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quinta-feira, 16 de março de 2017

CBERS 4: ação em desastres naturais

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CBERS-4 grava imagem em ação de emergência

Quarta-feira, 15 de Março de 2017

Imagem do satélite sino-brasileiro CBERS-4 mostra destruição e alagamentos provocados pelo ciclone tropical Enawo, que em 7 de março atingiu Madagascar, um dos países mais vulneráveis a catástrofes naturais.

O monitoramento de desastres naturais é uma das aplicações mais importantes do sensoriamento remoto por satélites. Logo após a passagem do ciclone, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realizou uma aquisição emergencial de imagens do CBERS-4, utilizando o gravador de bordo.

"Esta aquisição funcionou como um teste para a gravação de imagens CBERS em situações de emergências", explica Laercio Namikawa, pesquisador da Divisão de Processamento de Imagens do INPE.

Para obter a imagem, a passagem do satélite foi programada com a China, parceira do Brasil no Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite).

A imagem foi obtida no dia 9 e, em seguida, retransmitida para a estação do INPE em Cuiabá. Logo após, foi realizado o seu processamento. O resultado está disponível na Galeria de Imagens de Observação da Terra.

O INPE faz parte do "International Charter Space and Major Disasters", um consórcio de instituições e agências espaciais que fornece dados orbitais em situações de emergências causadas por desastres naturais em todo o mundo.

"Considerando o sucesso desta aquisição emergencial dos dados do CBERS-4, esperamos fornecer imagens em outros casos, além da colaboração com o Charter", diz o pesquisador do INPE.

A resolução espacial da imagem é de 5 metros - as áreas alagadas estão apresentadas em preto e as águas com sedimentos estão em tons avermelhados.

A imagem em resolução completa pode ser acessada em http://www.dpi.inpe.br/charter/Madagascar2017/

Fonte: INPE

domingo, 4 de dezembro de 2016

Cooperação Brasil - China: CBERS 4A

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Brasil e China acertam operação do satélite CBERS-4A

Terça-feira, 29 de Novembro de 2016

Técnicos brasileiros e chineses se reuniram no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), na segunda-feira (28/11), para discutir assuntos relacionados ao Programa CBERS e à cooperação nas atividades de rastreio, telemetria e telecomando para o CBERS-4A, satélite que tem lançamento previsto para 2018.

Sexto satélite do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), o CBERS-4A garantirá a continuidade do fornecimento de imagens para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

Segundo Valcir Orlando, chefe do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) do INPE, os técnicos já se preparam para as ações durante a crítica fase de lançamento e órbitas iniciais do satélite.

"Discutimos qual seria a participação do INPE na realização das atividades operacionais do satélite durante esta fase, além de detalhes importantes sobre a comunicação de dados na ocasião. Outro ponto importante abordado na reunião foi o modo pelo qual a responsabilidade pelo controle em rotina do CBERS-4A seria compartilhado entre INPE e CLTC (China Satellite Launch and Tracking Control General)", explicou o chefe do CRC/INPE.

O CLTC é o órgão responsável pelas bases de lançamentos e estações de rastreio chinesas, bem como pelo centro de controle de satélites de Xian. No âmbito da cooperação no Programa CBERS, enquanto o desenvolvimento dos satélites está sob a responsabilidade do INPE junto com a CAST (China Academy of Space Technology), as operações em órbita, a partir do lançamento, são realizadas em parceria com o CLCT.

Para a reunião, o diretor do INPE Ricardo Galvão recepcionou a delegação chinesa do CLTC coordenada por Wu Shuangtie, consultor do CLTC. Após as discussões, foi assinada a minuta acordando que, em geral, serão consideradas as mesmas soluções adotadas para o CBERS-4, satélite lançado em 2014 e atualmente em operação.

Pelo INPE, também participaram Maurício Gonçalves Vieira Ferreira e Jun Tominaga, do CRC/INPE, Antonio dos Reis Bueno, do Programa CBERS, e Adriana Cursino Thomé, da Seção de Relações Internacionais.

Após a reunião técnica, a delegação chinesa visitou o Laboratório de Integração e Testes (LIT) e o Centro de Controle de Satélites (CCS) do INPE.

Sobre o Programa CBERS: www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Cooperação Brasil - China

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Chineses fortalecem parceria com a Agência Espacial Brasileira

29/11/2016

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, recebeu na manhã desta terça-feira (29.11) em seu gabinete a visita de uma delegação chinesa da empresa China Satellite Launch and Trackking Control General (CLTC), chefiada pelo senhor Wu Shuangtie. Durante o encontro, os países repassaram a cooperação bilateral na área de TT&C e discutiram o aprofundamento da parceria que futuramente colocará em órbita o satélite Sino-Brasileiro de Observação da Terra – o Cbers- 4A.

O satélite Cbers-4A garantirá fornecimento contínuo de imagens ao Brasil e a China, bem como a outros países. Após 18 anos de parceria completados em 2007, o Brasil passou a ser um dos grandes distribuidores de imagens orbitais do mundo. A previsão é que o satélite seja colocado em órbita em 2018. A construção de mais dois satélites, Cbers 5 e 6, está em discussão no âmbito do Plano Decenal de Cooperação Espacial Brasil-China 2013 – 2022.

O Cbers-4A levará a bordo três câmeras, sendo uma chinesa e duas brasileiras. A câmera Multiespectral e Pancromática de Ampla Varredura (WPM) é desenvolvida pela China para obter imagens com resolução espacial de 2m na banda pancromática e de 8m nas bandas multiespectrais, com largura de faixa imageadora de 92 km.

As câmeras brasileiras serão réplicas da WFI e da MUX que estão a bordo do Cbers-4, lançado em dezembro de 2014. “Equipamentos e peças remanescentes dos Cbers-3 e 4 serão utilizados no Cbers-4A, mas precisamos contratar na indústria partes do satélite com base no projeto dos anteriores”, explica Antônio Carlos Pereira Junior, gerente do projeto Cbers-4A.

Imagens - No Cbers-4A, a câmera WFI terá resolução espacial de 55m, com largura de faixa imageadora de 684 km, enquanto a câmera MUX terá capacidade de prover imagens com resolução espacial de 16m, com largura de faixa imageadora de 95 km.

As imagens obtidas com a MUX a bordo do Cbers-4 já estão disponíveis aos usuários no catálogo on line do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com o Cbers-4A, o Brasil garante a continuidade do fornecimento de imagens.  para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

A MUX, primeira câmera para satélite totalmente nacional, é um dos projetos espaciais mais sofisticados realizados no país. Assim como os demais equipamentos, partes e componentes do satélite que couberam ao Brasil na parceria sino-brasileira, a câmera é de responsabilidade do Inpe por meio de contratos com a indústria nacional.

Fonte: AEB
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Cooperação espacial entre os BRICS

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Acordo de cooperação entre os BRICS permite uso pacífico do espaço

09/11/2016

Representantes dos países BRICS reuniram-se no dia 31 de outubro em Zhuhai, na China, no 1º Encontro dos Chefes das Autoridades Espaciais, para implementação do consenso alcançado durante a sétima reunião do grupo, realizada em julho de 2015, na Rússia. No encontro, as autoridades discutiram o desenvolvimento de um documento para a utilização conjunta de satélites de sensoriamento remoto da Terra e um protocolo de cooperação sobre exploração e uso pacífico do espaço.

“É preciso ampliar nossa colaboração bilateral transformando-a em apoio multilateral, envolvendo todos os países dos BRICS na área de observação da Terra, afirmou José Raimundo Braga, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), e chefe das quatro delegações presentes à reunião. Segundo ele, o documento desenvolvido pelo grupo apresenta um mecanismo que irá facilitar a cooperação nas áreas da exploração espacial pacífica e conjunta do sistema de sensoriamento da Terra.

No acordo firmado entre o grupo, José Raimundo assumiu o compromisso de o Brasil e a China contribuírem conjuntamente, começando com o satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres – CBERS 4, e com a Estação Terrena de Cuiabá (MT),  que tem a função de adquirir e rastrear o satélite durante sua passagem, receber, processar, formatar e enviar ao Centro de Controle de Satélites (CCS) os dados de telemetria de serviços entre outros.

Consenso – Todos os chefes presentes ratificaram as palavras do presidente da AEB e explicaram suas atividades espaciais nacionais, além de expressarem o desejo de aprimorar a cooperação entre os estados BRICS. Os representantes da CNSA inseriram o conceito, progresso e planos de trabalho da constelação de satélites de sensoriamento remoto dos BRICS. Os chefes russos ratificaram o acordo entre a Agência Espacial Brasileira, a Roscosmos, ISRO, CNSA e a Sansa na cooperação da constelação de satélites de sensoriamento remoto dos BRICS.

“Hoje estamos dando um passo para o futuro. Estou convencido de que os esforços conjuntos sobre o uso de satélites de sensoriamento remoto pelos países BRICS vão servir para a gestão de desastres, proteção ambiental e desenvolvimento social e econômico sustentável dos nossos países”, ressaltou  o diretor da Roscosmos, Igor Komarov. “A Rússia coopera ativamente com Brasil, Índia, China e África do Sul na área de exploração espacial”, continuou Komarov.Participaram da reunião líderes das agências espaciais da África do Sul (SANSA), da Administração Espacial Nacional da China (CNSA), da Corporação Espacial Estatal (Roscosmos), Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO). A Roscosmos apoiou a iniciativa dos parceiros chineses de compartilhar o uso dos sistemas de satélite de sensoriamento remoto e de infraestrutura terrestre conexa no interesse dos países BRICS.

Os países BRICS irão se esforçar para prosseguir na cooperação da constelação de satélites de sensoriamento remoto e acelerar os procedimentos de aprovação do acordo para garantir sua assinatura antes ou até a nona reunião dos BRICS. O primeiro encontro do comitê de articulação de cooperação espacial será mantido na China em 2017 antes ou até a reunião dos BRICS.

Fonte: AEB
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terça-feira, 1 de novembro de 2016

T&D: "Satélites de Observação Terrestre na América do Sul"

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Satélites de Observação Terrestre na América do Sul

André M. Mileski

Nos últimos anos, o número de países que passaram a deter meios autônomos de observação terrestre a partir do espaço cresceu consideravelmente, seguindo uma tendência global de disseminação da tecnologia espacial entre os chamados emergentes. Na América do Sul, não tem sido diferente, com países que já têm tradição nesse campo, como Brasil e Argentina, lançando novas missões de observação, o Chile e a Venezuela se juntando ao clube, e outros como Peru e Bolívia prestes a integrá-lo.

A seguir, um panorama sobre os programas e projetos de satélites de observação terrestre na América do Sul, numa atualização de artigo similar publicado no final de 2013, na edição n.º 133 de T&D.

Argentina

O programa argentino de satélites de observação é hoje um dos mais avançados da América do Sul, ao lado do brasileiro, abrangendo missões tanto óticas como radar, geralmente implementadas em regime de parceria internacional. Seu primeiro sistema de sensoriamento remoto foi o SAC-C, lançado em 21 de novembro de 2000, e que contava com dois sensores óticos com resoluções nas faixas de 35 a 350 metros, destinados a produzir imagens multiespectrais para estudos da Terra, além de sensores científicos específicos. A missão foi realizada em cooperação com a agência espacial norte-americana (NASA), além de institutos de pesquisa da Europa e o Brasil, que executou os testes finais do artefato no Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

Passo seguinte foi dado com o SAC-D/Aquarius, uma parceria internacional, com participação de institutos dos Estados Unidos, França, Itália, Canadá e Brasil, e colocado em órbita em 10 de junho de 2011. Muito embora a missão tenha caráter mais científico (o sensor Aquarius, fornecido pela NASA, é um radiômetro em banda L para medição da salinidade dos oceanos), o satélite também foi equipado com uma câmera de alta sensibilidade (visualização de iluminação urbana, embarcações, tormentas elétricas, cobertura de neves), com 200/300 metros de resolução, e um sensor infravermelho (imageamento de incêndios e atividades vulcânicas), com resolução de 350 metros. Atualmente, a Argentina é o único país sul-americano a desenvolver de fato uma constelação de satélites com tecnologia de radar de abertura sintética (SAR, sigla em inglês), capaz de imagear a superfície terrestre independente de luz e cobertura de nuvens, no âmbito do projeto SAOCOM. O projeto, que integra o Plano Espacial Nacional e é tocado pela Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) prevê a construção de duas constelações, a SAOCOM 1 e SAOCOM 2, cada uma sendo composta por dois satélites. Os artefatos da primeira constelação estão em desenvolvimento e devem ser lançados a partir de 2017, tendo vida útil estimada em cinco anos. Contarão com um sensor radar operando em banda L, com resolução espacial entre 10 e 100 metros e cobertura de 35 a 350 km, com diferentes ângulos de observação. Quando em operação, o SAOCOM integrará o Sistema Ítalo-Argentino de Satélites para a Gestão de Emergências (SIASGE), considerado único no mundo, que envolverá a integração dos satélites argentinos com a constelação italiana COSMO-SkyMed.

Outro projeto nos planos argentinos é o do Satélite Argentino-Brasileiro de Informações Ambientais Marítimas - SABIA-Mar (designado localmente como SAC-E), discutido desde o final de 1998 com o vizinho, mas que apenas recentemente recebeu um novo impulso para a sua viabilização.

Bolívia

Apesar de ser um dos países mais pobres da América do Sul, durante o governo de Evo Morales a Bolívia buscou estruturar um programa espacial, e seu primeiro projeto concretizado foi o de um satélite geoestacionário de comunicações, o Tupac Katari, adquirido na China em dezembro de 2010 e lançado ao espaço no final de 2013. Desde então, um sistema de observação também está nos planos do governo local, para aplicações como o monitoramento de recursos minerais, muito embora não existam indicativos claros sobre a negociação e mesmo disponibilização de recursos para a aquisição. O satélite já tem até um nome definido – Bartolina Sisa, esposa de Tupac Katari, uma liderança indígena da história boliviana, com especificações também já definidas pela Agência Boliviana Espacial (ABE).

Apesar do programa espacial ter se iniciado com apoio chinês, o caminho para a obtenção de seu satélite de observação não necessariamente passa por Pequim. Segundo declarações dadas por representantes da ABE, várias empresas demonstraram interesse em cooperar com a Bolívia na obtenção de seu próprio satélite, dentre as quais a China, França, Reino Unido, Espanha, Argentina, Rússia e Japão. Nota-se que o governo e empresas francesas, que nos últimos anos já fecharam negócios com a Bolívia envolvendo a venda de helicópteros e sistemas de radares, estão bastante empenhadas em participar.

As estimativas de custos do projeto oscilam entre US$ 100 e 200 milhões, a depender da especificação final do sistema, e aguarda-se para breve uma definição sobre a disponibilização de recursos e definição do fabricante.

[Nota do blog: após o fechamento do artigo (setembro de 2016), surgiram notícias na imprensa boliviana indicando que o governo teria decidido "atrasar" o projeto de seu satélite de observação, passando a priorizar a encomenda de um segundo satélite de comunicações, o Túpac Katari II, para lançamento em 2021. A alegada razão seria o fato de que o satélite de comunicações geraria receitas financeiras, enquanto que o sistema de observação exigiria investimentos públicos que não seriam facilmente recuperados, não sendo o momento atual o mais adequado para tal investimento.]

Brasil

O Brasil foi pioneiro no continente sul-americano na exploração espacial, inclusive em sensoriamento remoto a partir do espaço. Em abril de 1973, o País se tornou o terceiro no mundo – depois dos Estados Unidos e do Canadá – a dispor de uma estação terrena de imagens de satélite, no caso, o norte-americano ERTS-1 (que originou a família Landsat), instalada em Cuiabá (MT) e operada pelo INPE. A busca pelo desenvolvimento de alguma autonomia em imageamento a partir do espaço veio com a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), lançada pelo governo no final da década de 1970, objetivando capacitações nos segmentos de lançadores (programa VLS), satélites e infraestrutura terrestre (laboratórios e centros de lançamento). A MECB previu o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento, começando-se pelo SSR-1, que mais tarde veio a ser conhecido como Amazônia-1.

Após uma série de dificuldades tecnológicas e administrativas, a conclusão do Amazônia-1 é aguardada para os próximos anos, em 2018, após investimentos de cerca de R$ 200 milhões, e que contou com extensa contratação junto à indústria nacional. Baseado na Plataforma Multimissão (PMM), desenvolvida pelo INPE em conjunto com a indústria nacional, será equipado com uma câmera de visada larga com 40 metros de resolução e faixa de cobertura superior a 700 km, que produzirá imagens da Terra para aplicações no agronegócio, meio-ambiente, monitoramento de recursos naturais e em outros fins. Após o lançamento do Amazônia-1, espera-se que outros dois artefatos sejam colocados em órbita nos anos seguintes, o Amazônia-1B e o Amazônia-2.

Quase dez anos após a MECB, os governos do Brasil e da China assinaram um acordo de cooperação tecnológica visando ao desenvolvimento de dois avançados satélites de sensoriamento emoto, dentro do programa denominado CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), que desde então tem contribuído significativamente para a capacidade nacional em obter, processar e interpretar imagens geradas a partir do espaço.

O acordo assinado em 1988 contemplava o desenvolvimento e construção de dois satélites idênticos de sensoriamento remoto equipados com sensores óticos. Nos dois primeiros satélites, as responsabilidades não foram divididas igualitariamente: à China, caberia o desenvolvimento, fabricação e custeio do equivalente a 70% do projeto, enquanto que à parte brasileira os 30% restantes. O primeiro modelo, o CBERS 1, foi colocado em órbita heliossíncrona, a 778 km de altitude, em 14 de outubro de 1999, e operou até 2003, superando em quase 100% o tempo de sua vida útil estimada de dois anos. O segundo, por sua vez, subiu ao espaço em 21 de outubro de 2003. Em novembro de 2002, os dois governos firmaram um novo acordo prevendo a continuidade do CBERS com a construção de outras duas unidades - CBERS 3 e 4, maiores e mais sofi sticados, com sensores óticos com resoluções na faixa de 5 a 70 metros. Nesse novo acordo, definiu-se também uma nova divisão dos investimentos, agora igualitária, cada um respondendo por 50%.

Após a colocação em órbita do CBERS 2, e considerando que o CBERS 3 seria lançado apenas mais adiante, o INPE e sua contraparte chinesa decidiram construir um novo satélite idêntico aos de primeira geração, chamado CBERS 2B, de modo a cobrir o hiato da retirada de operação do último satélite da primeira série e a entrada de seu sucessor da segunda série. O CBERS 2B foi lançado em setembro de 2007.

O CBERS 3 foi perdido numa falha do lançador chinês no início de dezembro de 2013, o que levou a uma aceleração do cronograma para a colocação em órbita do CBERS 4, de forma a minimizar os danos causados pela ausência de um satélite da série em funcionamento. Na manhã de 7 de dezembro, a partir da base de Taiyuan, a cerca de 700 km de Pequim, o foguete Longa Marcha 4B decolou e, 12,5 minutos mais tarde, inseriu em órbita o CBERS 4.

Em razão da perda do CBERS 3 e considerando a vida útil estimada em três anos do CBERS 4, os governos do Brasil e da China optaram por construir um terceiro artefato da segunda geração da família, o CBERS 4A, que se aproveitará de componentes e subsistemas já contratados e construídos no processo de desenvolvimento dos modelos anteriores. O equipamento deve ser lançado ao espaço em setembro de 2018, e o desenvolvimento de uma terceira família, com mais dois satélites (CBERS-5 e 6) está em discussão no âmbito do Plano Decenal de Cooperação Espacial Brasil-China 2013-2022.

As imagens geradas pelo CBERS são utilizadas em programas de monitoramento do desmatamento na Amazônia, bem como em aplicações voltadas para a vegetação, a agricultura, o meio ambiente, o gerenciamento hídrico, a cartografia, a geologia, o gerenciamento de desastres naturais e a educação sobre temas ambientais.

O INPE tem também trabalhado há vários anos no conceito de um satélite radar (SAR), que inicialmente seria desenvolvido em conjunto com instituições da Alemanha, baseado na PMM. O sistema é tido como essencial para as necessidades brasileiras, em particular no monitoramento do desmatamento na Amazônia, tendo em vista sua capacidade de imageamento em quaisquer condições de tempo. No projeto atual, conforme previsto no Programa Nacional de Atividades Espaciais - PNAE 2012 - 2021, o SAR deverá dotado de um imageador radar de abertura sintética, operando em vários modos, com múltiplas resoluções na faixa de 5 a 30 metros, destinado a aplicações voltadas ao meio-ambiente, agricultura, defesa, entre outras. Seu lançamento é previsto para 2020, muito embora ainda faltem definições quanto a tecnologia a ser adotada e possível cooperação internacional.

Outra missão nos planos da Agência Espacial Brasileira (AEB) e INPE é a SABIA-Mar, desenvolvida em conjunto pelo Brasil e a Argentina. Trata-se de um sistema completo de observação da Terra dedicado ao sensoriamento remoto de sistemas aquáticos oceânicos e costeiros incluindo águas interiores, baseado em uma constelação de dois satélites. Junto à missão primária, os artefatos poderão, também, observar águas interiores, e obter dados em escala global da cor dos oceanos. Suas imagens poderão ser usadas em aplicações relacionadas à pesca e na aquicultura, no gerenciamento costeiro, no monitoramento de recifes de coral, de florações de algas nocivas e de derrames de óleo, na previsão do tempo, na análise da qualidade das águas, entre outras. A partilha das tarefas no desenvolvimento dos satélites será de 50% para cada país, sendo que o projeto se encontra em fase preliminar.

No campo militar, desde a aprovação pelo Comando da Aeronáutica das diretrizes para a aprovação do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), passou-se a ter um panorama mais claro sobre as demandas das Forças Armadas por dados gerados a partir do espaço, assim como as estratégias para o seu atendimento. O PESE considera a constituição de uma constelação própria de satélites para fins de observação terrestre – tanto óticos como radares, meteorologia, navegação e comunicações, dentre outras finalidades, cuja viabilização depende da disponibilização de recursos orçamentários. No rol de prioridades do PESE, meios de observação, em especial óticos, ocupam o topo, e acredita-se que uma concorrência possa ser iniciada dentro dos próximos anos.

Mais recentemente, embora ainda em fase muito embrionária, começou a ser discutido um projeto de pequeno satélite de observação para o atendimento de demandas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) quanto ao monitoramento de propriedades rurais. Um acordo de cooperação técnica foi assinado em maio entre o INCRA e a Agência Espacial Brasileira (AEB), e a depender da disponibilidade de orçamento e interação com outros projetos constantes do PNAE e PESE, poderia levar à operação de um pequeno satélite ótico, a ser denominado Incra Sat, a partir de 2021.

Colômbia

Um dos países do continente que mais tem crescido nos últimos anos - a previsão é de que nos próximos anos supere a Argentina, tornando-se a terceira maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil e México - a Colômbia também considera em seus planos estratégicos a obtenção de capacidade autônoma de observação terrestre a partir do espaço. Há gestões da Comisión Colombiana del Espacio (CCE), vinculada à Vice-Presidência da República, para o desenvolvimento de um programa satelital, iniciativa que deverá envolver parcerias com governos e indústrias estrangeiras.

Em setembro de 2015, os processos iniciais visando à aquisição de seu satélite foram interrompidos por orientação do vice-presidente, Gérman Vargas Llera, sob o argumento de que a compra de imagens diretamente por entidades governamentais apresentaria um custo inferior à aquisição de um sistema próprio, argumentação sujeita à críticas e questionamentos mesmo em seu país.

Chile

Em julho de 2008, após um processo de seleção que envolveu os principais fabricantes do mundo, o Chile se tornou o terceiro país do continente a contratar um sistema espacial de observação, encomendando um microssatélite junto à europeia Astrium, hoje parte da Airbus Defence and Space, num negócio avaliado em US$ 72 milhões.

Lançado no final de 2011, o SSOT (Sistema Satelital de Observación de la Tierra), também conhecido localmente como Fasat Charlie, é uma missão dual, com aplicações civis e militares, encomendado pelo Ministério da Defesa do Chile em julho de 2008. O satélite tem 117 kg de massa e conta com um sensor ótico capaz de produzir imagens com 1,45 metros de resolução, para aplicações como mapeamento, agricultura e gerenciamento de recursos e desastres naturais. Sua vida útil é estimada em cinco anos. A partir de uma estação terrestre em Santiago, o satélite é operado por uma equipe de engenheiros chilenos, treinados nas instalações da Airbus Defence and Space, em Toulouse, no sul da França, onde o sistema e o satélite foram desenvolvidos e construídos.

Com a proximidade do término da vida útil do SSOT, Santiago tem considerado alternativas para a manutenção e mesmo ampliação de sua capacidade de observação a partir do espaço, em nova concorrência que deverá atrair a participação dos principais fabricantes globais. O governo francês e a Airbus Defence and Space firmaram novos acordos e iniciativas de cooperação com entidades chilenas visando pavimentar o caminho para a continuidade da parceria iniciada com o Fasat Charlie, mas outros países e empresas interessadas, com destaque para a China e Israel também tem buscado se posicionar para fornecer suas tecnologias ao país andino.

Peru

Seguindo o exemplo de seus vizinhos, o Peru também avançou na busca dessa capacidade. As intenções peruanas datam de 2006, mas foram celeradas a partir do momento em que o Chile, um rival histórico, passou a contar com seu sistema próprio, em julho de 2008, culminando, em abril de 2014, com a contratação da Airbus Defence and Space para o desenvolvimento e construção de seu primeiro satélite, denominado PerúSAT-1. A contratação se deu após uma intensa concorrência promovida pelo Ministério da Defesa e pela Agência Espacial do Peru (CONIDA), da qual participaram fabricantes da França, Israel, Espanha e Coréia do Sul, entre outros.

A seleção da proposta da Airbus Defence and Space por parte do governo peruano foi fundamental para a consolidação de sua presença na região, um mercado que, embora pequeno, é considerado muito importante, segundo Christophe Roux, vice-presidente do grupo para a América Latina. A Airbus está atenta a outras possibilidades na América do Sul, como o Chile, Bolívia e Brasil, e tem seguido uma estratégia de oferecer treinamento, transferência de conhecimento e acesso a serviços de imagens, e em determinados casos, como no Brasil, industrialização local e transferência tecnológica.

O projeto peruano, estimado em cerca de US$ 200 milhões, inclui um satélite ótico de última geração dotado de um sensor de alta resolução (derivado da família Naomi), assim como um centro de controle, recepção e processamento de imagens, chamado Centro Nacional de Operaciones de Imágenes Satelitales del Perú (CNOIS), que abrigará o segmento terrestre de controle, recepção e processamento dos dados do satélite. Também abrange um pacote de absorção tecnológica por meio do treinamento de engenheiros e técnicos peruanos, além do fornecimento de imagens geradas por satélites óticos e radares da constelação própria da Airbus Defence and Space.

O PerúSAT-1 foi construído em torno de uma plataforma AstroBus-S, compacta e altamente flexível, utilizada em missões como as do Pléiades, SPOT 6 e 7, Ingenio (Espanha) e KazEOSat-1 (Cazaquistão). Contará com um sensor ótico com resolução de 70 centímetros, a mais avançada da América Latina. O modelo, que terá massa próxima de 400 kg e será posicionado a 694 km de altitude, foi construído em menos de dois anos, e produzirá dados para gestão de áreas terrestres, controle de fronteiras e combate ao tráfico de drogas. Suas imagens poderão também ser utilizadas para apoio e gestão de missões humanitárias e em casos de desastres naturais, como enchentes, incêndios florestais, deslizamentos e erosões.

No início de agosto, o PerúSAT-1 foi transportado de Toulouse para Kourou, na Guiana Francesa, de onde será lançado ao espaço em setembro, a bordo de um foguete Vega, operado pela Arianespace.

[Nota do blog: o PerúSAT-1 foi colocado em órbita com sucesso em 16 de setembro. No início de outubro, a Airbus divulgou publicamente a entrega de suas primeiras imagens, como a tela abaixo, da mina de cobre Cuajone, localizada no sul do Peru.]


Venezuela

Em seu governo, o falecido presidente Hugo Chávez buscou colocar a Venezuela em situações de independência em alguns setores considerados estratégicos, como comunicações e observação terrestre. O primeiro passo dado foi a aquisição de um satélite de comunicações, o Venesat-1, comprado da chinesa China Great Wall Industry Corporation (CWIC) e inserido em órbita no final de 2008. O passo seguinte, seguindo a tendência mundial, foi um satélite de observação terrestre, gozando da parceria espacial mantida com os chineses desde o Venesat-1, num investimento de US$ 140 milhões.

A contratação para a construção do satélite, chamado de Francisco Miranda, mas também designado como VRSS-1 (Venezuelan Remote Sensing Satellite) ocorreu em maio de 2011, e representou o segundo satélite desenvolvido pela estatal CGWIC para o governo venezuelano - o primeiro, lançado em outubro de 2008, foi o satélite de comunicações Venesat-1. O VRSS-1 também representa o primeiro satélite de observação exportado pela hina, que se busca firmar como player nesse segmento, a exemplo do que já acontece em comunicações.

O Francisco Miranda foi lançado ao espaço em outubro de 2011 por um foguete Longa Marcha 2D, a partir do centro espacial de Jiquan, no noroeste da China. O VRSS-1 é capaz de produzir imagens com 2,5 metros de resolução, gerando em torno de 350 imagens por dia. Seus dados têm sido utilizados para operações de planejamento urbano, monitoramento ambiental, de mineração ilegal e tráfico de drogas, além de aplicações em defesa. Sua operação está a cargo da Estação Terrena de Controle Satelital localizada na Base Aeroespacial Capitán Manel Rios (BAMARI), a cerca de 190 km de Caracas. Apesar da forte crise política e econômica, a Venezuela segue adiante com suas iniciativas em sensoriamento remoto com o satélite José Antonio de Sucre (VRSS-2), com lançamento previsto para setembro de 2017 e investimentos totais estimados em US$ 170 milhões. A exemplo dos modelos anteriores, o Sucre está sendo construído na China e recentemente teve concluída com êxito a fase de revisão crítica do projeto (CDR, sigla em inglês), conduzida por especialistas chineses e venezuelanos. De acordo com informações divulgadas na mídia local, o Sucre terá massa estimada em 1.000 kg, contando com um sensor ótico de alta resolução, apto a produzir imagens de até 1 metro com faixa de 30 km, e também com uma câmera infravermelha.

Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 146 (setembro de 2016).
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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Entrevista de Ricardo Galvão, novo diretor do INPE


Novo diretor do INPE quer eliminar entraves e avançar com o programa espacial brasileiro

Segunda-feira, 26 de Setembro de 2016

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, deu posse ao novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, na manhã desta segunda-feira (22), durante solenidade em comemorarão aos 55 anos do INPE, em São José dos Campos (SP).

Escolhido pelo ministro Gilberto Kassab a partir de lista tríplice, o engenheiro de telecomunicações Ricardo Galvão é mestre em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em física de plasmas aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos. Professor da Universidade de São Paulo, foi presidente da Sociedade Brasileira de Física e é membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências, além do Conselho da Sociedade Europeia de Física.

Na entrevista a seguir, realizada pelo Portal do MCTIC, Ricardo Galvão falou dos principais desafios do INPE, como a redução do quadro de servidores e a recomposição orçamentária, da necessidade de sinergia com a Agência Espacial Brasileira (AEB), entre outras questões.

MCTIC: Qual é o maior desafio do INPE?

Ricardo Galvão: Não existe um 'maior desafio', mas vários desafios a serem enfrentados na próxima gestão. O primeiro deles é a gravíssima situação de acentuada redução do quadro de servidores do INPE, em particular analistas e assistentes de gestão. Enquanto alguns pesquisadores, tecnologistas e técnicos permanecem na instituição mesmo após terem atingido as condições para aposentadoria, atraídos pela participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento, até com a possibilidade de usufruir de bolsas de produtividade do CNPq em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, atrativos semelhantes não existem para o pessoal administrativo. Esta é uma situação que afeta não somente o INPE, mas praticamente a totalidade das unidades de pesquisa do MCTIC. A solução definitiva deste problema está além da governança do diretor e exigirá uma ação integrada entre os diretores de todas as unidades e o ministério para, gradualmente, trabalhar junto ao Ministério do Planejamento para conseguir abertura de novos concursos.

MCTIC: O que é possível fazer para contornar a situação?

Ricardo Galvão: Como solução paliativa, pretendo estudar reativar propostas de incentivo para servidores que permanecem na ativa após terem atingido a condição para aposentadoria. No entanto, não estou seguro de que isto seja possível no governo federal. Continuando, o segundo desafio é certamente a questão orçamentária, neste cenário de crise econômica que afeta o país. Aqui também, embora a solução definitiva esteja além da governança do diretor, existem algumas possibilidades a serem mais bem exploradas com relação à obtenção de recursos complementares, através de programas mais ambiciosos junto às agências de fomento, como, aliás, a atual gestão implementou para a área espacial com a Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] e a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], e o aumento das atividades de prestação de serviços, implementadas através da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate). Neste quesito, os diferentes laboratórios do INPE têm grande potencial, e a nova Lei 13.243/2016 [Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação] introduziu mecanismos jurídicos que facilitam bastante a prestação de serviços técnicos a instituições públicas ou privadas. Além disso, algumas coordenações do INPE, como a de Observação da Terra, por exemplo, têm convênios com outros órgãos e agências do governo federal que promovem a entrada de recursos na instituição. Essas atividades devem ser estimuladas, desde que não sejam executadas em detrimento às de pesquisa científica e que uma parcela dos recursos obtidos seja repassada à instituição como 'custos de manutenção e operação'.

MCTIC: O senhor mencionou a área espacial. Como é a relação com a Agência Espacial Brasileira (AEB)?

Ricardo Galvão: Esse é o terceiro desafio que temos no INPE, ou seja, melhorar a interação com a AEB no que se refere à execução do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). O programa de satélites foi inicialmente todo desenvolvido sob a governança do INPE. No entanto, com a publicação do Decreto 1.332, estabelecendo a Política de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE), e a sanção da Lei 8.854, criando a AEB, o INPE perdeu parcialmente a autonomia para estabelecer, de forma independente, sua política de desenvolvimento de satélites. De fato, o artigo 30 da referida lei estabelece que 'compete à AEB executar e fazer executar a PNDAE, bem como propor as diretrizes e as ações dela decorrentes'. Como é bem conhecido na comunidade espacial brasileira, essa alteração não foi fácil e amplamente aceita pelo corpo técnico do INPE.

MCTIC: Quais são os entraves?

Ricardo Galvão: Parece-me que parte dessas dificuldades decorre de que as competências para execução do PNAE, no que concerne objetivos científicos e técnicos, projetos conceituais e de engenharia de satélites, construção por encomenda à indústria ou a instituições governamentais, como também integração e testes, não estão ainda satisfatoriamente acordadas e detalhadas. Enquanto considero uma premissa fundamental a competência da AEB para "executar e fazer executar" o PNAE, é evidente que boa parcela da competência científica e técnica nessa área está concentrada principalmente no INPE. Assim, se não houver perfeita integração entre a agência e o instituto, desde a fase de projeto conceitual dos satélites, é evidente que sua execução pode ser prejudicada por desconfianças e diversidade de visões. Assim, julgo essencial eliminar entraves e costurar um relacionamento construtivo e colaborativo entre o INPE e a AEB. A equipe técnica do INPE deverá ter participação efetiva na definição de projetos de satélites que fiquem sob sua responsabilidade, principalmente os para aplicações científicas. Em contrapartida, deverá assumir o compromisso de seguir estritamente a execução dos projetos como acordado com a AEB.

Finalmente, outro desafio importante é reverter a aparente existência de certa atitude de isolamento e independência de alguns grupos de pesquisa básica em ciência espacial do INPE com relação a outros grupos nacionais. Especificamente, julgo que a liderança científica de unidades do MCTIC possa ser almejada somente se promover uma efetiva colaboração sinergética com outros grupos nacionais, permitindo que sua infraestrutura administrativa e técnica possa ser utilizada para viabilizar projetos científicos de maior envergadura, em particular em colaborações internacionais.

Isso ficou muito bem estabelecido no objetivo de um dos programas do Plano de Ação 2007-2010 do então Ministério da Ciência e Tecnologia, "aperfeiçoar e consolidar o papel das Unidades de Pesquisa do MCT como instituições líderes de C,T&I, atuando como centros de pesquisa em áreas estratégicas, como laboratórios nacionais com instalações de maior porte e ambiente científico que atraiam a comunidade científica, como âncoras de projetos mobilizadores e redes de pesquisa, ...".

Portanto é necessário estimular fortemente a pesquisa básica em ciência espacial e áreas correlatas, mas de forma coordenada, não somente entre os diversos grupos do INPE, mas também com a comunidade externa, fazendo com que boa parte de suas instalações opere de fato como laboratórios multiusuários.

MCTIC: Falando em setor aeroespacial, está previsto para 2018 o lançamento de um novo CBERS – Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres. Qual é o objetivo?

Ricardo Galvão: Os objetivos do CBERS estão bem definidos no Programa Nacional de Atividades Espaciais 2012 – 2021, que são ampliar a capacidade de observação e monitoramento do território nacional, além de dar continuidade e ampliar a cooperação com a China no desenvolvimento da tecnologia espacial. O CBERS 4 foi lançado com grande êxito em dezembro de 2014 e está em operação regular, operando uma câmera de muito boa resolução desenvolvida por empresa brasileira. O novo CBERS dará continuidade ao programa, aumentando a resolução das imagens obtidas.

MCTIC: O INPE faz o monitoramento da Amazônia brasileira por satélite. Como esses dados têm ajudado a combater o desmatamento?

Ricardo Galvão: Na realidade, o INPE tem vários programas de extrema importância para o país no que se refere ao monitoramento e preservação ambiental, como o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), além do Degrad. Embora as imagens utilizadas para estes programas sejam provenientes não somente de satélites brasileiros, mas também de outras constelações de satélites, no Programa Nacional de Atividades Espaciais está programado o lançamento de satélites da série Amazônia justamente para ampliar a capacidade do país no monitoramento da região. O Amazônia 1 será um satélite inteiramente concebido e desenvolvido no país, contribuindo substancialmente para o nosso avanço no domínio da tecnologia espacial.

Fonte: MCTIC, via INPE.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Avanços no projeto do CBERS 4A

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Senado aprova acordo de cooperação entre Brasil e China na área de Ciência e Tecnologia

O projeto aprova protocolo complementar para o desenvolvimento conjunto entre os países do CBERS-4A, que é um satélite de observação da Terra, resultado de um acordo sino-brasileiro

O Plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (24), Projeto de Decreto Legislativo (PDS 21/2016) que trata da cooperação entre Brasil e China na área de Ciência e Tecnologia. O projeto aprova protocolo complementar para o desenvolvimento conjunto entre os países do CBERS-4A, que é um satélite de observação da Terra, resultado de um acordo sino-brasileiro.

No Brasil, o desenvolvimento do programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o Inpe, o programa CBERS fornece imagens de satélites para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

O acordo entre Brasil e China permite a distribuição global dos dados CBERS, com o objetivo de proporcionar a países em desenvolvimento os benefícios do uso de imagens de satélites. O CBERS-4, lançado com sucesso em dezembro de 2014, tem vida útil estimada em três anos. O novo satélite (CBERS-4A) deve garantir a continuidade do fornecimento de imagens aos usuários dos dados relativos ao programa.

A proposta técnica do satélite, para lançamento em 2018, foi apresentada a dirigentes da Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) no mês de abril.

Fonte: Agência Senado.

Nota do blog: a aprovação do protocolo complementar pelo Senado Federal era condição essencial para a destinação de recursos orçamentários para a construção do CBERS 4A, possibilitando a realização de licitações e outorga de contratos à indústria.
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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Especialistas atestam qualidade das imagens do CBERS-4

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Especialistas atestam qualidade das imagens do CBERS-4

Sexta-feira, 13 de Maio de 2016

A qualidade das imagens obtidas pelas câmeras do satélite sino-brasileiro foi atestada durante a Revisão Final de Comissionamento do CBERS-4, realizada nesta quarta-feira (11/5) na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

O CBERS-4 é o quinto satélite do Programa CBERS e conta com quatro câmeras, duas brasileiras (MUX e WFI) e duas chinesas (PAN e IRS). A multiplicidade de sensores torna o CBERS-4 capaz de atender a diversas aplicações, como monitorar desmatamentos, queimadas, o nível de reservatórios, desastres naturais, a expansão agrícola e o desenvolvimento das cidades, entre outras.

“Os principais objetivos da Revisão foram avaliar a qualidade radiométrica e geométrica das câmeras e disponibilizar o satélite para a operação de rotina”, informa Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior, que coordena o Segmento Espacial do Programa CBERS.

Os resultados do período de comissionamento foram avaliados por um Comitê Revisor, que considerou não haver qualquer impedimento para a operação de rotina do CBERS-4.

É chamada de comissionamento a primeira fase de funcionamento em órbita de um satélite, quando seus equipamentos e subsistemas passam por testes e ajustes. Mesmo antes do final do comissionamento, o INPE já vinha disponibilizando as imagens do CBERS-4 no catálogo online.

“Os usuários têm nos dado retorno positivo sobre o uso das imagens”, comenta João Vianei Soares, coordenador do Segmento de Aplicações do Programa CBERS. “Imagens da câmera brasileira MUX foram usadas para avaliar a extensão do desastre em Mariana, por exemplo. A resolução da PAN é ótima para estudos urbanos. A câmera WFI, com 65 m de resolução e quase 900 km de faixa, revisita o mesmo alvo a cada 5 dias , com excelente qualidade tanto geométrica quanto radiométrica, e já está em uso nos projetos DETER e PRODES. A IRS também podem atender a diferentes usos. Cada câmera possui um nível de resolução capaz de gerar imagens no detalhamento necessário conforme a aplicação”.

A Revisão Final de Comissionamento do CBERS-4 contou com a presença do diretor do INPE, Leonel Perondi, e dos coordenadores dos segmentos Espacial, de Aplicações e de Controle do Programa CBERS, além de especialistas do Instituto e da AMS Kepler Engenharia de Sistemas, responsável pelo software utilizado no processamento das imagens do satélite.

Lançado em dezembro de 2014, o satélite CBERS-4 é resultado do esforço pela capacitação e crescimento do mercado de alta tecnologia no país. Mais informações sobre o Programa CBERS (sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite) estão disponíveis na página www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

INPE: Entrevista com Amauri Montes, coordenador da Engenharia e Tecnologia Espacial

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A mais recente edição do "INPE Informa", boletim editado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) dá sequência a sua série de entrevistas, desta vez com Amauri Montes, coordenador da Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE), que este ano completa trinta anos de existência. O ETE responde pelo desenvolvimento dos satélites do Instituto, como os da família SCD na década de noventa, e os de observação terrestre da família CBERS e Amazônia.

Além de uma interessante abordagem histórica, temas como política industrial, programa CBERS, Amazônia-1, cooperação internacional, ACDH, PESE, licitações, Plano Diretor, apenas para citar alguns, são abordados. Para ler a entrevista, clique aqui.
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domingo, 27 de dezembro de 2015

CBERS 4A avança

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INPE e CAST avançam no projeto do satélite CBERS-4A

Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2015

Especialistas brasileiros e chineses concluíram que o projeto do CBERS-4A deve avançar para a fase de fabricação dos modelos de voo de seus subsistemas e equipamentos. A previsão de lançamento do satélite sino-brasileiro é dezembro de 2018.

Durante a Revisão Crítica de Projeto (CDR), uma banca formada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Agência Espacial Brasileira (AEB) avaliou se o projeto do satélite é apropriado para cumprir os requisitos estabelecidos para a missão CBERS-4A. As equipes se reuniram para a CDR nos dias 15 e 16 de dezembro na sede do INPE, em São José dos Campos (SP).

"Alguns itens de ação foram propostos pela banca revisora e serão respondidos pelas equipes técnicas do INPE e da CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial). A conclusão é que não há impedimentos técnicos e o projeto pode prosseguir para a próxima fase (Fase D)", informa Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior, engenheiro do INPE que coordena o Segmento Espacial do Programa CBERS.

O CBERS-4A levará a bordo três câmeras – uma chinesa e duas brasileiras. A câmera Multiespectral e Pancromática de Ampla Varredura (WPM) está sendo desenvolvida pela China para obter imagens com resolução espacial de 2m na banda pancromática e de 8m nas bandas multiespectrais, com largura de faixa imageadora de 92 km.

As câmeras brasileiras serão réplicas da WFI e da MUX que estão a bordo do CBERS-4, lançado em dezembro de 2014. “Equipamentos e peças remanescentes dos CBERS-3 e CBERS-4 serão utilizados no CBERS-4A, mas precisamos contratar na indústria partes do satélite com base no projeto dos anteriores”, explica o engenheiro do INPE.

No CBERS-4A, a câmera WFI terá resolução espacial de 55m, com largura de faixa imageadora de 684 km, enquanto a câmera MUX terá capacidade de prover imagens com resolução espacial de 16m, com largura de faixa imageadora de 95 km.

As imagens obtidas com a MUX a bordo do CBERS-4 já estão disponíveis aos usuários no catálogo online do INPE e têm ajudado, por exemplo, a demonstrar os impactos causados no rio Doce pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana (MG).

Com o CBERS-4A, o Brasil irá garantir a continuidade do fornecimento de imagens para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

A MUX, primeira câmera para satélite totalmente nacional, é um dos projetos espaciais mais sofisticados realizados no Brasil. Assim como os demais equipamentos, partes e componentes do satélite que couberam ao País na parceria sino-brasileira, a câmera foi desenvolvida pelo INPE por meio de contratos com a indústria nacional, um investimento que se traduz na criação de empregos especializados e crescimento econômico.

O CBERS-4A é o sexto satélite do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite).

Mais informações: www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

CBERS 4: um ano em órbita

Satélite sino-brasileiro CBERS-4 completa um ano em órbita

Segunda-feira, 07 de Dezembro de 2015

Lançado em 7 de dezembro de 2014 a partir da base chinesa de Taiyuan, o satélite sino-brasileiro CBERS-4 é resultado do esforço pela capacitação e crescimento do mercado de alta tecnologia no país. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável no Brasil pelo Programa CBERS, mantém uma política industrial voltada àqualificação de fornecedores e contratação de serviços, partes, equipamentos e subsistemas junto a empresas nacionais.

O CBERS-4 é o quinto satélite do Programa CBERS e conta com quatro câmeras, duas brasileiras (MUX e WFI) e duas chinesas (PAN e IRS), cabendo a cada país 50% do desenvolvimento do projeto. Nos satélites anteriores, a participação nacional foi de 30% e o Brasil forneceu um modelo simplificado da câmara WFI, com 2 bandas espectrais.

Entre os principais resultados da política industrial encontram-se as câmeras MUX e WFI, as primeiras câmeras para satélites projetadas e fabricadas no país e em operação no CBERS-4.

Com um projeto óptico extremamente sofisticado e inteiramente desenvolvido no país, a MUX é uma câmera de 20 metros de resolução e multiespectral, que registra imagens nas bandas do azul, verde, vermelho e infravermelho. Essas bandas espectrais são calibradas para uso em diferentes aplicações, principalmente no controle de recursos hídricos e florestais. A câmera WFI teve seu desempenho aperfeiçoado e, assim como a MUX, toda a sua parte óptica foi feita no Brasil.

Mesmo antes do final do comissionamento, o INPE vem disponibilizando um conjunto de imagens do CBERS-4 no catálogo online. As imagens obtidas a partir dos satélites da série CBERS permitem uma vasta gama de aplicações – desde mapas de queimadas e monitoramento do desflorestamento da Amazônia, da expansão agrícola, até estudos na área de desenvolvimento urbano.

O CBERS-4 é fruto de uma parceria de 27 anos entre o Brasil e a China na área espacial. Mais informações sobre o Programa CBERS (sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite) estão disponíveis na página www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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terça-feira, 17 de novembro de 2015

CBERS 4 sob controle do INPE

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INPE assume controle do satélite sino-brasileiro CBERS-4

Sexta-feira, 13 de Novembro de 2015

O Centro de Rastreio e Controle (CRC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) assumiu a responsabilidade pelo comando de plataforma do CBERS-4 no início de novembro. Desde o lançamento do satélite sino-brasileiro, em dezembro de 2014, a atividade era exercida pelo Centro de Controle de Satélites de Xian (XSCC), na China.

“Esta responsabilidade implica não só em monitorar e controlar o estado de funcionamento do satélite, por meio de análise dos dados de telemetria e envio de telecomandos, como também executar manobras de controle de órbita”, explica Valcir Orlando, chefe do CRC/INPE.

Para efetivar a transferência de controle, o INPE avaliou o estado de funcionamento do satélite por meio de relatório elaborado pelo XSCC. Além disso, o CRC verificou e atualizou seus procedimentos e software de controle e suas interfaces de comunicação com o satélite e com o XSCC. Foi constatado que o CBERS-4, no geral, encontra-se em estado funcional bastante satisfatório e não foi verificado nenhum aspecto que pudesse comprometer o desempenho do satélite.

A responsabilidade pelo controle dos satélites da série CBERS vem sendo compartilhada entre o Brasil e a China, de modo proporcional à contribuição de cada país no investimento global do projeto. No caso do CBERS-4, esta proporção é de 50%.

“Foi acordado que, excetuando o início de vida, cada país ficaria responsável pelo controle do satélite por um período contínuo de nove meses, findo o qual a responsabilidade seria transferida ao outro, e assim sucessivamente, até o final da vida útil nominal estimada para o satélite, que, no caso, é de três anos. Após o período correspondente à vida útil nominal do veículo espacial, caso este continue em estado operacional, teria início um período de sobrevida. Durante este período, a responsabilidade pelo controle seria transferida, de um país para o outro, a cada três meses, até que o satélite, por algum motivo, deixe de funcionar”, informa o chefe do CRC/INPE.

A próxima transferência de controle de plataforma do CBERS-4, desta vez do Brasil para a China, está prevista para o dia 1° de agosto de 2016.

Independentemente de qual país esteja no controle da plataforma, ambos sempre são responsáveis pela monitoração de telemetria, execução de medidas para determinação de órbita e operação da carga útil, durante as passagens do satélite sobre o seu território. As imagens dos instrumentos óticos dos satélites CBERS são recebidas no Brasil pela Estação de Recepção e Gravação (ERG) de Cuiabá e, posteriormente, são processadas pelo Centro de Dados de Sensoriamento Remoto (CDSR) em Cachoeira Paulista, ambos pertencentes à Divisão de Geração de Imagens (DGI) do INPE.

“A transferência da responsabilidade pelo controle do satélite ao CRC/INPE, por si só, evidencia sua capacitação para assumi-la. A verificação do estado de funcionamento satisfatório do CBERS-4, quase um ano após seu lançamento, era algo que já seria esperado em função da vida útil nominal de três anos, estimada para o satélite. Ainda assim, ela atesta o alto grau de competência técnica e comprometimento das equipes de desenvolvimento, de integração e testes e de operação em voo que participaram do programa. Cabe ainda ressaltar que o CBERS-4 foi integrado, testado e lançado a menos de um ano do lançamento do CBERS-3, como resultado de uma grande união de esforços das equipes brasileiras e chinesas”, destaca Valcir Orlando.

Mais informações sobre o CBERS-4 na página www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Testes do CBERS 4A

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Concluído com sucesso o primeiro teste de interface entre subsistemas do satélite sino-brasileiro

Quinta-feira, 03 de Setembro de 2015

O primeiro teste de interface entre subsistemas da carga útil do satélite sino-brasileiro CBERS-4A, que levará a bordo três câmeras, foi realizado na China pelos especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST).

Nos laboratórios da CAST, de 24 a 27 de agosto, foram bem-sucedidos os testes de interface entre os simuladores das câmeras WPM (Câmera Multiespectral e Pancromática de Ampla Varredura), MUX (câmera multiespectral) e WFI (Câmera Imageadora de Campo Largo) e o Subsistema Transmissor de Dados (DTS) do satélite sino-brasileiro CBERS-4A.

O Subsistema Transmissor de Dados (DTS) tem a função de receber, gerenciar e transmitir em tempo real os dados de imagens das três câmeras. Estes dados também podem ser gravados pelo Subsistema DDR (Gravador de Dados Digitais) e transmitidos para a estação terrena.

“É muito importante a validação das interfaces entre os subsistemas, pois os dados de imagem são transmitidos para as estações terrenas em alta taxa (900 Mbps), com tecnologia de compressão e codificação, sendo necessário verificar a compatibilidade entre as câmeras e o transmissor de dados”, informa o engenheiro Carlos Alberto Bento Gonçalves, arquiteto de comunicações do Programa CBERS no INPE.

Câmeras

A câmera chinesa WPM é a nova carga útil desenvolvida para o CBERS-4A e pode obter imagens com resolução espacial de 2m na banda pancromática e de 8m nas bandas multiespectrais, com largura de faixa imageadora de 90 km.

A câmera MUX, fabricada no Brasil pela Optoeletrônica, opera em quatro bandas multiespectrais e tem capacidade de prover imagens com resolução espacial de 16m, com largura de faixa imageadora de 95 km.

A câmera WFI, fabricada pela indústria brasileira Equatorial, tem resolução espacial de 55m, com largura de faixa imageadora de 684 km.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Entrevista com Leonel Perondi, diretor do INPE

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A edição de número 2 do "INPE Informa", informativo editado pela Gestão de Comunicação Institucional do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), traz uma interessante e completa entrevista com Leonel Perondi, diretor da entidade.

Dentre os vários assuntos abordados, destaque para o processo de elaboração do Plano Diretor (2016-2019), expectativa para a contratação de cerca de 400 novos servidores, impactos dos cortes orçamentários e as atividades de comissionamento do CBERS 4, dentre outras.

Leitura recomendada. Para acessá-la, clique aqui.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Reunião técnica do CBERS 4A

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INPE e CAST realizam reunião técnica do CBERS-4A

Quarta-feira, 26 de Agosto de 2015

Na China, de 17 a 25 de agosto, aconteceu a segunda reunião de coordenação técnica (TCM2) do satélite sino-brasileiro CBERS-4A. Trinta especialistas – 12 do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e 18 da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST, na sigla em inglês), divididos em grupos de trabalhos específicos, discutiram diferentes tópicos relacionados ao projeto do satélite, o sexto do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). A primeira reunião (TCM1) foi realizada em abril, no INPE.

“O CBERS-4A contará com três cargas úteis ópticas, sendo uma delas de alta resolução (2 metros)”, informa Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior, coordenador do segmento espacial do Programa CBERS no INPE. “As reuniões técnicas visam concluir a fase de projeto detalhado, para realizarmos a Revisão Crítica de Projeto (CDR), nível de sistema, ainda em novembro de 2015”.

Concluídas todas as fases de desenvolvimento, as atividades de montagem, integração e testes (AIT) do CBERS-4A serão realizadas nos laboratórios do INPE, em São José dos Campos (SP), a partir do início de 2017. O lançamento do satélite está previsto para setembro de 2018.

Programa CBERS

O Programa CBERS fornece imagens de satélites para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações. O CBERS também é importante indutor da inovação no parque industrial brasileiro, que se qualifica e moderniza para atender aos desafios do programa espacial. A política industrial adotada pelo INPE permite a qualificação de fornecedores e contratação de serviços, partes, equipamentos e subsistemas junto a empresas nacionais. Assim, além de exemplo de cooperação binacional em alta tecnologia, o CBERS se traduz na criação de empregos especializados e crescimento econômico.

Em dezembro de 2014 foi lançado o CBERS-4. Um ano antes, o CBERS-3 não atingiu a órbita de destino por uma falha no foguete chinês. O programa também lançou com sucesso o CBERS-1, em 1999, o CBERS-2, em 2003, e o CBERS-2B, em 2007. O próximo satélite será o CBERS-4A.

Mais informações: http://www.cbers.inpe.br/

Fonte: INPE
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quinta-feira, 16 de julho de 2015

CBERS 4 declarado operacional

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O satélite sino-brasileiro CBERS 4, lançado ao espaço em dezembro do ano passado, tornou-se oficialmente operacional em 14 de julho, segundo divulgou o governo chinês, após ser submetido a diversos testes em órbita.

Ao longo deste período, foram geradas por seus quatro sensores óticos mais de 200 mil imagens, muitas delas distribuídas não apenas para o Brasil e a China, mas também para outros países em desenvolvimento. "Nós demos acesso às imagens obtidas pelo CBERS 4 para mais de 10 países em dezenvolvimento, especialmente da África, apoiando suas atividades de exploração de recursos terrestres, proteção de florestas, projetos de hidrelétricas e prevenção de desastres", disse Tian Yulong, engenheiro chefe da Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional.

"Cientistas dos dois países trabalharam juntos para desenvolver o satélite, e nós compartilhamos as tecnologias e os dados. Nós também planejamos trabalhar com o Brasil para desenvolver novas missões de meteorologia, comunicações e radar em nosso acordo de colaboração espacial", afirmou.
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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Cooperação Brasil - China

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Em 26 de junho, aconteceu em Brasília (DF) a Quarta Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), com a participação do Vice-Presidente da República, Michel Temer, e, do lado chinês, do Vice-Primeiro-Ministro do Conselho de Estado, Wang Yang.

A cooperação espacial entre os dois países foi um dos vários temas discutidos. Abaixo, reproduzimos um trecho da ata da reunião divulgada pelo Itamaraty:

"xi. Sobre Cooperação Espacial

Brasil e China consideraram que o Plano Decenal de Cooperação Espacial entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Administração Nacional Espacial da China (CNSA) tem importância estratégica para ambos os países e exerce a função de guia fundamental para a colaboração espacial entre eles.

Os dois países acordaram em:

1) promover ativamente a execução do Plano Decenal de Cooperação Espacial, com o fito de melhorar e acelerar ainda mais a cooperação entre o Brasil e a China;

2) promover com vigor a distribuição internacional de dados do satélite CBERS-4, em especial os instrumentos de apoio à distribuição gratuita na África, dentro de uma estrutura adequada de organização, com o fim de expandir a presença mundial desses dados;

3) desenvolver em conjunto o Satélite CBERS-4A, que será lançado em 2018;

4) apoiar fortemente a avaliação dos futuros Satélites CBERS, para dar continuidade ao legado do CBERS;

5) obter vantagens do Centro Regional da Ásia e do Pacífico para Educação em Ciência e Tecnologia Espaciais (filiado às Nações Unidas), sediado na China, e do programa federal brasileiro "Ciência sem Fronteiras", para promover cada vez mais a cooperação entre ambos os países na educação e preparação de especialistas no setor espacial; e

6) apoiar fortemente as atividades que envolvam o Laboratório Conjunto Brasil-China para o Clima Espacial e o Centro Brasil-China de Satélites Meteorológicos."
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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cooperação Brasil - China: CBERS 4A

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Brasil e China acertam desenvolver o satélite CBERS-4A

Brasília, 20 de maio de 2015 – O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e o diretor da Administração Nacional Espacial da China (CNSA), Xu Dazhe, firmaram ontem (19) um protocolo de intenções para desenvolver e lançar o sexto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-4A).

A assinatura ocorreu quando da visita oficial do primeiro-ministro da China, Lĭ Kèqiáng, à presidenta Dilma Rousseff.

“Com o lançamento, em dezembro último, do satélite Cbers-4, a China e o Brasil consolidaram uma iniciativa emblemática no mundo em desenvolvimento, que contribui na fiscalização do desmatamento da Amazônia. Além disso, os serviços de imagens territoriais geradas pelo satélite contribuem muito para os países africanos”, disse a presidente, ao destacar os avanços da parceria bilateral nos campos da educação, da tecnologia e da inovação.

Preparado em conjunto pela Agência Espacial Brasileira AEB e CNSA o protocolo complementar estabelece as bases jurídicas para a construção conjunta do satélite Cbers-4A, a fim de garantir o fornecimento contínuo de imagens aos dois lados da cooperação e a outras nações. O sexto exemplar do programa Cbers deve ser lançado em 2018, na China.

A divisão das tarefas de desenvolvimento e do montante de investimentos repetem a proporção dos satélites Cbers-3 e 4, com 50% para cada lado. O novo acordo define que os trabalhos de montagem, integração e testes do Cbers-4A sejam realizados nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).

O sistema de rastreamento, telemetria e controle do Cbers-4A será semelhante aos dos dois satélites anteriores. Lançado em dezembro de 2013, o Cbers-3 não atingiu a órbita de destino por uma falha no foguete. Já o Cbers-4 está no espaço desde dezembro de 2014. Estabelecido em 1988, o programa obteve sucesso com os exemplares Cbers-1, de 1999, Cbers-2, de 2003, e Cbers-2B, de 2007.

Para o Cbers-4A, o protocolo designou AEB e a CNSA como entidades responsáveis por sua implementação. Já o Inpe e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast) seguem como executores do projeto.

O presidente da AEB, José Raimundo Coelho, lembrou que o programa Cbers é “considerado o primeiro acordo de cooperação em alta tecnologia firmado entre dois países em desenvolvimento”. O Inpe e a Cast haviam apresentado a proposta técnica do sexto satélite para AEB e CNSA em fevereiro último.

As imagens fornecidas pelos satélites contribuem para monitorar e verificar desmatamentos, desastres naturais e a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações. O Acordo-Quadro permite a distribuição global dos dados gerados, com objetivo de beneficiar outros países em desenvolvimento.

Em viagem pela América Latina, o primeiro-ministro destacou China e Brasil como os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios Leste e Oeste do planeta. “A nossa amizade tem uma base sólida e a nossa cooperação tem uma perspectiva muito ampliada”, declarou Kèqiáng. “Essa colaboração tem potencial de trazer benefícios para os nossos povos e para todo o mundo.”

Segundo Dilma, o encontro reafirmou a característica estratégica e a intensidade das relações bilaterais. 

“Tivemos nesta manhã uma reunião muito produtiva, marcada pelo diálogo franco e pela disposição de avançar, fortalecer e efetivar cada vez mais a nossa parceria”, disse a presidente. “O Plano de Ação Conjunta 2015-2021, que assinei com o primeiro-ministro, inaugura uma etapa superior em nosso relacionamento e está expressa nos vários acordos.”

Parceria – Ao todo, brasileiros e chineses celebraram 39 acordos no Palácio do Planalto, em áreas como agricultura, comércio, defesa, energia, infraestrutura, inovação, mineração, planejamento estratégico e transporte. O acerto em torno do Cbers-4A é um protocolo complementar ao Acordo Quadro sobre Cooperação em Aplicações Pacíficas de Ciência e Tecnologia no Espaço Exterior.

O diretor do Observatório Nacional (ON), João dos Anjos, assinou um acordo de cooperação científica com o diretor do Observatório Astronômico de Xangai, Hong Xiaoyu. Dilma ainda ressaltou o memorando de entendimento firmado entre Xu Dazhe e o ministro da Defesa, Jacques Wagner, sobre sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação.

Ela agradeceu ao primeiro-ministro pela participação chinesa no programa Ciência sem Fronteiras (CsF), “que hoje acolhe centenas de estudantes e pesquisadores”. No ato, os presidentes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carlos Nobre, e da Huawei do Brasil, Zhao Yuning, assinaram um memorando de entendimento a fim de oferecer treinamento em tecnologia da informação a bolsistas brasileiros.

A presidente realçou a frequência dos contatos de alto nível entre os dois governos, ao recordar a visita oficial do presidente da China, Xi Jinping, em julho de 2014. Na ocasião, Xu Dazhe e o presidente da AEB formalizaram parceria em sensoriamento remoto. Dilma informou que viajará ao país asiático em 2016.

Fonte: MCTI
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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cooperação Brasil – China

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Por ocasião da visita oficial do presidente da República Popular da China, Xi Jinping, ao Brasil no início desta semana, os governos dos dois países discutiram e firmaram diversos acordos sobre 35 itens, inclusive nos setores aeroespacial e de defesa.



A declaração conjunta firmada pelos mandatários dos dois países cita o programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), além de ações em meteorologia e clima espacial. Abaixo, reproduzimos alguns excertos da declaração:

“- Os dois Chefes de Governo assinalaram o êxito do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), estabelecido em 1988. Renovaram o compromisso de reforçar a cooperação espacial bilateral, com ênfase no desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e reafirmaram o compromisso de lançar o sexto satélite da família CBERS - CBERS-4A, com previsão para 2018. Assinalaram seu apoio à implementação do Plano Decenal de Cooperação Espacial (2013-2022), às atividades do Centro Brasil-China para Aplicação de Dados de Satélites Meteorológicos e do Laboratório Sino-Brasileiro de Clima Espacial, bem como à continuidade do compartilhamento gratuito de imagens de satélites com países africanos, por meio do programa CBERS for Africa.

- As duas partes coincidiram sobre o papel estratégico da defesa em suas relações bilaterais. Destacaram a importância do fortalecimento do Diálogo sobre Defesa e Assuntos Militares, voltado para o intercâmbio de informações sobre questões estratégicas e a possível promoção de iniciativas conjuntas. Notaram com satisfação o interesse contínuo de ambos os lados de incrementar a cooperação nas áreas de tecnologia da informação, telecomunicações e sensoriamento remoto. Nesse contexto, congratularam-se, ainda, pela assinatura de Memorando de Entendimento entre o Ministério da Defesa do Brasil e a Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa da China.”

SIPAM

Um dos instrumentos assinados trata da cooperação envolvendo o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), prevendo a constituição de um Grupo de Trabalho Gestor (GTG), co-presidido pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e pela Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria Nacional de Defesa (SASTIND).

De acordo com o governo, o acordo tem por objetivos básicos cooperar e compartilhar dados de satélites ambientais, meteorológicos e de observação da terra, além da troca de conhecimento e experiência nas áreas de tecnologia da informação, telecomunicação e sensoriamento remoto.

Ainda, segundo informações do Ministério da Defesa, o acordo inclui o "intercâmbio de dados e conhecimentos em meteorologia, climatologia, hidrometeorologia e mudanças climáticas; cooperação nas aplicações envolvendo o uso de telecomunicações ponto a ponto e via satélite; promoção da capacitação de recursos humanos nas áreas tecnológicas relacionadas; e a cooperação no mapeamento cartográfico e temático.”

Interesses no setor de defesa

Além da cooperação espacial e da formação do grupo de trabalho para o SIPAM, a China também tem outros interesses no mercado brasileiro de defesa. 

Em reunião em Brasília na última segunda-feira (18), o ministro chinês da Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa, Xu Dazhe, destacou ao ministro Jaques Wagner o interesse em expandir a cooperação para programas como o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SISGAAz), da Marinha do Brasil. Para o SisGAAz, aliás, que está em fase de concorrência, empresas chinesas integram o consórcio liderado pela Orbital Engenharia, de São José dos Campos (SP). 

Na relação de instrumentos assinados por conta da visita oficial, consta também um memorando de entendimentos entre a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), a China Electronics Corporation (CEC) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC). O escopo do documento não foi divulgado. [Atualização em 21/05/2015: o memorando prevê uma iniciativa para o Programa de Integração da Amazônia Legal]

Espera-se uma visita de Jaques Wagner à China no próximo mês de setembro.
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