quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

"As novidades da cooperação espacial Brasil-França", artigo de José Monserrat Filho

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As novidades da cooperação espacial Brasil-França

José Monserrat Filho *

“Enxergar o que está diante do nosso nariz exige um esforço constante.” George Orwell (1903-1950), escritor inglês

O primeiro satélite brasileiro geoestacionário de defesa e comunicação (SGDC) será construído pela Thales Alenia Space. Para tanto, essa empresa francesa compromete-se a promover a absorção tecnológica por engenheiros brasileiros e a transferência de tecnologia para a indústria brasileira. Tais compromissos, considerados benéficos tanto para o Brasil quanto para a França, foram firmados em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2013.

A data marca nova etapa na cooperação franco-brasileira em áreas estratégicas de ciência e tecnologia. Os presidentes dos dois países, Dilma Rousseff e François Hollande, prestigiaram a assinatura de acordos para a instalação de uma infraestrutura de computação de alto desempenho, a transferência de tecnologia para o satélite geoestacionário de defesa e comunicações estratégicas e novas ações do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), para formar recursos humanos altamente qualificados.

Com ampla infraestrutura de computação de alto desempenho, a meta é transformar o Brasil em um dos líderes mundiais no setor nos próximos três anos. O plano prevê a aquisição de um supercomputador da empresa francesa Bull e a instalação de dois centros de pesquisa – um em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e outro no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A iniciativa beneficiará ainda a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entidades vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Assim, a nova fase de trabalho conjunto, projetada como abrangente e profunda, envolve indústrias de defesa e de bens de alta tecnologia – algo impensável há apenas um par de décadas.

A empresa mista brasileira Visiona Tecnologia Espacial S. A., por sua vez, firmou dois contratos: um com a empresa francesa Thales Alenia, para desenvolver o SGDC, e outro com a empresa Arianespace, também francesa, para lançar o satélite. A Visiona, primeira empresa brasileira prime-contrator (integradora), é uma joint-venture criada em 2012 pela entidade pública Telebras (Telecomunicações Brasileiras S.A.) e pela empresa privada Embraer S. A., tendo essa 51% e aquela 49% do seu capital.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Thales Alenia firmaram, a seguir, o memorando de entendimento que regula a absorção tecnológica e a transferência de tecnologia ao Brasil durante a construção do SGDC. O satélite pioneiro servirá para a comunicação do governo e para levar internet banda larga a municípios ainda não servidos pela Telebras.

Para Petrônio de Souza – diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, que assinou o memorando como presidente em exercício da AEB –, “o acordo de transferência de tecnologia é parte essencial do processo de aquisição do satélite”, incluindo sistemas eletrônicos a bordo, estruturas de maior porte e aplicações de dados.

Essa transferência abrange as telecomunicações via satélite, observação e meteorologia, entre outras áreas, e será concretizada ao longo de cinco anos. Ela é vista como base sólida para vários desenvolvimentos conjuntos e como parceria estrutural de longo prazo.

O plano de absorção e transferência de tecnologia, com início previsto para o próximo mês de abril, deve envolver cerca de 30 engenheiros brasileiros.

O mais alto mandatário da Thales Alenia, Jean-Loïc Galle, anunciou que a equipe da empresa “já está trabalhando duro para apoiar a estratégia de desenvolvimento espacial do Brasil, que vai garantir a independência e a soberania do país no médio prazo".

E o vice-presidente da Thales para América Latina, Cesar Kuberek, disse que o contrato firmado com a Visiona foi um dos cinco concluídos pela empresa em 2013, e foi o ponto de partida para ampliar a presença da Thales nos países da América Latina, “a fim de reforçar sua independência e soberania”, atendendo a clientes civis e militares. Segundo ele, a “parceria ambiciosa” com a AEB incluirá “o desenvolvimento futuro do sensoriamento remoto no Brasil”.

Vale notar que as promessas de “garantir” e “reforçar” a independência e a soberania dos países parceiros por parte de uma empresa de porte global como a Thales surgem como grata novidade nos 56 anos da história das atividades espaciais e certamente refletem as importantes mudanças ocorridas no mundo, sobretudo na última década.

A Era Espacial teve início em outubro de 1957, com o lançamento do Sputnik-1, mas a cooperação espacial entre os países foi contemplada com a primeira e até agora única resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1996, ou seja, somente 39 anos depois.

Trata-se da “Declaração sobre a Cooperação Internacional na Exploração e Uso do Espaço Exterior em Benefício e no Interesse de todos os Estados, levando em Especial Consideração as Necessidades dos Países em Desenvolvimento”. Embora relevante, ela não é obrigatória. As resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas são apenas recomendações, não criam obrigações para os países. Ainda assim, são referências valiosas.

Isso significa que, em dezembro de 1996 – há cerca de 17 anos, portanto –, os então 192 países membros das Nações Unidas consideravam, como reza a dita Declaração, que “as necessidades dos países em desenvolvimento devem ser levadas em especial consideração”.

O que isso quer dizer concretamente? Quer dizer o seguinte:

# Os Estados têm liberdade para definir todos os aspectos de sua cooperação na exploração e uso do espaço exterior, em bases equitativas e mutuamente aceitáveis. Os termos contratuais devem ser justos e razoáveis e atender aos direitos e interesses legítimos dos participantes, como, por exemplo, aos direitos de propriedade intelectual.

# Todos os Estados, sobretudo os que dispõem de importante capacidade espacial e programas de exploração e uso do espaço, devem contribuir para promover e fazer avançar a cooperação em bases equitativas e mutuamente aceitáveis. Atenção especial deve ser prestada ao bem e ao interesse dos países em desenvolvimento e países com programas espaciais incipientes, assim como ao proveito que possam obter da cooperação com países dotados de capacidade espacial mais avançada.

# A cooperação deve ser conduzida por meio de modalidades que os países considerem mais efetivas e apropriadas, inclusive, inter alia, modalidades governamentais e nãogovernamentais; comerciais e não comerciais, globais, multilaterais, regionais e bilaterais; e cooperação internacional entre os países, em todos os níveis de desenvolvimento.

# A cooperação internacional, ao levar em especial consideração as necessidades dos países em desenvolvimento, deve perseguir, entre outros, os seguintes objetivos, tendo em vista a eficiente alocação de recursos:

– Promover o desenvolvimento da ciência e tecnologia espaciais e de suas aplicações;
– Estimular o desenvolvimento das capacidades espaciais relevantes e apropriadas nos países interessados;
– Facilitar o intercâmbio de especialistas e de tecnologias entre os países, em bases mutuamente aceitáveis.

# As agências nacionais e internacionais, as instituições de pesquisa, as organizações de ajuda ao desenvolvimento, bem como os países desenvolvidos e em desenvolvimento devem considerar o uso apropriado de aplicações espaciais e o potencial da cooperação internacional para alcançar seus objetivos de desenvolvimento.

# O Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS) deve ser fortalecido em suas atribuições, entre outras, como fórum para o intercâmbio de informações sobre as atividades nacionais e internacionais no campo da cooperação na exploração e uso do espaço.

# Todos os Estados devem ser estimulados a colaborar com o Programa das Nações Unidas de Aplicações Espaciais e outras iniciativas de cooperação internacional, segundo suas capacidades espaciais e sua participação na exploração e uso do espaço exterior.

Apesar de suas inegáveis virtudes, essa Declaração, elaborada e aprovada por consenso no COPUOS, após anos de intensos debates, com ativa participação do Brasil, esbarra, na prática, na necessidade de que os países se disponham efetivamente a cooperar, o que nem sempre acontece.

O princípio da aceitação mútua, sem a menor dúvida, é avanço notável. Em cooperação não pode haver imposições, como nos acordos leoninos do passado. Não por acaso, os países em desenvolvimento sempre recorreram e continuam recorrendo a esse princípio, pois ele representa uma defesa legal e ética do lado mais fraco na sua relação com o mais forte.

Ocorre que o lado mais forte pode usar a regra da aceitação mútua como forma de não cooperar, sobretudo para impedir o acesso do lado mais fraco às tecnologias avançadas, como as espaciais. Durante décadas esse acesso foi negado aos países em desenvolvimento.

Nesse contexto, não surpreende que, no fim dos anos 80, o Brasil tenha recorrido à China para, juntos, construírem um satélite de observação dos recursos naturais da Terra (Programa CBERS – China-Brazil Earth Resources Satellite). Que outro país na época – especialmente entre os mais desenvolvidos – aceitaria cooperar com tal objetivo?

Hoje, como vimos, alguns países desenvolvidos e grandes corporações já aceitam transferir tecnologias espaciais antes inegociáveis. Mas, mesmo admitindo-se a possibilidade de um bom negócio para o país receptor, conviria estudar o caso mais a fundo, para avaliar como esse processo de fato funciona e quais são suas implicações estratégicas.

Conhecer a realidade global, hoje mais que nunca, é essencial para o desenvolvimento e a autodeterminação de qualquer país, segundo seus próprios e legítimos interesses.

* Vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), diretor honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, membro pleno da Academia Internacional de Astronáutica e atualmente chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

AEB: orçamento de R$300 milhões

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AEB tem R$ 300 milhões no orçamento do MCTI para este ano

Brasília 22 de Janeiro de 2014 - O Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (21) publicou a previsão do Orçamento da União para este ano. Do montante total de quase R$ 2,5 trilhões foram destinados R$ 9,5 bilhões ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os valores serão utilizados para o custeio da pasta e dos programas de fomento à ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

A maior parte do aporte se destina às políticas de incentivo à CT&I, que receberão R$ 5,3 bilhões. Os recursos para a produção industrial chegam a R$ 542 milhões. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) terá investimentos de R$ 1,7 bilhão. Dentro deste valor, estão custeios para pesquisa e para o programa Ciência sem Fronteiras (CsF).

Área espacial – Um dos principais focos do governo, o desenvolvimento do programa espacial nacional recebeu recursos consideráveis. A Agência Espacial Brasileira (AEB) terá R$ 300 milhões. Além disso, o Centro Espacial de Alcântara (CLA), no Maranhão, e a produção do foguete brasileiro-ucraniano Cyclone também terão dinheiro destinado da LOA 2014.

Entre as áreas contempladas com um bom volume de recursos está a de energia nuclear. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) terá R$ 852,9 milhões disponíveis neste ano. Somando os aportes para as Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) – R$ 903,7 milhões – e a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) – R$ 305,3 milhões –, o investimento na área nuclear soma mais de R$ 2 bilhões. Parte desse montante será aplicado na construção de outras unidades de produção de material radiativo.

Fonte: EBC, via website da AEB.
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Observação terrestre: Brasil nas reuniões do GEO

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Grupo de Observação da Terra terá novo plano decenal. Brasil pretende ampliar sua participação no GEO

Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2014

Formado por 90 países, a Comissão Europeia e mais 77 organizações do mundo todo, o Grupo de Observação da Terra (GEO) teve aprovada por unanimidade a proposta de prosseguimento de suas atividades por mais 10 anos. A decisão foi tomada durante sua 10ª Sessão Plenária e 3ª Reunião Ministerial, em Genebra, entre os dias 15 e 17 de janeiro.

Organização intergovernamental fundada em 2005, o GEO trabalha pelo compartilhamento de dados obtidos a partir das tecnologias para observação da Terra, como o sensoriamento remoto por satélites. O objetivo é garantir o acesso a informações capazes de melhorar o uso da terra, a observação dos oceanos, as previsões de desastres naturais, entre outras tantas aplicações em benefício da ciência e da sociedade.

O novo plano decenal deverá contemplar ações que, até 2025, devem auxiliar políticas públicas nas áreas de agricultura, biodiversidade, clima, desastres, ecossistemas, energia, saúde e água.

O Brasil foi um dos primeiros participantes do GEO, por meio de ações lideradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como a disponibilização gratuita pela internet dos dados do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) em 2004 – antes disso, nenhum país havia liberado dados orbitais de média resolução e o sucesso da iniciativa levou agências espaciais de outros países a seguirem o exemplo brasileiro.

Apoiada pela Missão Permanente do Brasil junto à ONU na Suíça, a delegação brasileira endossou o apoio ao GEO que, prestes a completar uma década, começa a traçar planos para seus próximos 10 anos. Participaram das reuniões em Genebra a embaixadora Regina Maria Cordeiro Dunlop, chefe da delegação; o ministro João Lucas Quental Novaes de Almeida, o primeiro secretário André Misi, do Ministério das Relações Exteriores; Leonel Perondi, diretor do INPE, e Hilcéa Ferreira, tecnologista do instituto.

“O GEOSS é uma ferramenta essencial para fornecer informações globais de qualidade para a tomada de decisões em benefício da sociedade”, declarou a embaixadora brasileira sobre o sistema, disponível no GEOSS Portal, que permite o acesso a mais de 1.2 milhões de dados e recursos abertos de Observação da Terra. (Confira aqui a íntegra do discurso da embaixadora Regina Maria Cordeiro Dunlop).

Para o diretor do INPE, Leonel Perondi, o Brasil deve se manter empenhado em fornecer dados de observação da Terra relevantes para estratégias ambientais e, também, continuar os esforços para capacitar outros países a utilizar tecnologias de monitoramento por satélite. “O país está empenhado na implementação de GEOSS e demonstrou claramente, em várias oportunidades, o seu compromisso com o princípio de livre acesso a dados de observação da Terra”. (Confira aqui a íntegra do discurso do diretor Leonel Perondi).

GEO Brasil

Perondi ressaltou ainda a consolidação do GEO Brasil, que faz parte das iniciativas do GEO para criar núcleos nos países. Além do INPE, devem participar as instituições brasileiras envolvidas em atividades de observação da Terra. “Pretendemos fortalecer essa iniciativa, que deve permitir um maior envolvimento de especialistas brasileiros nas atividades do GEO”, disse o diretor.

Para identificar em quais áreas o próprio INPE pode aumentar e fortalecer sua atuação no GEO, será realizado um workshop na sede do instituto, em São José dos Campos, no dia 4 de fevereiro.

O evento deve contribuir para o plano que definirá a participação brasileira no GEO durante os próximos 10 anos. Participarão do workshop pesquisadores e especialistas envolvidos com estudos e projetos em áreas como sensoriamento remoto, clima, mudanças ambientais, uso da terra, geoprocessamento, entre outras.

Mais informações sobre o GEO: http://earthobservations.org

Assista aqui vídeo sobre as reuniões e atividades do GEO.

Fonte: INPE
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Cubesats na América do Sul

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Na terça-feira (21), reproduzimos uma notícia da Agência Espacial Brasileira (AEB) sobre o projeto do cubesat NanosatC-Br-1, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A notícia, aliás, foi atualizada com algumas correções e acréscimos em seu conteúdo (clique aqui para visualizá-la).

Nos últimos meses, outros dois países sul-americanos executaram com sucesso missões similares. Em novembro, a Agência Civil Espacial do Equador lançou o seu segundo cubesat, o NEE-02 Krysaor, com uma câmera de vídeo para imageamento da superfície terrestre como carga útil. O artefato é similar ao NEE-01 Pegaso, primeiro nanossatélite da história do país andino, colocado em órbita em abril passado. Este foi perdido um mês após sua entrada em operação, ao se chocar no espaço com componentes de um antigo foguete russo.

No mesmo voo do Krysaor, realizado por um lançador Dnepr (o mesmo que transportará o NanosatC-Br-1), seguiram os dois primeiros nanossatélites peruanos, o PUCP-Sat 1 e o Pocket-UPCP, projetados e construídos pelo Instituto de Radioastronomia (INRAS) da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP).

Este mês, outro projeto peruano, o UAP SAT-1, da Universidad Alas Peruanas, seguiu para o espaço, levado por um foguete norte-americano Antares com a cápsula Cygnus rumo à Estação Espacial Internacional. Este cubesat, aliás, contou com a participação da empresa colombiana Sequoia Space, que participa ainda de missões na Colômbia, Chile e Equador.

As missões de cubesats sofreram um grande "boom" nos últimos anos, graças a miniaturização tecnológica, aos seus custos relativamente reduzidos para padrões espaciais, geralmente de dezenas ou algumas centenas de milhares de dólares, e ampliação do leque de aplicações. Para muitos países e universidades, trata-se de uma "porta" de acesso à tecnologia espacial, e também de capacitação de "mão de obra" altamente especializada.
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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NanosatC-Br1: lançamento no 1º semestre de 2014

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NOTA: postagem atualizada às 13h45 para correções e acréscimos no conteúdo, identificados abaixo, com base em informações enviadas por Otávio Durão, do INPE.

Nanossatélite nacional será lançado no primeiro semestre

Brasília 21 de Janeiro de 2014 – O segundo nanossatélite brasileiro e primeiro cubesat nacional, o NanosatC-Br1, será levado ao espaço em maio próximo pelo lançador russo DNPER. A informação é dos pesquisadores Otávio Durão, gerente do Projeto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Nélson Schuch, gerente do Projeto no Centro Regional Sul (CRS/Inpe), em Santa Maria (RS), e coordenador do Programa NanosatC-BR.

Ainda de acordo com eles, o lançamento pode ser antecipado para abril, pois a Agência Espacial Brasileira (AEB) já liberou os recursos necessários para a finalização, lançamento e operação do NanosatC-Br1. Além disso, em fevereiro serão realizados os últimos testes com o modelo de voo, que é o satélite sem os painéis solares e antenas. [nota do blog: o modelo de voo é o cubesat completo com painéis, antenas etc. O modelo de engenharia é que não contem estes elementos.]

O primeiro nanossatélite nacional foi o Unosat-1, das universidades Norte do Paraná (Unopar) e Estadual de Londrina (UEL), que foi destruído no acidente com o VLS-1 no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, em 2003.

Durão informa que as três cargas úteis do nanossatélite já foram instaladas e testadas após a integração à plataforma, assim como cada subsistema, todos com funcionamento nominal. [nota do blog: o NanosatC-Br1 terá três cargas úteis: o magnetômetro para utilização dos seus dados pela comunidade científica; o circuito projetado na UFSM, pela Santa Maria Design House (SMDH) e o FPGA para o qual a UFRGS, através do seu Instituto de Informática, desenvolveu um software que poderá fazê-lo resistir à radiação e, portanto, torná-lo passível de uso no espaço em projetos maiores (o hardware FPGA que voará é de prateleira, ou seja industrial).] Em sua opinião, o destaque dessa missão é o teste em ambiente espacial de um circuito integrado projetado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul (RS), e produzido por uma indústria brasileira. [nota do blog: o circuito projetado (design) pela UFSM foi produzido na Alemanha e não por uma indústria brasileira, como mencionado na matéria. Não há ainda no Brasil uma fábrica capaz de produzir este circuito.]

Para Schuch, o realce da missão está na capacitação de recursos humanos para a área espacial. “Desenvolver o programa de nanossatélites é iniciar a formação de uma massa crítica de especialistas, que será fundamental para a consolidação do programa espacial do país”, ressalta ele. O físico diz que dois estudantes que participaram do início do projeto “hoje já estão integrados ao Inpe, desenvolvendo pesquisa no Laboratório de Integração e Testes (LIT) para conclusão de mestrado e doutorado”.

Qualificação – A Estação Terrena de Santa Maria, que monitorará o cubesat em órbita, e a que fica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), já estão em operação, inclusive, recebendo dados de vários cubesats lançados por outros países. As informações coletadas, diz Durão, são enviadas para os proprietários dos artefatos, “mas são disponibilizadas entre as diversas instituições, pois o entendimento é o de que quanto mais cooperação entre todos, mais rápido será o desenvolvimento dessa etapa da era espacial”.

A operação simultânea e a coordenação destas duas Estações Terrenas de Rastreio e Controle de Nanossatélites do Programa Nanosatc-BR qualificam o Brasil ao rastreio e controle de nanossatélites – CubeSats, que operam nas bandas de frequências determinadas pela International Amateur Radio Union (Iaru), o que é significativo e complementa o Programa Espacial Brasileiro. A equipe do Inpe tem em fase final o software de missão da Estação de Solo por meio de uma empresa nacional.

Durão e Schuch também informam que o segundo Cubesat do programa, o NanosatC-BR-2, está em plena produção e a expectativa é de que seja lançado em 2015. Para Durão, a tendência é de que o incremento do segmento de nanossatélite continuará em aceleração, “pois sua produção e desenvolvimento são rápidos, porque muitos dos componentes são ofertados por diversas empresas de vários países, facilitando a aquisição”. São os chamados componentes de prateleira. Outra vantagem dessa situação é que o custo para a produção de nanossatélites é baixo em relação aos satélites de grande porte e podem desempenhar várias das aplicações destes.

Além da exigência de menos recursos, a difusão de informações entre as instituições de pesquisa e ensino permite que cada vez mais países tenham seus cubsats. Na América Latina, têm esses equipamentos a Argentina, o Equador, o Peru e a Colômbia, cujo nanossatélite é o mais antigo do continente em operação.

Parceria – O NanosatC-Br1 é um pequeno satélite científico (pouco mais de um quilo) e o primeiro cubesat desenvolvido no país, produzido em parceria do CRS, do Inpe e da UFSM. Também esteve envolvida na sua preparação a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e as empresas Emsisti, Innovative Solution in Space (ISS), empresa holandesa fornecedora da plataforma do cubesat, e a brasileira Lunus Aeroespacial.

O NanosatC-Br1 comportará dois instrumentos científicos, sendo um magnetômetro e  um detector de partículas de precipitação, para o monitoramento em tempo real do geoespaço, visando com isso o estudo da precipitação de partículas e de distúrbios na magnetosfera sobre o território nacional para a determinação de seus efeitos em regiões como a da Anomalia Magnética no Atlântico Sul (Sama, sigla em inglês) e do setor brasileiro do eletrojato equatorial.

A Sama é uma “falha” do campo magnético terrestre nesta região, que fica sobre o Brasil, explica Durão. Como consequência desta anomalia, há um maior risco da presença de partículas de alta energia na região, que podem afetar as comunicações, redes de distribuição de energia, os sinais de satélites de posicionamento global (como o GPS), ou mesmo causar falhas de equipamentos eletrônicos como computadores de bordo. O Inpe estuda e monitora o fenômeno há vários anos por meio do Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial.

Em dezembro último a AEB promoveu em Brasília (DF), o 1º Workshop do Programa Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites (Serpens). O objetivo foi qualificar engenheiros da instituição, estudantes, docentes e pesquisadores brasileiros vinculados aos cursos de Engenharia Aeroespacial.

Participaram do evento especialistas de instituições de ensino superior internacionais com destaque na área de criação de nanossatélite como a Universidade de Vigo (Espanha), California Polytechnic State University (EUA), Università di Roma Sapienza (Itália) e Morehead State University (EUA).

Fonte: AEB, com informações do INPE e CRS.
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PESE: expectativas para 2014

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Há algumas semanas, publicamos uma notícia sobre o seminário da Marinha do Brasil, realizado no último dia 17, sobre o início do período de solicitação das propostas (RFP) para o projeto do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), oportunidade que está atraindo as atenções do setor industrial brasileiro e também estrangeiro. Mas, fato, para 2014 há ainda muita expectativa de outros projetos, inclusive da área espacial.

A análise do orçamento federal para 2014 não revela muitas novidades para o Programa Espacial tocado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio de suas autarquias (Agência Espacial Brasileira - AEB, e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE), com recursos, pouco mais de R$300 milhões, destinados a projetos já ordinários, como o programa de satélites, tecnologias espaciais e lançadores, entre outras iniciativas abarcadas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).

Mas, o que tem atraído a atenção, na verdade, não está no orçamento do MCTI, mas sim no do Ministério da Defesa: trata-se da implantação do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) (veja a postagem "Sistemas espaciais para a defesa brasileira", de abril de 2013). No orçamento federal para este ano aprovado pelo Congresso Nacional, prevê-se a destinação de R$113 milhões, montante suficiente para a implantação de alguns elementos previstos.

Pelo que o blog Panorama Espacial pode apurar, são aguardados avanços concretos do PESE para este ano, constatação até óbvia após a análise orçamentária. Há quem entenda que não haverá tempo hábil para a assinatura de um primeiro contrato (ainda que haja recursos disponíveis), mas acredita-se que ainda em 2014 seja iniciado um processo visando à contratação de sistemas, como o envio de RFPs. Ainda, nesta primeira fase, o interesse do Comando da Aeronáutica é por satélites de observação, mais precisamente óticos.

O desenho e implantação do PESE estão a cargo da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), criada pelo Comando da Aeronáutica em fevereiro de 2012. Desde então, sem alarde, a CCISE tem feito seu trabalho ouvindo setores interessados, como entidades do Programa Espacial, as forças armadas e a indústria.

Mais sobre o PESE, em breve aqui no blog e na revista Tecnologia & Defesa.
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Reunião de chefes de agências espaciais

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Chefes de agências espaciais se reúnem nos EUA

Brasília  20 de Janeiro de 2014 - Chefes de 32 agências espaciais se reuniram este mês em Washington DC, nos Estados Unidos, para discutir a importância da atividade espacial no mundo. Os principais assuntos debatidos foram as parcerias internacionais e o programa de exploração de Marte.

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho, foi um dos dirigentes presentes na reunião. O encontro foi promovido pela Academia Internacional de Astronáutica (IAA, sigla em Inglês).

Na ocasião, o governo norte-americano se comprometeu a prolongar a vida da estação espacial internacional até o final de 2014, em razão da sua importância. Ela é reconhecida como plataforma para pesquisa em todas as áreas. Os chineses disseram que em 2020 terão uma estação espacial própria.

Os representantes de agências também falaram sobre os programas espaciais dos países. O presidente da AEB se reuniu com o administrador da Agência Espacial Norte-americana (Nasa), Charles Bolden, com os presidentes da Agência Espacial Chinesa (CNSA), da Ucrância e com dirigentes de agências espaciais latino-americanas.

Fonte: AEB
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domingo, 19 de janeiro de 2014

Tecnologia & Defesa nª 135

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Já está nas bancas de todo o Brasil o número 135 da revista Tecnologia & Defesa. Destacamos abaixo os principais conteúdos:

- Marinha do Brasil na Amazônia Ocidental Brasileira
- Planos de renovação da esquadra
- A escolha do caça sueco Gripen NG, da Saab, como o vencedor da concorrência FX-2, da Força Aérea Brasileira
- Entrevista com o Comandante da Marinha do Brasil
- Perfil sobre a ucraniana Yuznoye
- Entrevista com o presidente da agência espacial ucraniana
- 40 anos da família Mirage na FAB
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
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sábado, 18 de janeiro de 2014

CLBI tem novo diretor

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Centro de Lançamento da Barreira do Inferno tem novo diretor

Brasília 17 de Janeiro de 2014 - O Coronel Aviador Maurício Lima de Alcântara é o novo diretor do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Parnamirim (RN). Ele tomou posse no cargo no último dia 10 substituindo o Coronel Aviador Marco Antônio Vieira de Rezende.

A solenidade foi presidida pelo Tenente-Brigadeiro-do-Ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira, diretor-geral de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Em seu discurso disse ter “a certeza de que o Centro está entregue em boas mãos para cumprir a nobre missão de manter o nome do país dentro do seleto grupo das nações que dominam a arte de lançar foguetes com experimentos científicos e de rastrear engenhos aeroespaciais”.

Em relação à gestão do coronel Rezende o diretor do DCTA destacou que “nesse período o Centro foi profícuo em realizações graças ao comprometimento e profissionalismo de seu diretor e de sua equipe”, citando os rastreios de veículos estrangeiros, as operações de lançamento e a recertificação do sistema de gestão de qualidade como alguns dos feitos do CLBI nos últimos dois anos.

Fonte: CLBI, via AEB.

Nota do blog: talvez o papel mais importante hoje desempenhado pelo CLBI são as missões de rastreio de foguetes lançados a partir de Kourou, na Guiana Francesa, em missões da Arianespace.
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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Biocombustíveis: workshop INPE - Boeing

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Workshop discute desenvolvimento de sistema para gerenciar produção de biocombustíveis no Brasil

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014

Em parceria com a Boeing Research & Technology, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pretende mapear culturas energéticas e identificar áreas potenciais para sua expansão de maneira sustentável.  Para viabilizar o projeto, um grupo de especialistas está reunido nesta quinta e sexta-feira (16 e 17/1) na sede do instituto, em São José dos Campos (SP).

Durante o I Workshop INPE-Boeing sobre o futuro dos biocombustíveis para a aviação no Brasil, os pesquisadores começam a definir o escopo do projeto intitulado Plataforma para o gerenciamento de culturas energéticas baseada em tecnologias de sensoriamento remoto.

Estamos definindo possibilidades de colaboração, limitações e metas para a implementação”, explica a pesquisadora Leila Fonseca, do INPE, que coordena o projeto. “Já temos programado um segundo workshop, entre os dias 24 e 26 de fevereiro”.

A plataforma para culturas energéticas deve se basear nas reconhecidas tecnologias de geoprocessamento do INPE, que desenvolve sistemas customizados capazes de acessar, processar, analisar e disseminar dados espaciais. A experiência do instituto no mapeamento da cana-de-açúcar (Canasat), entre outros projetos de monitoramento do uso do solo, também é um diferencial para estabelecer esta nova iniciativa.

Fonte: INPE

Nota do blog: em abril de 2012, a Boeing anunciou a instalação no Brasil, na cidade de São José dos Campos, de um centro de pesquisa e tecnologia para novas tecnologias aeroespaciais. Em dezembro do mesmo ano (veja a nota "Boeing, INPE e DCTA"), o grupo norte-americano firmou memorandos com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para o desenvolvimento de projetos conjuntos.
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INPE em reuniões do GEO

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Brasil participa de reuniões do GEO

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014

Com o apoio da Missão Permanente do Brasil junto à ONU na Suíça, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, participa em Genebra da 10ª Sessão Plenária e da 3ª Reunião Ministerial do Grupo de Observação da Terra (GEO). A delegação brasileira é chefiada pela embaixadora Regina Maria Cordeiro Dunlop, e também integrada pelo ministro João Lucas Quental Novaes de Almeida, pelo primeiro secretário André Misi e pela tecnologista do INPE Hilcéa Ferreira.

De 15 a 17 de janeiro, as iniciativas para oferecer cada vez mais e melhores dados de observação da Terra são discutidas por representantes de 89 países-membros, Comissão Europeia e cerca de 70 instituições que integram o GEO.

O principal objetivo das reuniões é rever e avaliar o progresso do GEO em seus quase dez anos de existência. Criado em 2005, o GEO tem trabalhado para que dados vitais sobre nosso planeta sejam compartilhados para o desenvolvimento sustentável. O Brasil, através do INPE, é um dos seus membros mais atuantes – o país foi o primeiro no mundo a adotar uma política de livre distribuição de imagens de satélites, em 2004, quando os dados do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) passaram a ser oferecidos sem custo, pela internet, a qualquer usuário. O sucesso desta iniciativa pioneira levou outros países, como os Estados Unidos, a também colocar à disposição, em 2008, gratuitamente, dados orbitais de média resolução, da série LANDSAT. Durante o evento, entre outros países, a França anunciou que irá tornar disponível, a partir de 2014, para uso não comercial, o conjunto de imagens obtidas pela família de satélites SPOT.

O GEO lançou oficialmente, nesta semana, o GEOSS Portal (http://www.geoportal.org) que permite o acesso a mais de 1.2 milhões de dados e recursos abertos de Observação da Terra. Trata-se de informações que podem melhorar as previsões de desastres naturais e as políticas de uso da terra, como o monitoramento global da produção agrícola e do desmatamento, entre outras tantas possíveis aplicações em benefício da ciência e da sociedade.

A 3ª Reunião Ministerial representa ponto de inflexão para o futuro do GEO quando se adotará a Declaração de Genebra, renovando o mandato do GEO por mais dez anos, a partir de 2015. De conformidade com os princípios defendidos pelo Brasil, a Delegação Brasileira endossa a referida declaração que reitera a importância da continuidade das atividades do GEO, elemento importante no apoio à agenda global pós-2015 das Nações Unidas.

Mais informações: http://earthobservations.org

Fonte: INPE
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Curso de sensoriamento remoto do INPE

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Inscrições abertas ao curso Sensoriamento Remoto: Aprendizagem Continuada. Aulas online começam em março

Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2014

Até 17 de fevereiro estão abertas as inscrições ao curso Sensoriamento Remoto: Aprendizagem Continuada, destinado a profissionais com nível superior e professores universitários que buscam formação contínua nesta área para ampliar suas competências e campo de trabalho.

Ministradas totalmente a distância, pela internet, as aulas começam no dia 10 de março. O encerramento do curso está previsto para 16 de junho.

Promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com o apoio da Sociedade de Especialistas Latino-Americanos em Sensoriamento Remoto (SELPER), o curso apresenta novas possibilidades de uso de dados, técnicas e softwares de processamento, mostrando como utilizar a tecnologia em diferentes áreas de aplicação.

A carga total é de 112 horas (14 semanas) com dedicação do aluno de, em média, 8 horas semanais. São realizadas web-conferências, sessões de bate-papo e atividades individuais. Durante o curso, o participante tem ainda a oportunidade de desenvolver um projeto em uma das seguintes áreas: Mapeamento e Cobertura Vegetal, Mapeamento Urbano, Mapeamento Geomorfológico ou Diferenças Térmicas devido ao Uso e Ocupação do Solo.

A ementa do curso e os procedimentos para inscrições estão disponíveis na página http://www.dpi.inpe.br/selper/cursos/ead/sr_ac/index.php

Fonte: INPE
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Contrato para atualização do SISCOMIS

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A companhia norte-americana Comtech Telecommunications anunciou em 9 de janeiro ter recebido do Ministério da Defesa brasileiro um contrato para a atualização de sua rede de comunicações por satélite, negócio avaliado em 4,4 milhões de dólares (cerca de 10,5 milhões de reais).

A companhia não detalhou o escopo do contrato, mas no passado a Comtech já forneceu equipamentos, como modens, para estações segmento terrestre do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), em particular para operação em banda X.

Com o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), o SISCOMIS passará nos próximos anos por uma significativa expansão, o que também demandará a ampliação da capacidade e do número de antenas e estações de solo.
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domingo, 12 de janeiro de 2014

SGDC: visita de comitiva à França

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Comitiva brasileira vai à França acertar detalhes do SGDC

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014, 12h52 

Uma comitiva brasileira viaja no próximo sábado, 11, à cidade francesa de Cannes para acertar os detalhes da contratação da Thales Allenia Space para construir o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC). A comitiva, que fica uma semana na França, é formada por representantes de cada órgão envolvido no SGDC.

Segundo apurou este noticiário, o objetivo da viagem é acertar detalhes relativos à especificação do satélite e ao cronograma. Também está na pauta das reuniões o acerto de como será a participação dos cerca de 30 engenheiros brasileiros que acompanharão a construção do satélite.

O contrato com a Thales foi assinado no dia 12 de dezembro e, segundo informa uma fonte, as reuniões na França marcam o início da parte prática do trabalho.

Baseado na plataforma Spacebus 4000, o SGDC levará duas cargas úteis, uma com 50 transponders em banda Ka, oferecendo taxa de transferência de até 80 Gbps, e a outra com 7 transponders em banda X. O satélite pesará cerca de 5,8 toneladas na decolagem e oferecerá mais de 11kW de potência. A construção deve ser concluída em 2016.

O contrato também inclui um centro de controle e de missão, juntamente com posicionamento orbital, teste de aceitação em órbita e suporte operacional, precedido de um programa de treinamento completo para os operadores brasileiros.

Fonte: Teletime
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

SisGAAz: solicitação de propostas

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No próximo dia 17, a Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha do Brasil (MB) promoverá um seminário sobre o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que terá por propósito divulgar o tão aguardado pedido de propostas (Request for Proposal - RFP) para a implantação da primeira fase do sistema, concorrência que deve agitar o setor de defesa pelos próximos meses.

A fase das RFPs prossegue a conclusão do projeto básico elaborado pela Ezute (antiga Fundação Atech), objeto de contrato de cerca de R$31 milhões assinado pela Marinha em julho de 2011. Segundo pessoas familiarizadas com o tema, o projeto básico teria ficado aquém do esperado.

A concorrência promovida pela MB selecionará uma empresa nacional que atuará como prime contractor. Nos bastidores, os comentários são de que a Embraer Defesa & Segurança e a Odebrecht Defesa e Tecnologia são fortes candidatas, muito embora também sejam aguardadas outras candidatas, em particular grandes empreiteiras associadas a parceiros locais e/ou estrangeiros.

Espera-ese que várias empresas estrangeiras se associem aos candidatos a prime contractor na resposta do RFP, tais como a Airbus Defence & Space (antiga Cassidian) (França/Alemanha), Thales (França), Saab (Suécia), MDA (Canadá), IAI e Elbit (Israel), Selex ES (Itália), Indra (Espanha), apenas para citar algumas.

O SisGAAz, que exigirá investimentos de bilhões de reais, terá como principal objetivo ampliar a capacidade de monitoramento das águas jurisdicionais brasileiras e das regiões de busca e salvamento que estão sob responsabilidade do Brasil. Quando em operação, abrangerá um sistema de vigilância, controle, proteção e defesa, composto por meios operacionais da MB e por diversos tipos de sensores que integrarão redes de informação e de apoio à decisão. O sistema deverá fazer uso de dados gerados a partir do espaço, como imagens de satélites de observação terrestre, meteorologia e sinais AIS (Automatic Identification System), além de comunicações.
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

FINEP: Plano Inova Telecom

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Em dezembro do ano passado, seguindo o exemplo do Inova Aerodefesa,  a FINEP, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os Ministérios das Comunicações e da Saúde lançaram uma chamada pública do Plano Inova Telecom, que destinará nos próximos dois anos até R$1,5 bilhão para projetos na área de telecomunicações, inclusive iniciativas envolvendo comunicações via satélite.

O objetivo do programa, que faz parte do plano multiministerial Inova Empresa, lançado em março de 2013, "é apoiar Planos de Negócio que contemplem inovação nas empresas brasileiras do setor, incentivando seu adensamento e ampliando a competitividade". O edital inclui recursos da FINEP (R$ 920 milhões), do BNDES (R$ 500 milhões) e do Ministério da Saúde (R$ 80 milhões).

Uma das áreas temáticas a serem apoiadas pelo Inova Telecom é a de comunicações estratégicas, que compreende o desenvolvimento de soluções tecnológicas nos seguintes campos:

- Infraestrutura para processamento e armazenamento de dados no território nacional, visando garantir a segurança cibernética e a soberania do País;
- Desenvolvimento de appliances para segurança e controle do tráfego de dados em redes de computadores;
- Comunicações via satélite com foco em áreas remotas e aplicações críticas;
- Design e produção de componentes e semicondutores;
- Rádio definido por software;
- Redes de controle de missão crítica.

A depender dos planos de negócios submetidos para análise, o Inova Telecom pode funcionar como uma das fontes de recursos para iniciativas associadas ao projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).
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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Raupp: CBERS 4 é prioridade em 2014

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MINISTRO RELACIONA LANÇAMENTO DO CBERS-4 COMO PRIORIDADE PARA 2014

Brasília, 07 de janeiro de 2014 – Antecipar para o final deste ano o lançamento do satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-4 na sigla em inglês), programado para ir ao espaço em 2015, é uma das prioridades do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para 2014.

A informação é do ministro da pasta, Marco Antonio Raupp, dada em entrevista a Voz do Brasil nesta segunda-feira (6). “Estamos acelerando a programação para compensar a falha ocorrida com o Cbers-3”. Em dezembro último, a última versão do equipamento desenvolvido conjuntamente por Brasil e China não entrou em órbita por problemas no veículo lançador. Na visão de Raupp, a continuidade do Programa Espacial Brasileiro é um item crucial da agenda.

O MCTI também lista como prioridades a viabilização de uma política para segurança cibernética; a aprovação pelo Congresso Nacional do marco legal voltado à área de Ciência e Tecnologia; a continuidade do programa Ciência sem Fronteiras (CsF) e do Plano Inova Empresa e a consolidação de novas unidades de pesquisa.

No segmento de Tecnologia da Informação o ministro disse que está “colocado como meta para o ministério desenvolver tecnologia, conhecimento e novos sistemas que deem mais segurança à operação de redes no país”. O Brasil organiza a Conferência Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet, prevista para 23 e 24 de abril próximo, em São Paulo.

A expectativa do ministro é a de que as discussões em torno do marco legal avancem neste primeiro semestre, com a aprovação do Projeto de Lei 2177/2011. “Esse novo marco regulatório é fundamental para se incrementar, se facilitar e se promover as atividades de ciência, tecnologia e inovação no país”, frisou.

Consolidação - O Congresso Nacional confirmou, em dezembro, a criação do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) e dos institutos nacionais de Águas, da Mata Atlântica e de Pesquisa do Pantanal. “Temos como meta colocar em funcionamento esses quatro centros”, anunciou Raupp. “Além disso, 2014 é o ano de consolidarmos a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh), que avançaram bastante em 2013.”

Forte estímulo também será direcionado ao CsF. Desde o segundo semestre de 2011 o programa concedeu 60 mil das 101 mil bolsas previstas até 2015. “Isso mostra que a procura do programa pelos jovens é muito boa”, avalia o ministro. Portanto, “queremos dar todo o nosso empenho, juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), para que se cumpra os objetivos colocados inicialmente pela presidenta Dilma Rousseff”.

Sobre o Plano Inova Empresa, que completa um ano em março, Raupp informou que os nove grandes editais lançados envolvem R$ 19 bilhões dos R$ 32,9 bilhões disponíveis para dois anos. “Isso beneficia as empresas nacionais que querem fazer inovação”, observou. “Queremos viver e desenvolver este ano a mesma capacidade de investimento que tivemos em 2013”.

O ministro destacou ainda a evolução do Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologias da Informação (TI Maior), com a seleção de mais de 100 empresas nascentes para o programa Start-Up Brasil, por exemplo. “São R$ 20 milhões para jovens empreendedores que desenvolvem seus produtos”, lembrou. “Do total, cerca de 80 empresas se localizam no Brasil, mas quase 20 veem do exterior, para receber apoio e fazer seu projeto industrial aqui”.

Segundo Raupp, o TI Maior também avançou com o projeto de capacitação Brasil Mais TI, que formou em 2013 por volta de 103 mil alunos; uma chamada de subvenção econômica para ecossistemas digitais, na qual 14 projetos foram selecionados para aplicar até R$ 60 milhões; e quatro parcerias com centros globais de pesquisa e desenvolvimento, possibilitando investimentos público de R$ 15 milhões, somados a R$ 650 milhões de empresas internacionais.

Prevenção - Raupp fez um balanço dos equipamentos distribuídos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI) em todo o país. Até o momento, foram entregues 934 pluviômetros automáticos, 771 semiautomáticos e dois radares meteorológicos.

“Estamos vendo o resultado dessa ação agora nessas chuvas de verão”, comentou. “Conseguimos evitar mortes, dando alertas em tempo para que a Defesa Civil tome as providências e mitigue os efeitos desses desastres naturais. Esse é um programa social de grande importância, porque deslizamentos e enchentes promovem todo final de ano grandes distúrbios na vida da população”.

De acordo com o ministro, um edital para novos institutos nacionais de ciência e tecnologia (INCTs) está previsto para este mês ou fevereiro. “Continuamos apoiando as 126 unidades existentes, após uma avaliação de desempenho”, recordou. “O programa atende ao melhor da pesquisa científica no Brasil.”

Outra ação lembrada por Raupp foram os R$ 420 milhões do Fundo Setorial de Infraestrutura (CT-Infra) – integrante do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) –, disponíveis em editais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) voltados à implantação, modernização, ampliação e recuperação da infraestrutura física de pesquisa nacional.

“Diria que fomos bastante consistentes em executar recursos do CT-Infra para o financiamento de instituições de ciência e tecnologia (ICTs) em universidades públicas, federais ou estaduais, e confessionais”, afirmou.

Do CNPq, o ministro deu destaque para a chamada universal com volume recorde de R$ 170 milhões, e também ressaltou que a instituição lançou cerca de 80 editais em 2013. “É um número bastante grande”, acrescentou. “O apoio inclui programas de bolsa de estudo para especialistas nas empresas e nas universidades, enfim, uma expansão de conhecimento em diferentes áreas”, concluiu

Fonte: MCTI, via AEB.
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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Peru próximo de seu primeiro satélite

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Há grande expectativa de que, muito em breve, possivelmente neste mës de janeiro, o governo do Peru finalmente anuncie a compra de seu primeiro satélite de observação terrestre. Em 14 de dezembro, foi publicado um decreto que declarou de interesse nacional a "contratação de um sistema satelital para a implementação e desenvolvimento do Centro Nacional de Operações de Imagens Satelitais do Peru - CNOIS".

O decreto é baseado em expediente preparado pela agência espacial do país, a Comisión Nacional de Investigación y Desarollo Aeroespacial - CONIDA, que conta ainda com um estudo de mercado e informe técnico-econômico. Segundo notícias da imprensa local, a proposta apresentada pela companhia francesa Astrium (hoje, Airbus Defence & Space), envolvendo um satélite com resolução submétrica (70 cm com faixa de 14 km) seria a favorita. Outros proponentes seriam a Surrey Satellite Technology Limited (SSTL), do Reino Unido (87 cm de resolução, com faixa de 21 km), e empresas da Coréia do Sul, Espanha e Israel.

As intenções peruanas datam de meados de 2005, mas foram aceleradas a partir do momento em que o Chile, um rival histórico, passou a contar com seu sistema próprio, o SSOT, adquirido junto à Astrium em 2008 e colocado em órbita em dezembro de 2011. Nas últimas semanas, as forças armadas peruanas anunciaram importantes aquisições de equipamentos militares, como aeronaves de transporte da Itália e helicópteros da Rússia.
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