Estação Espacial Internacional, com a cápsula Dragon, também desenvolvida pela SpaceX). Há também clientes privados para o foguete, como a Space Systems/Loral, Bigelow Aerospace, MDA, e Spacecom. O menor integrante da família, o Falcon 1e (1.000 kg para órbita baixa circular de cerca de 185 km de altitude), foi selecionado pela EADS Astrium e sua controlada SSTL para a colocação em órbita, em 2014, de um pequeno satélite de observação.
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Valor Econômico: SABIA-Mar

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Brasil e Argentina terão satélite binacional

A parceria do Brasil com a Argentina na área espacial foi ampliada, este mês, com o anúncio da retomada do projeto de desenvolvimento conjunto de um satélite pelos governos dos dois países.

Virgínia Silveira

A parceria do Brasil com a Argentina na área espacial foi ampliada, este mês, com o anúncio da retomada do projeto de desenvolvimento conjunto de um satélite pelos governos dos dois países.

O Sabia-Mar, que na primeira versão, de 1996, estava projetado para obter informações sobre água, alimentos e ambiente, fará agora a observação global dos oceanos e de regiões costeiras, além de monitoramento do Atlântico nas proximidades do Brasil e da Argentina.

O projeto, estimado em US$ 200 milhões, tem prazo para desenvolvimento em seis anos. O valor será financiado em partes iguais pelos dois países. Só o lançamento do satélite custará US$ 50 milhões, sendo que o restante é destinado ao desenvolvimento, explica o coordenador de gestão tecnológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e responsável pelo satélite, Marco Antônio Chamon. Os recursos serão administrados pela Agência Espacial Brasileira e Comisión Nacional de Actividades Espaciales, da Argentina.

A missão Sabia começou em 1996 e foi revisada em 1998 com a inclusão da Espanha. Em 2000 foi suspensa com a saída da Espanha e a crise econômica na Argentina, sendo retomada em 2008.

"A ideia é que o satélite seja lançado por um foguete nacional, mas ainda não sabemos se será possível, pois o lançador brasileiro VLS tem capacidade para transportar 300 quilos, enquanto o Sabia-Mar está sendo projetado para 1,2 tonelada", disse Chamon. O Programa de Lançadores Cruzeiro do Sul, coordenado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial brasileiro, poderia ser uma alternativa ao Sabia-Mar, segundo o pesquisador, pois prevê uma família de foguetes para até 2 toneladas, mas ainda está em fase inicial de desenvolvimento.

Com o satélite binacional, Brasil e Argentina poderão fazer o mapeamento das regiões pesqueiras, ver o movimento de cardumes e as áreas mais propícias à pesca, além de apoiar atividades de exploração de petróleo, com informações meteorológicas e observar a cor do oceano para identificar as áreas sujeitas a vazamento de óleo no mar, explicou Chamon.

Fonte: jornal Valor Econômico, 04/06/2010

Comentário: curiosa a colocação de Marco Antônio Chamon acerca da preferência de se lançar o SABIA-Mar por meio de um foguete brasileiro. O próprio INPE trabalha com um cronograma de se ter o satélite em órbita em 2015, ou seja, daqui a cerca de cinco anos. A chance do Brasil, dentro do Programa Cruzeiro do Sul, desenvolver um novo lançador capaz de lançar o SABIA-Mar e que esteja disponível em 2015 é bastante remota. O ponto interessante é que Chamon não mencionou a possibilidade, mais plausível, de voo a bordo do foguete Cyclone 4, a ser operado pela binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space. Talvez por que existam dúvidas, no INPE e em outros órgãos do Programa Espacial Brasileiro, sobre a consistência do projeto da ACS e de seu cronograma.
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Valor Econômico: SAC-D no LIT/INPE

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Inpe testará equipamentos para país vizinho

De São Paulo

O Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), único no gênero no Hemisfério Sul, acaba de receber os primeiros sistemas do satélite argentino SAC-D, que foi desenvolvido em cooperação com a Agência Espacial Americana (Nasa). O satélite completo e integrado chegará ao Brasil em julho e permanecerá no Inpe por quatro meses. O equipamento passará por uma bateria de testes, envolvendo ensaios de vibração e aceleração, acústico, vácuo-térmico e de compatibilidade eletromagnética.

A realização dos testes foi acertada por meio de um acordo de cooperação tecnológica entre a Agência Espacial Brasileira e a Comisión Nacional de Actividades Espaciales, da Argentina. O SAC-D é um satélite de observação ambiental, com foco no monitoramento do nível de salinidade dos oceanos. A Nasa, por meio do seu laboratório Jet Propulsion Laboratory, desenvolveu a carga útil do satélite argentino, responsável pelas medições de salinidade nos oceanos. O equipamento, segundo o chefe do laboratório do Inpe, Petrônio Noronha de Souza, também será testado no Brasil.

"A influência dos oceanos na meteorologia é muito grande e o nível de salinidade da água é um dos itens relacionados com a circulação da atmosfera", disse Noronha. "Essas informações serão integradas aos modelos de previsão do tempo e o satélite também ajudará a estudar o impacto da circulação atmosférica dos oceanos sobre o clima."

A empresa argentina Invap, principal contratada do governo daquele país para o projeto de desenvolvimento do satélite, enviou uma equipe técnica ao Brasil para acompanhar a realização dos testes no SAC-D. A empresa também é contratada do Inpe no desenvolvimento do sistema de controle de atitude (sua orientação no espaço em relação a algum sistema de referência) do Amazônia-1. Esse satélite fará a cobertura completa da Terra em menos de cinco dias, mas estará focado na região Amazônica.

O setor espacial no laboratório do Inpe, que envolve os satélites do programa espacial, segundo Noronha, responde por um terço da demanda de serviços no local. O laboratório também atende às indústrias e presta serviços internos para o próprio Inpe e para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial.

Em 2009, os serviços prestados pelo laboratório às indústrias, especialmente as do setor automobilístico e de telecomunicações, geraram receita adicional de US$ 5 milhões, de acordo com Noronha. Os recursos, segundo ele, ajudam a manter a operacionalidade do laboratório e os investimentos em novos equipamentos.

A indústria contribuiu, por exemplo, com o projeto de expansão que capacitou o laboratório do Inpe, a partir de 2006, a realizar testes de interferência eletromagnética (câmara anecoica) e de vibração acústica (câmara acústica) em sistemas espaciais de grande porte, não só do programa espacial brasileiro, mas também de outros países.

Quando não existiam as atuais instalações, o satélite argentino SAC-C, anterior ao atual, não pôde ser totalmente testado no Inpe, porque a câmera para testes de interferência eletromagnética que existia na época não comportava um satélite de grande porte. O mesmo aconteceu com o segundo satélite, o CBERS, que precisou ser testado na China.

Outro ganho recente do laboratório do Inpe foi a aquisição de uma câmara de vácuo de grande porte em 2008, da empresa espanhola Telstar, por R$ 10 milhões. O equipamento simula as condições de temperatura e de ausência do ar que o satélite enfrenta quando está em órbita.

Montadoras de veículos e fabricantes do setor de telecomunicações usam regularmente as instalações do laboratório brasileiro para realizar testes de compatibilidade eletromagnética na eletrônica embarcada de veículos, telefones celulares, antenas e outros componentes eletrônicos. Um terço do tempo do laboratório está dedicado às indústria e um terço para a prestação de serviços internos para o próprio Inpe e também para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial.

O laboratório opera em três turnos para atender às atividades das indústrias e do programa espacial. O terceiro satélite da cooperação Brasil-China, o CBERS-3, também iniciou a fase de testes dos seus equipamentos no laboratório. A Embraer é outra usuária do laboratório, para a realização de testes de qualificação em equipamentos de comunicação instalados em suas aeronaves. (VS)

Fonte: jornal Valor Econômico, 04/06/2010

Comentário: para saber mais sobre o LIT/INPE, recomendamos a leitura de artigo de Petrônio Noronha de Souza, chefe do laboratório, publciado na 3ª edição da AAB Revista. Para acessá-la, clique aqui.
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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Recursos humanos para o Programa Espacial

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Carlos Ganem participa de debate sobre recursos humanos no Senado

01-06-2010

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, participou nesta segunda-feira (31), do painel da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) com tema “Desafios, necessidades e perspectivas da formação e capacitação de recursos humanos nas áreas de transportes aéreos e aquáticos”. O debate integra o ciclo de discussões Agenda Desafio 2009-2015 - Recursos Humanos para Inovação e Competitividade, que vem sendo promovido pela comissão. Ganem falou das dificuldades que o Programa Espacial Brasileiro enfrentou nos últimos anos, principalmente no que se refere à falta de recursos humanos.

Segundo Carlos Ganem, entre os os principais gargalos do programa espacial estão a falta de recursos humanos e o não domínio das tecnologias críticas. Atualmente, há cerca de 3 mil especialistas na área no Brasil. No entanto, o envelhecimento e a evasão deste quadro, a falta de reposição e novas contratações e as poucas ações de capacitação e treinamento para atividade espacial são preocupantes. “O deficit de especialistas na atividade espacial, no Brasil, é de cerca de 2 mil especialistas”, afirmou Ganem.

O presidente citou algumas ações que a AEB tomou, nos últimos anos, para modificar esse quadro. Uma delas, é o edital, lançado juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em maio deste ano, com o intuito de apoiar projetos voltados à fixação, formação e capacitação de especialistas para o setor espacial. No total serão destinados recursos da ordem de R$ 13 milhões, com desembolso de R$ 6 milhões este ano e R$ 7 milhões em 2011.

Participaram, ainda, do debate o diretor financeiro e administrativo da Infraero, Mauro Lima, o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Ramon Borges Cardoso; o vice-presidente executivo de Organização e Recursos Humanos da Embraer, Hermann Ponte e Silva e o vice-chefe do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Coordenação de Programas de Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Luiz Felipe Assis.

Fonte: AEB
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