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Por ocasião da visita oficial do presidente da
República Popular da China, Xi Jinping, ao Brasil no início desta semana, os
governos dos dois países discutiram e firmaram diversos acordos sobre 35 itens,
inclusive nos setores aeroespacial e de defesa.
A declaração conjunta firmada
pelos mandatários dos dois países cita o programa do Satélite Sino-Brasileiro
de Recursos Terrestres (CBERS), além de ações em meteorologia e clima espacial.
Abaixo, reproduzimos alguns excertos da declaração:
“- Os dois Chefes de Governo assinalaram o êxito do Programa
Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), estabelecido em
1988. Renovaram o compromisso de reforçar a cooperação espacial bilateral, com
ênfase no desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e reafirmaram o
compromisso de lançar o sexto satélite da família CBERS - CBERS-4A, com
previsão para 2018. Assinalaram seu apoio à implementação do Plano Decenal de
Cooperação Espacial (2013-2022), às atividades do Centro Brasil-China para
Aplicação de Dados de Satélites Meteorológicos e do Laboratório Sino-Brasileiro
de Clima Espacial, bem como à continuidade do compartilhamento gratuito de
imagens de satélites com países africanos, por meio do programa CBERS for
Africa.
- As duas partes coincidiram sobre o papel estratégico da
defesa em suas relações bilaterais. Destacaram a importância do fortalecimento
do Diálogo sobre Defesa e Assuntos Militares, voltado para o intercâmbio de
informações sobre questões estratégicas e a possível promoção de iniciativas
conjuntas. Notaram com satisfação o interesse contínuo de ambos os lados de
incrementar a cooperação nas áreas de tecnologia da informação,
telecomunicações e sensoriamento remoto. Nesse contexto, congratularam-se,
ainda, pela assinatura de Memorando de Entendimento entre o Ministério da
Defesa do Brasil e a Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria
de Defesa da China.”
SIPAM
Um dos instrumentos assinados trata da cooperação envolvendo
o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), prevendo a constituição de um Grupo
de Trabalho Gestor (GTG), co-presidido pelo Centro Gestor e Operacional do
Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e pela Administração Estatal de
Ciência, Tecnologia e Indústria Nacional de Defesa (SASTIND).
De acordo com o governo, o acordo tem por objetivos básicos
cooperar e compartilhar dados de satélites ambientais, meteorológicos e de
observação da terra, além da troca de conhecimento e experiência nas áreas de
tecnologia da informação, telecomunicação e sensoriamento remoto.
Ainda, segundo informações do Ministério da Defesa, o acordo
inclui o "intercâmbio de dados e conhecimentos em meteorologia,
climatologia, hidrometeorologia e mudanças climáticas; cooperação nas
aplicações envolvendo o uso de telecomunicações ponto a ponto e via satélite;
promoção da capacitação de recursos humanos nas áreas tecnológicas
relacionadas; e a cooperação no mapeamento cartográfico e temático.”
Interesses no setor de defesa
Além da cooperação espacial e da formação do grupo de
trabalho para o SIPAM, a China também tem outros interesses no mercado
brasileiro de defesa.
Em reunião em Brasília na última segunda-feira (18), o
ministro chinês da Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa, Xu Dazhe,
destacou ao ministro Jaques Wagner o interesse em expandir a cooperação
para programas como o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SISGAAz), da
Marinha do Brasil. Para o SisGAAz, aliás, que está em fase de concorrência,
empresas chinesas integram o consórcio liderado pela Orbital Engenharia, de São
José dos Campos (SP).
Na relação de instrumentos assinados por conta da
visita oficial, consta também um memorando de entendimentos entre a
Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), a China Electronics Corporation (CEC) e o
Industrial and Commercial Bank of China (ICBC). O escopo do documento não foi
divulgado. [Atualização em 21/05/2015: o memorando prevê uma iniciativa para o Programa de Integração da Amazônia Legal]
Espera-se uma visita de Jaques Wagner à China no próximo mês
de setembro.
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