sábado, 2 de junho de 2012

SpaceX, Falcon 9 e o mercado de lançamentos


A grande notícia espacial desta semana foi a missão bem sucedida da espaçonave Dragon, desenvolvida pela SpaceX, em sua acoplagem à Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), seguida de reentrada na Terra em 31 de maio.

A missão foi iniciada em 22 de maio, quando decolou do centro espacial de Cabo Canaveral, na costa oeste dos EUA, um lançador Falcon 9, também desenvolvido e construído pela SpaceX. Foi a primeira acoplagem de uma nave comercial à ISS, fato bastante comemorado pelo empreendedor Elon Musk, fundador e diretor-presidente da SpaceX. "Esta missão representa o início de uma nova era da exploração espacial, uma em que há um significativo elemento espacial comercial", declarou.

Apesar desta missão não ter relação direta com o mercado de lançamentos comerciais - tema frequentemente abordado pelo blog, há claros reflexos nesse setor. Foi o terceiro voo consecutivo bem sucedido do Falcon 9, aumentando a expectativa da empresa, que espera conquistar uma relevante fatia do mercado global de lançamentos, hoje dominado pela Arianespace e ILS. Esta não será, porém, uma tarefa fácil.

A SpaceX terá que se provar em seu próprio país, no mercado de lançamentos governamentais, num ambiente de ameaças de cortes orçamentários e também forte competição com a United Launch Alliance, que reúne as gigantes Boeing e Lockheed Martin. O lançamento de satélites e missões governamentais americanas, ressalte-se, é fundamental para que a empresa consiga o ganho de escala necessário para sustentar o preço de seus fretes - no caso do Falcon 9, 54 milhões de dólares, segundo divulgado pela provedora, enquanto que com competidores tal valor pode atingir cifras próximas de 100 milhões de dólares.

Apesar de declaração de concorrente, Jean-Yves Le Gall, diretor-presidente da Arianespace, resumiu bem a situação de sua futura concorrente, indicando que esta precisa se provar. "A SpaceX fala muito, mas eles não lançam muito. Isto é um fato", afirmou há cerca de duas semanas à Aviation Week.

Sobre os desafios que a SpaceX enfrentará, recomendamos a leitura do artigo "SpaceX: Will Elon Musk's Triumph Be Transformative Or Transient?", publicado na Forbes dessa semana.

Loral, Intelsat 19, e os painéis solares

Em 31 de maio, a Sea Launch, que busca se restabelecer no mercado de lançamentos comerciais, realizou com sucesso a colocação em órbita do satélite Intelsat IS 19, levado ao espaço pelo lançador Zenit 3SL. Sucesso no lançamento, mas falha na abertura dos painéis solares do satélite, construído pelo fabricante norte-americano Space Systems/Loral, anunciada hoje (2).

Trata-se de mais um revés para a Loral, que tem tido grande sucesso nos últimos anos ao assinar vários contratos para construção de satélites geoestacionários, com preços muito competitivos. No final do ano passado, a empresa foi contratada pela brasileira Star One, da Embratel, para a construção do Star One C4, com previsão de lançamento em 2014.

Não foi a primeira falha na abertura de painéis solares de satélites da Loral. Dois satélites, contratados por uma operadora brasileira, sofreram falhas parecidas, a mais recente, em maio de 2011 (veja a postagem "A "maldição" do Estrela do Sul").

O "inferno astral" da Loral não está limitado às questões técnicas. A empresa enfrenta também uma desgastante briga judicial com a Viasat, uma antiga cliente, que alega ter tido direitos de patentes infringidos pela fabricante. A Loral é também frequentemente citada como uma empresa à venda, o que resulta em certas restrições financeiras.
.

Nenhum comentário: