quinta-feira, 30 de abril de 2015

XVII SBSR: CBERS, Amazônia-1 e Fundo Amazônia

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou dois press releases destacando sua atuação e projetos em sensoriamento remoto durante o XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), que se encerrou ontem (29) em João Pessoa, Paraíba. Veja os principais trechos abaixo, com edição do blog.

Diretor ressalta sucesso do CBERS, aplicações de satélites e participação internacional no SBSR

Leonel Perondi, diretor do INPE, ressaltou a ampla participação de especialistas do mundo todo durante a solenidade de abertura do XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), na noite de domingo (26/4).

Em seu discurso de abertura, o diretor destacou o sucesso brasileiro no desenvolvimento de satélites de sensoriamento remoto e de suas aplicações. “O satélite CBERS-4 (realizado em parceria com a China) foi lançado com pleno êxito em dezembro e opera conforme as especificações. Imagens dos quatro sensores são disponibilizadas em operação rotineira pelo lado chinês desde a segunda quinzena deste mês e pelo lado brasileiro a partir de junho”, disse Perondi.

O Programa CBERS representa um grande avanço na capacitação da indústria nacional. “Além dos subsistemas completos de suprimento de energia e estrutura, foram projetados e fabricados no país os sensores MUX, com quatro bandas espectrais e 20 m de resolução, e WFI, com quatro bandas espectrais e resolução de 64 m. Com a operação em órbita destes sensores, o Brasil passa a integrar um seleto grupo de países com a capacidade de projetar e fabricar sensores para imageamento do planeta”, disse Perondi.

O diretor citou ainda o primeiro satélite desenvolvido a partir do projeto totalmente brasileiro Plataforma Multi-Missão (PMM), o Amazônia-1, que se encontra na fase de integração e tem lançamento previsto para 2017.


Fundo Amazônia vai aprimorar estudos e projetos do INPE

O INPE está aperfeiçoando seus sistemas que monitoram desmatamentos, degradação florestal e queimadas com recursos do projeto Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio do Fundo Amazônia.

"Após os três anos e meio previstos para a vigência deste projeto, os programas do INPE relacionados ao bioma Amazônia terão sido amplamente incrementados, proporcionando ao país, particularmente ao Ministério do Meio Ambiente, ferramentas ainda mais eficientes e eficazes para o monitoramento ambiental da Amazônia”, declarou Leonel Perondi.

O contrato na ordem de R$ 70 milhões foi firmado com o BNDES no final de 2014 e permitirá melhorias na recepção e distribuição de imagens de sensoriamento remoto. O projeto prevê ainda o aperfeiçoamento de métodos de estimativa de biomassa e de emissões, entre outras ações para o mapeamento do uso e cobertura da terra na Amazônia e modelagem de mudanças ambientais.

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Visiona: entrevista para a Via Satellite

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Dica recebida pelo leitor Felipe Dias. Eduardo Bonini, presidente da Visiona Tecnologia Espacial deu uma entrevista no meio deste mês para a publicação norte-americana Via Satellite. São citadas varias informações interessantes sobre o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), as estratégias buscadas pela Visiona, a indústria espacial brasileira, entre outras. Leitura recomendável.

“As duas empresas [Visiona e Thales] estão tendo um relacionamento muito forte. Eu posso afirmar que nós estamos surpresos sobre o quão aberta esta empresa é para a Visiona, incluindo um programa para absorção técnica. Nós temos um time de engenharia com 10 pessoas trabalhando lado a lado com engenheiros do grupo Thales”, afirmou.

Outras informações interessantes:

- No momento, a Telebrás esta avaliando se um segundo satélite SGDC será necessário;
- A Visiona também olha oportunidades envolvendo outros tipos de satélites, como de observação terrestre com maior resolução (em comparação as resoluções dos sensores do CBERS), inclusive de tecnologia radar;

- A prioridade da empresa hoje é o mercado brasileiro, mas a medida que a indústria local amadureça, a Visiona passaria a olhar oportunidades no exterior, começando com satélites de órbita baixa de ate 500 kg.
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terça-feira, 28 de abril de 2015

Airbus tem novo chefe para América Latina

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Christophe Roux é designado Chefe da Airbus Defence and Space para América Latina

Christophe Roux, atual Chefe de Governamental Sales Space Systems foi designado como o novo Chefe de Vendas para América Latina dentro da organização da Airbus Defence and Space Sales and Marketing.

Ele acumula esta nova função a sua atual responsabilidade no setor de negócios da Space Systems (Sistemas Espaciais). Neste novo cargo, ele reportará a Christian Scherer, Chefe de Comércio da Airbus Defence.

Christophe Roux ocupa o lugar de Antônio Rodriguez Barberán, que se concentrará em sua função como Chefe de Military Aircraft Sales (Vendas de Aeronaves Militares), reportando-se a Christian Scherer e Fernando Alonso, Chefe de Military Aircraft.

Ele assumirá o novo cargo de forma gradativa, adquirindo plena responsabilidade até ao final deste ano quando ele mudará para o escritório latino-americano da Airbus Defence and Space em São Paulo.

Fonte: Airbus Defence and Space.
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VSB-30 é lançado da Suécia

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VSB-30 da operação TEXUS 52 é lançado da Suécia

O Foguete Suborbital VSB-30 com a carga útil TEXUS 52 foi lançado hoje (27/04), com sucesso, do Centro de Lançamento de Esrange (Suécia) 


O lançamento ocorreu às 04:55 (UTC). A altitude alcançada foi de 255 km e o voo foi nominal.


A carga foi recuperada e levada ao Esrange Space Center às 08:35 (horário local).


Fonte: IAE/DCTA.

Nota do blog: este foi o terceiro lançamento do VSB-30 na Europa este ano, e o quinto de um foguete de sondagem desenvolvido e construído no Brasil. Em 20 de fevereiro, um VSB-30 foi disparado do centro espacial de Esrange, no norte da Suécia, em missão de microgravidade patrocinada pela agência espacial francesa (CNES). No mesmo dia, outro foguete nacional, do modelo VS-30, foi lançado de Andoya, na Noruega, também com sucesso, desta vez numa operação da Agência Espacial Europeia para a investigação dos efeitos dos fenômenos da aurora boreal em sistemas de navegação e comunicação por satélite. Já no início de março, houve outro lançamento de VS-30, também de Andoya, na Operação Wadis 2Em 30 de março, um VSB-30 com o experimento HIFIRE 7 (da NASA, em cooperação com entidades da Austrália e Alemanha) voou também com sucesso a partir da base de Andoya, na Noruega..

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ariane 5: 64º sucesso consecutivo

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A Arianespace realizou com sucesso na noite de ontem (26), a partir de Kourou, na Guiana Francesa, o primeiro lançamento do Ariane 5 este ano, colocando em órbita dois satélites geoestacionários de telecomunicações: o Thor 7, da operadora norueguesa Telenor Satellite Broadcasting, e o Sicral 2, da italiana Telespazio, numa missão conjunta dos Ministérios da Defesa da Itália e da França.

Esta foi a terceira missão da Arianespace em 2015, de um total de onze planejadas, sendo uma delas para o lançamento de um satélite brasileiro, da Embratel Star One, prevista para o meio do ano. Representou também 64 sucessos consecutivos do venerável Ariane 5, que colocaram em órbita um total de 110 cargas úteis. Confirmou ainda a confiabilidade única da Arianespace, que já detém em 2015 um market share de 60%.

Além de tradicional provedora de serviços de lançamento dos satélites da Embratel Star One, a Arianespace será também responsável pela inserção em órbita do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), do governo brasileiro, prevista para o final de 2016.
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domingo, 26 de abril de 2015

LAAD 2015: Thales Alenia Space - Satélites óticos, o próximo passo

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Thales Alenia Space - Satélites óticos, o próximo passo

Roberto Valadares Caiafa

O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) é um marco do Programa Espacial Brasileiro, por representar uma guinada em termos de transferência de tecnologias (ToT) e estabelecimento de parcerias entre empresas brasileiras e congêneres estrangeiras. Pensado para prover comunicações estratégicas, o SGDC está sendo fabricado pela franco-italiana Thales Alenia Space (TAS), contratada pela Visiona Tecnologia Aeroespacial no final de 2014.

Durante a LAAD 2015, Joel Chenet, vice-presidente da empresa para o Brasil, atualizou a imprensa sobre os avanços do programa: “Os trabalhos do SGDC estão dentro do cronograma, e acreditamos ser capazes de completar a integração do satélite até outubro próximo, lançando-o como previsto em meados de 2016. Também assinamos os acordos definitivos de transferência de tecnologias do SGDC entre a TAS, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Governo Federal. A Agência Financiadora de Projetos (FINEP) tem desempenhado um importante papel, sendo responsável por selecionar os parceiros e empresas que irão receber o ToT, o processo se dando através de Request For Proposal (RFP) no mercado brasileiro”.

Disse ainda o executivo: “Para cada tópico específico do payload (carga e sensores do satélite), um contrato é fechado em áreas como controle térmico, instrumentos óticos embarcados de precisão, plataforma de integração (bus) do satélite. Na 1º fase, o treinamento de recursos humanos brasileiros está acontecendo na França, envolvendo cerca de 40 pessoas, sendo seguida pela 2ª fase, a continuidade dessa instrução no Brasil, capacitando esse pessoal para exercer com plena segurança a 3ª fase, que envolve a operação e manutenção autônoma total em todos os sistemas envolvidos com controle e gerenciamento de dados do SGDC.

Segundo Chenet, tais etapas devem ser concluídas ao longo de dois anos, com esforços também na formação de recursos humanos. "Essa metas deverão ser atingidas em dois anos, e a continuidade do processo será garantida pela criação da chamada Universidade do Ar dentro do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Trata-se de um Curso de Engenharia Aeroespacial especialmente formatado para gerar profissionais aptos a suportar operações de satélites no Brasil. Como exemplo, professores franceses virão ao Brasil compartilhar conhecimento com alunos brasileiros, auxiliando no processo de qualificação de pessoal para operações espaciais”.

O próximo passo

A TAS, dentro da parceria estabelecida com o Governo Brasileiro, e ciente da determinação deste em obter satélites de observação da Terra, está oferecendo soluções em duas fases, começando pelo satélite ótico de grande resolução, menos complexo de ser obtido inicialmente que os satélites radares, e capaz de atuar em missões como vigilância de fronteiras, controle ambiental, monitoramento de áreas críticas, entre outras.

De fato, a TAS tem afirmado que o Brasil pode se tornar um novo eixo de cooperação espacial, e o grupo francês não esconde seu interesse em obter melhores resultados que os auferidos pela parceria entre o Brasil e a China no programa CBERS. Todo o processo está sendo coordenado numa grande ação de governo a governo envolvendo pessoal altamente qualificado das duas partes, tanto na França como no Brasil, em tópicos como transferência de tecnologias sobre rádio definido por software utilizado no controle do satélite, ou o emprego da Constelação Copérnico de observação terrestre, já em órbita e operacional, para a cessão de dados de alta qualidade para o governo.

Fonte: Tecnologia & Defesa
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sábado, 25 de abril de 2015

Tecnologia & Defesa n.º 140

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Já está nas bancas a mais recente edição da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

Lançado durante a LAAD Defence & Security, que aconteceu no Rio de Janeiro entre 14 e 17 de abril, o novo número traz mais de 230 páginas de conteúdo exclusivo sobre temas variados. Sempre abordando a temática espacial, a edição n.º 140 conta com reportagens sobre sensoriamento remoto por satélites radar, e um panorama sobre a empresa italiana Telespazio.

Principais conteúdos da edição:

- Exportação de material de defesa e segurança pelo Brasil
- Panorama dos Exércitos da América do Sul
- Entrevista com Jackson Schneider, presidente da Embraer Defesa e Segurança
- Fuzis militares brasileiros
- Gripen BR: as opções de armamentos
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
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sexta-feira, 24 de abril de 2015

XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto

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SBSR recebe especialistas de vários países para discutir satélites e tecnologias de sensoriamento remoto

No Centro de Congressos de João Pessoa, Paraíba, de 25 e 29 de abril, o melhor da produção científica nacional recente nas áreas de sensoriamento remoto, geotecnologias e de suas aplicações integra a programação do XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR).

Serão apresentados 953 trabalhos distribuídos entre sessões técnicas orais e de painéis, além de uma centena de palestras e sessões temáticas com a participação de renomados pesquisadores de diversos países.

Promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Associação de Especialistas Latinoamericanos em Sensoriamento Remoto (SELPER), o SBSR a cada dois anos reúne a comunidade técnico-científica e o usuário empresarial para compartilhar experiências e discutir resultados de pesquisas, o desenvolvimento tecnológico, o ensino e a política científica realizados no país e no mundo neste setor.

As atividades desta edição iniciam com nove cursos em diferentes áreas ministrados durante todo o sábado e domingo. A abertura oficial do evento acontece às 19h30 de domingo (26), com a presença de Leonel Perondi, diretor do INPE, entre outras autoridades. Na ocasião, também será inaugurada a Exposição Técnica, espaço onde empresas e instituições governamentais apresentarão seus principais produtos e novidades sobre tecnologias relacionadas a satélites e geoprocessamento.

O evento terá a participação de 47 pesquisadores convidados de outros países. Muitos atuarão como coordenadores de sessões especiais e temáticas, bem como instrutores em alguns dos cursos. “Assim os participantes do simpósio poderão adquirir profundo conhecimento nos temas e metodologias de relevância internacional, aumentando sua competitividade profissional”, dizem Douglas Gherardi e Luiz Aragão, pesquisadores do INPE que coordenam o XVII SBSR.

As sessões especiais acontecem nas manhãs de segunda a quarta-feira (27 a 29) para debater assuntos de grande impacto como missões espaciais, temas ligados às mudanças climáticas e à fronteira tecnológica da análise de grandes bases de dados.

O período da tarde será dedicado a sessões temáticas sobre novas tecnologias, VANTs, satélites CBERS, monitoramento do meio ambiente, da exploração petrolífera, meteorologia, entre outros assuntos.

Especialmente no Brasil, um país de proporções continentais, o sensoriamento remoto é utilizado no levantamento de recursos naturais e no monitoramento do meio ambiente visando ao desenvolvimento econômico e social. A observação de grandes áreas com sensores embarcados em satélites é mais eficiente, rápida e barata, tornando o sensoriamento remoto a ferramenta ideal para monitorar desmatamentos, queimadas, a expansão das cidades, safras agrícolas, o nível de rios e reservatórios, entre outros.

Mais informações e a programação completa do SBSR estão no site www.dsr.inpe.br/sbsr2015

Fonte: INPE
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Pesquisas em propulsão elétrica na UnB

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Ciência sem Fronteiras traz especialista em Astronáutica para UnB

Brasília, 24 de abril de 2015 – O pesquisador Stephen Gabriel, da Universidade de Southampton, na Inglaterra, foi recebido na quinta-feira (23) pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho. Gabriel está no Brasil como integrante do programa Ciência Sem Fronteiras Espacial (CsF Espacial).

O pesquisador desenvolverá no Campus Gama, da Universidade de Brasília (UnB) pesquisas no campo de propulsão elétrica.

O estudo que será desenvolvido em parceria com o professor Paolo Gessini, está relacionado ao uso dos cátodos ocos, dispositivos que fornecem de forma eficiente alta densidade de corrente de elétrons. Gabriel e Gessini buscam gerar protótipos de um propulsor com potência de 100 watts para o lançamento de nanossatélites e cubesats.

“Os cubesats foram desenvolvidos há 20 anos e os nanossatélites há pouco mais que 15, eles permitem maior flexibilidade de aplicações” diz Gabrie. “Há empresas investindo na formação de constelações com pequenos satélites e desenvolver um propulsor de baixo custo fortalece o crescimento desta tecnologia” complementa Gessini.

Segundo ele, o projeto terá duração de três anos. O laboratório no Campus Gama será montado até o fim deste ano e os testes com os protótipos estão programados para 2016 e 2017.

Fonte: AEB
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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Airbus: oferta de imagens de satélite em alta resolução

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Airbus Defence and Space apresenta seu portfólio para captação de imagens de alta resolução a Ministérios

Com o modelo de projeto proposto, as esferas federal, estadual e municipal terão acesso as imagens adquiridas evitando compras duplicadas

Brasília, 23 de abril de 2015 - A Airbus Defence and Space, por meio da linha de negócios Geo Intelligence, reuniu ontem (22) em Brasília representantes de 15 ministérios do Governo Federal. Na ocasião, foi apresentada a Ata de Registro de Preços do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para fornecimento de imagens de satélite em alta resolução.

Mais de 50 pessoas assistiram às apresentações de executivos do Airbus Group e da Hiparc, distribuidora oficial do Grupo no Brasil. “Para nós é uma honra participar deste novo passo do Governo Federal. A Airbus Defence and Space está preparada para atender às demandas de Ministérios, Governos Estaduais e administrações municipais”, afirmou Pierre Duquesne, responsável pela área de Geo Intelligence no País.

Durante o evento, que discutiu questões técnicas como, nível de precisão das imagens, pedidos mínimos, prazo para entrega, entre outras, os executivos apresentaram funcionalidades, avanços e capacidade dos quatro satélites disponíveis para captação de imagens. São eles: dois Pleiades, além dos Spot 6 e Spot 7. Juntos, os equipamentos são capazes de cobrir toda a superfície terrestre.

“Os satélites Spot 6 e Spot 7, por exemplo, levam em conta até quatro previsões meteorológicas para um mesmo dia. Isto nos permite otimizar a programação do satélite para captação de imagens e, consequentemente, elevar o nível de nosso acervo”, explicou Jerome Soubirane, Chefe de Produtos do Departamento de Defence and Space. “O nível de detalhamento das imagens possibilita fazer o acompanhamento de mudanças em regiões específicas, como no caso de desastres naturais, por exemplo”, completou Vanessa Casals, também integrante do Departamento de Produtos.

Além da requisição de imagens em alta resolução de uma determinada região, os órgãos do Governo poderão ter acesso ao acervo já existente da Airbus Defence and Space. Com este modelo de projeto, o Governo Federal terá um ganho em organização e redução de custos. A partir de agora, a imagem adquirida por um órgão estará disponível para que todas as esferas do governo tenham acesso, evitando que o mesmo produto seja comprado mais de uma vez.

Fonte: Airbus Defence and Space.
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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Brasil e China concluem proposta do CBERS-4A

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Brasil e China concluem proposta do CBERS-4A

Quarta-feira, 22 de Abril de 2015 

A proposta técnica do satélite CBERS-4A, para lançamento em 2018, foi apresentada a dirigentes da Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) nesta segunda-feira (20/4) durante reunião no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

No Brasil, o desenvolvimento do programa CBERS cabe ao INPE. “Finalizamos os estudos do satélite em conjunto com a CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, responsável pelo programa na China) e iniciaremos as discussões do projeto detalhado. Após a análise dos governos de ambos os países, será apresentado um protocolo complementar para incluir a missão CBERS-4A no acordo bilateral entre Brasil e China”, informa Leonel Perondi, diretor do INPE.

O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) fornece imagens de satélites para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

O acordo entre Brasil e China permite a distribuição global dos dados CBERS, com o objetivo de proporcionar a países em desenvolvimento os benefícios do uso de imagens de satélites. “Queremos o CBERS para o mundo. Este é o sentido desta parceria”, disse José Raimundo Braga Coelho, presidente da AEB.

Wu Yanhua, vice-administrador da CNSA, destacou o CBERS como um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul em matéria de alta tecnologia. “O programa é muito importante para a parceria estratégica entre o Brasil e a China”, afirmou o dirigente chinês.

O CBERS-4, lançado com sucesso em dezembro de 2014, tem vida útil estimada em três anos. O novo satélite deve garantir a continuidade do fornecimento de imagens aos usuários dos dados CBERS, cada vez mais numerosos.

Segundo Perondi, o INPE e a CAST também devem apresentar no final do ano o projeto técnico para uma nova família de satélites de observação da Terra (CBERS-5 e 6, mais avançados do que os anteriores), visando a continuidade do programa.

CBERS-4A

O CBERS-4A será equipado com cargas úteis fornecidas pelo Brasil e pela China - a divisão de responsabilidade no desenvolvimento do satélite será de 50% para cada país. De acordo com a proposta, o Brasil deve fornecer as câmeras MUX e WFI – que já equiparam os CBERS-3 e 4 - e o Sistema de Coleta de Dados. A China deve incluir uma câmera de alta resolução (HRC).

O INPE realiza o programa CBERS em parceria com empresas brasileiras, conforme sua política voltada à capacitação da indústria nacional. Construída pela Opto Eletrônica, a MUX é a primeira câmera para satélite inteiramente desenvolvida e produzida no Brasil. Trata-se de uma câmera multiespectral com quatro bandas para cobrir a faixa de comprimento de onda do azul para o infravermelho próximo (a partir de 450 nm a 890 nm) com uma resolução de 20 m no solo e uma largura de faixa terreno de 120 km.

A WFI é uma versão avançada do instrumento desenvolvido para os CBERS-1 e 2, com quatro bandas espectrais e resolução no solo de 64 m no nadir e uma faixa de 866 km. A câmera fornece uma resolução espacial melhorada em comparação com os sensores a bordo do CBERS-1 e CBERS-2 (260 m em missões anteriores), mantendo, no entanto, sua alta resolução temporal de 5 dias. A WFI foi construída através de um consórcio formado pela Opto Eletrônica e Equatorial Sistemas.

Mais informações: www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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LAAD 2015: ACS, Programa Espacial, EUA

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A edição desta semana da publicação especializada Space News traz duas interessantes reportagens sobre o Programa Espacial Brasileiro. De autoria do experiente Peter Selding, os textos foram preparados com base em entrevistas e informações coletadas durante a LAAD Defence & Security, feira realizada no Rio de Janeiro (RJ) durante a semana passada.

Um dos textos (“Brazil Pulling Out of Ukrainian Launcher Project”) trata da atual situação da binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), aproveitando-se de informações que já haviam sido divulgadas em reportagens da imprensa brasileira nas últimas semanas. A novidade foi a citação de declarações dadas por Petrônio Noronha de Souza, diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB) - a primeira vez que uma autoridade se pronuncia oficialmente a respeito (curiosamente, para um veículo estrangeiro e não brasileiro, apesar de diversas tentativas por parte da imprensa brasileira). “É um acúmulo de coisas” (uma tradução rápida de “It is an accumulation of issues”), afirmou Noronha, destacando problemas com orçamento, aspectos tecnológicos, relacionamento entre o Brasil e a Ucrânia e o mercado disponível para exportação.

Nos bastidores, comenta-se sobre a disposição do lado ucraniano em pleitear uma indenização em razão do cancelamento do projeto nacional; a cifra ouvida pelo blog gira em torno de R$800 milhões.

A outra reportagem, intitulada “Brazil Bypassing the U.S. as It Builds out a Space Sector”, aborda o suposto direcionamento dado pelo governo brasileiro a parcerias com determinados países, como China (CBERS), Alemanha (VSB-30, VLM), Argentina (SABIA-MAR) e Franca (SGDC), ignorando os EUA. Apesar de interessante, a análise do autor é um pouco superficial, ignorando alguns itens importantes.

Muito embora não haja um grande projeto espacial conjunto entre o Brasil e os EUA, não se pode ignorar a dependência brasileira de meios norte-americanos para atividades críticas, como o monitoramento do desmatamento da Amazônia (Landsat) e previsões meteorológicas (satélites GOES). Os EUA ainda exercem papel importante na formação de recursos humanos para o Programa Espacial Brasileiro, e em pesquisas envolvendo aplicações de dados espaciais. Ainda, cite-se o fato de que o SGDC não e um satélite ITAR-free (isto é, contém componentes, inclusive críticos, de origem norte-americana), tanto no segmento espacial como terrestre, e algumas iniciativas de menor porte - mas com importante significado, no campo de cubesats (inclusive envolvendo as forças armadas).

O último parágrafo da reportagem tem uma citação interessante e parcialmente verdadeira, creditada a um executivo (não identificado) de uma companhia europeia fabricante de satélites. “O modelo para o espaço [buscado pelo Brasil] é o modelo da Embraer”. Disto deveria surgir o seguinte questionamento: a Embraer chegou ao que é hoje “ignorando” os Estados Unidos?
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segunda-feira, 20 de abril de 2015

LAAD 2015: MDA - estratégia para o mercado brasileiro

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Tecnologia & Defesa entrevistou Paulo Bezerra, Diretor Sênior de Desenvolvimento Estratégico da companhia canadense MDA sobre seus negócios e planos para o Brasil. Veja a seguir.

O senhor poderia nos dar um panorama sobre o grupo MDA e suas principais unidades de negócios?

A MDA é uma empresa global de comunicações e informações que oferece soluções para organizações comerciais e governamentais em todo o mundo. Os negócios da MDA estão focados em dois mercados principais, o de Comunicações, e o de Vigilância e Inteligência.

Para o mercado de Comunicações a MDA oferece soluções espaciais para entrega eficiente em termos de custos de sinais de TV, rádio, voz, internet e aplicações móveis.

As ofertas da companhia em Vigilância e Inteligência incluem soluções finais para monitoramento e gerenciamento de mudanças e atividades em todo o globo, apoiando uma ampla gama de aplicações de vigilância e reconhecimento, monitoramentos de recursos naturais e agricultura, detecção e monitoramento de poluição, mapeamento e apoio a decisão para a comunidade de inteligência e defesa. A MDA apoia outros mercados com tecnologia avançada em áreas de complexos sistemas de informações, robótica terrestre, sistemas aeronáuticos e serviços, e serviços de veículos aéreos não tripulados.

Fundada em 1969, a MDA cresceu de dois empregados para mais de 4.800 colaboradores em 11 localidades no Canadá, Estados Unidos e instalações no exterior. A companhia tem receitas anuais de cerca de 2,1 bilhões de dólares canadenses (2014), com 29 anos de lucratividade, dados de dezembro de 2014.

A MDA é um nome tradicional no mercado global de observação terrestre com suas capacidades em radar. Qual é a presença da companhia no Brasil neste campo? Vocês veem outras oportunidades locais num futuro próximo?

A MDA é bem conhecida, de fato, por causa de nosso posicionamento histórico como líder mundial em satélites radar. Desde a fundação da companhia, temos sido um player dominante no mercado global de estações terrestres de satélites, e nos movemos para não apenas atuar como "prime contractor" de satélites radares inteiros, mas também para controlar e operar o RADARSAT-2 por meio de uma colaboração como uma parceria público-privada (PPP) única com o governo canadense. Nós assomos assim uma líder mundial na produção e comercialização de imagens radar por satélite e serviços de valor adicionado derivados destas imagens para clientes governamentais e comerciais em todo o mundo. No final, a MDA está inteiramente verticalmente integrada nos negócios de satélites radar.

Adicionalmente, a MDA tem experiência significativa com missões de satélites eletro-óticos, tendo atuado como "prime contractor" para a constelação RapidEye e como fabricante da plataforma e integrador final da constelação Skybox.

Em relação ao mercado de observação terrestre brasileiro, a MDA tem uma longa história com a sua participação no programa SIVAM fornecendo os radares embarcados de imageamento para as aeronaves R-99, da Força Aérea, assim como estações terrestres de satélites para o INPE. Nós também temos fornecido imagens radar para companhias de petróleo por mais de 16 anos para o monitoramento de vazamentos offshore de petróleo, assim como fornecemos imagens para o CENSIPAM para o monitoramento da Amazônia.

Olhando para o futuro, vemos que as características do Brasil, não apenas o tamanho do país, suas fronteiras terrestres e zonas marítimas econômicas exclusivas, mas também pela importância estratégica da Amazônia, a necessidade de gerenciar recursos naturais e desastres, tornam o uso de satélites de importância fundamental para o Brasil. Espera-se, assim, que a demanda por produtos de observação terrestre, tanto de clientes governamentais como privados, cresça substancialmente no Brasil, levando a um aumento de oportunidades para o fornecimento de imagens de satélites comerciais e serviços de valor adicionado, e também de missões completas de satélites e/ou subsistemas.

Dentro deste cenário, a MDA está comprometida com uma estratégia de longo prazo que inclui a instalação de uma presença industrial permanente no Brasil e a criação de parcerias estratégicas com empresas brasileiras.

A MDA possui a fabricante de satélites SSL, que está fornecendo dois satélites de comunicações para a brasileira Embratel StarOne. Qual é sua visão sobre o mercado local de comunicações por satélite e também sobre outras oportunidades, especialmente nos segmentos governamental e militar?

A Space Systems/Loral (SSL) está atualmente fabricando dois satélites para a StarOne: c4 e D1. O C4 está previsto para ser lançado em julho e será o 50º satélite construído pela SSL lançado pela Arianespace. Nós esperamos celebrar este evento.

Em termos de demanda em geral, nós observamos que o mercado comercial de comunicações por satélite é muito dinâmico na região e que nos últimos vinte anos esta demanda nunca parou de crescer. Acredita-se que esta tendência continuará. Hoje, analistas da indústria dizem que haverá um forte crescimento na demanda por satélite de alta capacidade de transmissão de dados na América Latina em geral ao longo dos próximos dez anos e que isto será direcionado tanto para demanda por consumidores por acesso a banda larga, assim como aplicações empresariais como backhaul celular e redes privadas de negócios.

Em relação ao segmento governamental e militar, o governo brasileiro adquiriu, por meio de uma joint-venture entre a Embraer e a Telebrás, a Visiona, um primeiro satélite denominado SGDC-1 para banda larga e comunicações militares. O SGDC-1 está atualmente em construção. Adicionalmente, documentos públicos liberados pelo governo mostram planos iniciais para a contratação do SGDC-2 em 2019. Não se sabe, no atual estágio, se o governo manterá ou antecipará estes planos.

Em uma conferência com investidores em 25 de fevereiro, Daniel Friedmann, diretor-presidente da MDA afirmou que a empresa está estabelecendo uma joint venture no Brasil. É também conhecido publicamente que o grupo está participando da concorrência para o projeto do SisGAAz integrando um consórcio liderado pela Odebrecht Defesa e Tecnologia. Qual é o propósito desta joint venture e qual é o envolvimento da MDA com a proposta para o SisGAAz?

A MDA entende que para penetrar o mercado brasileiro, há a necessidade de uma estratégia de dois eixos: estabelecer uma presença permanente no Brasil, e encontrar parceiros locais, os estratégicos para programas grandes e complexos, e comerciais, industriais e tecnológicos para programas menores, numa base caso a caso. Como explicado por nosso diretor-presidente em conferência com investidores em 25 de fevereiro, nós planejamos criar joint-ventures com nossos parceiros no Brasil, com as estruturas e cronogramas sendo dirigidas por programas específicos que elas pretendam atender.

Especificamente em com relação ao SisGAAz, a MDA submeteu uma proposta para o projeto como parte do consórcio que tem como líder a Odebrecht Defesa e Tecnologia. Nós vemos esta parceria como uma excelente combinação, uma vez que a MDA traz ao Brasil seu conhecimento já comprovado em gestão de programas e engenharia de sistemas complexos de defesa, e o Grupo Odebrecht tem uma grande credibilidade não apenas como uma empresa de engenharia no Brasil, mas também como líder do mais complexo programa da Marinha do Brasil atualmente em andamento, o PROSUB.

Crédito: Tecnologia & Defesa / Official Show Daily.
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sábado, 18 de abril de 2015

LAAD 2015: Airbus Group - Brasil é estratégico

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Airbus Group - Brasil é estratégico

O grupo europeu Airbus compareceu a mais uma edição da LAAD Defence & Security, realizada entre 14 e 17 de abril, apresentando a sua nova marca e organização, após a restruturação da então EADS em janeiro de 2014.

"Nós estamos comprometidos a ficar no Brasil", afirmou Alberto Robles, head para a América Latina, ao destacar a Helibras como o melhor exemplo de investimento direto no País. Robles também frisou a busca do grupo por novas parcerias e formas de cooperação com a indústria local, em especial, a Embraer. A unidade Airbus Defence and Space integra o consórcio liderado pela Embraer Defesa & Segurança na concorrência do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), da Marinha do Brasil.

Executivos do grupo também destacaram iniciativas da Airbus no setor espacial, com a estratégia de "construir satélites no Brasil." Com uma base industrial já instalada em São José dos Campos (SP) - a Equatorial Sistemas - a empresa está atenta a oportunidades em observação terrestre, como o projeto da constelação Carponis, do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), tocado pelo Ministério da Defesa. Embora não tenha sido selecionada para fornecer o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), adquirido pela Visiona Tecnologia Espacial, a Airbus pretende participar de futuras concorrências. No âmbito comercial, disputa uma concorrência para um satélite geoestacionário promovida pela Embratel Star One.

Atualmente, a Airbus possui cerca de 1.400 colaboradores em sete países da América Latina, sendo 900 apenas no Brasil.

Crédito: Tecnologia & Defesa / Official Show Daily.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cooperação Brasil - Rússia

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AEB: Parceria Brasil-Rússia na área espacial é bem-vinda

15.04.2015

A AEB – Agência Espacial Brasileira não tem em perspectiva, por enquanto, novos projetos que levem mais um brasileiro ao espaço. O primeiro caso de astronauta nacional, o do militar da FAB – Força Aérea Brasileira, Marcos Pontes, que embarcou, em 2006, num voo orbital para a Estação Espacial Internacional, tão cedo não deverá repetir-se.

A informação é do diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Petrônio Noronha de Souza, entrevistado no âmbito da LAAD – Defence & Security 2015 – Feira Internacional de Defesa e Segurança da América Latina, que se realiza no Rio de Janeiro. “Não vejo essa possibilidade, de outro homem ou mulher ser selecionado para treinamento em outro voo espacial, nem em curto nem em médio prazo”, diz o especialista.

Petrônio Noronha de Souza acredita que o único evento do gênero que está para ocorrer é o do estudante Pedro Nehme, que está sendo apoiado pela AEB nessa fase anterior ao voo, porém não se trata de um projeto financiado pela Agência Espacial Brasileira. “É um apoio mais técnico para que ele converse com pilotos, tenha a oportunidade de visitar centros de estudos, passe informações para os jovens, faça palestras. É um processo em que nós nos beneficiamos da informação, da divulgação, e ele se beneficia também das oportunidades que lhe são abertas.”

Neste mês de abril, Pedro Nehme vai para a Rússia participar de mais uma etapa do treinamento com exercícios de gravidade zero. Depois, escolhido num concurso patrocinado pela companhia holandesa KLM, em que venceu 130 mil concorrentes, Nehme fará um voo suborbital de uma hora na nave Lynx Mark II, da empresa XCOR Space Expeditions.

Na entrevista exclusiva para Sputnik, o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB falou também sobre as possibilidades de Rússia e Brasil realizarem um programa conjunto ou desenvolverem um veículo de lançamento de satélite, levando-se em conta o trágico acidente com o veículo lançador de satélite que explodiu no centro de lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

Desde então, segundo Petrônio Noronha, houve várias iniciativas por parte do Governo russo, através da empresa Roscosmos, em auxiliar o Brasil na reconstrução da base ou ainda em ajudar a desenvolver um satélite lançador em parceria, mas a ideia não se concretizou. Em seguida, no entanto, ocorreu uma parceria do Brasil com a Ucrânia no desenvolvimento do Centro de Lançamento em Alcântara.

Petrônio Noronha de Souza explica que depois do acidente ocorreu um contato entre autoridades brasileiras e russas, com apoio importante por parte de técnicos russos, naquela época, para a revisão do projeto, que continua em atividade.

Já o acordo com a Ucrânia para o desenvolvimento do Centro de Lançamento e, simultaneamente, do lançador no Projeto Cyclone-4, ocorreu um tempo depois, porém, não eliminou o projeto do VLS – o Veículo Lançador de Satélites. “O VLS continua sendo conduzido como um projeto exclusivamente nacional. Temos a questão quanto a continuidade ou não do acordo com a Ucrânia, e não há no momento negociações em prol de um desenvolvimento comum, de um lançador ou aperfeiçoamento de algum lançador já pré-existente a ser realizado por brasileiros e russos. Não podemos descartar essa possibilidade, até porque a colaboração com os russos não desapareceu totalmente. Nós ainda temos intercâmbio de pessoas, estudantes brasileiros que se deslocam e recebem formação lá na Rússia.”

Petrônio Noronha destaca ainda a parceria que vem ocorrendo com os russos no desenvolvimento das estações do Glonass (Sistema de Navegação Global por Satélite), em que há uma instalação na Universidade de Brasília, e que futuramente pode se desenvolver. “Eu acho que devem ser instaladas estações terrenas para o sistema Glonass. É uma agenda de trabalho conjunta entre acadêmicos e técnicos brasileiros e russos, e eventualmente isso poderá crescer mais adiante. Eu diria que nós veremos, sem que leve muito tempo, algumas modificações no panorama ou no cenário do desenvolvimento de lançadores aqui no Brasil.”

Na visão do diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira as parcerias internacionais são bem-vindas. Já existe, por exemplo, o chamado VLM – Veículo Lançador para Micro-Satélites, desenvolvido em colaboração com a Alemanha. Existe ainda um programa de sucesso de lançamento de cargas úteis para microgravidade na Europa, onde a parte experimental é feita pelos alemães e a parte dos propulsores, que é chamada de VSB-30, é um foguete brasileiro.”Não descartamos a colaboração internacional. Eu diria que a possibilidade existe, sim, de algo se materializar com a Rússia, mas no momento nada está sendo negociado – algo ainda a ser construído.”

O especialista comentou ainda sobre um possível interesse do Governo brasileiro num projeto russo, chamado Lançamentos Marítimos, para se fazer uma espécie de cosmódromo, um ponto de lançamento flutuante numa plataforma em alto-mar, aproveitando a extensa costa brasileira, com latitudes bem próximas à linha do equador, o que proporcionaria maior carga útil dos satélites.

Segundo ele, especificamente quanto a esse projeto russo, a Agência Espacial Brasileira não tem informações, porém o Centro de Lançamentos de Alcântara, que fica no litoral, próximo à linha do equador, tem uma posição bastante privilegiada e sem dúvida é uma opção para esse sistema de lançamento marítimo. “Já existe um sistema desenvolvido no passado com a participação de americanos, noruegueses, russos e ucranianos, chamado de Sea Lounge, que operou na costa da Califórnia por muitos anos, mas era uma longa viagem à linha do equador”, diz Petrônio Noronha. “No caso de Alcântara, a linha do equador está ao lado, quase nenhum deslocamento se faz necessário. É uma ideia bastante interessante, mas não é um projeto simples. É um projeto que envolve várias nações, toda a questão de legislação internacional, as questões de segurança, ambientais e comerciais, ou seja, é um enorme desafio. Cabe às nossas autoridades trabalhar para verificar se isso consegue ser materializado ou não.”

Fonte: Sputnik Brasil
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terça-feira, 14 de abril de 2015

Ciência sem Fronteiras: pesquisadoras do INPE na NASA


Ciência sem Fronteiras aproxima cientistas brasileiras na Nasa

14/04/2015 16h53

O programa Ciência sem Fronteiras (CsF) foi o elo responsável pelo encontro entre duas cariocas, Rosaly Lopes e Fabíola Magalhães, na Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).

As cientistas brasileiras descobriram suas afinidades na área de Astronomia ao atuarem juntas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e iniciaram um trabalho de parceria na agência Norte-Americana.

Trajetórias

Ainda menina, aos quatro anos de idade, Rosaly começou a se interessar pelos assuntos do Cosmos ao assistir noticiários sobre Iuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço.

E como muitos jovens de sua época, aos 18 anos, a ex-garota de Ipanema saiu do Rio para estudar Astronomia na Universidade de Londres, Inglaterra, pela falta de estrutura no Brasil.

A carreira da cientista foi coroada pelos mais de 20 anos de atuação na Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), onde esteve à frente da Missão Cassini (que explora, com um satélite, o planeta Saturno e suas luas). Rosaly é também considerada uma das maiores especialistas em vulcões do mundo. Ela encontrou 71 deles ativos em Io, lua de Júpiter.

Por esse feito, entrou para o Guiness americano, o livro dos recordes. Hoje, com 58 anos de idade, a astrônoma brasileira chefia o departamento de ciências planetárias no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, na Califórnia, responsável pela coordenação de 80 profissionais.

Já a trajetória acadêmica da pesquisadora Fabíola Magalhães, de 33 anos, transcorreu no Brasil, onde se graduou em Astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cursou o mestrado em Astrometria pelo Observatório Nacional (ON/MCTI).

Atualmente, ela é doutoranda em Geofísica Espacial pelo Inpe. A jovem, que foi inspirada pelos livros de divulgação científica do astrônomo norte-americano, Carl Sagan, hoje vive a realidade de estudar os astros e os vulcões em parceria com a doutora Rosaly, na Nasa.

Vulcanismo

Orientada pelo físico Walter Gonzalez, da Divisão de Geofísica Espacial do Inpe, Fabíola atua na agência espacial norte-americana com uma bolsa sanduíche pelo programa Ciência sem Fronteiras e estuda a influência do vulcanismo em Io e no campo magnético de Júpiter.

Uma oportunidade "incrível" para a brasileira que nunca pensou na possibilidade de trabalhar na Nasa. "A experiência tem sido fascinante de poder conhecer e discutir ideias com pessoas que apenas conhecia por nome em artigos. Com certeza, por isso, já vale a viagem. Uma coisa que pela qual sempre me interessei, e que a Nasa tem de sobra, são as missões espaciais. E algo que achei fascinante é saber que a sala de controle das missões fica logo ali, num prédio bem pertinho ao meu", declara.

Intercâmbio

Para Rosaly Lopes, que voltou ao Brasil em 2012, como visitante especial pelo Ciência sem Fronteiras, a parceria com Fabíola representa a continuidade da sua pesquisa sobre as causas e os efeitos no sistema magnetosférico (exterior da atmosfera de um astro) ao redor Júpiter e a relação com as erupções vulcânicas. "Estamos fazendo a maior parte do trabalho em termos de análises de dados, o que se estenderá até o fim do ano", conta a Rosaly.

Para a pesquisadora, o intercâmbio permitiu atuar na área de sua especialidade e intensificar a cooperação entre as agências da área espacial dos dois países.

"A geologia dos planetas é muito pouco estudada no Brasil, que se concentra em outros campos de ciência astronômica e planetária. Tenho, então, a oportunidade de envolver estudantes e fazer crescer esta área no País. Por exemplo, em 2013, dei aulas num curso de Pós-Graduação, no Observatório Nacional, sobre geologia dos planetas e escrevi o capítulo de um livro que foi editado pelo Observatório. Dei também muitas palestras no Inpe e em alguns congressos no Brasil," relata.

Rosaly Lopes conta que os compromissos com a Nasa dificultam a sua fixação por longos períodos no Brasil, o que não impedirá o intercâmbio de conhecimentos. "O Inpe é um lugar ótimo, com cientistas e engenheiros de grande calibre", avalia.

"E, por outro lado, hoje em dia, com computadores e Skype, podemos trabalhar juntos sem passar muito tempo no mesmo lugar", justifica. "Estou servindo como ponte entre o Inpe e o JPL. Existem outros projetos, de pesquisadores brasileiros aqui no JPL, estou fazendo as conexões entre os pesquisadores e facilitando a colaboração".

Na avaliação de Rosaly, a ciência no Brasil se desenvolveu muito desde a época que saiu do País em busca de oportunidades.

"O Brasil agora já está entrando no grupo de países que têm programa espacial. Essa foi uma das razões pelas quais o JPL me deu permissão para passar um tempo no nosso País, na esperança de fomentar mais projetos de colaboração, principalmente, em missões espaciais de observação da Terra", ressaltou a cientista, que é entusiasta do programa CsF pela iniciativa de enviar estudantes brasileiros ao exterior, como é o caso de Fabíola. "Eles praticam outra língua e podem ver como funcionam instituições de alto nível, em outras partes do mundo", avalia.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
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quinta-feira, 9 de abril de 2015

"A Estação Espacial de Energia Solar e as Grandes Potências", artigo de José Monserrat Filho

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A Estação Espacial de Energia Solar e as Grandes Potências

José Monserrat Filho *

A crescente demanda global de energia move alguns países a uma solução revolucionária, embora já pensada há décadas. Em 1941, Issac Asimov (1920-1992), famoso escritor americano de ficção científica e divulgador de ciência, imaginou no conto "Reason" uma estação espacial que repassava energia captada do Sol a vários planetas por meio de micro-ondas. A energia solar tem a vantagem de ser gerada para uso na Terra a qualquer hora, lugar ou clima.

Cientistas japoneses – anunciou-se em março passado – lograram transmitir energia elétrica sem fio, pelo ar. Eles se valeram de micro-ondas para enviar 1,8 kW de energia elétrica a um receptor situado a 55 m de distância. Apesar da pequena distância, a tecnologia empregada pode ser o embrião da captação da energia solar para uso na Terra, frisou um porta-voz da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA). Segundo ele, “essa foi a primeira vez que se conseguiu transmitir a um pequeno aparelho quase 2 kW de energia elétrica via micro-ondas”.

A JAXA estima: lá pelos anos 2040, satélites geoestacionários equipados com painéis e antenas serão capazes de mandar energia solar para a Terra. Mas reconhece: o maior problema a resolver é construir, lançar e manter no espaço grandes sistemas para captar essa energia.

Na órbita geoestacionária – a 36 mil km da Terra, no plano da linha do Equador – os satélites  “voam” com a mesma velocidade de rotação do nosso planeta, o que permite que fiquem como que parados sobre um ponto fixo do nosso planeta. Daí que essa é a melhor orbita para os satélites de telecomunicação.

Os Estados Unidos também estão empenhados nas pesquisas de uma estação espacial solar.

Agora, cientistas chineses revelam estar na mesma rota dos colegas japoneses, mas com um projeto aparentemente bem mais ambicioso: eles estudam a viabilidade de construir uma grande estação de energia solar para colocá-la na órbita geoestacionária. A super espaçonave, dotada de enormes painéis solares, geraria eletricidade a ser convertida em micro ondas ou raios lasers e transmitida a um centro coletor na Terra. Se concretizado, esse poderá ser o maior projeto espacial, superando o programa Apollo, que levou os americanos à Lua em 1979, e a Estação Espacial Internacional, montada entre 1998 e 2011, para a qual os chineses não foram convidados.

Defende e lidera as pesquisas o veterano cientista e tecnólogo Wang Xiji, de 93 anos, membro da Academia Chinesa de Ciências (CAS) e da Academia Internacional de Astronáutica, para quem ideia de Asimov tem base científica. Ele considera “economicamente viável” uma usina espacial de fantásticas dimensões: os painéis solares ocupariam nada menos de 5 a 6 km².

Isso equivale a 12 Praças da Paz Celestial, em Pequim (tida como a maior praça pública do mundo) ou a pouco menos de dois Parques Centrais (Central Park), com 3,410 km², em Manhattan, Nova York. A usina poderia ser vista da Terra à noite como uma estrela, diz Wang.

O painéis solares espaciais podem gerar dez vezes mais eletricidade que os painéis terrestres por unidade de área, calcula Duan Baoyan, membro da Academia Chinesa de Engenharia (CAE). E frisa: "Se tivermos a tecnologia espacial de energia solar, poderemos ter a esperança de resolver a crise energética na Terra".

Alguns institutos de pesquisa e universidades da China também vêm realizando estudos sobre a tecnologia espacial necessária para gerar energia solar. Em 2010, membros da CAS e CAE escreveram um relatório, propondo que o país construa, até 2030, uma usina espacial experimental de energia solar e uma usina comercialmente viável até 2050.

Ocorre que tal usina pesaria mais de 10 mil toneladas. E que foguetes não podem transportar carga útil de mais de 100 toneladas, a uma órbita baixa da Terra. "Precisamos de um veículo lançador poderoso e barato ",  conclui Wang, que projetou o primeiro lançador da China há mais de 40 anos. E completa: "Também temos que fabricar painéis solares bem mais finos e leves. O peso do painel deve ser inferior a 200 gramas por metro quadrado." A seu ver, a estação só seria economicamente viável a partir do momento em que a eficiência da transmissão de energia sem fio, usando micro ondas ou radiação laser, atingisse cerca de 50%.

Apesar das dificuldades, Wang confia que a China será capaz de superar esses desafios.

Li Ming, vice-presidente da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, lembra que, dentro de cinco anos, em 2020, a China terá construído uma estação espacial, garantindo que “esse fato abrirá a oportunidade para desenvolver a tecnologia necessária à estação de energia solar".

Wang vê ainda outras vantagens notáveis: com a energia solar se tornando nossa energia primária, deixaremos de nos preocupar com a poluição atmosférica e com o efeito estufa; e os cabos de transmissão deixarão de existir no mundo mundo. “Basta imaginar o mundo que teremos”. diz ele sorrindo como um adolescente.

Sobre o ordenamento jurídico das atividades espaciais de transmissão de energia solar para a Terra, vale recordar o que escreveu há 25 anos o jurista americano Carl Q. Christol (1913-2012), Professor Emérito de Direito Internacional e Ciência Política da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles: “A energia solar é considerada uma vasta, ilimitada, inexaurível e renovável fonte de energia. Tão vasta e ilimitada que a ninguém é dado o direito exclusivo sobre ela. Ela é ainda mais inexaurível e renovável que a água dos oceanos, recurso que tem sido tratado como res communis (coisa comum) de todos. A energia solar no espaço, como a água do alto mar aberto, não pode ser apropriada pelos Estados no estágio atual da ciência e tecnologia. Outras pessoa jurídicas não afirmaram direito de propriedade que a afete.”  
Mas, ainda de acordo com Christol, “a mesma consideração jurídica que regula a captura dessa energia se aplicará ao direito de transmitir a energia solar para a Terra”. Ou seja, a energia solar não pode ser apropriada como um todo, mas pode ser coletada e enviada ao nosso planeta. Há um porém. A frequência de rádio utilizada na operação terá necessariamente que evitar toda interferência prejudicial a qualquer outro emprego válido desse recurso natural limitado.

De qualquer modo, pela legislação vigente da União Internacional de Telecomunicações (UIT), seu uso não poderá ser permanente e deverá servir ao bem-estar de todos os países, de toda a humanidade, conforme manda o Artigo 1º do Tratado do Espaço de 1967. O uso da energia solar, portanto, se enquadra inteiramente na chamada “cláusula do bem comum”.1

A Professora I. H. Ph. Diederiks Verschoor, dos Países Baixos, que neste ano completa 100 anos de idade e figura entre os pioneiros no ensino do Direito Espacial, entende que as normas de Direito Internacional sobre as operações de aproveitamento da energia solar coletada no espaço não poderão ser moldadas no vácuo e deverão ter amparo em outros fatores – científicos, tecnológicos, políticos, econômicos e culturais. Ela recomenda, em livro publicado nos anos 90, que o Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS, na sigla em inglês) e seus dois Subcomitês (Jurídico e Técnico-Científico) examinem a importante questão.

A ilustre mestre sugere, ademais, a criação de um “Banco de Energia Solar”, ao qual seria confiada a missão de financiar a pesquisa e o desenvolvimento da energia solar e de criar um código de conduta sobre seu desenvolvimento e uso, com a devida atenção ao Direito Internacional em conjunto com o Direito Nacional.2

Seria essa ideia aceitada hoje pelas grandes potências espaciais?

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Referências

1) Christol, Carl Q., Space Law – Past, Present, and Future, The Netherland: Kluwer Law and Taxation Publishers, 1991, páginas 157 e 165.
2) Diederiks-Verschoor, I. H. Ph, An Introduction to Space Law, Netherlands: Kluwer Law and Taxation Publishers, 1999 (second revised edition), páginas 101 e 105.
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terça-feira, 7 de abril de 2015

Novo livro sobre história espacial brasileira

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Um novo livro sobre a história espacial brasileira já está disponível. Trata-se de "Desafios de Ícaro - A História da Pesquisa e da Exploração Espacial no Brasil", de autoria do engenheiro Bernardino Coelho da Silva.

Com cerca de 450 páginas, a obra relata a história da participação brasileira na exploração espacial desde os primeiros visionários, em 1953, quando da criação da Sociedade Interplanetária Brasileira (SIB) em Carapicuíba (SP), passando pela criação do GOCNAE (Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais) e chegando até os dias atuais.

Para mais informações e aquisições, clique aqui.
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domingo, 5 de abril de 2015

"Robôs inteligentes e direitos humanos na Terra como no céu", artigo de José Monserrat Filho

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Robôs inteligentes e direitos humanos na Terra como no céu

José Monserrat Filho*

“Se o conhecimento pode criar problemas, não será através da ignorância que haveremos de solucioná-los.” Isaac Asimov

É possível que, em futuro não muito distante, inteligências artificiais, talvez na forma de robôs, se tornem capazes de produzir pensamento consciente. Seria o alvorecer da consciência das máquinas, algo que, há alguns séculos, desperta a imaginação da espécie humana. E certamente teria imenso impacto sobre a humanidade.

A reflexão é de Hutan Ashrafian, professor de Cirurgia Geral da Faculdade de Medicina do Imperial College, de Londres, e está exposta em seu artigo “Os robôs inteligentes devem proteger os direitos humanos”, publicado na revista científica britânica Nature, edição de 24 de março passado. Ele é autor do livro “O Direito Humanitário da Inteligência Artificial e dos Robôs – A Ética da Ciência e da Engenharia” (A Humanitarian Law of Artificial Intelligence and Robotics – Science and Engineering Ethics, de 2015).

Hoje por hoje, teme-se que as máquinas inteligentes se voltem contra os humanos. Se isso acontecer, quem salvaria um robô de outro robô e de nós? A pergunta é de Ashrafian. Ele especula que o contínuo progresso da inteligência artificial e da cibernética poderá acabar gerando “robôs racionais e conscientes”. A perspectiva provoca calafrios em muita gente e levanta desafios éticos e morais à filosofia da inteligência artificial.

Ashrafian lembra: o físico Stephen Hawking e Bill Gates, fundador da Microsoft, têm advertido para o perigo de os robôs inteligentes se tornarem demasiado poderosos e de se livrarem do controle humano. O dilema ético das máquinas inteligentes e a forma com que elas se relacionam com os seres humanos são tema frequente na ficção científica e peças centrais da trama de filmes como “Blade Runner”, de 1982, e “Ex-Máquina”, deste ano.

Para superar essa situação esdrúxula e supostamente ameaçadora, imaginam-se robôs éticos, autômatos de conduta ilibada. Projeta-se introduzir princípios éticos em máquias ultra complexas (humanoides?). Surge a figura inusitada dos agentes morais artificiais.

As leis da Robótica, de Asimov

O estudo, claro, leva em alta conta as leis pioneiras da robótica formuladas por Isaac Asimov (1920-1992), nascido na Rússia Soviética e naturalizado norte-americano, professor de Bioquímica da Universidade de Boston, famoso escritor de ficção científica e divulgador da ciência, autor, entre outros, do livro “Eu, Robô”, que resultou em filme lançado em 2004.

Segundo Asimov, sâo três as leis implantadas nos "cérebros positrônicos" dos robôs:

1) “Um robô não pode ferir um ser humano ou permitir, por inação, que um ser humano sofra algum mal”;
2) “Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei”;
3) “Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Leis”.

Mais tarde, dando dimensão máxima à Primeira Lei, Asimov criou a “Lei Zero”, que paira sobre todas as outras: “Um robô não pode causar mal à humanidade ou permitir, por omissão, que a humanidade sofra algum mal”.

A nova lei de Ashrafian

As leis de Asimov mostram o predomínio das preocupações com a interação entre robôs e seres humanos. Até há pouco não se dava atenção às inevitáveis relações éticas entre as futuras inteligências artificiais. Afinal, são criaturas produzidas pela espécie humana, com sua história milenar de conquistas culturais e morais.

Para preencher a lacuna, Ashrafian sugere a quarta lei da robótica, a “AionAI” (Artificial intelligence-on-Artificial intelligence), sobre a interação entre as próprias inteligências artificiais: “Todos os robôs dotados de algo comparável à razão e à consciência humana devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Ou seja, a ideia é regulamentar a convivência entre as futuras inteligências artificiais para evitar conflitos e criar um clima fraterno entre elas. Há um interesse pragmático básico aqui: as inteligências artificiais poderão melhor trabalhar juntas na exploração dos recursos extraterrenos, mantendo elevado nível de produtividade.

Neste contexto, não seria justo e necessário beneficiá-las com a adoção de um tratado universal reconhecendo a dignidade e os direitos inalienáveis das inteligências artificiais? Tal tratado não viria prevenir abusos e crimes causados aos e pelos robôs racionais e conscientes, bem como defender e desenvolver o código de ética da humanidade e de nossa civilização?

Se deixarmos que máquinas inteligentes causem males umas às outras, ainda que  sem impacto direto sobre o bem estar humano, tais ações podem afetar seriamente a nossa humanidade. Essa hipótese levou à criação do conceito de “direitos da máquina”.

Autômatos guerreiros

Robôs já atuam em conflitos armados. A Carta das Nações Unidas, de 1945, em seu Artigo 2º, § 3º, elimina as guerras como meio de resolver as controvérsias entre os países. Isso ainda não foi atingido. A continuar assim, Robôs sempre mais inteligentes serão cada vez mais empregados em ações bélicas. Certamente, ainda levará um bom tempo até que os soldados máquinas sejam tão ou mais chorados que os soldados humanos.

A menos que a Terra se torne inabitável e a espécie humana se veja obrigada a buscar morada em outros planetas, a Lua e outros corpos celestes serão, por muitos anos ainda, locais de humanos transitórios e robôs permanentes. E o relacionamento entre eles terá de ser regulamentado de acordo com as especificidades de cada um dos três grupos naturalmente diferentes: humanos com humanos, humanos com robôs, robôs com robôs. E os princípios supremos não poderão ser outros senão os da paz, da convivência cooperativa e da segurança coletiva, com base nos fundamentos da Carta das Nações Unidas.

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”, diz o Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de dezembro de 1948. Como será redigido, dentro de algumas décadas, o Artigo 1º de uma Declaração Universal dos Direitos das Inteligências Artificiais?

Não parece natural igualar por inteiro humanos e robôs. Como então ordenar essa relação forçosamente desigual em aspectos vitais, resguardando a dignidade e os direitos já conquistados ou a conquistar de cada grupo, bem como o espírito de fraternidade indispensável entre eles? Quando e até que ponto as inteligências artificiais poderão ser responsabilizadas por seus atos?

São problemas complexos que o futuro nos coloca, queiramos ou não. Mas foram e  continuam sendo criados pela nossa civilização. Devemos fazer de conta que eles não existem ou que não existirão? O amanhã só pertence a Deus e não a nós? Para que serve espreitar e estudar o futuro? Não seria para melhor determinar o presente?

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Cooperação Brasil - Reino Unido

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Embaixador do Reino Unido visita a AEB

Brasília, 2 de abril de 2015 – As possibilidades e oportunidades de cooperação espacial, principalmente na área de satélites e suas aplicações entre o Brasil e o Reino Unido foram discutidas nesta quarta-feira (1) em encontro do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, e o Embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, e a diretora de Ciência e Inovação da Embaixada Britânica, Julia Knights.

O Reino Unido é um dos países pioneiros na pesquisa e uso de pequenos satélites e dispõe de empresas especializadas neste campo. Os britânicos também dominam tecnologias espaciais necessárias à previsão e mitigação de desastres naturais.

O presidente da AEB sugeriu ao Embaixador visitar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), sediados em São José dos Campos (SP).

A visita ao Cemaden oferece também ao representante britânico a oportunidade de conhecer o Parque Tecnológico da cidade, que se destaca entre as instituições do gênero no país.

Também participou da audiência o chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB, José Monserrat Filho.

Fonte: AEB
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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cubesats: Serpens passa por revisão final

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Projeto do nanossatélites Serpens é aprovado em revisão final

Brasília, 01 de abril de 2015 – O projeto do satélite de pequeno porte Serpens – sigla para Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites – foi aprovado na Revisão de Segurança do Projeto (SAR, na sigla em inglês), feita à semana passada no Japão.

Agora, o modelo de voo do nanossatélite, que também foi aprovado há duas semanas nos testes realizados no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), e na Agência Espacial Japonesa (Jaxa), passa por uma fase de validação de alguns testes adicionais solicitados pela Jaxa.

Em agosto próximo o pequeno satélite deve ser enviado para a Estação Espacial Internacional (ISS). Sua colocação em órbita está prevista para outubro.

O Serpens, coordenado e apoiado financeiramente pela Agência Espacial Brasileira (AEB), começou a ser integrado em fevereiro último no LIT.

Coordenada pela professora Chantal Cappelletti, da Universidade de Brasília (UnB), uma equipe integrada por estudantes da UnB e da Universidade de Vigo da Espanha, trabalhou na integração e nos testes do CubeSat, com a participação e acompanhamento de técnicos e engenheiros do Inpe e estudantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que participaram do projeto e desenvolvimento do ITASat.

Testes - Entre os diversos testes pelos quais o equipamento passa estão o de vibração e termovácuo. O primeiro simula a situação a ser enfrentada no lançamento do foguete que o levará a ISS e o segundo as condições a que será submetido no espaço.

Em órbita, o pequeno satélite testará conceitos simples do uso CubeSat para o recebimento, armazenamento e retransmissão de mensagens por sistema de rádio. A proposta é ilustrar que no futuro pequenos satélites podem ser usados para agregar funcionalidade ao sistema de coleta de dados ambientais no país.

O principal objetivo do projeto Serpens é a capacitação de recursos humanos e a consolidação dos novos cursos de engenharia espacial brasileiros. Participam também do projeto as universidades federais do ABC (Ufabc), de Santa Catarina (UFSC), de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Federal Fluminense (IFF).

Do exterior, além da universidade espanhola estão no projeto a Sapienza Università di Roma (Itália) e as norte-americas Morehead State University e California State Polytechnic University.

Fonte: AEB
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