quinta-feira, 30 de junho de 2011

SGB se aproximando?

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Brasil espera lançar satélite de defesa até 2014, diz Jobim

30/06/2011

Ministro da Defesa explica que novidade permitirá o rápido envio de imagens de áreas pouco acessíveis e levará internet a mais de 1.800 municípios hoje sem conexão à rede

O Brasil pretende lançar até 2014 um satélite geoestacionário para interligar os sistemas de defesa em todo o seu território, anunciou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a dez senadores que participaram ontem de audiência promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) na sede do próprio ministério.

O debate foi realizado por requerimento do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), presidente da Subcomissão da Amazônia e da Faixa de Fronteira.

O novo satélite, cujo lançamento ainda depende de uma decisão final do governo brasileiro, permitirá a comunicação direta entre Brasília e pelotões de fronteira e submarinos que navegam no oceano Atlântico.

Também viabilizará o rápido envio de imagens de áreas pouco acessíveis. Atualmente, como explicou o ministro, o governo brasileiro aluga canais de um satélite de empresa privada de capital mexicano.

- Hoje, quando precisamos de uma imagem, os mexicanos só as enviam para nós em 36 horas. E ainda não temos como saber se a mesma imagem será cedida a terceiros - disse Jobim.

O custo anual do aluguel dos canais de um satélite privado, para serviços de telecomunicação e transmissão de imagens, é de R$ 44,8 milhões. Já o gasto total de colocar um novo satélite estatal em órbita será de aproximadamente R$ 700 milhões, segundo o ministro. A quantia envolve a construção do satélite, seu lançamento, o seguro e o sistema de acompanhamento em terra.

O ministro considerou o satélite vital para a segurança nacional, além de permitir o acesso à internet para mais de 1.800 municípios que ainda não são conectados à rede mundial de computadores.

Após ouvir os dados referentes ao satélite, Jorge Viana (PT-AC) concordou com o ministro em que o equipamento não poderia ser comercial, mas sim "algo estratégico do país".

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Cooperação Chile - China

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Segundo reportagem da agência de notícias EFE, o ministro da Economia do Chile, Juan Andrés Fontaine, está esta semana em viagem oficial à China para tratar de acordos entre os dois países, como investimentos e colaboração em inovação e no campo espacial.

O interesse chileno é em satélites. A visita às autoridades espaciais chinesas "nasce do interesse que tem o Chile na utilização de informação satelital para diversos usos", disse o ministro. "A agência chinesa forneceu satélites de informações a outros países da América Latina (como a Venezuela), e nós estamos iniciando conversações nesse sentido para conhecermos e, no futuro, caso nos interesse, neste sentido faríamos algum tipo de convite para uma licitação", completou.

Em 2008, o Chile adquiriu um pequeno satélite de observação terrestre (SSOT) da EADS Astrium, a ser lançado no final de 2011 ou início de 2012. Pelas declarações do ministro, o país andino parece estar considerando a ideia de dispor de um satélite de comunicações, segmento em que os chineses alcançaram uma expressiva participação no mercado sul-americano. Além de já terem fornecido e colocado em órbita o Venesat-1, da Venezuela, a China Great Wall Industry Corp. (CGWIC), principal indústria espacial chinesa, assinou em dezembro de 2010 um contrato para fornecer um satélite similar para a Bolívia, chamado Tupac Katari (ou TKSat-1). A mesma indústria também chegou a fazer uma oferta numa concorrência da Colômbia para o projeto Satcol, que foi cancelado.

Além do segmento de comunicações, no continente sul-americano a China também colabora desde 1988 com o Brasil, no programa sino-brasileiro de recursos terrestres (CBERS, sigla em inglês), e no início deste mês, assinou contrato com o governo venezuelano para a construção e entrega em órbita de um satélite de observação. Toda esta exposição, muito provavelmente coloca o país asiático como um dos principais (senão o principal) "player" em cooperação espacial internacional na região.
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Workshop da AAB sobre missões espaciais

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Com o objetivo de aprofundar as propostas e discussões apresentadas no documento “A Visão da AAB para o Programa Espacial Brasileiro”, a Associação Aeroespacial Brasileira – AAB, tem o prazer de organizar o primeiro dos workshops com este propósito. Trata-se do workshop sobre Missões Espaciais. Outros workshops seguir-se-ão conforme os capítulos do referido documento: Acesso ao Espaço, Recursos (Físicos, Humanos e Orçamentários), Política Industrial e Organização Institucional.

Este primeiro workshop será realizado no dia 30 de Junho, no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, na sala Roger Honiat, a partir das 13:30 hrs. A duração total do evento deverá ser de 4 horas.

Os workshops considerarão em princípio o documento “A Visão da AAB para o Programa Espacial Brasileiro”, como condutor, muito embora durante as apresentações e discussões possam surgir outros argumentos e conclusões. Assim, os temas para apresentações das palestras no workshop sobre Missões Espaciais são:

- Telecomunicações (Antonio Paolino Ianelli – Star One – Diretor de Engenharia)
- Meteorologia (Luiz Augusto Machado – ex-Chefe do CPTEC - INPE)
- Sensoriamento Remoto (Cezar Ghizoni – Equatorial Sistemas)
- Satélites científicos e tecnológicos (Haroldo Velho – Coordenador Projeto Aster - INPE)

Foi definido o seguinte programa para o workshop:

1ª palestra – 30 minutos - Telecomunicações.
2ª palestra – 30 minutos - Meteorologia.
Discussões – 30 minutos
Intervalo – 15 minutos.
3ª palestra – 30 minutos – Sensoriamento Remoto
4ª palestra – 30 minutos – Satélites científicos e tecnológicos
Discussões – 30 minutos
Conclusões – 30 minutos.

O moderador será Décio Ceballos, Coordenador do tema Missões Espaciais no documento da AAB.

Fonte: AAB
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Cooperação Brasil - Canadá

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O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, recebeu ontem (28) o ministro de Comércio Internacional do Canadá, Edward Fast, para discutir oportunidades de cooperação entre os dois países na área de ciência e tecnologia. Em 2008, Brasil e Canadá assinaram um acordo-quadro para atividades conjuntas nesse campo, em áreas como tecnologia da informação, energias renováveis, biotecnologia, pesquisa marinha e oceânica, tecnologias sustentáveis e nanotecnologia. Agora, fala-se também em cooperação na área espacial.

Abaixo, reproduzimos um dos parágrafos da nota divulgada pelo Ministério:

O ministro falou também da intenção de firmar parceria também na construção de veículos lançadores de satélite. “Temos uma base a dois graus da linha do Equador e, por isso, é uma vantagem enorme no lançamento de foguetes. Estamos construindo o cyclone – 4. A ideia é que a gente desenvolva os foguetes e vocês (Canadá), os satélites”, destacou.

O programa espacial canadense é bastante focado em satélites, especialmente de observação terrestre (Radarsat, de tecnologia SAR), comunicações e robótica (o Canadarm 2, braço robótico usado na Estação Espacial Internacional, foi uma contribuição do Canadá ao programa multinacional).

Reino Unido

Há uma semana, em 22 de junho, Mercadante também recebeu em Brasília (DF) o ministro para Universidades e Ciências do Reino Unido, David Willetts, ocasião em que foi firmado um acordo de cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação, sendo que um dos tópicos seria tecnologias espaciais. Até o momento, não foram divulgados maiores detalhes.
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terça-feira, 28 de junho de 2011

Programa Espacial "vermelho"

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A mais recente edição (nº 171) da revista "Caros Amigos", de orientação esquerdista, tem como reportagem de capa uma matéria sobre o Programa Espacial Brasileiro, com fortes críticas às ideias defendidas por Marco Antonio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), sobre um maior envolvimento da iniciativa privada no programa. A chamada da reportagem já resume bem a sua orientação: "Risco de terceirização e privatização do Programa Espacial Brasileiro ameaça a soberania nacional e completa quadro de desmonte do setor sofrido na década de 1990."

Embora não cite a fonte, a autora reproduz um trecho do artigo "Espaço: Instrumento de poder e soberania para o Brasil", de Marco Raupp, publicado na edição nº 124 de Tecnologia & Defesa, e em cima dele constrói a tese de que o programa será terceirizado e privatizado.

Ontem (27), num website de inclinação socialista (Vermelho.org.br), foi divulgado outro artigo sobre o Programa Espacial Brasileiro, intitulado "Indo para o espaço". O texto conta com várias imprecisões e desatualizações, e, como de praxe, imputa o "insucesso" do programa brasileiro às pressões externas de EUA e outros países. Curiosamente, segue uma linha favorável à cooperação no campo de lançadores com a Ucrânia, o que conflita, aliás, com a posição dominante nos movimentos sindicais ligados ao setor de Ciência & Tecnologia.

Os dois textos trazem ideias e argumentos, no mínimo, antigos e antiquados. Apesar dos esforços de Raupp em mostrar que não haverá privatização do programa, convencer alguns setores do governo e sociedade (sindicatos, partidos políticos, etc.) quanto à "modernização" do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) - que exige sim uma maior participação e representatividade da iniciativa privada, até por uma questão de sobrevivência e relevância - não será tarefa fácil. A conferir.
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domingo, 26 de junho de 2011

INPE: reunião sobre mudanças climáticas

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IAI discute novos e atuais projetos

22/06/2011

O Instituto Interamericano para Pesquisas em Mudanças Globais (IAI) realizou em Assunção, Paraguai, de 14 a 17 de junho, as reuniões anuais do Conselho Executivo (CE) e a 18ª Conferência das Partes (CoP). Dezenove países integram o IAI, sendo que o Brasil é representado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.

“O CE é composto por nove representantes de países membros: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, México, Paraguai e Estados Unidos. Cada um dos representantes é eleito pela CoP para um mandato de dois anos e tem duas tarefas: desenvolver recomendações de políticas para submissão e aprovação pela CoP e garantir que as políticas adotadas pela CoP sejam implementadas pela Diretoria do IAI”, explica a Dra. Maria Virgínia Alves, chefe de gabinete do INPE e representante do Brasil nas reuniões.

Da CoP, além dos países integrantes do CE, participam também Bolívia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Jamaica, Panamá, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Durante a reunião foi apresentado documento com o perfil do relacionamento do Brasil com o IAI (disponível aqui), bem como uma breve descrição dos projetos financiados pelo Instituto que envolvem o Brasil (disponível aqui).

“Vale observar que, na relação de projetos financiados pelo IAI, atualmente nenhum deles é coordenado por pesquisadores do INPE. E uma grande parte de projetos dos quais participam pesquisadores brasileiros tem por coordenadores pesquisadores de outros países”, destaca a Dra. Maria Virgínia Alves. “Em breve serão apresentados editais para submissão de projetos no âmbito do Programa da Rede Cooperativa de Pesquisa III (CRN III). É importante que os pesquisadores brasileiros estejam atentos e participem”.

Agenda

Durante a 31ª reunião do CE foram discutidos os encaminhamentos a serem feitos para a 18ª CoP. No início da reunião, representantes dos Estados Unidos, Paraguai, país anfitrião, e Brasil foram escolhidos para a mesa diretora da 18ª CoP, que discutiu a aprovação da ata da 17ª CoP e contou com apresentações de cada uma das Partes relativas aos avanços feitos nas questões de mudanças globais e também a de alguns órgãos observadores presentes.

A agenda da reunião contemplou a aprovação das atividades e financiamento do IAI para o ano 2010-2011; relatório das atividades da Diretoria e do CE; definição da contribuição anual das Partes, que foi mantida a mesma do período 2009-2010; apresentação e aprovação do Planejamento Estratégico para o IAI e de uma nova metodologia para escolha de sua sede, além da apresentação do relatório das atividades do Comitê de Assessoramento Científico (SAC) e eleição de quatro membros – entre eles, o Dr. José Marengo, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE.

Sede

O governo brasileiro ratificou em 1993 o Acordo Constitutivo do IAI, que desde 1996 está sediado no campus do INPE, em São José dos Campos (SP). Após 15 anos instalado no Brasil, a Diretoria do IAI enviou um comunicado aos países membros, em 27 de janeiro de 2011, relatando suas dificuldades de operação no país e convidando todos os membros, inclusive o Brasil, a apresentar propostas para sediar sua Diretoria.

As propostas, a ser enviadas até 15 de novembro, devem incluir todos os itens previstos num acordo para sediar uma instituição internacional, conforme acordado na 32ª reunião do CE. Todos os países membros receberão comunicação detalhada sobre este tema, que será definido em reunião extraordinária, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2012.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Notícias do Salão de Le Bourget

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Abaixo, destacamos algumas notas sobre notícias do salão de Le Bourget, que acontece esta semana em Paris, França, sobre o que mais de importante aconteceu em termos de atividades espaciais.

Brasil e Itália

Numa conferência para jornalistas, Giuseppe Orsi, presidente da Finmeccanica, destacou que o mercado brasileiro é considerado chave para o grupo, e listou o mercado de imagens de satélites, de responsabilidade da Telespazio, como um dos segmentos de interesse dos italianos. O interesse neste segmento foi reforçado por Paolo Pozzessere, vice-presidente de vendas internacionais da Finmeccanica. "O COSMO-SkyMed poderia ser um ativo muito importante ao Brasil para vigilância marítima", afirmou em entrevista concedida à Tecnologia & Defesa. No entanto, a ênfase para o desenvolvimento conjunto de uma missão espacial para imageamento radar, como a do COSMO-SkyMed, aparenta não ser a mesma que a de serviços. Embora haja interesse industrial do lado italiano (Thales Alenia Space), segundo uma pessoa consultada pelo blog e que acompanha o tema, o desenvolvimento conjunto e/ou construção de um satélite radar depende da celebração de um acordo de cooperação entre os dos paises. E faltaria celeridade, ou talvez prioridade, dos dois lados.

Thales, Finmeccanica, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa...

E as conversas dos grandes grupos aeroespaciais e defesa com os conglomerados de engenharia (conhecidos pela sigla "EPC", de Engineering, Procurement and Construction) brasileiros para atuação conjunta nos mercados de defesa e segurança (Sisfron, SisGAAz, defesa aérea, grandes eventos) continuam. Depois da Thales falar que mantém conversas com a Andrade Gutierrez, foi a vez da Finmeccanica mencionar a Camargo Corrêa e a própria Andrade Gutierrez, grupos com os quais estaria discutindo. Foi esclarecido que os italianos vão ter algum parceiro local, não necessariamente um dos dois mencionados, mas provavelmente uma empresa EPC. Em maio de 2010, a Cassidian, do grupo EADS, fechou acordo com a Odebrecht para a criação de uma joint-venture. Importante observação: Thales e Finmeccanica são sócias na Thales Alenia Space, o que talvez explique a citação da mesma empresa brasileira por dois grupos estrangeiros que em muitos mercados concorrem entre si. Provavelmente até o final do ano, o cenário das parcerias, cada player com seu parceiro local, estará definido.

Saito e Pohlmann em Le Bourget

Estiveram no salão autoridades do governo brasileiro, como o Brig. Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, e o Brig. Ailton dos Santos Pohlmann, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Na pauta do diretor do DCTA, instituição responsável pelas atividades espaciaisda Aeronáutica, reuniões e apresentações para discutir eventuais parcerias em lançadores.

Veículo de reentrada europeu

Em 22 de junho, a Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) e a unidade italiana da Thales Alenia Space anunciaram um acordo para a construção de um veículo reutilizável de transporte espacial, o IXV (Intermediate EXperimentel Vehicle), cujo voo está previsto para 2013. O objetivo europeu é dispor de um veículo capaz de executar missões em órbita baixa e retornar autonomamente para a Terra, abrindo um leque variado de aplicações, como transporte e exploração espacial, serviços robóticos e infraestrutura espacial. O veículo experimental, que testará tecnologias para reentrada atmosférica, terá 2 toneladas de massa e alcançará altitudes de até 450 km, com velocidade de 7,5 km por segundo quando entrar na atmosfera. O design detalhado e tecnologias críticas do IXV já estão prontas, e o acordo alcançado permitirá a sua fabricação, montagem, integração e qualificação. O IXV deve voar em 2013 a bordo de um lançador Vega, em trajetória suborbital.

A espaçonave da Astrium

Desde 2006 trabalhando no conceito de uma nave para voos de "turistas" ao espaço, a Astrium, do grupo EADS, está em busca de recursos para avançar com o seu desenvolvimento. "O conceito do Spaceplane é muito maduro. Nós agora estamos em busca de recursos para o desenvolvimento", disse a jornalistas François Auque, presidente da Astrium. Um consórcio de empresas de Cingapura construirá um modelo em menor escala da nave, e é uma potencial parceira da Astrium caso o desenvolvimento seja viabilizado. Conceitualmente, o Spaceplane terá capacidade de levar até 4 passageiros a uma altitude de até 100 km, numa viagem com duração de duas horas, que permitiria vários minutos em ambiente de microgravidade.

Contrato da Arianespace

Em 21 de junho, a Arianespace anunciou ter sido escolhida pela operadora de serviços de comunicações SES, de Luxemburgo, para o lançamento do satélite Astra 5B em meados de 2013. A missão ficará a cargo do bem sucedido Ariane 5. "Nós estamos tanto orgulhosos como honrados mais uma vez pela oportunidade de trabalhar com uma operadora líder de satélites. A escolha da SES pela Arianespace é um claro reconecimento da qualidade e excelência de nosso serviço e soluções em lançamento", afirmou o presidente da Arianespace, Jean-Yves Le Gall.

Presença da Alcântara Cyclone Space

Apesar do momento conturbado por que passa, a binacional Alcântara Cyclone Space, que comercializará e operará missões do Cyclone 4 a partir do centro espacial de Alcântara (MA), está presente com um pequeno estande no pavilhão ucraniano do Paris Air Show. O blog questionou um dos representantes sobre as perspectivas de negócios e também visitas de possíveis parceiros e clientes. Embora o projeto ainda esteja em fase de concretização, o executivo afirmou: "Há interessados". Em 1º de julho, uma comitiva com integrantes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do DCTA, do Comando da Aeronáutica, embarca para a Ucrânia com o objetivo de discutir o momento por que passa a joint-venture. A comitiva será liderada pelo presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, e pelo Brig. Ailton dos Santos Pohlmann, diretor do DCTA.

CBERS

No estande da China Great Wall Industry Corporation, o mais importante player industrial chinês no campo espacial, um painel destacava a cooperação entre Brasil e China, iniciada em 1988, com o projeto do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, sigla em inglês). Diz o painel: "A China e o Brasil desenvolveram conjuntamente e lançaram com sucesso três satélites CBERS (ZY-1). Estes satélites enviaram centenas de milhares de imagens para a Terra, sendo tais dados sido amplamente usados em áreas tais como agricultura, atividades florestais, conservação de recursos hídricos, planejamento urbano, meio-ambiente, desastres, ciência, educação, meteorologia, comunicações e oceanografia. O CBERS é o precursor da cooperação em áreas de alta tecnologia entre países em desenvolvimento e é tido como um modelo para a cooperação sul-sul."
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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Apresentação sobre o Programa Espacial Brasileiro

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Na última segunda-feira, 20 de junho, no auditório do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), foi realizado uma apresentação sobre o futuro do Programa Espacial Brasileiro, promovida pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia (SindCT).

O evento contou com a participação de Marco Antonio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), que fez a apresentação sobre os racionais para a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). Para assistir um vídeo do debate, clique aqui.
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terça-feira, 21 de junho de 2011

Thales, Andrade Gutierrez e satélites

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No início do mês, publicamos no blog uma postagem analisando o interesse do grupo brasileiro Andrade Gutierrez pela área de satélites (ver a postagem "Sisfron: "A Andrade Gutierrez está atenta aos satélites"").

Na ocasião, destacamos que o grupo já teria, inclusive, optado por um parceiro estrangeiro, informação que já há algum tempo circulava nos bastidores, embora nunca oficialmente confirmada. Mas, na terça-feira (21) pela manhã, em café da manhã com alguns jornalistas brasileiros promovido durante o salão de Le Bourget, em Paris, executivos do grupo Thales (Blaise Jaeger, vice-presidente da Thales Internacional, e Laurent Mourre, diretor-geral da Thales no Brasil) confirmaram a existência de conversas com a Andrade Gutierrez. Não foram dados muitos detalhes, mas respondendo a uma pergunta feita pela reportagem de Tecnologia & Defesa, foi ressaltado que as conversas não envolveriam apenas o campo espacial, mas também outros segmentos, como segurança e defesa.

Importante destacar: o grupo Andrade Gutierrez é um dos acionistas controladores da Oi, uma das maiores operadoras de telecomunicações do Brasil, com capital majoritariamente nacional. Como parte do processo de aquisição da Brasil Telecom, o governo federal exigiu que a Oi considerasse eventual colaboração em projeto de satélite nacional de comunicações, exigência devidamente cumprida (saiba mais clicando aqui). Ao que tudo indica, a operadora teria se interessado bastante pela área, buscando algum tipo de envolvimento em iniciativas relacionadas, conceitualmente o Sistema Geoestacionário Brasileiro (SGB).
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Operação Falcão I: lançado mais um FTB

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Operação Falcão I lança segundo foguete de treinamento

20-06-2011

A Operação Falcão I realizou na sexta-feira (17/06), às 14h, o lançamento do segundo foguete de treinamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

O veículo atingiu seu apogeu a 31,791 Km de altitude e atingiu o mar a 17,656 Km do ponto de saída. A marca foi um pouco menor que a do primeiro lançamento, de 34,426Km, e impacto a 22,4 quilômetros da costa, em alto-mar.

De acordo com o Coordenador-Geral da Operação, Tenente Coronel Aviador Paulo Junzo Hirasawa, o objetivo da operação foi alcançado e a experiência vale para o treinamento da equipe e para a obtenção de dados para a certificação do veículo.

A Operação Falcão I faz parte de um projeto de quatro anos da Agência Espacial Brasileira para a produção de foguetes com tecnologia nacional.

Fonte: FAB, via AEB.
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domingo, 19 de junho de 2011

Astrium em Le Bourget

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No último sábado (18), como parte de sua programação para o salão aeroespacial de Le Bourget, que acontece em Paris entre 20 e 26 de junho, o grupo europeu EADS promovou um seminário com a imprensa internacional para falar sobre seus planos e perspectivas para os próximos anos. Tecnologia & Defesa, publicação a qual o blog Panorama Espacial é ligado, esteve presente e apresenta abaixo alguns tópicos relacionados à Astrium, unidade espacial do grupo:

- Ariane. O Ariane 5 ME (Midlife Evolution / Evolução de Meia-Vida), nova versão do Ariane, deve voar em 2016 e terá capacidade de 12 toneladas de satelitização em órbita de transferência geoestacionária, além de maior flexibilidade operacional ao permitir reegnições. Em relação ao futuro sucessor do Ariane 5, dentro do projeto Next Generation Launcher, foi assinado um contrato com a Agência Espacial Europeia prevendo estudos iniciais, no valor de 9 milhões de euros. Atividades de desenvolvimento já foram iniciadas pela Astrium com recursos de 82,5 milhões de euros liberados pelo governo francês.

- Satélites de comunicações. Em matéria de sistemas de comunicações, a Astrium tem três principais iniciativas para o futuro: a plataforma Alphabus, que está sendo desenvolvida em conjunto com a Thales Alenia Space e que terá massa superior a 6 toneladas (potência de 18kW, podendo ser estendida para 22kW); capacidades em banda Ka, faixa considerada chave para internet via satélite; e uma nova plataforma de satélites geoestacionários compreendendo o segmento de 3 a 6 toneladas, complementar ao Alphabus. De acordo com François Auque, CEO da Astrium, tal segmento representa 75% de todo o mercado global de satélites de comunicações, movimentando cerca de 2 bilhões de euros por ano. [Nota do blog: esta informação sobre o tamanho do mercado de satélites é bem interessante, particularmente para considerações acerca do potencial comercial de lançadores geoestacionários de pequeno/médio porte, como o ucraniano Cyclone 4, da binacional Alcântara Cyclone Space]

- Serviços. Indicando a relevância que a prestação de serviços tem tido para as empresas do setor aeroespacial e de defesa, a Astrium Services prevê que em 2020 um terço de sua receita seja oriunda desse segmento, provenientes da GEO-Information (sobre a GEO-Information Services no Brasil, veja a postagem de 14 de junho: "Astrium GEO-Information Services satisfeita com o Brasil"), e de comunicações. Como parte da estratégia de crescimento, François Auque destacou o desenvolvimento de novas parcerias público privadas (PPP) na Europa e em outros lugares do mundo. PPPs no campo espacial, aliás, é um assunto que o blog pretende abordar em breve.

- Novidades em Le Bourget. Dos três principais produtos e/ou conceitos a serem apresentados pela empresa em Le Bourget, merece destaque o conceito do GO3S (Geoestationary Orbit Space Surveillance System), um satélite geoestacionário para observação terrestre. Sendo geoestacionário, o satélite possibilitaria o imageamento de um mesmo ponto praticamente em tempo real (10 imagens por segundo), com resolução de 3 metros. Para o seu desenvolvimento, segundo disse Auque, a Astrium já conta com todas as capacidades tecnológicas e de engenharia.

- Astrium nos EUA. Sobre as perspectivas da Astrium nos EUA, quem falou foi Sean O'Keefe, ex-administrador da NASA e atual CEO da EADS North America. O executivo destacou a parceria entre a ATK, Astrium e EADS North America para o desenvolvimento do lançador Liberty, destinado a missões em órbita baixa para reabastecer a Estação Espacial Internacional, de modo a preencher o "gap" deixado com a aposentadoria dos ônibus espaciais. O'Keefe também mencionou a possibilidade de operação de uma versão modificada para uso comercial do cargueiro espacial europeu ATV, que poderia ser lançado pelo Ariane 5 ou pelo próprio Liberty. O executivo ainda vê boas oportunidades em serviços em telecomunicações e geoinformação para o Pentágono e outras agências governamentais norte-americanas.

- Astrium na América Latina. Em sua apresentação, Marwan Lahoud, responsável pela estratégia da EADS, citou a presença do grupo no setor espacial brasileiro com a Equatorial Sistemas e Spot Image (hoje, Astrium GEO-Information Brasil). Um slide em especial continha informações bem interessantes sobre os "alvos" do grupo para 2011, na Europa, Oriente Médio, África, Ásia e América Latina. A Astrium foi citada em Brasil e Colômbia, indicando que campanhas nesses países estão em andamento. Mais informações a respeito, muito em breve.
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sexta-feira, 17 de junho de 2011

ACS: viagem de Marco Raupp à Ucrânia

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Governo vai à Ucrânia auditar programa espacial

Viagem também é uma resposta do governo brasileiro à postura dos parceiros estrangeiros

Sexta, 16 de Junho de 2011, 23h29
Leandro Colon / BRASÍLIA

O governo brasileiro decidiu viajar à Ucrânia para concluir a auditoria na execução do programa espacial tocado pelo PSB até março deste ano. O presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp, viaja no dia 2 de julho com a missão de comprovar se o projeto de lançamento do foguete Cyclone 4 da base de Alcântara (MA) vem sendo cumprido pelos ucranianos. "Vou ver o estágio do foguete e verificar o andamento desses contratos feitos na Ucrânia em relação a equipamentos e componentes", afirmou. A viagem, segundo ele, foi determinada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.

Reportagem do Estado mostrou ontem que o programa espacial do Cyclone 4, orçado em R$ 1 bilhão, está paralisado em meio a uma disputa política entre PSB e PT e falta de dinheiro. Mercadante ordenou que Raupp viaje sem a companhia da direção da Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa criada pelos governos de Brasil e Ucrânia em 2007 para desenvolver o projeto de lançamento de satélites comerciais por meio do foguete no Maranhão.

A empresa binacional era dirigida até março pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, que deixou o cargo após a chegada de Mercadante. Ao assumir, a presidente Dilma Rousseff cortou os R$ 50 milhões previstos para o programa em 2011 enquanto não for concluída uma auditoria na sua execução.

A ACS faz contratos sem licitação e não presta contas a órgãos como Tribunal de Contas da União e Controladoria-Geral da União. Sem dinheiro, entrou em crise financeira, parando de pagar fornecedores desde abril. "A visita à Ucrânia é o que está faltando nesta análise", disse Raupp. Ele levará diretores da agência espacial na viagem e visitará as duas indústrias contratadas pelo governo da Ucrânia para tocar o projeto.

A viagem também é uma resposta do governo brasileiro à postura dos parceiros estrangeiros de não cumprirem o aporte de 50% dos recursos no programa espacial. O Brasil já transferiu R$ 218 milhões, enquanto a Ucrânia, R$ 98 milhões. "A condução do processo tem que ser equilibrada", disse Raupp.


Comentário: para saber mais sobre o atual momento da Alcântara Cyclone Space, leia as postagens "Alcântara Cyclone Space no Estadão", e "Avanços na Alcântara Cyclone Space".
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Operação Falcão I: FTB lançado com sucesso

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Centro de Lançamento de Alcântara lança foguete com sucesso

16/06/2011 - 17h15

O primeiro foguete de treinamento (FTB) da Operação Falcão I foi lançado com sucesso na tarde de hoje (16/06) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Mais um lançamento está previsto para amanhã (17/06). O objetivo principal da operação, que termina no dia 22 de junho, é permitir o treinamento das equipes técnicas nos procedimentos operacionais que envolvem o envio ao espaço de um veículo lançador de satélites (VLS), por exemplo.

Segundo o Coordenador-Geral da Operação, Tenente Coronel Aviador Paulo Junzo Hirasawa, o foguete atingiu seu apogeu a pouco mais de 34,426Km, e impacto a 22,4 quilômetros da costa, em alto-mar.

A Operação Falcão I faz parte de um projeto de quatro anos da Agência Espacial Brasileira para a produção de foguetes com tecnologia nacional.

Várias etapas precedem o lançamento de um foguete de treinamento. O pré-lançamento envolve a elaboração de um Exame de Situação Técnica e Logística, e um teste dos meios operacionais do CLA para a realização da operação. A etapa seguinte é composta do Ensaio Geral - que define os tempos de cada atividade - e os testes das cronologias simuladas e reais para evitar prováveis erros no lançamento real. A elaboração do Relatório Final da Operação encerra as atividades.

Os FTB tem comprimento total de 3,05 m, tempo de queima de 4s e um peso total de 68,3 Kgf. Na Operação Falcão I não serão levados experimentos a bordo em nenhum dos dois foguetes, embora haja disponibilidade de 5 kg de carga útil em cada lançamento, com possibilidade de transmissão dos dados via telemetria para as estações de solo. A duração do vôo, que compreende da decolagem até o impacto, está estimada em 2,5 minutos, com apogeu aproximado de 30 Km.

Fonte: FAB, com edição do blog.

Comentários: desde 2009, o Comando da Aeronáutica tem executado missões de lançamento (Barreira, Falcão, Fogtrein) de foguetes (FTB e FTI) a partir dos Centros de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e da Barreira do Inferno (CLBI), em Parnamirim (RN), com o objetivo de testar e qualificar sistemas, além de treinar o pessoal envolvido. Os foguetes FTB e FTI foram desenvolvidos pela Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), e substituem os modelos SBAT 70, antes usados para as operações de qualificação e treinamento.
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INPE: Plano Diretor 2011-2015

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou em seu website o Plano Diretor para o período compreendido entre 2011 e 2015. O documento, de 57 páginas e elaborado pela direção do Instituto com a colaboração de seu Conselho Técnico-Científico, coordenações e comitês assessores de áreas, "tecnologias de ponta, como as necessárias à área espacial", com ênfase em programa de satélites. Para acessá-lo (arquivo PDF), clique aqui.

O Plano Diretor é um documento de leitura essencial para aqueles que desejam conhecer de forma mais profunda as intenções e objetivos do INPE em relação ao Programa Espacial Brasileiro.

Em breve, o blog Panorama Espacial fará uma análise das proposições.
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Alcântara Cyclone Space no Estadão

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Disputa política na base e falta de verba paralisam programa espacial brasileiro

16/06/2011

Aliados desde a gestão Lula, PSB e PT duelam nos bastidores do Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje comandado pelo petista Aloizio Mercadante, e meta de lançar um foguete ao espaço, que já consumiu R$ 218 milhões, agora ficará para 2015

Leandro Colon - A disputa política envolvendo dirigentes do PT e do PSB e a recusa do governo Dilma em colocar mais dinheiro na empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), uma sociedade com o governo da Ucrânia, paralisam o programa espacial brasileiro. Criada em 2007 para desenvolver e lançar o foguete Cyclone 4 da base de Alcântara, no Maranhão, a ACS, que era um feudo do PSB, não paga os fornecedores desde abril e só tem dinheiro para as "despesas administrativas" até o fim do ano.

O diretor-geral interino Reinaldo José de Melo disse, em carta enviada no dia 27 de maio ao ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), que a falta de dinheiro poderá acarretar "consequências imprevisíveis". Sem mais recursos, segundo ele, "não será mais possível realizar outros pagamentos destinados ao desenvolvimento do Projeto Cyclone 4, o que fará com que o ritmo dos trabalhados sofra uma diminuição drástica".

Além das divergências envolvendo dois partidos da base do governo, o programa vem sendo tocado sem nenhuma transparência. Criado após a tragédia da explosão da base de lançamento e a morte de 21 pessoas em Alcântara, em 2003, o projeto prevê uma parceria internacional orçada em R$ 1 bilhão, metade do investimento para cada país e lucros rateados no futuro com o lançamento comercial de satélites para o espaço. O problema é que o Brasil já repassou R$ 218 milhões, enquanto a Ucrânia pôs bem menos, R$ 98 milhões.

A promessa inicial era lançar o foguete em 2010. Agora, o discurso oficial é 2013. Internamente, a aposta é que, se ocorrer, será somente a partir de 2015.

A presidente Dilma Rousseff mandou auditar o projeto e, para não repassar mais dinheiro, Mercadante cortou os R$ 50 milhões previstos no orçamento da ACS para 2011. Por ser binacional, a empresa não presta contas a órgãos como Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU). No ano passado, por exemplo, fechou um contrato sem licitação de R$ 546 milhões com as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht.

Os R$ 50 milhões cortados do Orçamento da União foram o assunto de uma reunião ontem entre o diretor-geral Reinaldo José de Melo e o secretário executivo do ministério, Luiz Antonio Elias. Uma planilha financeira da empresa do dia 18 de maio obtida pelo Estado mostra que a ACS não conseguiu honrar todos os seus compromissos de contratos entre março e abril e o dinheiro que sobrou - R$ 38 milhões - serve apenas para pagar as dívidas pendentes daquele período e despesas como folha de pagamento, até o fim do ano.

Feudo do PSB. O risco de o projeto fracassar tem componentes políticos nacionais e internacionais, que se agravaram desde o começo do ano. A ACS era um feudo do PSB durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o Ministério de Ciência e Tecnologia. A direção e os principais cargos da empresa binacional eram ocupados por filiados ao partido.

Ex-ministro e vice-presidente do PSB, Roberto Amaral era o diretor-geral da ACS até março. Deixou o cargo com a chegada dos petistas, mas conseguiu manter interinamente um aliado no lugar dele, Reinaldo José de Melo, que era diretor de suprimentos da empresa. Uma parte dos funcionários de cargo de confiança filiados ao PSB saiu com Amaral. Agora do lado de fora, o vice-presidente da legenda critica a postura do governo e ataca o corte de dinheiro.

"Não se brinca de fazer programa espacial. Ou se tem ou não se tem", disse Amaral, numa audiência pública na Câmara anteontem. Ele perdeu a direção do projeto, mas ganhou vaga nos conselhos de administração da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Aliado de Roberto Amaral, Melo foi colega de Dilma na militância armada durante a ditadura militar.

Além dos problemas políticos internos, o Brasil tem se incomodado com a demora do governo ucraniano em cumprir sua parte de fazer o aporte de 50% dos recursos. Segundo dados enviados ao Ministério de Ciência e Tecnologia, a Ucrânia repassou apenas 19% do que deveria. Recentemente, o governo daquele país obteve aval de seu Parlamento para contrair empréstimos para bancar o programa. Disse ao Brasil que faria isso este mês. Agora, segundo informou ontem a ACS, a promessa é para setembro.

PONTOS-CHAVE

O Projeto Espacial Brasileiro

Após o acidente de 2003, que matou 21 pessoas no lançamento do VLS-1(Veículo Lançador de Satélites), o governo fechou naquele mesmo ano um acordo com a Ucrânia para lançamento do foguete Cyclone 4, diretamente do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Pela parceria, os ucranianos entram com a tecnologia do foguete e o Brasil fornece estrutura para lançá-lo.

Objetivo

O Brasil nunca conseguiu lançar um satélite ao espaço a partir do próprio solo, apesar de contar com estrutura e localização geográfica favoráveis. Falta ao País desenvolvimento de tecnologia de foguetes. O acordo com os ucranianos - da escola soviética de foguetes - prevê um rendimento comercial com o lançamento de satélites ao espaço por meio do Cyclone 4 (foto).

Empresa

Quatro anos após o acordo, foi criada em 2007 a Alcântara Cyclone Space (ACS), uma empresa binacional - 50% do Brasil e 50% da Ucrânia - para desenvolver o complexo de lançamento do foguete. Pelo acordo, cada país deveria investir cerca de R$ 500 milhões. O governo brasileiro já repassou R$ 218 milhões, enquanto os ucranianos, R$ 98 milhões. Com a resistência ucraniana em colocar mais dinheiro, o governo brasileiro reluta em liberar mais recursos do próprio orçamento.

Crise financeira

Documentos obtidos pelo Estado mostram que a binacional sofre grave crise financeira que pode paralisar o projeto. A empresa não conseguiu honrar todos os compromissos previstos neste primeiro semestre. O dinheiro em caixa servirá apenas para "despesas administrativas" até o fim do ano.

Lançamento do foguete

A previsão inicial de lançamento do primeiro foguete era o ano passado. Agora, oficialmente, a ACS diz que poderá iniciar as operações em 2013. Internamente, o prazo é bem mais longo: 2015, desde que haja mais recursos financeiros.

Disputa política

A ACS sempre foi um feudo do PSB. O diretor-geral da empresa binacional até março deste ano era o vice-presidente do partido, Roberto Amaral, que também foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Com a chegada de Dilma Rousseff à Presidência, o PT assumiu o ministério e Amaral deixou o projeto.

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo, via website do Itamaraty.
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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Programa Espacial na Câmara dos Deputados

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Especialistas defendem programa espacial como política de Estado

14/06/2011

Brizza Cavalcante

O Programa Espacial Brasileiro precisa tornar-se uma política de Estado e deixar de sofrer com as oscilações políticas do País e os ciclos ruins da economia, que acabam provocando os cortes orçamentários que minam sua eficácia e atrasam em muito a consecução das metas traçadas.

Esse foi o consenso que uniu os palestrantes da audiência pública promovida nesta terça-feira pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática para discutir o tema. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral foi incisivo no alerta de que “os atrasos no programa afetam a soberania nacional e o futuro do País”.

Ele lamentou que o caráter estratégico do programa não seja reconhecido pelo governo, a começar pela ausência de um órgão efetivamente capaz de coordená-lo. “A Agência Espacial Brasileira (AEB), com sua atual estrutura deficiente, não desempenha esse papel”, afirmou.

Falta de pessoal

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, revelou que o Brasil deverá lançar um satélite por ano entre 2012 e 2020 – contra uma média recente de um a cada quatro anos. Ele explicou que o foco do programa é permitir a agregação de valor às condições naturais vantajosas das quais o País desfruta.

O presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, destacou que o programa tem um papel importante para a solução de grandes problemas nacionais, em áreas como a agricultura, a energia, a vigilância das fronteiras, entre outras.

Raupp descreveu um quadro preocupante a respeito da falta de pessoal. O Inpe conta com apenas 1.150 técnicos (contra 1.700 na década de 80), enquanto o Departamento de
Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) tem tão somente 1 mil (contra 2.500). “É muito pouco, comparado, por exemplo, à Índia, país emergente e membro dos Brics, como o Brasil, que soma 16 mil.” Segundo ele, o número de técnicos vem diminuindo porque as contratações pararam desde o final da década de 80, e muitos, desde então, se aposentaram ou buscaram empregos mais rentáveis.

Fim de uma geração

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais Santos, disse que o programa espacial é uma “tragédia de desinteresse e omissão”, e que os servidores estão desmotivados e com baixa autoestima. “São quase todos velhinhos que estão lá desde o início do programa, e hoje conversam com técnicos jovens de outros países, como a China, que então nem eram nascidos”, contou Morais Santos.

O diretor-geral do DCTA, tenente-brigadeiro-do-ar Ailton dos Santos Pohlmann, advertiu para a urgência de concursos públicos para contratar uma nova geração de técnicos, enquanto há tempo para que possam conviver com os atuais, a grande maioria já bem próxima da aposentadoria.

O risco, bastante grave, disse Pohlmann, é de uma interrupção no processo histórico de acumulação de conhecimento tecnológico, com o fim de uma geração sem o surgimento de uma nova. “Estamos perdendo pessoal numa velocidade cada vez maior; até 2020, todos estarão fora”, previu.

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Deputado critica falta de atenção do ministro da Ciência e Tecnologia

O deputado Ribamar Alves (PSB-MA), ex-presidente da Frente Parlamentar do Programa Espacial, pôs em dúvida o futuro do programa sob a gestão do ministro Aloizio Mercadante à frente da pasta da Ciência e Tecnologia. O deputado queixou-se de até hoje não ter conseguido sequer uma audiência com o ministro, apesar de tentar incansavelmente desde o início do ano.

Já o deputado Carlinhos Almeida (PT-SP), autor do requerimento da audiência desta terça-feira da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, ponderou que o ministro Mercadante está avaliando com cuidado a situação do programa e, em breve, deverá apresentar uma proposta para reestruturá-lo. Almeida destacou a importância da urgente contratação de uma nova geração de técnicos na área espacial, para garantir a continuidade do programa.

Visitas

A comissão acatou proposta do deputado Sibá Machado (PT-AC) para uma visita ao DCTA, ao Inpe e à base de Alcântara, no Maranhão. Além disso, Machado revelou estar em contato com uma série de entidades ligadas à área espacial, as quais deverão entregar, por volta do fim de junho, uma proposta concreta de novo arcabouço legal para apoiar o programa.

O deputado Arolde de Oliveira (DEM-RJ) sustentou que tornar o Orçamento da União impositivo, de execução obrigatória, é a solução tanto para o programa espacial como para outros problemas nacionais.

Fonte: Agência Câmara de Notícias
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