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No início do mês o grupo europeu EADS anunciou a aquisição, por cerca de US$ 90 milhões, da Surrey Satellite Technology Limited (SSTL), pequena empresa inglesa especializada no desenvolvimento e construção de plataformas, subsistemas e satélites de pequeno porte. A aquisição foi mais um passo dado pela EADS para a consolidação do setor espacial na Europa, e envolveu também garantias dadas pelo grupo franco-alemão à direção e ex-acionistas da SSTL de que a empresa será mantida de maneira independente, podendo inclusive competir com a própria EADS, como na futura contratação de satélites para a constelação européia Galileo, de posicionamento global. Nos termos do acordo firmado com a EADS, que ainda depende de aprovação regulatória na Grã-Bretanha, a SSTL será mantida como uma companhia britânica independente, inclusive com sua marca individual, ao mesmo tempo em que se beneficiará das vantagens oferecidas por um grande grupo do setor, como recursos nas áreas de desenvolvimento, fabricação e testes.
Se por um lado a compra da SSTL pela EADS caminha para o sucesso, no Canadá ocorre justamente o contrário. Em 10 de abril foi anunciado que a proposta de cerca de US$ 1,3 bilhão feita pelo grupo norte-americano ATK pela MacDonald Dettwiler and Associates (MDA), principal indústria espacial do Canadá não foi aprovada pelo governo local, sob a justificativa de que a operação poria em risco o programa espacial canadense.
Defensores da proposta americana afirmam que se a compra não se concretizar a empresa canadense perderá a chance de acessar o lucrativo mercado espacial governamental norte-americano, o que impediria o próprio crescimento da MDA. O argumento parece fazer sentido quando se leva em consideração o tamanho do programa espacial do Canadá, hoje focado basicamente no satélite de sensoriamento remoto Radarsat 2.
O ponto-chave do imbróglio canadense está obviamente na preocupação quanto ao avanço de estrangeiros em áreas estratégicas de um país, como a espacial, preocupação que, aliás, não é exclusiva do Canadá. A realidade atual não estaria, no entanto, colocando em xeque esta preocupação? A compra da SSTL pela EADS Astrium, por exemplo, com a garantia de independência da empresa adquirida em relação à compradora, não indicaria uma mudança nesta lógica? São questões que merecem alguma reflexão.
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