domingo, 28 de dezembro de 2014

"O foguete Angará-A5 lança Rússia à nova órbita geopolítica?", artigo de José Monserrat Filho

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O foguete Angará-A5 lança Rússia à nova órbita geopolítica?

José Monserrat Filho

“Não podemos deixar o passado para trás e apenas cruzar os dedos: sabemos por experiência que a política, como a natureza, abomina o vácuo.” Tony Judt¹

A Rússia parece ter liquidado vários coelhos com uma só cajadada. O lançamento bem sucedido de seu novo foguete Angará-5A, peso pesado, em 23 de dezembro, da base russa de Plesetsk, é presente dos céus para o Natal do Kremlin – o primeiro foguete criado no país desde o fim da União Soviética (URSS). Veio resolver muitos de seus problemas espaciais estratégicos.

Não por acaso ou propaganda, foi chamado de “marco significativo na história da indústria de foguetes da Rússia, abrindo a ela o acesso independente ao espaço”.²

Na verdade, a Rússia reabriu esse acesso. A URSS já tinha conquistado esse privilégio em 4 de outubro de 1957, quando lançou o Semyorka³, poderoso foguete pioneiro que pôs em órbita o satélite não menos pioneiro, o Sputnik I. Mas a dissolução da URSS, a partir de 1990, rompeu a unidade da indústria aeroespacial soviética. Fábricas, escritórios de projetos e outras instalações essenciais ficaram distribuídos entre as novos países que se tornaram independentes. As lideranças nacionais de então não perceberam o mal que essa separação traria a todos eles.

A Rússia foi, claro, o país mais afetado. Ficou dependente do Casaquistão, onde se encontra  a histórica base de Baikonur – berço das maiores conquistas espaciais soviéticas –, e da Ucrânia, onde são produzidos e mantidos os foguetes Zenit, Dnepr e Cyclone.

Fabricado em Dnepropetrovsk, capital da indústria espacial ucraniana, o Cyclone já foi lançado da base de Plasetsk mais de 120 vezes, segundo o Ministério de Defesa russo.

Isso significa que, durante muitos anos ainda, depois do fim da URSS, os laços entre as indústrias militares e espaciais da Rússia e da Ucrânia se mantiveram firmes. A Ucrânia continuou fornecendo assistência técnica aos mísseis balísticos intercontinentais e veículos lançadores russos.

Além disso, o foguete ucraniano Zenit-3SL tornou-se peça essencial do consórcio “Sea Launch”, criado em 1995 por quatro empresas – da Noruega, Rússia, Ucrânia e EUA –, sob a égide da Boeing americana, para realizar lançamentos comerciais de uma plataforma marítima (Odyssey) estacionada no Oceano Pacífico, bem em cima da linha do Equador, posição ideal para lançamentos seguros e competitivos. Desde 1999, quando fez sua estreia, o Sea Launch efetuou 36 lançamentos, com três fracassos e uma falha parcial – uma média de dois lançamentos bem sucedidos por ano. Não é muito.

A ideia do lançamento marítimo era e é muito boa. Mas a operação ainda é muito cara e não atingiu o êxito comercial esperado.  Procuram-se alternativas.

A situação mudou muito com a crise econômica e política na Ucrânia, que, sem o cálculo devido, resolveu fazer o jogo da OTAN contra a Rússia.4 Ao romper a convivência normal com a Rússia e tentar vulnerabilizá-la, permitindo, por exemplo, que a OTAN ficasse a uma distância irrisória de Moscou, a Ucrânia deu-se mal e ficou na pior, inclusive e em particular na área espacial.

Hoje, ironicamente, até os países da OTAN enfrentam dificuldades para apoiá-la. Henry Kissinger, do alto de seus 91 anos, propõe como solução à crise na Ucrânia transformá-la em país neutro entre a União Europeia/OTAN e a Rússia, como ocorreu com a Finlândia durante a Guerra Fria, mantendo relações com a Europa e os EUA, mas sem hostilizar Moscou.5

A Rússia não demorou a sentir que devia acelerar a recuperação de sua indústria militar e espacial, tornando-a independente o mais cedo possível. Moscou foi mais realista do que Kiev.

O êxito do Angará-A5, lançado por tripulação militar da base militar de Plesetsk é fruto dessa virada. Ele pesa 773 toneladas e carrega até 25 toneladas, sendo capaz de lançar satélites de duas toneladas à órbita geoestacionária, a 36 mil km da Terra no plano da linha do Equador. Equipado com o motor RD-191, movido a combustível baseado em querosene e oxigênio, é considerado um dos propulsores mais generosos para o meio ambiente.

O Angará-A5 tem chance de substituir o Zenit-3SL no consórcio Sea Launch, onde a Rússia parece estar assumindo papel preponderante.

O Angará-A7, o maior foguete da família, pesará 1.133 toneladas e lançará cargas de 35 toneladas a baixas órbitas (193-220 km) e de 7,6 toneladas à órbita geoestacionária.

O Angará 1.2PP, sua versão mais leve, foi testado com sucesso em julho de 2014 (a primeira tentativa, em junho, teve de ser sustada segundos antes do lançamento).

A série Angará – obra do Centro de Pesquisa e Produção Espacial da empresa estatal Khrunichev, sediado em Moscou – reunirá todos os tipos de lançadores previstos para os futuros projetos da Rússia. O trabalho de quase duas décadas vai custar, ao todo, cerca de US$ 3 bilhões.

Atualmente, o Centro da Khrunichev pode fabricar dez Angará-5 por ano e aumentar essa produção se houver demanda, garante seu primeiro vice-diretor, Aleksander Medvedev. O programa deve estar pronto até 2020.

Os novos foguetes substituirão o Proton e o Soyuz, projetados e construídos por Serguey Korolev (1907-1966)6, o pai do programa espacial soviético, bem como o Zenit, Dnepr e Cyclone, fabricados na Ucrânia e usados muitas vezes no programa espacial russo. Aliás, o Cyclone-4 estava destinado a realizar lançamentos comerciais do Centro de Alcântara, no Maranhão, Brasil, sob o comando da binacional Alcântara Cyclon Space (ACS) – hoje em sérias dificuldades.

Cabe lembrar que a agência espacial russa, ROSCOSMOS, anunciou em novembro de 2014, que planeja construir nova estação orbital a partir de 2017, após cumprir suas obrigações com a Estação Espacial Internacional (ISS). A URSS e a Rússia acumularam ampla experiência em estações espaciais. A URSS criou e lançou as sete estações Saliut, entre 1971 e 1991. Depois veio a Mir (Paz ou Mundo, em russo), a primeira estação espacial modular, que operou entre 1986 e 2001, construída e lançada pela URSS e herdada pela Rússia. Por essas estações passaram dezenas de astronautas (ou cosmonautas, como se diz em russo) de inúmeros países, e ambos os programas estudaram a fundo a capacidade de sobrevivência da espécie humana no espaço. A Mir ainda detém o recorde de mais longo voo espacial humano único: Valery Poliakov viveu ali, sozinho, 437 dias e 18 horas, entre 1994 e 1995.

Novos e poderosos foguetes, nova estação espacial, além de outros planos. Se tudo der certo, a Rússia estará reconstruindo uma indústria espacial independente e autossuficiente – agora com vantagens competitivas antes inexistentes –, e recuperando seu lugar entre os maiores protagonistas da Era Espacial.

Note-se que tais iniciativas arrojadas, em contexto geopolítico adverso, transcorrem num momento de crise econômica na Rússia, com o preço em queda do petróleo, produto central das exportações russas.

Será que aqui também o mercado acabará por determinar a política, as usual?

Quem viver, verá.

Referências

1) Judt, Tony, O mal ronda o mundo – Um tratado sobrre as insatisfações do presente (Ill Fares the Land), Objetiva 2011, p. 145.
2) Angara-A5 Launch Opens New Page in Russia's Space Exploration, Agência Sputnik, Moscou, 24 de dezembro de 2014.
3) R-7 Semyorka, primeiro míssil balístico intercontinental do mundo, mas nunca usado como tal, realizou 28 lançamentos de 1957 a 1961. Seu derivado  R-7A, foi utilizado entre 1959 a 1968. A OTAN (Organização do Atlântico Norte) o conhecia como SS-6 Sapwood e a URSS, como 8K71. Versão modificada do R-7 Semyorka, de dois estágios, 19 metros de altura e 137 toneladas (10,835 toneladas sem combustível) pôs em órbita o Sputnik-1, em 4 de outubro de 1957.
4) Mearsheimer, John J, Why the Ukraine Crisis Is the West’s Fault – The Liberal Delusions That Provoked Putin, Foreign Affairs, September/October 2014. pp. 77-89. O autor é professor de Ciências Políticas da Universidade de Chicago.
5) Kissinger, Henry, To settle the Ukraine crisis, start at the end, The Washington Post, 5 de maio de 2014.
6) Harford, James, Korolev, USA: John Wiley & Sobs, Inc., 199

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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

"Gestão do Tráfego Espacial: novos debates", artigo de José Monserrat Filho

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Gestão do Tráfego Espacial: novos debates

José Monserrat Filho*

Lubos Perek deve ser o pioneiro deste tema. Ao longo de seus 95 anos, o renomado astrônomo tcheco tornou-se perito em Direito Espacial sem deixar de ser astrônomo. É uma pessoa modesta, silenciosa e culta. Tive o privilégio de conversar com ele em vários eventos internacionais. Distinguido membro da Academia de Ciências da República Tcheca e da União Astronômica Internacional, Lubos Perek é nome do asteroide 2900, descoberto em 1972 por outro reconhecido astrônomo tcheco, Lubos Kohoutek.

Dez anos após, em 1982, Perek apresentou, no Colóquio Anual do Instituto Internacional de Direito Espacial, o ensaio intitulado “Regras de Tráfico para o Espaço Exterior”, peça obrigatória na bibliografia do assunto – hoje mais atual que nunca.

Perek nos dá clara noção da utilidade da gestão do tráfico espacial: Saber exatamente onde se encontra cada satélite ou nave espacial, no espaço aéreo ou no espaço exterior, de onde ele vem e para onde ele está indo, o que ele está fazendo e como está funcionando em dado momento, tendo em vista garantir a segurança das atividades espaciais, prevenindo colisões e interferências danosas, bem como proteger o meio ambiente da Terra e do espaço exterior.¹

Em 2006, a Academia Internacional de Astronáutica (IAA, na sigla em inglês) lançou o “Estudo Cósmico” sobre “Gestão do Tráfico Espacial”, produzido por um grupo de seus membros (inclusive Lubos Perek). O trabalho define o termo “Gestão do tráfego espacial” como “o conjunto de regras técnicas e normativas para promover acesso seguro ao espaço exterior, as operações no espaço exterior e o retorno do espaço à Terra livre de interferência física ou de rádio frequência.”

Essa definição confirma o princípio do livre acesso ao espaço consagrado pelo Tratado do Espaço de 1967. Sua ideia central é a de que os países, para lograrem o bem comum no espaço, devem obedecer a normas específicas, criadas em  seu próprio interesse.

Hoje, oito anos depois, a IAA volta a convocar uma equipe para rever e atualizar o tema da gestão do tráfico espacial. O plano de agora abandona “a imagem inicial de abstração visionária” e assume “o potencial de lidar de forma efetiva com os desafios correntes e emergentes de manter as atividades espaciais protegidas e seguras, sem interferir no que fazem todos os seus atores e ações presentes e futuras”, como frisa o primeiro comunicado da nova equipe de estudos da IAA, datado de 15 de dezembro de 2014.

O grupo, presidido por Kai-Uwe Schrogel, da Agência Espacial Europeia, tem dois anos para concluir a missão. O novo estudo deve ser lançado em 2016, ano do 10º aniversário do primeiro texto. A nova equipe tem composição ainda mais diversificada que a de 2006. Reúne cientistas, cientistas políticos, juristas, engenheiros, gestores, membros de órgãos governamentais, de organizações internacionais, de ONGs e da indústria. São, ao todo, 30 pessoas, de 17 países, entre as quais tive a honra de ser incluído.

Perek desta vez não está presente. Talvez por sua idade avançada.

Nosso mais recente encontro ocorreu durante o Congresso Internacional de Astronáutica de Nápoles, Itália, em 2012, onde ele apresentou excelente trabalho sobre “A situação atual da órbita geoestacionária”, mostrando o crescente congestionamento ali de lixo espacial e os perigos que isso implica para a população da Terra. Segundo apurou Perek, em 2011 havia na órbita geoestacionária 406 satélites ativos e 900 inativos devidamente catalogados. Ou seja, o número de satélites inativos era mais que o dobro do número de ativos. Isso sem falar na quantidade de detritos espaciais não catalogados – em geral com menos de 10cm –, que pode ser apenas estimada.

Indiretamente, Perek demonstrava, uma vez mais, o imperativo da gestão do tráfico espacial, que tem no lixo espacial um de suas maiores obstáculos a superar. Quando fui cumprimentá-lo pela apresentação, ele me confessou, com um sorriso meio triste: “Para mim, está ficando cada vez mais difícil e cansativo pesquisar e escrever trabalhos como esse.”

Mas as sementes plantadas por Perek e outros pesquisadores do tema têm tudo para dar frutos ainda mais majestosos e proveitosos. Se o estudo de 2006 fixou os conceitos básicos, o de 2016 deverá ir adiante e propor um plano concreto para pôr em prática a gestão do tráfico espacial.

Em 2017, o Tratado do Espaço de 1967 comemora 50 anos, como o código maior das atividades espaciais, ratificado por 103 países e assinado por 25, além de aceito como costume por todos os demais países – portanto, uma unanimidade global.

Por isso, o estudo de 2016 sobre a Gestão do Tráfico Espacial não poderia deixar de incluir em sua agenda a discussão do futuro do Tratado do Espaço e de toda a regulamentação das atividades espaciais – cada vez mais intensas e indispensáveis no mundo inteiro.

Se a gestão do tráfico aéreo é tão importante quanto complexa na Terra, que dizer da gestão do tráfico no espaço?!

O ordenamento do tráfico espacial, se realizado para o bem e no interesse de todos os países, como reza o Tratado do Espaço, contribuirá em muito para elevar a conquista espacial a novo patamar de segurança, confiança, solidariedade e civilização.

Quem anda pelo espaço, carrega consigo toda a evolução da Terra.

Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Espacial (SBDA). Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). 

Referências

1) Perek, Lubos, Traffic Rules for Outer Space, Proceedings of the 25th Colloquium on the Law of Outer Space, AIAA, 1983, pp. 37-42
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domingo, 21 de dezembro de 2014

SGDC: governo libera R$400 milhões

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Satélite SGDC recebe mais de R$ 400 milhões do governo

Brasília, 19 de dezembro de 2014 – O governo federal liberou R$ 404,7 milhões esta semana para a construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), projeto que levará internet de banda larga a municípios com menos de 50 mil habitantes e aprimorará a comunicação dos órgãos de Defesa Nacional.

O projeto, cujo orçamento total é de R$ 1,8 bilhão, está em andamento na França e tem a participação de técnicos brasileiros no seu desenvolvimento. Parte dos recursos é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

“Teremos um satélite próprio agora. Não precisaremos mais contratar serviços estrangeiros, resultando em economia aos cofres públicos, e levaremos internet a municípios pequenos onde é inviável implantar fibra ótica”, disse o diz o diretor de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra.

A licitação para a construção do satélite foi vencida por uma empresa francesa, a Thales Alenia Space. Mas ao contrário de outros satélites usados pelo Brasil, que são controlados por estações estrangeiras, o SGDC será 100% controlado por instituições nacionais.

Além disso, o contrato assinado em setembro último prevê transferência de tecnologia ao Brasil, por meio da empresa Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que atua como empresa integradora do projeto.

O satélite pesa 5,8 toneladas, tem vida útil de 15 anos e previsão de lançamento em 2016. Participam do projeto os ministérios das Comunicações, Defesa, e Ciência e Tecnologia, além das empresas Embraer e Telebras, e a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Cada órgão designou técnicos que foram enviados à França para adquirir capacitação tecnológica, visando o desenvolvimento futuro no Brasil de uma indústria no setor.

Fonte: Portal Brasil, via AEB.
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Bolívia no espaço

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A Bolívia comemorou ontem (20) o aniversário de um ano do lançamento do satélite de comunicações Tupac Katari, o primeiro do país, construído e lançado na China. Nos dias que antecederam o aniversário, o governo divulgou dados financeiros sobre as receitas geradas pelo satélite. Segundo dirigentes da Agência Boliviana Espacial (ABE), nos oito meses de operação (embora lançado em dezembro, o artefato foi declarado operacional apenas em abril), foram geradas receitas em torno de 6 milhões de dólares.

Para 2015, projeta-se um montante superior, de 15 a 20 milhões de dólares, decorrentes da prestação de serviços à estatal de telecomunicações Entel e também operadoras de televisão e empresas privadas.

E paralelamente ao aniversário, La Paz avança com seus planos de dispor de um satélite de observação terrestre.

De acordo com Ivan Zambrana, diretor da ABE, citado em reportagem da agência EFE, já existe de um desenho preliminar e especificações do sistema desejado, que se chamará Bartolina Sisa, homenagem a esposa de Tupac Katari, ambos lideres indígenas do século XVIII.

A expectativa é que no primeiro semestre de 2015 ocorra uma definição quanto a disponibilidade de recursos e também sobre quem será seu fabricante, que exigirá investimentos de 100 a 200 milhões de dólares, a depender das especificações finais. Apesar de ter fornecido o satélite de comunicações, a escolha por uma solução chinesa, a exemplo da feita pela Venezuela, não é uma certeza. Segundo Zambrana, ate o momento, empresas da China, França, Reino Unido, Espanha e Argentina demonstraram interesse na futura concorrência.

Embora seja o país mais pobre da América do Sul, a Bolívia passa por um bom momento econômico, graças à exportação de gás e a uma gestão econômica considerada prudente, o que tem permitido determinados investimentos. Entre 2007 a 2012, o crescimento anual de seu Produto Interno Bruto (PIB) foi de 4,8%, e a previsão para este ano é um crescimento acima de 5% (para efeito de comparação, o PIB brasileiro, se crescer, não superará 0,1%, segundo estimativas).
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pesquisadores da UnB se destacam na área aeroespacial

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Pesquisadores da UnB se destacam na área aeroespacial

Brasília, 18 de dezembro de 2014 – A Universidade de Brasília (UnB), por meio do trabalho de seus pesquisadores, conquistou méritos importantes na área aeroespacial neste ano. Alunos de Engenharia Elétrica, Marco Marinho, Ricardo Kehrle e Stanley Ramalho são nomes promissores da área. Os três concluíram o mestrado e se preparam para o doutorado no exterior.

Os três fazem parte do grupo do Laboratório de Processamento de Sinais em Arranjos de Sensores (Lasp) da UnB. Eles são orientados pelo professor João Paulo Lustosa, do departamento de Engenharia Elétrica.

Em 2013, Marinho trabalhou na Agência Aeroespacial Alemã (DLR). O estudante, que à época fazia mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UnB, foi convidado a realizar sua pesquisa em Munique.

Após nove meses no país, ele voltou ao Brasil e já tem data para retornar à Alemanha para realizar doutorado. “Sinais de posicionamento GPS” é o tema da pesquisa, que é apoiada pela UnB e pela DLR. A intenção é desenvolver uma solução de GPS mais segura. Em janeiro próximo Marinho viaja para a Alemanha.

“É um reconhecimento importante para a universidade, pois mostra que a instituição forma engenheiros tão bons quanto os que são formados fora”, avalia o estudante.

A cooperação com a DLR foi iniciada em 2012, quando o professor Lustosa foi docente visitante na Universidade Técnica de Munique. Essa parceria gerou outros frutos, como a atuação do pesquisador alemão Felix Antreich como professor visitante especial na UnB. Antreich, que chefiou o trabalho de Marinho em Munique, recebeu bolsa do programa Ciências Sem Fronteiras (CsF) para lecionar no Brasil.

Inovação - Ainda na área aeroespacial, recentemente a UnB fechou um acordo de cooperação com a Universidade de Wakayama do Japão na área de construção de microsatélites e nanossatélites. O representante dessa cooperação é Ricardo Kehrle, que foi aceito pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para desenvolver microsatélites no Japão pelo período de um ano.

Kehrle é coorientado pelos pesquisadores da agência alemã e, dessa forma, seu doutorado é parte de um projeto ainda maior, envolvendo Brasil, Alemanha e Japão.

O aluno explica que os microsatélites podem ser aplicados na detecção de queimadas pelo globo terrestre. “Por serem pequenos, eles geralmente têm a missão mais específica e um desenvolvimento mais rápido, então são ideais para estudo e para uso das universidades” afirma.

Como representante da UnB Kehrle trabalhará em Tóquio em conjunto com a Agência Espacial Japonesa (Jaxa), a Universidade de Tóquio e a Universidade de Wakayama, bem como vários outros parceiros internacionais.

Já o estudante Stanley Ramalho conclui mestrado em Engenharia Elétrica neste ano e, em fevereiro de 2015, segue para o doutorado na Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, como bolsista da AEB.

A bolsa é fruto de uma parceria entre o CNPq e a AEB, que se uniram para o desenvolvimento de atividades espaciais. Ramalho explica que a linha de pesquisa é a construção de um Middleware SOA, programa de computação que faz mediação entre outro software, para comunicação entre satélite e uma base terrestre.

O aluno conta que a sua expectativa para o doutorado é de grande crescimento pessoal e profissional. “Poderei partilhar conhecimentos com excelentes pesquisadores alemães em tecnologias espaciais, e voltar para o Brasil para aplicar o conhecimento adquirido no exterior”, afirma. “Será uma forma de retribuir à universidade e ao país o investimento na minha formação”, completa.

O professor Lustosa destaca que os projetos tiveram aspectos bastante positivos. “O primeiro deles na parte tecnológica; vemos que qualquer desenvolvimento que se faz no Brasil é altamente importante, ainda mais sendo na área aeroespacial, que é uma área bastante sensível”.

Além disso, o docente conta que há esforço para formar alunos no nível próximo ao dos alemães. “Tentamos manter o nível alto para que seja igual ou até melhor que dos lugares de ponta no mundo todo”. Para Lustosa, a cooperação é importante para a visibilidade da UnB e abre portas para a contratação de alunos da instituição.

Fonte: Secretaria de Comunicação da UnB, via AEB.
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"Brasil e China projetam novos satélites", artigo de José Monserrat Filho

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Brasil e China projetam novos satélites

José Monserrat Filho *

Os Presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Administração Nacional Espacial da China (CNSA) firmaram uma Carta de Intenções, em Pequim, no dia 9 de dezembro, apenas dois dias após o lançamento bem sucedido do CBERS-4. O ato de assinatura foi prestigiado pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, que assistiu ao lançamento do novo satélite, no dia 7.

O documento, embora não vinculante, confirma três itens de cooperação, que devem começar a ser executados já em 2015 como parte do Plano Decenal de Cooperação Espacial, aprovado basicamente em 2013, sendo agora desenvolvido e detalhado.

Os três itens são, em resumo:

1) Construir o CBERS-4A, a ser lançado em 2017:
2) Projetar e construir nova geração de satélites, a ser definida pelo Grupo de Trabalho encarregado de desenvolver e detalhar o Plano Decenal; e
3) Cooperar em aplicações dos dados de satélite do CBERS-4 e dos novos satélites da nova geração a ser desenvolvida; será criado um Grupo de Trabalho especial para estudar o modelo de cooperação a ser aplicado no caso.

A Carta de Intenções deixa claras as áreas definidas para a futura cooperação espacial entre os dois países.

Veja, a seguir, a íntegra da Carta de Intenções, assinado em 9 de dezembro passado, em meio às comemorações pelo sucesso do lançamento do CBERS-4 e pelo desempenho preciso em sua entrada em órbita, em seus primeiros testes e nas suas primeiras imagens enviadas à Terra.    

Carta de Intenções entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Administração Nacional Espacial da China (CNSA) sobre a Cooperação em Novos Satélites

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Administração Nacional Espacial da China (CNSA), doravante denominadas “Partes”,

Recordando o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China sobre Cooperação no Uso Pacífico da Ciência e Tecnologia Espaciais, assinado em Pequim no dia 8 de novembro de 1994;

Recordando o Protocolo sobre Cooperação em Tecnologia Espacial entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China, assinado em Brasília no dia 21 de setembro  de 2000;

Recordando a Política de Parceria Estratégica Global adotada pelos dois países, de acordo com a Declaração Conjunta assinada pela Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e pelo Primeiro Ministro da China, Wen Jiabao, no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 2012;

Recordando o Plano de Cooperação Espacial 2013-2022 entre a AEB e a CNSA, assinado em Guangzhou, no dia 6 de novembro de 2013;

Considerando a intensão das Partes de promover o papel da tecnologia espacial no desenvolvimento social, econômico e cultural dos dois países;

Considerando o significado e a influência do Plano Decenal Sino-Brasileiro de Cooperação Espacial no futuro da parceria espacial entre os dois países;

Tendo em vista o propósito de manter a continuidade do Programa CBERS de Satélites

e

levando em conta o sucesso dos lançamentos do CBERS-1, CBERS-2, CBERS-2B e CBERS-4,

As Partes concordam no que se segue:

1. Cooperação para o Satélite CBERS-4A

As Partes concordam em desenvolver em conjunto o Satélite CBERS-4A. O desenvolvimento do CBERS-4A terá como base os seguintes princípios:

(a) A participação de cada Parte no esforço de desenvolvimento e no investimento necessário permanecerá idêntico à ocorrida nos Satélites CBERS-3 e CBERS-4, ou seja, 50% para o Brasil e 50% para a China;

(b) A montagem, integração e teste do Satélite CBERS-4A serão realizados no Brasil;

(c) O lançamento do Satélite CBERS-4A terá lugar na China.

A decisão final sobre a cooperação para o desenvolvimento do Satélite CBERS-4A deverá basear-se na conclusão dos procedimentos internos de aprovação em cada país.

2. Cooperação para a Nova Geração de Satélites

(a) As Partes concordam em realizar estudos para desenvolver nova geração de satélites, incluindo a definição das missões, com base nos respectivos planos espaciais estratégicos de cada país.

(b) O Grupo de Trabalho do Plano Decenal de Cooperação Espacial será responsável pelos estudos sobre o plano de cooperação dedicado à nova geração de satélites e deverá reportar prontamente os resultados de seu trabalho para permitir a assinatura de acordos no momento necessário.

3. Cooperação em Aplicações de Dados de Satélite

(a) As Partes concordam em promover a cooperação em aplicações dos dados do Satélite CBERS-4 e da nova geração de satélites, bem como levar adiante a expansão da distribuição internacional dos dados do CBERS e executar a política de aplicações.

(b) As Partes concordam em organizar um Grupo de Trabalho para estudar o modelo de cooperação para aplicações dos dados de satélite.

Esta Carta de Intenções entra em vigor na data de sua assinatura.

Esta Carta de Intenções não cria obrigações legais para as Partes, tanto no direito interno quanto no direito internacional.

Assinado em Pequim, no dia 9 de dezembro de 2014, nas versões em inglês e chinês, ambas igualmente autênticas. Em caso de qualquer divergência de intepretação, prevalecerá a versão em inglês.

Pela Agência Espacial Brasileira            Pela Administração Nacional Espacial da China
  José Raimundo Braga Coelho                                        Xu Dazhe

* Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira.
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IAE: queima do Motor Foguete Híbrido H1

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IAE realiza Campanha de Ensaio de Queima do Motor Foguete Híbrido - H1

17/12/2014

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) realizou, no período de 17 a 25 de novembro, catorze ensaios de queima do motor foguete a propulsão híbrida (H1) no banco de ensaios do Laboratório de Propulsão Líquida da Divisão de Propulsão Espacial (APE). Esta segunda campanha testou o desempenho de diferentes combustíveis como a parafina, o HTPB e a cera apícola, todos combinados com o oxigênio gasoso. O desempenho do motor foguete H1 foi considerado satisfatório, pois validou o projeto dos sistemas de injeção e ignição modificados em consonância com os requisitos de funcionamento do motor, e ratificou os parâmetros propulsivos mais importantes como vazão mássica dos propelentes, pressão na câmara de combustão, empuxo e velocidade característica do propelente.

Objetivos:
O motor H1 tem entre os principais objetivos a capacitação do IAE no desenvolvimento da tecnologia de propulsão híbrida e o treinamento da equipe responsável pelos ensaios do Laboratório de Propulsão Líquida. O projeto tem como objetivos secundários desenvolver e testar tecnologias ou componentes como injetores, proteções térmicas, combustíveis não tóxicos e não poluentes e ignitores pirotécnicos, além de fomentar a formação acadêmica dos bolsistas PIBIC/IAE e doutorandos do ITA.

Descrição:
O princípio de funcionamento do motor híbrido se baseia na injeção de oxigênio gasoso no interior da câmara de combustão, onde se encontra o combustível sólido. O processo de combustão é iniciado por ignitores pirotécnicos gerando pressões da ordem de 15 bar e empuxo de 1 kN. O vídeo resume as atividades que marcaram esta segunda campanha de ensaios do motor H1.

Apoio:
O projeto é apoiado financeiramente pela ação transversal MCT/CNPq/AEB nº 33/2010 - Formação, Qualificação e Capacitação de RH em Áreas Estratégicas do Setor Espacial, no valor de R$ 216.000,00, aplicados na aquisição de insumos e componentes do motor e para equipar o bancos de teste da APE com sistema de linha de fogo, sensores e válvulas, além de permitir a contratação de bolsistas de desenvolvimento tecnológico.

No IAE a campanha contou com a colaboração da Divisão de Química, parceira no projeto, responsável pelo desenvolvimento de processos de manufatura dos combustíveis, carregamento e integração dos blocos ao tubo motor e montagem da tubeira de grafite; da Divisão de Mecânica, responsável pela usinagem de diferentes componentes do motor H1 e da Divisão de Integração e Ensaios, responsável pelo monitoramento das temperaturas na tubeira através de câmera térmica e pelos registros em vídeo dos ensaios. Na Divisão de Propulsão Espacial a APE-X, desenvolveu o sistema pirotécnico, executando o carregamento, instalação dos ignitores e operação da linha de fogo; o grupo do projeto L75 apoiou tecnicamente o projeto e a campanha do motor H1 e finalmente a APE-E que geriu e disponibilizou seus recursos humanos e infraestrutura de testes para a realização dos ensaios em banco com a supervisão da Coordenadoria de Segurança, DIR-CS.

Fonte: IAE/DCTA
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INPE, Itasat e transponder de coleta de dados

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INPE desenvolve novo transponder para satélites de coleta de dados ambientais

Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2014

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) acaba de desenvolver um novo transponder para coleta de dados ambientais. Denominado DCS (sigla em inglês para subsistema de coleta de dados), inicialmente o dispositivo estará a bordo do Itasat, um nanossatélite universitário realizado em parceria pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), INPE e instituições de ensino com o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), com lançamento previsto para 2015.

O transponder DCS foi entregue por dirigentes e pesquisadores do Instituto a representantes do projeto Itasat nesta terça-feira (16/12) na sede do INPE, em São José dos Campos (SP).

O INPE pretende utilizar o transponder digital nos futuros satélites do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA), que atualmente opera com o SCD-1 e SCD-2, lançados na década de 1990.

“É um marco importante em nossa missão de modernizar o SBCDA. A oportunidade de embarcar  o DCS no Itasat representa o primeiro passo para sua qualificação em voo”, diz Manoel Jozeane Mafra de Carvalho, chefe do Centro Regional do Nordeste (CRN) do INPE, em Natal (RN), onde foi desenvolvido o transponder e está em curso o projeto para uma nova geração de satélites para coleta de dados ambientais. “É um projeto com foco na continuidade dos serviços e, principalmente, na inovação tecnológica”.

Os satélites do SBCDA retransmitem informações de centenas de plataformas de coletas de dados (PCDs) instaladas por todo o país e alimentam o Sistema Nacional de Dados Ambientais (SINDA), operado pelo CRN/INPE. Os dados do SINDA são usados por instituições governamentais e do setor privado que desenvolvem aplicações e pesquisas em diferentes áreas, como previsão meteorológica e climática, estudo da química da atmosfera, controle da poluição e avaliação do potencial de energias renováveis.

Fonte: INPE


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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

AEL Sistemas tem novo presidente


Sergio  Gonçalves Horta é o novo Presidente da AEL Sistemas

A AEL Sistemas S.A. ("AEL"), uma das subsidiárias da Elbit Systems Ltd. e da Embraer, anuncia que Sergio Gonçalves Horta foi nomeado seu novo presidente.  Sergio Horta, que assumiu em 1º de dezembro, tem mais de 30 anos de experiência na indústria Aeroespacial e de Defesa. Antes de se juntar à AEL, em agosto de 2014, ele exerceu o cargo de Diretor de Novos Negócios, Programas e Contratos da Embraer Defesa & Segurança.

Sergio Horta substitui Shlomo Erez, que está saindo da AEL, onde exerceu a função de Presidente desde 2007. Shlomo Erez irá continuar próximo à AEL, atuando como conselheiro da empresa em áreas estratégicas.

Sergio Horta tem o título de MBA do Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA e da Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM, Especialização em Gerenciamento de Negócios do Instituto Nacional de Pós Graduação - INPG e é Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

Mauro Gandra, Presidente do Conselho de Administração da AEL, cumprimentou Sergio Horta pela sua nova posição e desejou-lhe sucesso na liderança da empresa rumo a continuadas realizações.  Em nome de toda a organização AEL, Gandra agradeceu Shlomo Erez por sua contribuição, durante muitos anos, para o sucesso da empresa, posicionando a AEL como uma empresa líder em Defesa no Brasil.

Fonte: AEL Sistemas, com edição do blog Panorama Espacial.
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"Desafíos del Sector Espacial Latinoamericano"

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Entre os dias 4 e 5 deste mês aconteceu na cidade de Bariloche, na Argentina, o seminário "Desafíos del Sector Espacial Latinoamericano", organizado pela Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) e pelas empresas estatais ARSAT e INVAP.

O evento contou com a participação de várias instituições espaciais da América Latina, e segundo divulgado pela CONAE, "funcionou como um espaço no qual foram apresentadas as atividades atuais e os respectivos projetos futuros, com a missão de identificar necessidades e horizontes comuns e estabelecer linhas de trabalho conjunto, promovendo deste modo sinergias que potencializem o seu desenvolvimento."

Foram destacados no encontro a necessidade de uma maior integração e cooperação regional para o desenvolvimento do setor, inclusive a formação de recursos humanos. Ainda, vários representantes de instituições presentes propuseram a criação de uma agência espacial regional ou organização similar para promover projetos e iniciativas conjuntas.

Estiveram presentes entidades da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Do Brasil, participaram a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), além da Visiona Tecnologia Espacial.
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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cooperação Venezuela - Nicarágua

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A Venezuela e a Nicarágua devem em breve firmar um acordo de cooperação no campo espacial. Segundo reportagens locais, o governo venezuelano ofereceu acesso às capacidades dos satélites Simon Bolívar, de comunicações, e Miranda, de sensoriamento remoto, para o monitoramento de movimentos sísmicos e mitigação de desastres naturais.

A oferta foi feita durante visita da comitiva liderada pelo ministro venezuelano Manuel Fernandez, de Ciência e Tecnologia, ao país centro-americano na semana passada.

A Nicarágua, alias, deverá em breve contar com seu primeiro satélite de comunicações. Está previsto para o terceiro trimestre de 2016, o lançamento do Nicasat-1, adquirido da chinesa China Great Wall Industry Corporation (CGWIC) em 2012 por cerca de 250 milhões de dólares.

Este deverá ser o terceiro satélite geoestacionário fornecido pela CGWIC para países latino-americanos, depois do venezuelano Simon Bolívar (também conhecido como Venesat-1), lançado em outubro de 2008, e do Tupac Katari, da Bolívia, colocado em órbita em dezembro de 2013.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Mensagem de Final de Ano

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Aos nossos leitores, amigos e colaboradores, nossos votos de um Feliz Natal e ótimo 2015.

Seguindo a tradição, este também é o momento para agradecermos a todos pelo interesse, participação e reconhecimento. Já são quase sete anos de jornada, com seus altos e baixos.

Vamos continuar no mesmo caminho em 2015, buscando trazer conteúdo com informações de qualidade e confiáveis.

André M. Mileski
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domingo, 14 de dezembro de 2014

"Por que o CBERS-4 é um sucesso?", artigo de José Monserrat Filho

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Por que o CBERS-4 é um sucesso?

José Monserrat Filho

O lançamento bem sucedido do CBERS-4 é um fato que transcende o êxito tecnológico da parceria entre Brasil e China, iniciada ainda nos anos 80. Naquela época, os dois países em desenvolvimento não encontraram nenhum país desenvolvido para realizar um trabalho conjunto de tal monta.

O novo satélite sino-brasileiro de recursos naturais da Terra – o quinto da série – foi lançado com absoluta precisão pelo foguete chinês Longa Marcha 4B, do Centro Espacial de Taiyuan, no Sul da China, às 11h26 da manhã de domingo, 7 de dezembro (01h26 pela hora do Brasil), e alcançou sua órbita a 742,5 km da superfície do planeta. E logo começou a produzir suas primeiras imagens, vistas já no dia seguinte. Sua inclinação em relação à Terra é de 98,6 graus, como previsto. E sua vida útil está estimada em três anos.

Antes do CBERS-4, foram lançados com sucesso o CBERS-1, em 1999, o CBERS-2, em 2003, e o CBERS-2B, em 2007. A subida do CBERS-4, inicialmente programada para dezembro de 2015, foi antecipada em nada menos do que um ano para substituir o CBERS-3, cujo lançamento falhou em dezembro de 2013. Antecipar em um ano o lançamento do CBERS-4 significou na prática o desafio de estreitar os cronogramas, reduzir os prazos, aumentar a vigilância em todos os detalhes, aprofundar o rigor nos testes, e redobrar o trabalho normalmente executado para montar, integrar e preparar um satélite. O esforço foi feito com total empenho e competência. O resultado comprova o alto nível e a dedicação das equipes técnicas do Brasil e da China.

Satélites como o CBERS-4 são ferramentas poderosas e indispensáveis para monitorar o território de países de extensão continental, como Brasil e China. As imagens obtidas permitem vasta gama de aplicações – desde os mapas das queimadas, do desflorestamento da Amazônia e da expansão nem agrícola nem sempre legal, até estudos de desenvolvimento das cidades, estradas, dos rios, dos recursos hídricos.

O Programa CBERS, desde o início, levou à criação e ao desenvolvimento do parque industrial brasileiro na área espacial. Nossas empresas espaciais surgiram, se qualificaram e continuam se modernizando para atender às demandas da parceria sino-brasileira, e de outro projetos que agora despontam. Nossa política industrial estimula a qualificação de fornecedores e a contratação de serviços, bem como a construção de componentes, partes, equipamentos e subsistemas junto a empresas nacionais, o que exige mais e mais especialistas, engenheiros e técnicos.

Graças à política de acesso livre aos dados de satélites, iniciativa pioneira em boa hora adotada pelo Brasil, as imagens do CBERS são e seguirão sendo distribuídas gratuitamente a qualquer usuário pela Internet. Isso veio popularizar as atividades de sensoriamento remoto e fez crescer o mercado de geo informação no país. Essa política também favorece países da América Latina e da África.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) distribui cerca de 700 imagens por dia a mais de 70 mil usuários e suas instituições que trabalham com o meio ambiente, e ajudam a semear a almejada e imprescindível responsabilidade ambiental, um clamor do nosso século.

O CBERS-4 tem sofisticado conjunto de câmeras, com desempenhos geométricos e radiométricos aperfeiçoados em relação aos CBERS anteriores. São quatro câmeras: Imageador de Amplo Campo de Visada (WFI), Imageador de Média Resolução (MUX), Imageador Infravermelho (IRS) e Imageador de Alta Resolução (PAN).

Fruto de brilhante inovação, MUX é a primeira câmera para satélite inteiramente projetada e produzida no Brasil. Com 20 metros de resolução e multi espectral, ela registra imagens no azul, verde, vermelho e infravermelho, em faixas distintas. Suas bandas espectrais têm funções bem calibradas para serem usadas em diferentes aplicações, sobretudo no controle de recursos hídricos e florestais. “Uma imagem é gerada em apenas cinco minutos para uma base solicitante, como a de Cachoeira Paulista (SP), por exemplo”, informou João Vianei Soares, do INPE, responsáveis pelas aplicações do satélite. O CBERS-4, portanto, contém avanços tecnológicos importantes alcançados por equipes brasileiras.

Com duas toneladas de peso e equipado com quatro câmaras o CBERS-4 dará 14 voltas no planeta por dia, em órbita polar. Em baixa resolução, ele produz imagens de toda superfície em cinco dias; em média resolução esse tempo é de 26 dias; e em alta resolução, de 52 dias.

A ponta do iceberg – Mas o sucesso do CBERS-4 é apenas a ponta de um grande e crescente iceberg – as relações mutuamente benéficas entre o Brasil e a China nas mais diversas e relevantes áreas. Basta ver o tamanho da agenda atual de programas e projetos que hoje mobilizam os dois países, sem falar no Plano Decenal de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação, e no Plano Decenal de Cooperação Espacial – com itens já em andamento.

Cabe lembrar que, desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos diretos no país. Em 2012, por exemplo, o comércio bilateral registrou US$ 75,4 bilhões: o Brasil exportou para a China US$ 41,2 bilhões e importou daquele país US$ 34,2 bilhões, obtendo, como resultado, um superavit de US$ 6,9 bilhões..

A III Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), principal mecanismo da cooperação entre os dois países, realizou-se em Cantão, na China, em novembro de 2013, presidida pelo Vice-Presidente do Brasil e pelo Vice-Primeiro-Ministro do Conselho de Estado da China. As primeiras Reuniões da COSBAN foram realizadas em 2006, em Pequim, e em 2012, em Brasília. Criada em maio de 2004, a COSBAN tem onze Subcomissões, que cobrem todo o universo das relações bilaterais. São elas: Econômico-Financeira; de Inspeção e Quarentena; Educacional; Política; de Cooperação Espacial; Econômico-Comercial; de Agricultura; Cultural; de Ciência e Tecnologia; de Energia e Mineração; e de Indústria e Tecnologia da Informação. Conta também com Grupos de Trabalho sobre temas específicos, como investimentos; propriedade intelectual; questões aduaneiras; esportes, entre outros.

Como resultado do trabalho de algumas dessas Subcomissões, os Centros Brasil-China de Nanotecnologia e de Mudanças Climáticas e Tecnologias Inovadoras para Energia já estão em funcionamento e procuram promover os seus planos e projetos.

O navio hidroceanográfico Vital de Oliveira, peça fundamental do projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidroviárias (INPOH), está sendo construído no estaleiro de Xinhui, na China, e deve ser entregue em 2015.

O 2º Diálogo de Alto Nível Brasil–China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação deverá ser realizado em Brasília, no primeiro semestre de 2015. De sua agenda já constam questões da área espacial, a presença de empresas chinesas no Brasil, como a Baidu e a Huawei, acordos entre universidades dos dois países e o programa “Ciência Sem Fronteiras”. A Academia de Ciências da China (CAS) participará do evento, o que certamente abrirá novas perspectivas de cooperação.

O 1º Diálogo teve lugar em Pequim, em 2011, e abordou parcerias em agricultura, energias renováveis, nanotecnologia, segurança alimentar e tecnologias da informação. Atualmente, há apenas 253 estudantes brasileiros na China, que frequentam cursos ministrados em inglês. A meta comum é aumentar esse número e intensificar a mobilidade acadêmica daqui para lá e de lá para cá.

Vale ainda acrescentar que Brasil e China estão juntos no fórum BRICS, ao lado da Rússia, Índia e África do Sul. Na Conferência de Cúpula do BRICS, realizada no Brasil (em Fortaleza), em julho de 2014, foram assinados os acordos que estabeleceram o Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).

Os dois mecanismos, como escreveu Paulo Nogueira Batista Jr. (O Globo, 12/12/2014), “podem inclusive cooperar” com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, “mas foram concebidos para serem autoadministrados e atuarem de forma independente”. Ainda segundo Paulo Nogueira, o CRA e o NDB são a primeira “alternativa potencial” ao FMI e ao Banco Mundial, “dominadas pelas potências tradicionais – os EUA e a União Europeia”.

Bilateralmente ou em grupo, no espaço ou na Terra, China e Brasil estão fazendo história, capaz de dar novo rumo à crise que o mundo vive hoje.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Imagens do CBERS 4 processadas no Brasil

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Imagens de câmeras brasileira e chinesa do satélite CBERS-4 são processadas pelo INPE

Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2014

Imagens das câmeras WFI e PAN do satélite sino-brasileiro CBERS-4 foram processadas nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A WFI, segunda câmera brasileira a bordo do CBERS-4, e a PAN, um dos dois instrumentos chineses, registraram imagens da região de São Felix do Xingu (PA).

Na segunda-feira (8), um dia após o lançamento do CBERS-4, o INPE já havia processado imagens da MUX, a outra câmera nacional a bordo do satélite sino-brasileiro.

Para os técnicos do INPE, embora as câmeras estejam ainda em fase de testes, as imagens são promissoras e devem garantir ao Brasil aprimorar suas atividades de monitoramento de florestas, recursos hídricos, agricultura, entre outras aplicações.

Características das câmeras, informações sobre o satélite e o Programa CBERS estão nas páginas www.cbers.inpe.br e www.cbers.inpe.br/hotsite.

Fonte: INPE

Imagem da câmera brasileira WFI registra regiao da Amazônia


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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cooperação Brasil - China: lançadores (!?)

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Ministro Campolina assina acordo de colaboração espacial com a China  

Brasília, 10 de dezembro de 2014 – O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, assinou carta de intenções com a Administração Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla em inglês) ontem (9), antes de embarcar de volta ao Brasil.

“Assinamos um acordo de colaboração para os próximos dez anos”, disse o ministro. “A partir dele, vamos discutir as etapas técnicas e os cronogramas das futuras atividades. Há um desejo mútuo de continuar trabalhando junto”.

Segundo ele, a carta de intenções abre possibilidade de desenvolver um programa conjunto de foguetes lançadores – atividade dominada pela Corporação Chinesa de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (Casc, na sigla em inglês), cuja sede o ministro conheceu na segunda-feira (8). “Na cooperação atual, o Brasil trabalha mais com o satélite, enquanto a Casc se encarrega, na China, de toda a preparação do veículo lançador”, explicou Campolina.

Na sede da CNSA, em Pequim, o ministro viu imagens do satélite Cbers-4, lançado domingo (7), da base de Taiyuan, de onde o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já realiza testes de câmeras.

Encontro - No país asiático desde quinta-feira (4), Campolina também se encontrou com o ministro chinês da Ciência e Tecnologia, Wan Gang, na segunda-feira (8), quando os gestores discutiram pautas comuns. Gang esteve no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em agosto de 2012.

“Tivemos uma longa conversa sobre nossas agendas comum. Estamos programando o 2º Diálogo de Alto Nível Brasil–China em Ciência, Tecnologia e Inovação, a ser realizado em Brasília, no primeiro semestre de 2015″, informou Campolina.

Ocorrida em 2011, em Pequim, a primeira edição do Diálogo de Alto Nível abordou parcerias em agricultura, energias renováveis, nanotecnologia, segurança alimentar e tecnologias da informação.

“Agora, estamos discutindo os temas mais relevantes da cooperação, como a área espacial, a presença de empresas chinesas no Brasil, a exemplo da Baidu e da Huawei; os convênios entre universidades dos dois países e o programa Ciência sem Fronteiras”, disse.

Campolina recordou o entendimento firmado entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente chinês, Xi Jinping, em visita oficial ao Brasil, em julho último, para ampliar a participação do país asiático no programa de mobilidade acadêmica. “Neste momento, temos 253 alunos aqui, com intenção de aumentar o número. As universidades chinesas estão muito bem preparadas. Encontramos pessoas falando e dando curso em inglês. Então, não há dificuldade de inserção dos estudantes. E eles têm muita fronteira de pesquisa”, observou o ministro.

Diálogo - Ontem (9), Campolina também participou de reunião na Academia Chinesa de Ciências (CAS, na sigla em inglês). “Fizemos uma longa discussão dos interesses comuns. Eles nos apresentaram suas atividades e abordamos iniciativas brasileiras, como o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento”, disse. “Convidamos a entidade para o Diálogo de Alto Nível no Brasil e planejamos, inclusive, discutir a colaboração Sul-Sul”, informou. “Ou seja, além da parceria bilateral, estamos querendo estender algum tipo de serviço para a América Latina e a África, como imagens de satélite”.

Também onte, Campolina conheceu o centro de demonstração de soluções da Huawei em Pequim. O ministro lembrou que a companhia doou parte dos equipamentos dos Centros de Dados Compartilhados (CDCs) de Manaus e Recife, em parceria dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC), por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). “A empresa ainda tem um centro em Sorocaba (SP), para o qual avisaram que devem aumentar os investimentos em pesquisa”, informou.

A missão brasileira à China começou na sexta-feira (5), em Xinhui, quando Campolina visitou o estaleiro que desenvolve o navio hidroceanográfico Vital de Oliveira, que integra o projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidroviárias (Inpoh). De lá, a delegação seguiu para Taiyuan, onde acompanhou o lançamento do Cbers-4 e se deslocou para Pequim, onde cumpriu agenda nos dois últimos dias.

Acompanharam o ministro o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, o diretor geral do Inpe, Leonel Perondi, o ex-ministro de C&T, Marco Antonio Raupp, e o diretor de Planejamento, Orçamento e Administração da AEB, José Iram Mota Barbosa.

Fonte: MCTI

Comentário do blog: interessante (e curiosa) as discussões (imagina-se, bem preliminares) sobre a possibilidade de cooperação em veículos lançadores com a China, por seus reflexos internacionais (leia-se, ITAR, legislação americana que restringe exportações de tecnologias sensíveis). Ressalte-se, aliás, que desde o seu início o programa CBERS jamais envolveu transferência tecnológica, o que não impediu, porém, que indústrias e instituições brasileiras envolvidas na missão sofressem restrições decorrentes da legislação americana.
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CBERS 4: primeiras imagens da MUX

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Em fase de testes Cbers-4 envia primeiras imagens a Terra

Brasília, 9 de dezembro de 2014 – O satélite sino-brasileiro Cbers-4, lançado ao espaço no domingo (7) da base espacial de Taiyuan, na China, enviou ontem (8) as primeiras imagens de teste à Terra. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pela produção do satélite no Brasil. Segundo o órgão, o Cbers funciona conforme o programado.

O diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Petrônio Noronha de Souza, explica que esta fase de testes, denominada de comissionamento, dura em torno de três meses, ao final da qual o satélite passa a enviar as fotos que são disponibilizadas aos usuários. Nesse período o Cbers-4 ainda fará ajustes de órbita.

O satélite é equipado com quatro câmeras de alta resolução, entre elas a MUX, primeira câmera para satélite inteiramente desenvolvida e produzida no Brasil. “Uma imagem é gerada em apenas cinco minutos para uma base solicitante, como a de Cachoeira Paulista (SP), por exemplo”, diz João Vianei Soares, do Inpe, responsáveis pelas aplicações do satélite.

O Cbers tem capacidade de 15 minutos de gravação por dia e se desloca a uma velocidade de 4,2 km por segundo, informa Soares. O satélite dá 14 voltas no planeta por dia, completando cada órbita em 100 minutos.

As quatro câmeras do Cbers enviarão imagens de áreas que variam de 120 km a 860 km de extensão. Elas possibilitam o mapeamento de áreas agrícolas, geológicas e monitoramento de áreas de desmatamento de quase 90% do território da América do Sul e também da China.

Em função de acordos de parcerias governamentais, também são disponibilizadas, gratuitamente, imagens do continente africano para alguns países da África.

Fonte: AEB, com informações do INPE.

Abaixo, imagem do litoral do Rio de Janeiro gerada pela câmera MUX. Crédito: INPE
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ariane 6, o futuro lançador europeu

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Os últimos dias tiveram importantes notícias envolvendo o espaço, como o primeiro voo de testes da nave norte-americana Orion e, particularmente para o Brasil, o bem sucedido lançamento do CBERS 4.

Outro importante acontecimento, que terá importantes reflexos futuros no mercado comercial de lançamentos de satélites, se deu na reunião da comissão ministerial da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) em Luxemburgo, entre os dias 2 e 3, com a aprovação de uma resolução de acesso europeu ao espaço oficializando o desenvolvimento do futuro Ariane 6, assim como de uma nova versão do lançador italiano Vega.

Os países membros da ESA concordaram em investir 8,2 bilhões de euros ao longo de dez anos em programas de lançadores, com pouco mais da metade destinado ao Ariane 6, que deve estar operacional em 2020. Será um foguete de três estágios com capacidade de satelitização em órbita de transferência geoestacionária de 3.5 a 6.5 toneladas, dependendo da configuração.

Quando operacional, terá duas configurações: uma com dois e ou outra com quatro strap-on boosters (numa tradução apressada, algo como propulsores acoplados ao corpo principal) de combustível sólido. O propulsor, denominado P120, será desenvolvido dentro do programa e também equipará no futuro o primeiro estágio do Vega.

Joint-venture da Airbus e Safran

Em concerto com a decisão sobre o Ariane 6, os grupos europeus Airbus e Safran anunciaram em 3 de dezembro a criação da joint-venture (JV) Airbus Safran Launchers, oficializando o memorando de entendimentos firmado em junho.

Com um número inicial de 450 empregados e começando suas operações em 1º de janeiro de 2015, a Airbus Safran Launchers estará envolvida na industrialização do Ariane 5, além de trabalhar numa nova família de veículos lançadores para "manter a posição de liderança da Europa na indústria espacial". A formalização da JV marca a fase inicial da transação. Num segundo momento, todas as atividades do grupo Airbus e da Safran relacionados a veículos lançadores serão integrados à nova empresa, o que deverá também gerar outros movimentos de consolidação industrial no setor espacial europeu.

Ariane 5: sexta missão bem sucedida de 2014

E por falar em Ariane 5, confirmando o seu status do lançador mais confiável disponível no mercado, voou com sucesso no último dia 6 a sua sexta missão do ano, lançada a partir da Guiana Francesa, com dois satélites de comunicações a bordo.

Este foi o 63º  lançamento consecutivo bem sucedido deste modelo, comercializado e operado pela Arianespace, e escolhido para levar ao espaço o futuro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), no final de 2016.
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domingo, 7 de dezembro de 2014

Missão do CBERS 4 em "bullet points"

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"Um grande passo no nosso programa espacial". Em nota divulgada após a confirmação do sucesso, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina, falou sobre o significado do programa CBERS. "O lançamento estreita a nossa cooperação bilateral e representa um grande passo no nosso programa espacial". "O CBERS-4 será de extrema importância para a sociedade brasileira, pois permitirá aprimorar o monitoramento terrestre, além de propiciar várias utilizações de acompanhamento do bioma amazônico, das áreas agrícolas, das cidades e da costa litorânea brasileira, além da prevenção de desastres naturais".

"Saiu um peso do peito". Pouco menos de um ano após a falha no lançamento do CBERS 3, os técnicos brasileiros e chineses envolvidos na missão respiraram aliviados com a inserção do artefato em órbita. "Saiu um peso do peito", disse Antonio Carlos de Oliveira, coordenador do segmento espacial do programa CBERS, em reportagem da Folha de S. Paulo.

Comitiva na China. Acompanhando a missão do sítio de lançamento, estavam o ministro Clélio Campolina, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, o embaixador brasileiro na China, Valdemar Carneiro Leão, e outras autoridades brasileiras e oficiais das forças armadas. A viagem oficial à China começou no início da última semana e envolveu também uma visita ao estaleiro que está construindo um navio hidro-oceanográfico para a Marinha do Brasil.

E no Brasil. A missão foi também monitorada em tempo real pelo Centro de Controle de Satélites do INPE, em São José dos Campos (SP), por técnicos e engenheiros. Também estava presente o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Petrônio Noronha de Souza, além de representantes de indústrias nacionais participantes do programa.

200º lançamento do Longa Marcha. A missão sino-brasileira também teve uma marca significativa para a China. Foi o 200º lançamento da família de lançadores Longa Marcha (chang Zheng, em chinês), que leva este nome em homenagem ao momento homônimo na história comunista chinesa. A versão utilizada para levar o CBERS 4 ao espaço foi a 4B.

Indústria nacional. Várias indústrias nacionais participaram do CBERS 4, fornecendo subsistemas. Nomes como AEL Sistemas (suprimento de energia), Optoeletrônica (câmeras), Equatorial Sistemas (câmeras), Omnisys (transmissores, transpônder de coleta de dados), Mectron (gravador digital de dados), AMS Kepler (software de ingestão e gravação), Cenic (estruturas), Neuron (antenas, subsistemas de telemetria), Orbital Engenharia (parte elétrica do gerador solar), entre outras. Ao todo, foram investidos mais de R$300 milhões na contratação de sistemas e subsistemas junto a indústria brasileira.

"Não ser o primeiro a instalar armas no espaço", artigo de José Monserrat Filho

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Não ser o primeiro a instalar armas no espaço

José Monserrat Filho *

“Se o espaço exterior, sem fronteiras nacionais e abrigos naturais, está destinado a ficar repleto de armas, o maior perigo pode vir de acidentes, alarmes falsos e mau funcionamento dos sistemas de comando.” Alexei Arbatos e Vladimir Dvorkin in “Outer Space: Weapons, Diplomacy, and Security”, Carnegie Endowment for International Peace, USA, 2010, p. 100.

A grande imprensa brasileira não deu importância ao fato, mas a verdade é que a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, no dia 5 de dezembro, uma resolução recomendando a seus 183 países-membros que nenhum deles seja o primeiro a instalar armas no espaço.

A medida não tem força de lei, mas seu peso político não é nada desprezível.

Aprovada por 126 votos, com 40 abstenções e apenas quatro votos contrários (EUA, Geórgia, Israel e Ucrânia), a resolução indica, claramente, que, se houvesse democracia nas relações internacionais, os países derrotados não poderiam ignorá-la facilmente, como ocorre hoje.

A Rússia, autora da resolução, chamou esse resultado de “brilhante”. Segundo nota de sua chancelaria, “a vontade da comunidade internacional tem demonstrado vivamente que nossa iniciativa é importante, moderna e conta com amplo apoio”, informou o “Space Daily”.

A resolução, apresentada em outubro e aprovada inicialmente pelo Comitê de Desarmamento das Nações Unidas, teve mais de 34 países como co-autores, entre eles a Bielorússia, o Brasil, a China e Sri Lanka, que participaram ativamente na elaboração do projeto.

Há razões para tal mobilização. O cenário espacial inspira cuidados. Hoje, já existem armas prontinhas da silva para serem instaladas em órbitas da Terra. São as armas antissatélite, cuja tecnologia de desenvolvimento e produção há muito deixou de ser segredo para, pelo menos, três potências espaciais: Estados Unidos, China e Rússia.

Mas quem ousará ser o primeiro colocar armas no espaço? Há quem aposte nos EUA, onde alguns generais têm dito publicamente que a guerra no espaço é inevitável. Moscou não parece disposta. Os governantes chineses são comedidos e cautelosos. Tudo indica que eles já dispõem da tecnologia e do equipamento necessários para uma guerra espacial, mas não demonstram o desejo de anunciar essa capacidade aos quatro ventos. Pelo contrário. Em fevereiro de 2008, a China e a Rússia, unidas, apresentaram na Conferência de Desarmamento, em Genebra, Suíça, o projeto de um “Tratado sobre a Prevenção da Instalação de Armas no Espaço Exterior e da Ameaça ou Uso da Força Contra Objetos Espaciais”, cuja tramitação está bloqueada desde o começo

Se ratificado, sobretudo pelas grandes potências, esse tratado proibiria os países signatários de pôr em órbitas da Terra qualquer tipo de arma, bem como de empregar a força militar no espaço.

A diplomacia russa considera a resolução sobre o compromisso de “Não ser o Primeiro a Instalar Armas no Espaço” como “importante passo no avanço natural rumo à elaboração de um tratado obrigatório sobre “a Prevenção da Instalação de Armas no Espaço Exterior e da Ameaça ou Uso da Força Contra Objetos Espaciais”. A iniciativa inclui como elemento-chave o apelo para o início imediato das negociações na Conferência de Desarmamento em torno da preparação e adoção de um acordo vinculante para impedir a colocação de armas no espaço.

Cabe diferenciar com clareza os termos “instalação de armas no espaço” (weaponization of outer space) e “militarização do espaço” (militarization of outer space).

A militarização do espaço costuma ser entendida como o uso de meios espaciais para fins militares, o que vem ocorrendo desde a entrada em funcionamento, nos anos 60, dos primeiros satélites de comunicação. Hoje, as forças armadas de todo o mundo se valem de satélites para efetuar operações de comando e controle, reconhecimento, comunicação, monitoramento, alerta precoce e navegação baseadas nos sistemas de posicionamento global, como o popular GPS (Global Posicioning System) dos EUA, o GLONASS da Rússia, o GALILEO da União Europeia e o COMPASS da China (ora limitado à região Ásia-Pacífico, mas com plano de se tornar global). Assim, por estranho que pareça, o conceito de “uso pacífico do espaço” inclui o “uso militar do espaço”, desde que seja um “uso não agressivo”. Isso na teoria. Na prática, considera-se “pacífico” até mesmo o uso de satélites para direcionar bombardeios ou para comandar a capacidade de lançar um “imediato ataque global", que significa "a habilidade de controlar qualquer situação ou de derrotar qualquer inimigo em toda a gama de operações militares".

A “instalação de armas no espaço”, por sua vez, refere-se em geral à colocação em órbita de objetos com poder de destruir outros objetos espaciais pertencentes a outros países. Há, porém, quem defina como “armas espaciais” as que, embora não colocadas em órbitas, podem ser lançadas da Terra ou de aviões para aniquilar satélites ou naves espaciais. Concordo com essa visão, mas creio que, primeiro, devemos impedir a instalação de armas no espaço. Concordo também com quem considera “armas espaciais” aquelas que cruzam o espaço para atingir seus alvos no território ou no espaço aéreo de outro país. Isso, sem dúvida, é uma forma de usar a força militar no espaço. Ademais, muitos elementos integrantes do sistema de defesa antimíssil, que os EUA estão desenvolvendo, podem ser vistos como “armas espaciais”, pois podem destruir tanto mísseis balísticos quanto satélites, naves e qualquer objeto espacial artificial.

Até hoje, os conflitos bélicos têm ocorrido na superfície da Terra, nos mares e no espaço aéreo. A perspectiva agora é acrescentar a essa lista mais um teatro de guerra – o espaço.

A Carta das Nações Unidas, aprovada em 1945, é o primeiro tratado de toda a história humana que proíbe as guerras como forma de solucionar conflitos entre os países. Ela estabelece que todo e qualquer litígio entre as nações deve ser resolvido apenas e tão somente por meios pacíficos. E que o direito de auto defesa só é lícito para rechaçar um ataque de fora. Nenhum país tem o direito de ocupar outro país sob a alegação de estar se defendendo dele.

A Carta das Nações Unidas tem plena vigência também no espaço, do qual a Terra depende tanto e cada vez mais. Mas como o direito de auto defesa no espaço só seria aplicável por meio de um ataque preventivo – considerado ilícito em qualquer circunstância –, esse direito deixaria de ser de defesa para tornar-se, paradoxalmente, um “direito de agressão”. Logo, a guerra no espaço, que necessariamente exigiria ações antecipadas, deve ser terminantemente proibida.

Daí que o mais justo, legítimo e sensato é que cada país firme o compromisso de nunca ser o primeiro a colocar armas no espaço. Essa decisão abriria o caminho para, a seguir, fechar-se o espaço – sem exclusões ou exceções – a qualquer tipo de armas e à ameaça ou uso da força militar.

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). Este artigo reflete apenas a opinião do autor.
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Lançado o CBERS 4

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Lançado o satélite CBERS-4

Da base de Taiyuan, localizada a 700 km de Pequim, o satélite sino-brasileiro CBERS-4 foi lançado neste domingo (7) à 1h26 (no horário de Brasília; 11h26 em Pequim).

Na China, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, assistiu ao lado do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Clelio Campolina Diniz, e do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho. No Brasil, o lançamento foi acompanhado por especialistas do Instituto e convidados no Centro de Controle de Satélites do INPE, em São José dos Campos (SP).

O chefe do Centro de Rastreio e Controle do INPE, Pawel Rosenfeld, manteve contato com a comitiva brasileira e os engenheiros do Instituto que, durante meses na China, atuaram na preparação do satélite. A sequência de atividades para levar o CBERS-4 ao espaço foi narrada pelo coordenador do segmento espacial do Programa CBERS, Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior.

O satélite foi lançado pelo foguete chinês Longa Marcha 4B, composto de três estágios que utilizam combustível líquido (hidrazina e N2O4 como oxidante). O tempo total de voo até a injeção do CBERS em órbita foi de 12,5 minutos.

Quando atingido o ponto ideal da órbita, um comando liberou a trava do dispositivo que prendia o CBERS-4 ao foguete. O satélite, impulsionado por molas, afastou-se do lançador e entrou em órbita.

Em órbita, o CBERS-4 efetua uma revolução completa em torno da Terra a cada uma hora e quarenta minutos (100 minutos).

Satélite destinado à observação da Terra, o CBERS-4 irá gerar imagens para diversas aplicações - desde monitorar o desmatamento da Amazônia, passando pelo mapeamento da agricultura e da expansão das cidades, até estudos sobre bacias hidrográficas e queimadas.

Fonte: INPE
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sábado, 6 de dezembro de 2014

SSL fará novo satélite para América Latina

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A Space Systems/Loral (SSL), do grupo canadense MDA, foi selecionada pela operadora HISPASAT, da Espanha, para a construção de um novo satélite geoestacionário de comunicações, o Amazonas 5, com cobertura na América Latina.

Além de ampliar a oferta de capacidade para a região, a opção pelo satélite da SSL, de maior porte, foi uma das estratégias do grupo espanhol para minimizar a anomalia sofrida pelo Amazonas 4A, lançado em março deste ano e construído pela Orbital Sciences Corporation, dos EUA.

Inicialmente, havia a expectativa de que a HISPASAT contratasse uma nova missão, denominada Amazonas 4A, também com a Orbital, mas a falha no 4A fez a companhia mudar seus planos.

O Amazonas 5 contará com 35 transponders em banda Ka, oferecendo capacidade de transmissão em banda larga para toda a América do Sul, Central e México, e 24 de banda Ku, a serem usados para transmissão de sinais de TV, redes corporativas e outras aplicações em telecomunicações.

O negócio - o quarto da SSL para a mesma operadora, é mais uma noticia envolvendo o setor de comunicações por satélite na América Latina, mercado que tem apresentado significativo crescimento nos últimos anos, com destaque para o Brasil e o México.
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Por que e como saber tudo o que se passa no espaço?", artigo de José Monserrat Filho

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Por que e como saber tudo o que se passa no espaço?

José Monserrat Filho *

A Fundação por um Mundo Seguro (Secure World Foundation), uma organização não governamental (ong) norte-americana de grande prestígio, está colocando em debate o tema “Olhando bem o Espaço: Perspectivas e Iniciativas para Aumentar o Conhecimento da Situação do Espaço” (Seeing into Space: Perspectives and Initiatives for Enhancing Space Situational Awareness).

A discussão ocorre no Carnegie Endowment for International Peace, em Washington, Estados Unidos (EUA), nesta terça-feira, dia 9 de dezembro.

A expressão “Space Situational Awareness” (Conhecimento ou consciência da situação do espaço exterior) surgiu ao se perceber que as atividades espaciais realizadas a partir da Terra estão cada vez mais ameaçadas pelos detritos espaciais (debris) criados pela mão humana, pelo clima espacial e pelos objetos naturais que voam livremente no espaço, como meteoritos, asteroides, cometas e seus detritos.

O chamado “lixo espacial”, em franco crescimento devido à intensificação das atividades espaciais, representa hoje um dos maiores perigos para o funcionamento dos satélites ativos, como os de telecomunicações, de observação dos recursos terrestres, de navegação e posicionamento, que prestam inestimáveis serviços de utilidade pública para, praticamente, todos os países e povos do nosso planeta. Sem falar nos satélites e naves de uso militar, que vieram dar muito mais precisão e eficácia às ações bélicas.

Assim, compor o quadro real e permanente de tudo o que de importante se passa no espaço, em especial, nas órbitas próximas ou de interesse da Terra tornou-se uma necessidade estratégica vital e um imenso desafio tecnológico, sobretudo, para as grandes potências donas de vasto e valioso patrimônio espacial, base de sua capacidade científica, tecnológica e industrial, bem como de seu poderio militar.

A tarefa a enfrentar não é só caríssima mas também extremamente complexa. O conhecimento do espaço, em todos os seus múltiplos aspectos, é hoje um dos fatores que mais alarga e aprofunda o fosso da desigualdade econômica, militar, científica, tecnológica e cultural entre os países.

Não há uma definição comum ou consensual de “Space Situational Awareness”. Para a Fundação por um Mundo Seguro, esse conceito é comumente definido como “o conhecimento do ambiente espacial e das atividades espaciais, parte importante da sustentabilidade, proteção e segurança no espaço”. Eis uma definição sucinta que toca em pontos cruciais.

Talvez a definição mais geral seja aquela que se refere ao “conhecimento dos fluxos de partículas e energia no espaço próximo da Terra e dos objetos naturais e artificiais que passam ou orbitam por esse espaço, inclusive o estado passado, presente e futuro de seus componentes”. Isso englobaria o espaço situado num raio de, pelo menos, 100 km ao redor do nosso planeta, por onde voam ou voaram todos os objetos lançados pelos países e empresas da Terra, até mesmo as sondas que foram bem mais longe.

A Fundação Espacial (Space Foundation), ong que promove as empresas espaciais dos EUA, entende, de modo simples e pragmático, que a expressão diz respeito “à capacidade de ver, compreender e prever a localização física de objetos naturais e artificiais em órbitas ao redor da Terra, para evitar colisões”. Essa definição menciona os “objetos naturais”, mas não leva em conta o fato de que tais objetos não orbitam a Terra, apenas cruzam o espaço vizinho a ela. É um equívoco elementar.

A Agência Espacial Europeia (European Space Agency – ESA) elaborou uma definição mais ampla e abrangente, reunindo os três segmentos que costumam integrar o “Conhecimento da Situação do Espaço”:

1) Vigiar e rastrear objetos ativos e inativos, bem como os seus destroços (lixo), em órbita da Terra;
2) Monitorar o clima espacial – as condições do Sol, os ventos solares, a magnetosfera, a ionosfera e a termosfera da Terra, elementos capazes de afetar infraestruturas espaciais e terrestres, além de pôr em perigo a vida ou a saúde humana; e
3) Detectar objetos naturais que podem colidir com a Terra e causar danos e perdas imprevisíveis.

O Comando Estratégico dos EUA (US Strategic Command – Stratcom), que dispõe dos mais poderosos equipamentos para conhecer a situação do espaço a cada instante sustenta que essa atividade busca “o conhecimento atual e previsível dos eventos, ameaças, atividades e condições espaciais, o estado das capacidades dos sistemas espaciais (no espaço, na Terra e suas ligações), as restrições e os usos – presentes e futuros, amigáveis e hostis – para habilitar comandantes, governantes, planejadores e operadores a conquistarem e manterem a superioridade espacial em todo o espectro dos conflitos”. Tal missão abarcaria não só o segmento espacial, mas também as capacidades instaladas em solo que viabilizam o conhecimento buscado e explicam a razão pela qual esse conhecimento é relevante para o Comando Estratégico. A referência à “superioridade espacial” é sintomática.

Considera-se, em geral, que o “conhecimento da situação do espaço” está ligado a ameaças e perigos, mas ele pode igualmente mitigar ou reduzir as chances de ameaças e perigos, e até tirar algum proveito dos recursos potenciais existentes tanto nos detritos naturais, como naqueles feitos pela mão humana, dependendo, claro, dos objetivos visados.

Em nossos dias – e com certeza por muito tempo ainda –, os sistemas de “Conhecimento da Situação do Espaço” são e serão nacionais ou regionais, como acontece na Europa. Continuamos a viver na época do jogo geopolítico das grandes potências, que, em geral, preferem manter seus próprios sistemas de “Conhecimento da Situação do Espaço”. É inegável, porém, que, mais tarde ou mais cedo, a comunidade internacional terá de criar um sistema global para atender melhor as necessidades de informação e segurança espacial de todos os países.

Esse sistema global, com certeza, será baseado na aliança dos sistemas nacionais hoje existentes. O que mudará, parece lógico, é que o sistema global estará comprometido com os interesses e anseios da totalidade dos países, sejam eles grandes ou pequenos, pobres ou ricos, desenvolvidos ou em desenvolvimento, e não apenas à estratégia nacional desta ou daquela grande potência.

Se isso ocorrer, a Era da Globalização, de que tanto se fala hoje, deverá galgar um patamar efetivamente novo de entendimento, solidariedade e cooperação, capaz de mudar a trajetória histórica do nosso planeta.

Sonho de uma noite de verão? Ou exigência incontornável para a humanidade progredir, evoluir e sobreviver?

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro pleno da Academia Internacional de Astronáutica, Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). Este artigo reflete apenas a opinião do autor.
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1º Workshop Latino-Americano de Cubesats

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UnB sedia o 1º Workshop Latino-Americano de Cubesats

Brasília, 4 de dezembro de 2014 – A Universidade de Brasília (UnB) promove de segunda (8) a sexta-feira (12) em parceria com a Academia Internacional de Astronáutica (IAA, na sigla em inglês) o 1º Workshop Latino-Americano de Cubesats da IAA.

A proposta do evento é a de proporcionar à comunidade internacional latino-americana um fórum para apresentação e discussão na área de satélites universitários, em especial CubeSats.

O evento, que tem o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), será aberto pelo diretor da instituição, Petrônio Noronha de Souza. Entre os brasileiros que apresentam trabalhos de pesquisa estão Carlos Alberto Gurgel Veras, diretor da área de satélites da AEB; Lidia Sato, do projeto ITASat; Nelson Schuch, do projeto do NanosatC-Br; Pedro Aquino, do projeto Conasat; Eduardo Escobar Bürger, do projeto AESP-14, e Gabriel Figueiró, do projeto Serpens, coordenado pela AEB.

Entre os convidados do exterior estão Robert Twiggs, da Morhead State University e Jordi Puig Suari, da CalPoly, considerados os criadores dos satélites de pequeno porte. Participam ainda especialistas da Argentina, Colômbia, Alemanha, Polônia, México, Gana, Japão, Espanha e Paquistão, entre outros países.

Para mais informações visite o site: http://cubesatbrasilia.akamido.com/MzQ0NA==/

Fonte: AEB

Comentário do blog: uma análise da programação deste workshop evidencia bem o efeito de popularização da tecnologia espacial pelo mundo proporcionada pelos cubesats. Da América Latina, haverá apresentações de projetos executados, além do Brasil, na Argentina, Colômbia, Peru, México e Equador.
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

NanosatC-Br1: resultados de experimento tecnológico

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Resultados de experimento tecnológico do NanosatC-Br1 serão apresentados durante workshop em Brasília

Quarta-feira, 03 de Dezembro de 2014

O primeiro circuito integrado com proteção à radiação projetado no Brasil - um dos dois experimentos tecnológicos a bordo do NanosatC-Br1 - tem apresentado ótimo desempenho no espaço. Seus resultados serão apresentados no Workshop Latino-americano da Academia Internacional de Astronáutica sobre CubeSats, que acontece na Universidade de Brasília (UnB) de 8 a 11 de dezembro.

Projetado pela Santa Maria Design House (SMDH), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o circuito é um dos experimentos do cubesat NanosatC-Br1, projeto coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em cooperação com a UFSM para obter dados da campo magnético da Terra, fomentar a inovação tecnológica e formar pessoal especializado. A parceria tem dado oportunidade a universitários e jovens profissionais de atuarem ao lado e sob a supervisão de engenheiros e pesquisadores do INPE.

“Este circuito foi sugerido pela Divisão de Eletrônica Aeroespacial (DEA) do INPE em função de suas possíveis necessidades futuras em alguns dos projetos de satélites de maior porte do Instituto. Estes primeiros resultados são de grande relevância, pois os dados obtidos na parte do circuito projetada para resistir à radiação apresentam significativas tolerâncias quando comparados com os inúmeros SEE (single event effect) da parte do circuito sem esta tolerância”, informa o pesquisador Otávio Durão, do INPE.

Os dados obtidos com o NanosatC-Br1 serão combinados com os do Embrace, o Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial do INPE para a obtenção de outros resultados. Os dados fornecidos até aqui determinam de forma quantitativa a tolerância à radiação do circuito, e ajudam a validar a biblioteca de rotinas desenvolvida pela SMDH para projetá-lo.

“Além dos resultados do experimento tecnológico desenvolvido com a SMDH, serão apresentados no workshop em Brasília outros seis trabalhos relacionados ao NanosatC-Br1 e NanosatC-Br2 (em desenvolvimento), feitos por alunos, engenheiros e pesquisadores que participam destes projetos”, comemora Durão.

Confira o artigo e o pôster sobre o circuito integrado do NanosatC-Br1 que serão apresentados no workshop da Academia Internacional de Astronáutica.

Primeiro satélite científico nacional, o NanosatC-Br1 foi lançado em 19 de junho deste ano com a missão tecnológica de testar no espaço o circuito integrado projetado  totalmente no Brasil. O cubesat também cumpre a missão científica de coletar dados para estudo de distúrbios na magnetosfera, principalmente na região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, e do setor brasileiro do Eletrojato Equatorial Ionosférico, cujos primeiros resultados também demonstram êxito (confira aqui).

Mais informações: www.inpe.br/crs/nanosat

Fonte: INPE
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INPE, ITA e NASA discutem satélite conjunto

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Pesquisadores da NASA, INPE e ITA discutem missão na área de clima espacial

Terça-feira, 02 de Dezembro de 2014

Pesquisadores do Marshall Space Flight Center, ligado à agência espacial americana (NASA), e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), estiveram no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para discutir uma possível colaboração no desenvolvimento de um satélite tecnológico de monitoramento do Clima Espacial.

Em São José dos Campos (SP), o grupo se reuniu com os especialistas do Programa de Estudos e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace) do INPE, bem como da Divisão de Geofísica Espacial e da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial do Instituto, para falar sobre o objetivo tecnológico e de monitoramento da possível missão, o design do satélite e seus equipamentos a bordo.

Participaram do encontro: James Spann, Daniel Schumacher, Joe Cases e Stephen Spehn (MSFC/NASA), André L Pierre Mattei (ITA/DCTA), Clezio Marcos De Nardin, Otavio Santos Cupertino Durão, Joaquim Eduardo Rezende Costa, Marcelo Banik de Padua, Lígia Alves da Silva, Livia Ribeiro Alves, Eurico Rodrigues de Paula, Hisao Takahashi e Luis Eduardo Antunes Vieira (INPE).

Fonte: INPE
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Cooperação Brasil - Rússia: monitoramento de lixo espacial

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Russos querem ajuda brasileira para monitorar lixo espacial

Brasília, 2 de dezembro de 2014 – A presença de uma quantidade crescente de detritos espaciais, como satélites inoperantes, ferramentas, estágios de foguetes lançadores em orbita ao redor da Terra é um problema cada vez maior para o uso do espaço devido ao risco de choques entre tais objetos e satélites em operação e do estrago que os mesmos podem causar caso reentrem na atmosfera sem controle.

Enquanto esse problema não atinge as pesquisas dos astrônomos, técnicas astronômicas podem ser utilizadas para contribuir para sua solução. Com proposta nesse sentido, a Agência Espacial da Federação Russa (Roscosmos), com intermediação da Agencia Espacial Brasileira (AEB), propôs ao Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em Itajubá (MG), a possibilidade de instalar, no Observatório Pico dos Dias (OPD), uma estação para identificar, catalogar e monitorar detritos espaciais.

Trata-se de parte do projeto Panoramic Electro-Opical System for Space Debris Detection (PanEOS), que prevê a construção e operação de uma rede de instalações desse tipo na Rússia e em vários outros pontos do planeta.

Cada uma dessas estações terá um telescópio de 75 cm de abertura com campo de visão largo, além de alguns telescópios de menor porte. Serão monitoradas as regiões do céu com maior probabilidade de passagem de detritos espaciais (principal, mas não exclusivamente, a região equatorial).

Estima-se que haverá imageamento de todas as regiões de interesse até cerca de magnitude 19 (em noites sem lua) a cada noite com tempo aberto.

Visita - Como parte das conversas preliminares sobre a implementação do projeto o LNA recebeu uma delegação da Roscosmos que avaliou as condições no OPD, instalado a 1864 metros de altitude entre os municípios mineiros de Brazópolis e Piranguçu. Os russos concluíram que as condições são bastante favoráveis e demonstraram interesse em concretizar a estação do PanESO no local.

Nesse sentido o representante da agência e o diretor do LNA assinaram uma Carta de Intenções, por meio da qual as instituições se comprometem em colaborar para negociar um contrato formal objetivando instalar e operar tal estação no OPD.

Caberá ao LNA disponibilizar o espaço necessário para a instalação da estação de monitoramento e o fornecimento de apoio logístico limitado na fase da construção. A Roscosmos arcará com os custos e cuidara da contratação de empresas para a construção do prédio e da mão-de-obra técnica para as operações e a manutenção da estação, sendo que as instalações técnicas serão importadas da Rússia.

Para o LNA os benefícios da parceria robustecem as vertentes estratégica e científica. Na primeira, a eventual instalação da estação será enquadrada em um acordo bilateral entre os governos do Brasil e da Rússia sobre a Cooperação na Pesquisa e nos Usos do Espaço Exterior para Fins Pacíicos, de 1997. O MCTI e a AEB demonstraram interesse na realização do projeto e apoiam o LNA nesse sentido.

Quanto a científica, todos os dados provindos dos telescópios do PanEOS no OPD ficarão disponíveis à comunidade astronômica nacional para qualquer uso cientifico a critério dos nossos astrônomos.

Fonte: LNA, via AEB.
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Georreferenciamento para planejamento de emergências

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Indra contribui para planejar emergências de terremoto no Nepal 

A Indra elaborou mapas com informações georreferenciadas que ajudarão as autoridades do Nepal a avaliar possíveis riscos em que o país esteja exposto, caso sofra um terremoto de alta magnitude e que permitirão preparar planos de contingência.

Esses mapas são baseados em imagens de satélite e informações coletada de várias fontes e que fornecem inteligência aos processos de decisão.

O projeto para o Nepal faz parte do Serviço de Gestão de Emergências do programa europeu de observação da Terra Copernicus. Este serviço entrou em operação em abril de 2012 e permite fornecer mapas de forma imediata para responder às crises humanitárias ou desastres. Além de produzir mapas enriquecidos com informações para avaliar riscos e planejar a recuperação posterior de uma área.

No caso do Nepal, a Indra trabalhou na produção de mapas que ajudarão o país a determinar quais medidas podem ser tomadas para mitigar os danos e planejar uma eventual resposta a fortes terremotos.

Os diferentes produtos elaborados abrangem cinco distritos de sua geografia (Katmandu, Bhaktapur, Dhanusa, Siraha and Mahottari) e oferecem informações sobre a exposição a perigos vulneráveis, riscos e cenários de contingência e evacuação.

Os mapas estudam também a expansão das principais cidades desses distritos (áreas metropolitanas de Catmandu e Bhaktapur, Lahan, Jaleshwor e Janakpur), que vão ajudar as autoridades locais a obterem informações precisas para planejar uma resposta perante as emergências. Esse trabalho destaca-se por sua complexidade espacial, já que exigiu a entrega de mais de 700 mapas.

Segurança do Espaço

A Indra já foi responsável por oferecer outros serviços da Copernicus, como o projeto de saneamento de água impulsionado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC), na região de Darfur, no Sudão.

Nessa ocasião, os mapas produzidos pela Indra ofereciam informações sobre a distribuição da população na cidade de Nyala, mostrando os assentamentos improvisados que foram formados. O objetivo era facilitar o cálculo preciso da distribuição da população para planejar de forma correta a implantação da rede de saneamento e abastecimento de água.

Além disso, os mapas mostravam a situação dos diversos prédios não residenciais (hospitais, áreas comerciais e prédios institucionais), assim como a localização das principais infraestruturas hidrológicas, de transporte e fornecimento de energia.

A Indra também foi responsável por projetos realizados para a Autoridade Nacional de Proteção Civil de Portugal e para a Proteção Civil da Alemanha. No primeiro caso, os mapas forneceram informações úteis para ajudar as autoridades a recuperar áreas afetadas por incêndios florestais na serra do Caramulo. Já no segundo, consistiu em entregar os mapas que ajudaram a equipe de segurança alemã a projetar exercícios para treinamento e se preparar para intervir de forma eficaz em caso de inundação na área.

Por último, a companhia fez outro estudo para o serviço de emergências sobre a degradação ambiental causada pelo conjunto de campos de refugiados do Dadaab, no Quênia, ao longo do tempo. A existência da vegetação nas áreas próximas aos assentamentos é sumamente importante para a subsistência nestes campos. Sua exploração provoca certo impacto ambiental em torno das áreas habitadas. Alguns programas de recuperação específicos tentam corrigir este impacto. O demandante desse trabalho foi DG ECHO (Directorate General of European Union Humanitarian Aid and Civil Protection).

O Serviço de Gestão de Emergência da Copernicus da União Europeia pode ser ativado por qualquer agente europeu envolvido na gestão de crise, bem como pelas organizações internacionais de ajuda humanitária que a Comissão Europeia vier a solicitar. A Indra assinou um acordo que a distingue como prestadora desse serviço, a primeira empresa a se lançar de forma totalmente operacional dentro do programa de observação da Terra.

Experiência na Europa

Além de ser fornecedora de produtos cartográficos, a companhia tem uma longa participação no programa Copernicus, após firmar acordo para acolher em suas instalações em San Fernando de Henares (Madri), o centro principal de processamento e arquivo de imagens da missão Sentinel-2 da Copernicus.

A Indra trabalhou também em dezenas de projetos do programa, focados em desenvolver produtos e camadas de informações, tais como GMES Urban Services, GSE Land, BOSS4GMES, GEOLAND2, SAFER, G-MOSAIC, G-SEXTANT, G-NEXT, Initial GMES Service for Geospatial Reference Data Access, GIO-Land e GIO-Emergency.

Fonte: Indra
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