domingo, 19 de junho de 2011

Astrium em Le Bourget

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No último sábado (18), como parte de sua programação para o salão aeroespacial de Le Bourget, que acontece em Paris entre 20 e 26 de junho, o grupo europeu EADS promovou um seminário com a imprensa internacional para falar sobre seus planos e perspectivas para os próximos anos. Tecnologia & Defesa, publicação a qual o blog Panorama Espacial é ligado, esteve presente e apresenta abaixo alguns tópicos relacionados à Astrium, unidade espacial do grupo:

- Ariane. O Ariane 5 ME (Midlife Evolution / Evolução de Meia-Vida), nova versão do Ariane, deve voar em 2016 e terá capacidade de 12 toneladas de satelitização em órbita de transferência geoestacionária, além de maior flexibilidade operacional ao permitir reegnições. Em relação ao futuro sucessor do Ariane 5, dentro do projeto Next Generation Launcher, foi assinado um contrato com a Agência Espacial Europeia prevendo estudos iniciais, no valor de 9 milhões de euros. Atividades de desenvolvimento já foram iniciadas pela Astrium com recursos de 82,5 milhões de euros liberados pelo governo francês.

- Satélites de comunicações. Em matéria de sistemas de comunicações, a Astrium tem três principais iniciativas para o futuro: a plataforma Alphabus, que está sendo desenvolvida em conjunto com a Thales Alenia Space e que terá massa superior a 6 toneladas (potência de 18kW, podendo ser estendida para 22kW); capacidades em banda Ka, faixa considerada chave para internet via satélite; e uma nova plataforma de satélites geoestacionários compreendendo o segmento de 3 a 6 toneladas, complementar ao Alphabus. De acordo com François Auque, CEO da Astrium, tal segmento representa 75% de todo o mercado global de satélites de comunicações, movimentando cerca de 2 bilhões de euros por ano. [Nota do blog: esta informação sobre o tamanho do mercado de satélites é bem interessante, particularmente para considerações acerca do potencial comercial de lançadores geoestacionários de pequeno/médio porte, como o ucraniano Cyclone 4, da binacional Alcântara Cyclone Space]

- Serviços. Indicando a relevância que a prestação de serviços tem tido para as empresas do setor aeroespacial e de defesa, a Astrium Services prevê que em 2020 um terço de sua receita seja oriunda desse segmento, provenientes da GEO-Information (sobre a GEO-Information Services no Brasil, veja a postagem de 14 de junho: "Astrium GEO-Information Services satisfeita com o Brasil"), e de comunicações. Como parte da estratégia de crescimento, François Auque destacou o desenvolvimento de novas parcerias público privadas (PPP) na Europa e em outros lugares do mundo. PPPs no campo espacial, aliás, é um assunto que o blog pretende abordar em breve.

- Novidades em Le Bourget. Dos três principais produtos e/ou conceitos a serem apresentados pela empresa em Le Bourget, merece destaque o conceito do GO3S (Geoestationary Orbit Space Surveillance System), um satélite geoestacionário para observação terrestre. Sendo geoestacionário, o satélite possibilitaria o imageamento de um mesmo ponto praticamente em tempo real (10 imagens por segundo), com resolução de 3 metros. Para o seu desenvolvimento, segundo disse Auque, a Astrium já conta com todas as capacidades tecnológicas e de engenharia.

- Astrium nos EUA. Sobre as perspectivas da Astrium nos EUA, quem falou foi Sean O'Keefe, ex-administrador da NASA e atual CEO da EADS North America. O executivo destacou a parceria entre a ATK, Astrium e EADS North America para o desenvolvimento do lançador Liberty, destinado a missões em órbita baixa para reabastecer a Estação Espacial Internacional, de modo a preencher o "gap" deixado com a aposentadoria dos ônibus espaciais. O'Keefe também mencionou a possibilidade de operação de uma versão modificada para uso comercial do cargueiro espacial europeu ATV, que poderia ser lançado pelo Ariane 5 ou pelo próprio Liberty. O executivo ainda vê boas oportunidades em serviços em telecomunicações e geoinformação para o Pentágono e outras agências governamentais norte-americanas.

- Astrium na América Latina. Em sua apresentação, Marwan Lahoud, responsável pela estratégia da EADS, citou a presença do grupo no setor espacial brasileiro com a Equatorial Sistemas e Spot Image (hoje, Astrium GEO-Information Brasil). Um slide em especial continha informações bem interessantes sobre os "alvos" do grupo para 2011, na Europa, Oriente Médio, África, Ásia e América Latina. A Astrium foi citada em Brasil e Colômbia, indicando que campanhas nesses países estão em andamento. Mais informações a respeito, muito em breve.
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