quarta-feira, 13 de junho de 2012

SGB: instrumento de Política Espacial


Aos poucos, informações sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) que antes eram rumores vão se confirmando. No início desta semana, Nelson Salgado, da Embraer, foi confirmado com o presidente da Visiona Tecnologia Espacial. Apesar da nomeação ter saído há apenas alguns dias, Salgado já atuava de fato há meses como o responsável pelo projeto, sendo interlocutor com os vários interessados no projeto (veja a postagem "O SGB para a Embraer").

Um instrumento de Política Espacial

A criação da joint-venture também revela o objetivo do governo brasileiro em utilizar o SGB como um instrumento de Política Espacial. Esta intenção fica clara na menção, nas duas notas sobre a Visiona divulgadas pela Embraer nas últimas semanas, ao Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Espaciais, que será criado em São José dos Campos (SP), e que atuará em parceria com instituições de pesquisa e ensino, com o intuito de acelerar a capacitação do setor espacial brasileiro.

No início do ano, foi comentado ao blog Panorama Espacial que um dos motivos pela demora em se constituir a joint-venture entre a Embraer e a Telebrás era justamente a indefinição das partes quanto ao grau de envolvimento esperado da Visiona com outros projetos e iniciativas do Programa Espacial. Para alguns, a Visiona seria meramente uma empresa prestadora de serviços de comunicações via satélite, adquirindo e operando o satélite, enquanto que para outros, especialmente às autoridades ligadas ao Programa Espacial, a expectativa era de que a Visiona atuasse como um instrumento de Política Espacial, desenvolvendo capacidades no programa brasileiro, não apenas no campo das comunicações, mas nas outras áreas de interesse, funcionando como um catalisador de desenvolvimento e capacitação do setor espacial nacional. A segunda função, bem linha com o desejo de Marco Antonio Raupp e outras autoridades por um maior envolvimento da iniciativa privada com o setor espacial parece ter prevalecido.

Ao que tudo indica, este aspecto de Política Espacial deve ter papel significativo no processo de seleção do fornecedor do satélite. No processo de análise das ofertas, a Visiona e o governo brasileiro não analisarão apenas questões industriais e específicas de comunicações, mas também as contrapartidas e perspectivas de cooperação, que podem ir bem além dos satélites de comunicações.

2015 e não 2014

Em 5 de junho, em reportagem da AFP reproduzida por vários jornais e websites brasileiros, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, informou que o SGB será lançado no final de 2015. Tal data representa um atraso de um ano no cronograma inicial, algo que já era aguardado pelo mercado. Quando anunciado na formatação atualmente conhecida, em setembro de 2012, a expectativa era que o SGB tivesse sua fabricação contratada até o início deste ano, o que viabilizaria sua colocação em órbita até o final de 2014. Em geral, um satélite geoestacionário de comunicações leva até dois anos para ser desenvolvido e construído.
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