sábado, 29 de novembro de 2008

Macapá Cyclone Space?

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) estuda a possibilidade de substituir o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) por outro sítio de lançamento para a instalação da plataforma do foguete ucraniano Cyclone 4, segundo a matéria "AEB admite substituir Alcântara por outra base", publicada na sexta-feira (28), no jornal "O Estado de S. Paulo". A informação foi dada pelo presidente da AEB, Carlos Ganem, em evento sobre ciência e tecnologia realizado em São Luís (MA).

Ganem teria inclusive mencionado que a cidade de Macapá (AP) reuniria condições favoráveis de lançamento. Daí o título desta postagem: "Macapá Cyclone Space?", trocadilho com o nome da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Afinal, se a idéia tiver mesmo algum fundamento (imaginamos que não, por ser irrealista e impraticável), o custo do projeto com a Ucrânia seria maior em algumas centenas de milhões de reais. Além da proximidade com a linha do Equador, o CLA possui alguma infra-estrutura (centros de controle e de rastreio, instalações para integração e montagem, etc.), ainda que limitada, útil ao projeto da ACS. Isto foi considerado quando da celebração dos acordos que culminaram na constituição da empresa binacional.

Outra reportagem também publicada na sexta-feira passada ("Agência Espacial Brasileira investirá R$ 300 milhões em áreas de Alcântara"), do Jornal Pequeno, do Maranhão, destaca outros pontos da apresentação de Carlos Ganem, dando a entender que a base do Cyclone 4 será construída em Alcântara, como planejado. Abaixo, reproduzimos alguns trechos da palestra do presidente da AEB, extraídos da referida matéria:

“Até 2010, construiremos a pista do VLS e a nova base de lançamento do foguete Ciclone 4, que faz parte do acordo entre o Brasil e a Ucrânia. Esse investimento também possibilitará melhorias e programas que viabilizem as atividades sociais, culturais e turísticas da cidade de Alcântara. As comunidades quilombolas serão a base de programas sociais, culturais e tecnológicos”.

Sobre a construção de um porto na Baía de São Marcos, para atender as necessidades do CLA, e outras obras no centro, Ganem declarou: “É um grande negócio que vai movimentar outros investimentos, até quatro vezes mais do que o atual. O poço do VLS de 30 metros de profundidade está praticamente pronto, como também a pista para receber os aviões que irão fazer as entregas das peças da nova base, que se chamará Complexo Espacial de Alcântara”.

Em sua apresentação, Ganem ainda lamentou as dificuldades do Programa Espacial Brasileiro: “Existe um enorme atraso do governo brasileiro para a soberania dos povos no espaço. Quando vejo a catástrofe que ocorreu em Santa Catarina (inundação), pela incapacidade de prevenção de um fenômeno natural, vejo também o quanto estamos atrasados tecnologicamente. Hoje, nossas previsões estão nas mãos de satélites estrangeiros, que controlam nossa tráfego aéreo, nossa meteorologia e até informações diplomáticas”.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Treinamento no INPE

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AGI ministra no INPE o primeiro curso de STK no Brasil

27/11/2008

Desde segunda-feira (24/11), a Coordenação Geral de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE promove o primeiro curso no Brasil de STK (Satellite Tool Kit), uma poderosa ferramenta de análise e de operação de missões espaciais e de defesa. O curso é ministrado por Diogo Rodrigues e Aaron Weiser, ambos da Analytical Graphics Inc (AGI), dos Estados Unidos, que vieram a convite da Divisão de Sistemas Espaciais da ETE e do Serviço de Gestão de Competências do INPE. O curso, de 40 horas, termina nesta sexta-feira (28).

Nas instalações do INPE, em São José dos Campos (SP), 27 pessoas participam do curso, entre engenheiros e técnicos da Divisão de Eletrônica Aeroespacial (DEA), Divisão de Mecânica Espacial e Controle (DMC), Divisão de Desenvolvimento de Sistemas de Solo (DSS) e Divisão de Sistemas Espaciais (DSE) da ETE, do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC), estes do INPE, do ITA e das empresas Embraer, Equatorial Sistemas, LatinMedia, Mectron e Orbital Engenharia.

Diogo Rodrigues, mestre pela Universidade Internacional do Espaço (ISU) e engenheiro de Sistemas da AGI, é responsável por avaliação de requisitos, suporte técnico, treinamento e serviços de desenvolvimento de aplicações para os clientes da empresa na Europa e na América do Sul. Possui experiência na indústria aeroespacial, tendo realizado análises de missões espaciais para o Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da Agência Espacial Européia, Jet Propulsion Lab (JPL) da NASA e Dassault Aviation.

Aaron Weiser, bacharel em geografia física e gerenciamento ambiental pela Universidade de Maryland, é executivo de contas internacionais da AGI e responsável pela expansão da empresa no mercado internacional. Aaron tem experiência de mais de 10 anos no mercado aeroespacial e de defesa. Trabalhou durante sete anos na Space Imaging (GeoEye) como afiliado internacional e gerente de operações.

Fonte: INPE
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Mais sobre a cooperação espacial com a Rússia

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Durante a visita oficial do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev ao Brasil, foi também firmada uma declaração conjunta dos Chefes de Estado dos dois países. Como de praxe, estas declarações contêm os principais pontos que envolvem as relações entre os signatários, abordados de maneira pouco detalhada. Um dos itens do ato firmado hoje trata de cooperação espacial (ver o item 13 abaixo). Foram mencionados os projetos de modernização do VLS e desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração, navegação por satélite (vejam a nota sobre o GLONASS), treinamento de especialistas (propulsão líquida) e experimentos em microgravidade no segmento russo da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês).

"13. Os Presidentes reiteraram o caráter prioritário que atribuem ao uso e à exploração do espaço exterior para fins pacíficos e salientaram a disposição dos dois Governos de aprofundarem o intercâmbio nessa área de especial relevância. Os dois Mandatários manifestaram pleno apoio aos trabalhos bilaterais em curso para a moderniz$ação do Veículo Lançador de Satélites brasileiro (VLS) e expressaram sua determinação em promover a parceria tecnológica para o desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração. Expressaram, igualmente, sua satisfação com as conversações em andamento relacionadas às áreas de telecomunicações, navegação por satélites, capacitação em áreas técnicas e de engenharia, bem como à realização de experimentos brasileiros no segmento russo da Estação Espacial Internacional. Os Presidentes consideraram de extrema importância a entrada em vigor do Acordo sobre Proteção Mútua de Tecnologias Associadas à Cooperação na Exploração e Uso do Espaço Exterior para Fins Pacíficos, o que propiciará o início da efetiva implementação dos projetos almejados pelos dois países."

Em relação à modernização do VLS, é pública e notória a colaboração de institutos e empresas russas na revisão e aperfeiçoamento do VLS-1, e desenvolvimento de uma versão híbrida, com os últimos estágios do lançador com propulsores de combustível líquido. Tal cooperação ganhou maior intensidade após o acidente com o VLS-1 V03, em maio de 2003. Antes disso, porém, já se discutia a versão híbrida do VLS-1, e inclusive, vários especialistas em propulsão do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/CTA) foram treinados na Rússia com a finalidade de apoiarem o projeto brasileiro. Quanto ao desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração (algo equivalente ao esquecido Programa Cruzeiro do Sul), convém destacar que o governo brasileiro têm criado (ou dado) expectativas com dois diferentes projetos, um com a Ucrânia (Cyclone 5), e outro com a Rússia. Vale as questões: são projetos viáveis? Haverá recursos para as duas iniciativas? O sucesso de qualquer iniciativa dependerá da decisão, até hoje não tomada, de concentrar todos os esforços e recursos num único projeto.

O ponto mais curioso da declaração, talvez até inédito, seja a realização de experimentos brasileiros no segmento russo da ISS. Pela natureza da atividade, muito provavelmente está relacionado ao Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). Normalmente, experimentos científicos e tecnológicos de universidades e centro de pesquisas nacionais são realizados a bordo de foguetes de sondagem construídos pelo IAE, às vezes em parceria com a entidades alemãs, com o patrocínio da AEB. Acontece que alguns experimentos precisam de um tempo maior em gravidade reduzida (minutos versus horas/dias), daí a necessidade de se contar com satélites (o russo Foton, por exemplo), vôos em ônibus espaciais (reduzidos desde o acidente com o shuttle Columbia, em 2003), e missões a bordo da ISS. Como o Brasil não está mais no projeto da ISS, perdeu todos os direitos de tempo e espaço para a realização de experimentos na estação, dependendo, portanto, de acordos com outros países. Parece ser este o caso.
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Glonass, Rússia e Brasil

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Foi assinado nesta quarta-feira (26), um ato genérico de cooperação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Federal Espacial da Federação da Rússia (Roscosmos) sobre o desenvolvimento e uso do sistema de posicionamento global por satélite russo, o GLONASS.

O sistema russo é equivalente ao GPS (Global Positioning System) dos Estados Unidos, e ao europeu Galileo, este último ainda não-operacional. Trata-se de cooperação apenas para o uso do sistema de navegação pelo País, não envolvendo desenvolvimento de satélites da constelação. Abaixo, segue a íntegra do ato assinado, disponível no web-site do Ministério das Relações Exteriores:

"Programa de Cooperação no Campo da Utilização e Desenvolvimento do Sistema Russo de Navegação Global por Satélite entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Federal Espacial da Federação da Rússia (Roscosmos)

A Agência Espacial Brasileira e a Agência Federal Espacial,

GUIADAS pelo Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Federação da Rússia de Cooperação na Exploração e Uso do Espaço Exterior com Fins Pacíficos, assinado em 21 de novembro de 1997;

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Federação da Rússia sobre Proteção Mútua de Tecnologias Associadas à Cooperação na Exploração do Espaço Exterior para Fins Pacíficos, assinado em 14 de dezembro de 2006, e

CONSIDERANDO o desejo recíproco de ampliar a cooperação no campo do desenvolvimento e utilização da navegação por satélite e das aplicações práticas das tecnologias de navegação por satélite, empregando o Sistema Global de Navegação por Satélite russo GLONASS (doravante chamado sistema GLONASS),

Convieram o que se segue:

1. Explorar as possibilidades de criar condições de cooperação mutuamente vantajosa para o desenvolvimento e a utilização do sistema GLONASS.
2. Buscar desenvolver projetos conjuntos relativos ao desenvolvimento e utilização do sistema GLONASS.
3. Intercambiar especialistas para participar em estudos e atividades conjuntos.
4. Promover contatos entre instituições e indústrias envolvidos no setor espacial.
5. Criar um Grupo de Trabalho Conjunto, até o final do ano de 2008, para implementar o presente Programa.
6. Cada Agência será responsável pelo financiamento dos trabalhos e atividades a ela cometidos.
7. As Agências deverão realizar consultas recíprocas, em caso de necessidade, sobre assuntos de interesse comum na implementação do presente Programa.


Feito em 26 de novembro de 2008, na cidade do Rio de Janeiro, em dois exemplares originais em Português, Russo e Inglês, sendo todos os textos igualmente autênticos."
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Cooperação Brasil - Rússia

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O presidente da Agência Espacial russa (Roscosmos), Anatoly Perminov assinou um artigo em que defende parceria espacial entre o Brasil e a Rússia. O texto foi disponibilizado no web-site do jornal "O Estado de S. Paulo" ontem (25). Duas áreas de cooperação são mencionadas expressamente: veículo lançador de satélites e sistema de posicionamento global via satélite (GLONASS). Para ler o artigo, clique sobre o nome "Brasil e Rússia, juntos em órbita e na exploração espacial".
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Certificação do Cyclone 4

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GT irá assessorar AEB nos procedimentos de Certificação do Sítio de Lançamento e do foguete Cyclone 4

Serviços do GT serão secretariados pela Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento da agência A Agência Espacial Brasileira (AEB) acaba de criar um Grupo de Trabalho que irá assessorar a instituição nos procedimentos de Certificação do Sítio de Lançamento e do Foguete Cyclone 4, que será lançado do Centro de Lançamento de Alcântara. Os serviços do GT serão secretariados pela Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento da AEB.

O grupo conta com a participação dos seguintes membros: Antonio Hugo Pereira Chaves e Antonio Olavo Caetano, da AEB; Cel. Av. Sebastião Gilberti Maia Cavali e Mário Niwa, do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (IFI/CTA); Ana Lourdes Silva de Araujo, do Centro de Lançamento de Alcântara do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CLA/CTA); Paulo Roberto Sakai, do Instituto de Aeronáutica e Espaço do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (IEA/CTA); Carlos de Oliveira Lino, do Laboratório de Integração e Teste do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Reinaldo José de Melo e João Luiz de Azevedo, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS).

Fonte: Gestão C&T, n.785, via JC E-mail.
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Novidades sobre a AWFI

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Foram entregues na última sexta-feira (22), na sede do INPE em São José dos Campos (SP) as propostas para o fornecimento da câmera Advanced Wide Field Imaging (AWFI) para o satélite de sensoriamento remoto Amazônia 1. Para relembrar o tema, leiam a nota "A vez da AWFI", postada aqui no início de outubro.

Há dois candidatos: um consórcio formado pela Equatorial Sistemas, de São José dos Campos, e pela OptoVac, de Osasco (SP); e a Opto Eletrônica, de São Carlos (SP). A Equatorial e a Opto Eletrônica já são velhas conhecidas no setor, ambas com considerável experiência em sensores orbitais de imageamento. Inclusive, trabalham juntas no desenvolvimento e construção da câmera WFI que equipará o CBERS 3, previsto para ser lançado em 2010. O "casamento" das duas empresas para o projeto do Amazônia 1, porém, não se repetiu.

A Optovac, por sua vez, é menos conhecida, mas nem por isto neófita em tecnologia espacial. A empresa tem experiência em pesquisas com o INPE na área de sensor de estrelas, astronomia, e também no setor de defesa (mísseis). É uma importante "player" brasileira no mercado de lentes especiais.

Espera-se em breve uma definição da licitação.
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domingo, 23 de novembro de 2008

Estação Espacial Internacional: 10 anos

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Em 20 de novembro de 1998, o primeiro módulo da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), o Zarya, de origem russa, foi colocado em órbita por um foguete Proton, lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. Era o início da concretização do maior projeto científicos multinacional do planeta. Após dez anos, diversos atrasos e estouros orçamentários, a ISS ainda não foi concluída. Sobre o décimo aniversário da ISS, vejam a matéria "Estação espacial faz dez anos", publicada na edição da última quinta-feira (21), do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outubro de 1997, o Brasil se comprometeu com o governo dos EUA a participar do projeto, contribuindo com a construção de seis tipos de peças para a estação, inicialmente avaliadas em mais de US$ 120 milhões. Depois de alguns anos, descobriu-se que ficariam mais caras, o que levou o governo brasileiro a renegociar sua participação. Ao invés dos seis componentes, produziria outros menos complexos, denominados Flight Support Equipments (FSE). Por várias razões, que merecem ser abordadas detalhadamente no futuro, o acordo não foi adiante, e o Brasil foi excluído do programa...
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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ensaio em túnel de vento do IAE

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O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ligado ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP) realizou o primeiro ensaio de maquete de um veículo de sondagem, o Sonda III, no Túnel Transônico Piloto (TPP), da Divisão de Aerodinâmica do IAE.

A campanha tem por objetivo imediato fornecer dados experimentais sobre o Sonda III, e também capacitar tecnicamente a equipe para a realização de ensaios no auxílio a projetos de veículos de sondagem desenvolvidos pelo IAE. Para mais informações sobre o TPP e o ensaio, clique aqui.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tese sobre o INPE

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Entre turbulências e céu de brigadeiro

Tese mostra como Inpe consolidou-se, a despeito dos períodos de instabilidade política e institucional

Luiz Sugimoto escreve para o “Jornal da Unicamp”:

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) chega aos 47 anos com a legitimidade de uma instituição que consegue transformar conhecimento em benefícios diretos para a sociedade, graças à competência adquirida em áreas como de meteorologia e de sensoriamento remoto.

Em tese de doutorado, o pesquisador Guilherme Reis Pereira procurou responder a uma questão central: como o Inpe, ao longo de sua trajetória, conquistou estabilidade para se desenvolver, se consolidar e garantir a sua sustentabilidade em um contexto de instabilidade política e institucional?

Segundo o autor da tese Política espacial brasileira e a trajetória do Inpe (1961-2007), o instituto progrediu apesar dos percalços sofridos pelo programa espacial brasileiro devido a conflitos entre seus atores e a mudanças políticas e econômicas profundas nos cenários nacional e mundial.

“Com o fim da Guerra Fria, os países desenvolvidos adotaram uma política de controle da comercialização de tecnologias sensíveis – aquelas de duplo uso: civil e militar. No plano nacional houve a redemocratização do país, a crise econômica dos anos 1980 e início dos 90, e a reforma neoliberal que reduziu o poder do Estado, provocando atraso no programa espacial”.

Guilherme Pereira defendeu a tese no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, com orientação da professora Leda Maria Caira Gitahy e co-orientação da professora Sandra de Negraes Brisolla, ambas do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT). Formado em ciências sociais pela Unesp, o autor tem mestrado também pelo DPCT e trabalha no Inpe há cinco anos, os três últimos na coordenação de Planejamento Estratégico e Avaliação.

A conclusão do pesquisador é de que o Inpe conseguiu estabilidade diversificando suas atividades, integrando a pesquisa ambiental com a pesquisa espacial e mobilizando atores portadores de competências e recursos para programas e projetos, atendendo assim a demandas científicas, sociais, econômicas e de proteção ambiental.

“Foi um meio de justificar a sua existência. A cooperação com instituições nacionais e internacionais trouxe recursos financeiros e humanos. Com isso, o Inpe continuou se desenvolvendo apesar das mudanças de regime e de governos”.

Para chegar a esta conclusão, Guilherme Pereira discute e utiliza os conceitos de arranjo institucional e rede de atores para reconstituir a trajetória do Inpe e analisar o processo de formulação e implementação da política espacial em diferentes períodos. Baseou-se em documentos e entrevistas, associando esta discussão ao contexto político nacional e internacional dos diversos períodos.

O autor também levantou a situação atual do Inpe, com foco nas aplicações espaciais, além de promover um estudo de caso da relação entre o programa Cbers e a indústria nacional.

O início

O Inpe surge no contexto da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, tendo como embrião o grupo de organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais, criado por decreto de Jânio Quadros em 1961. Formado por membros da Aeronáutica e por civis ligados à Sociedade Interplanetária Brasileira, o grupo era liderado por Fernando de Mendonça, que abriu mão da insígnia de capitão da Força Aérea para fazer doutorado e se tornar pesquisador. Ele foi o primeiro diretor do Inpe.

Guilherme Pereira informa que na década de 1960 havia grande interesse da comunidade internacional em fenômenos que acontecem sobre território brasileiro, como a Anomalia Magnética do Atlântico Sul. “A Nasa oferecia o foguete e o treinamento para nossos pesquisadores. O Inpe nasceu neste ambiente de redes internacionais de pesquisa”.

De acordo com o autor da tese, desde o início foi se conformando uma divisão de trabalho no programa espacial brasileiro, entre um instituto de pesquisa civil e outro militar: a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), constituída em 1963 e vinculada ao CNPq, e o Instituto de Atividades Espaciais, do atual Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

O pesquisador afirma que são característicos da primeira década do programa espacial os conflitos associados à disputa pela coordenação das atividades e à definição de competências e atribuições entre a CNAE e a Aeronáutica. “A CNAE tinha a competência de formular a política espacial e estabelecer acordos de cooperação internacional com instituições dos Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra”.

Mudança

Em 1971, a CNAE seria extinta para dar lugar ao Instituto de Pesquisas Espaciais, que não teria as mesmas atribuições. Para definir a política e coordenar as atividades espaciais criava-se a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (Cobae), presidida por um representante do Estado Maior das Forças Armadas. “Com isso, o Inpe perdia autonomia para realizar cooperação com outros países”.

Guilherme Pereira recorda que, neste período, houve intensa colaboração da Cobae e do CTA com agências internacionais, visando o desenvolvimento dos foguetes Sonda, além de lançamentos da Barreira do Inferno, em Natal. “Também houve cooperação com o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), a agência espacial da França, para rastreio do lançador Ariane e formação de pesquisadores brasileiros para o desenvolvimento de tecnologias como o sistema de controle de atitude do Sonda IV”.

A Cobae, acrescenta o autor da pesquisa, conduziu as negociações de cinco anos entre Brasil e França para a realização conjunta de uma missão espacial completa, envolvendo o desenvolvimento de satélites e veículo lançador. “No entanto, a comissão decidiu pela realização da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), atribuindo a coordenação do programa espacial apenas a instituições brasileiras”.

Em 1979, com a aprovação MECB, também se formalizou a divisão no programa espacial, ficando estabelecido que o Inpe desenvolveria satélites de coleta de dados e de sensoriamento remoto, cabendo ao CTA produzir o veículo lançador de satélites (VLS) e implantar um centro de lançamentos brasileiro (de Alcântara, no Maranhão).

Diversidade

Guilherme Pereira observa que, entretanto, o Inpe já havia se orientado para diversificar as atividades desde o programa Meteorologia por Satélite (Mesa), iniciado em 1966, envolvendo recepção de imagens meteorológicas. Os cursos de pós-graduação no instituto começaram em 1968 e, no ano seguinte, as atividades de sensoriamento remoto. A estação de recepção de dados de satélite de sensoriamento remoto ficou pronta em 1973, em Cuiabá (MT).

Conforme o autor, na área de meteorologia e climatologia, a previsão do tempo é apenas um dos serviços diários prestados à sociedade. “Em sensoriamento, desde a década de 70 são realizados estudos úteis para previsões de safra, identificação de jazidas minerais, prospecção de petróleo e detecção de taxas de desmatamento. Havia ainda o projeto Saci, que tinha cunho social e visava capacitar professores em regiões remotas com os telecursos transmitidos no início dos 70, através de satélite da Nasa”.

Novo recorte

Um dos recortes feitos por Guilherme Pereira em seu estudo vai de 1985 a 1993, período da redemocratização do país e em que houve um rearranjo institucional no programa espacial. “A criação em 1985 do Ministério da Ciência e Tecnologia, ao qual o Inpe acabou vinculado como órgão autônomo, facilitou a retomada da cooperação internacional, desta vez com a China, em 1988, envolvendo o desenvolvimento dos satélites Cbers de sensoriamento remoto”.

Pereira afirma que o Brasil foi o terceiro país a tratar imagens de satélites, desde a época da série Landsat na década de 70. “De lá para cá, o país se tornou o maior usuário de imagens de satélites.

Quando começou a pressão pela preservação do meio ambiente nos anos 80, o Inpe já estava capacitado a oferecer conhecimento e serviços aos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, atualizando seus programas para esta nova agenda política”.

Hoje já estão disponíveis na Internet as imagens do sistema de monitoramento da Amazônia e o catálogo Cbers, que distribui aproximadamente 100 mil imagens por ano, já superou a casa de 350 mil desde meados de 2004.

As restrições para a construção de foguetes

Em 1994 foi criada a Agência Espacial Brasileira (AEB) para assumir o papel da extinta Cobae na formulação da política e coordenação das atividades espaciais.

Segundo o pesquisador Guilherme Pereira, as mudanças institucionais foram condicionadas pelo processo de redemocratização do país e pelo aumento da pressão dos países desenvolvidos para o controle da comercialização das tecnologias que poderiam ser utilizadas também no desenvolvimento de artefatos militares.

Este embargo ocorreu quando o Brasil iniciava o desenvolvimento de um lançador de satélites.
“As barreiras internacionais se apóiam no discurso da não-proliferação de armas de destruição em massa. No entanto, o que está em jogo é a conservação das desigualdades tecnológicas e da concentração de poder de um grupo de países desenvolvidos liderados pelos EUA. Ademais, programas como as que envolviam o VLS foram perdendo prioridade”.

Esta perda de prioridade, afirma o pesquisador, ocorreu nos governos neoliberais, mais preocupados com a integração econômica ao mundo globalizado e em implantar reformas para reduzir o tamanho do Estado e para um novo tipo de inserção internacional.

“Lembre-se que os programas espaciais nasceram justamente como instrumento de demonstração do poder do Estado. O Brasil aceitou alguns tratados, como o regime de controle de tecnologia de mísseis, que restringiam o acesso às tecnologias de uso dual”.

O Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial tinha obtido sucesso com o programa de foguetes Sonda, iniciado em 1965. Eram foguetes de sondagem utilizados para missões suborbitais, capazes de lançar cargas úteis (do Inpe) compostas por experimentos científicos e tecnológicos.

Todo este aprendizado, que vinha sendo utilizado para chegar ao VLS, além do desenvolvimento de mísseis e outras aplicações civis foi o que sofreu mais restrições. Foram realizados três testes, em 1997, 1999 e 2003, sendo que o último resultou na tragédia de Alcântara, em que morreram 21 engenheiros e técnicos.

Fonte: Jornal da Unicamp nº 416, via JC E-mail.
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

FINEP: R$ 31,3 milhões para o CBERS

FINEP vai investir R$ 31,5 milhões em programa de satélites sino-brasileiros

A diretoria da FINEP, reunida esta semana na sede da agência no Rio, aprovou 11 novos projetos que vão receber recursos não-reembolsáveis.

O maior aporte, no valor de cerca de R$ 31,5 milhões, será destinado à Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais, vinculada ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para o desenvolvimento do Programa CERBS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite), em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres.

O programa de satélite sino-brasileiro é fruto de um acordo fechado entre os dois países há vinte anos para projetar, desenvolver, lançar e operar satélites em conjunto. A missão de desenvolver e construir satélites no Brasil cabe ao INPE, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Já foram lançados três satélites no âmbito deste programa.

Segundo o INPE, o CBERS fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Além dos usuários brasileiros, as imagens CBERS são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em Cuiabá (MT).

Pesquisa

O restante dos recursos será destinado, basicamente, a fundações de amparo e desenvolvimento de pesquisa, universidades e institutos de ciência e tecnologia.

O total de recursos não-reembolsáveis aprovados pela FINEP chega a quase R$ 33 milhões.

Fonte: FINEP

Interesses da China na América Latina

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No início de novembro, o governo chinês liberou um documento ("China's Policy Paper on Latin America and the Caribbean") sobre a sua política futura para a América Latina e o Caribe. O documento não apresenta grandes novidades, apenas confirma as diretrizes a serem adotadas pela China para a região nos próximos anos, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento pacífico de parcerias nos mais variados setores, como meio-ambiente, diplomacia, comércio, defesa, etc.

O "policy paper" não entra em detalhes sobre projetos possíveis para cooperação, mas o interesse em tecnologia espacial, mais especificamente astronáutica, é citado no item "cooperação em ciência, tecnologia e educação". Diz o documento: "o lado chinês também fortalecerá a cooperação com a América Latina e o Caribe em aeronáutica e astronáutica, biocombustíveis, tecnologia em recursos e meio ambiente, tecnologia marítima e outras áreas de interesse conjunto."

Na América Latina, a China tem projetos em tecnologia espacial com o Brasil (satélites sino-brasileiros de recursos terrestres - CBERS), e também com a Venezuela (construção do satélite de telecomunicações Venesat-1, lançado no final de outubro, e de centros de rastreio; e treinamento de pessoal. O governo venezuelano já anunciou sua intenção de ter um satélite de observação terrestre na próxima década, sendo a China uma potencial fornecedora.
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cooperação Brasil - Itália

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Entre os dias 10 e 12 deste mês, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva realiza uma visita à Itália. Ontem (10), o Ministério das Relações Exteriores distribuiu nota com o inteiro teor de seis instrumentos assinados durante a visita oficial, sendo um deles sobre cooperação em tecnologias e aplicações espaciais.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Italiana (ASI) celebraram uma carta de intenção ("letter of intent") tratando dos seguintes temas: (a) ciência espacial; (b) aplicações e pesquisas sobre observação terrestre, em particular monitoramento do meio ambiente, meteorologia, geodésia e gerenciamento de desastres; (c) comunicações espaciais; (d) atividades estratosféricas; e (e) educação e treinamento de pessoal.

A cooperação será implementada dos seguintes modos: (a) intercâmbio de especialistas para participarem de estudos e atividades conjuntas; (b) realização de conferências e simpósios conjuntos; (c) promoção de atividades educacionais em ciência e tecnologia espaciais; (d) promoção de contats entre institutos e indústrias atuantes no setor espacial; e (e) consideração de possíveis projetos conjuntos.

Do ponto de vista comercial, alguns projetos do Programa Espacial Brasileiro que interessam indústrias espaciais italianas: satélite de imageamento radar (MAPSAR) e o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

O inteiro teor da carta de intenção, em inglês, pode ser acessado aqui.
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domingo, 9 de novembro de 2008

Mercado da ACS e Cyclone 5

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Aos poucos, surgem maiores detalhes sobre o projeto ucraniano-brasileiro para a exploração comercial de Alcântara (MA). Na edição n° 4 da revista Espaço Brasileiro (esta edição saiu no meio deste ano, mas só recentemente pude lê-la), editada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), foi publicada uma entrevista com Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia e atual diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS). Alguns trechos estão abaixo reproduzidos:

A ACS irá fornecer serviços de lançamentos de satélites. Que tipo de satélite poderá ser levado pelo foguete Cyclone 4?

A missão da ACS é, efetivamente, lançar satélites. Este é um mercado extremamente competitivo. O custo de um lançador está relacionado ao custo de um satélite. Por exemplo, um satélite de 600 kg, em órbita a 800 km de Terra, tem custo estimado entre 15 a 25 milhões de dólares.

O foguete Cyclone 4, em construção, poderá colocar em órbita um satélite de até 5,3 toneladas em órbita baixa, de até 2 mil km da Terra, ou um satélite de até 1,8 toneladas em órbita de transferência geoestacionária, sendo que a órbita geoestacionária está a 36 mil km da Terra. O tipo de satélite que poderemos lançar vai depender do pedido de nossos futuros clientes.

Mas, retornando ao foco de sua pergunta, posso dizer que os clientes para este mercado são as TVs, internet e monitoramentos, como aqueles voltados às questões do meio ambiente: queimadas, desmatamentos, inundações, secas, etc. [...]”


Um comentário em relação à afirmação “o custo de um lançador está relacionado ao custo de um satélite”: na realidade, o custo do frete de lançamento está mais relacionado à órbita, massa e às características do lançador do que ao custo do satélite em si. Mas o mais relevante da questão acima é que a ACS disputará não apenas o mercado de lançamentos geoestacionários, mais lucrativo, mas também os de órbita baixa (satélites de monitoramento e observação terrestres).

Em outro trecho da entrevista, respondendo a uma questão sobre a projeção do projeto da ACS na economia brasileira, Amaral mencionou a possibilidade do desenvolvimento conjunto pela Ucrânia e Brasil de um lançador mais capaz, chamado Cyclone 5:

“Finalmente, existe a possibilidade de o empreendimento com a Ucrânia ser expandido no futuro, de forma a incluir o desenvolvimento conjunto de um veículo lançador de capacidade superior àquela do Cyclone 4. Neste caso, seria um desenvolvimento conjunto, portanto, contemplando a única forma efetiva de transferência de tecnologia, em função do trabalho, lado a lado, de especialistas brasileiros e ucranianos, e com propriedade conjunta do veículo resultante. A possibilidade de desenvolvimento deste novo veículo, que por enquanto está sendo denominado Cyclone 5, ainda está nas fases iniciais de análise e, certamente, o prosseguimento neste empreendimento depende do sucesso alcançado com a efetivação do complexo de lançamento do Cyclone 4 em Alcântara.”
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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Quilombolas de Alcântara

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Incra reconhece Território Quilombola de Alcântara (MA)

Brasília, 04 de novembro de 2008.

O Incra reconheceu e delimitou nesta terça-feira (4) o território da comunidade remanescente do Quilombo Alcântara, no Maranhão. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) de Alcântara está publicado na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira.

O RTID aponta a destinação de 78,1 mil hectares para as comunidades Quilombolas e 9,3 mil hectares para a o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), de forma a assegurar a continuidade do programa espacial brasileiro.

Na área determinada aos remanescentes de Quilombo, vivem cerca de 3.500 famílias, divididas em 106 comunidades que, segundo o presidente do Incra, Rolf Hackbart, a partir de hoje são reconhecidas como cidadãs. “Esta é uma vitória histórica. Após 300 anos, essas comunidades começam a fazer parte da república federativa do Brasil”.

Hackbart lembrou ainda que a partir do reconhecimento, a vida dessas comunidades muda. “Agora, as famílias poderão acessar créditos e as políticas públicas chegarão efetivamente”. O próximo passo do Incra é identificar todos os posseiros e proprietários de títulos verdadeiros que ocupam essas áreas. As terras dos proprietários serão pagas por Títulos da Dívida Agrária (TDA). E as benfeitorias, sejam de proprietários ou dos posseiros, serão pagas em dinheiro.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário / INCRA

Comentário: a questão quilombola de Alcântara, um dos problemas para a exploração comercial do CLA parece "estar entrando nos eixos". Novidades, não só sobre os quilombolas, mas sobre o projeto da Alcântara Cyclone Space em geral são aguardados para breve. Agradecimento a J.O pelo envio da nota do MDA.
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INPE e a sonda Chandrayaan-1

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INPE termina sua participação no suporte à Missão Chandrayaan-1

04/11/2008

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) encerrou sua participação no suporte operacional à Chandrayaan-1, prestado durante a Fase de Lançamento e Órbitas Iniciais (LEOP, na sigla em inglês) da missão à Lua. Com a realização da última manobra de órbita em relação a Terra, nesta terça-feira (4/11), a sonda lunar indiana Chandrayaan-1 iniciou sua trajetória de transferência lunar a aproximadamente 375 mil quilômetros do nosso planeta.

O INPE executou com sucesso todas as operações solicitadas pela ISRO, a agência espacial indiana. O suporte incluiu recepção de dados de telemetria, envio de telecomandos e execução de medidas de distância e de velocidade.

As estações do INPE, localizadas em Cuiabá (MT) e Alcântara (MA), fizeram parte de uma rede mundial de estações terrenas que acompanharam a sonda Chandrayaan-1 desde o seu lançamento, no dia 22 de outubro do Centro Espacial de Sriharikota, na Índia, até este momento de entrada na órbita da Lua. A operação em órbita lunar cabe apenas à agência espacial indiana, que pretende com a sonda inspecionar a superfície da Lua durante dois anos.

“A experiência adquirida no suporte à Chandrayaan-1 será aproveitada nos lançamentos, a partir do território nacional, dos futuros satélites do INPE. Nossa equipe não pode deixar de desejar à equipe da ISRO boa sorte e sucesso na próxima fase da missão, que é a colocação da Chandrayaan-1 em órbita lunar cumprindo, desta maneira, todos os seus objetivos científicos”, disse Pawel Rozenfeld, chefe do Centro de Rastreio e Controle de Satélites do INPE.

Fonte: INPE
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Projeto argentino SAOCOM cumpre mais uma etapa

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Entre os dias 27 e 30 de outubro, foi realizada em Buenos Aires a revisão do desenho preliminar (PDR, sigla em inglês de Preliminary Design Review) do satélite argentino de observação terrestre SAOCOM. Uma vez aprovado no PDR, o projeto segue para a fase de engenharia para seu detalhamento.

O SAOCOM será um satélite radar, equipado com um sensor radar de abertura sintética (SAR), e integrará o chamado sistema Ítalo-Argentino de Satélites para a Gestão de Emergências (SIASGE), uma parceria entre a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) e a Agência Espacial Italiana (ASI). A contribuição da Itália ocorrerá através de uma constelação de quatro satélites Cosmo-Skymed, sendo que três já estão em órbita.

A previsão é de que o SAOCOM 1A, primeiro satélite da série (ao menos outros dois já são planejados) seja lançado em maio de 2012. Além da CONAE, trabalham no projeto algumas universidades, a Comissão Nacional de Energia Atômica e empresas da base tecnológica argentina, como a INVAP e a Consulfem. Participam também entidades estrangeiras, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que deve dar apoio na realização de ensaios ambientais, um centro espacial da Bélgica e a Agência Espacial do Canadá. A missão SAOCOM tem ainda financiamento parcial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Lançamento de VSB-30 em maio de 2009

Estudantes de São Paulo apresentam experimentos que irão voar no VSB-30

03/11/2008 12:35:41

Cerca de 50 professores participantes da Jornada Espacial irão conhecer, nessa terça-feira (04/11), o Projeto Educacional em Microgravidade, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos (SP). Esses professores orientaram os alunos vencedores da XI Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Em 2008, aproximadamente 500 mil estudantes de todo o País participaram das provas.

O Projeto Educacional em Microgravidade está sendo desenvolvido por mais de 400 alunos do município em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Eles estão desenvolvendo três experimentos didáticos que irão voar no foguete brasileiro VSB-30, marcado para maio de 2009. O Projeto foi selecionado em 2007, pelo terceiro Anúncio de Oportunidade do Programa Microgravidade, desenvolvido pela AEB.

Os três experimentos de Física são: Sistema de Corda, Sistema de Mola e Interação entre as Forças Magnética e Gravitacional. Segundo a professora Elisa Saeta, coordenadora do projeto, são idéias simples, mas que vão ajudar os alunos a apreenderem os conceitos.

“O primeiro experimento é um peso preso a uma corda que durante a microgravidade irá ‘perder o peso’. Já a mola, também será presa a um peso, mas perderá a tensão quando passar pelo ambiente de microgravidade. O último experimento é mais complexo. Serão três imãs, colocados de forma que haja repulsão entre eles. Com a gravidade o imã 1 e 2 apresenta uma distância maior que o 2 e 3. Durante o experimento, essa distância deverá se igualar”, explica.

Todos os acontecimentos serão filmados e seus dados mandados por telemetria. Todos os alunos participantes desse projeto são de quatro Escolas Municipais de Ensino Fundamental de São José dos Campos, e estão cursando entre o 6º e 9º períodos.

Para Ivette Rodrigues, gerente do Programa AEB Escola, um dos apoiadores do projeto, é muito importante essa experiência de participar de um estudo de fato, ao invés de apenas simular os conceitos por meio de aulas teóricas. “Nesse projeto pode-se vivenciar concretamente as diferentes etapas de uma pesquisa , como o planejamento, a observação e o registro, contribuindo, assim, para instituir a prática da pesquisa no ambiente escolar”, disse.

Fonte: AEB

Comentário: a notícia acima é interessante por informar que haverá um vôo do VSB-30 em maio de 2009. O vôo deve ocorrer a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

domingo, 2 de novembro de 2008

Satélite Geoestacionário Brasileiro

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Rússia e França vão ajudar Brasil em projeto de satélite

Governo diz que não vai comprar tecnologia estrangeira para construção de nave estratégica de R$ 600 milhões Ambos os países querem vender tecnologia para satélite geoestacionário ao Brasil; segundo agência, programa será nacional

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

As agências espaciais russa (Roskosmos) e francesa (CNES) estão ajudando o Brasil a desenvolver o projeto do seu satélite geoestacionário.

De acordo com a AEB (Agência Espacial Brasileira), a cooperação tem caráter de consultoria e não prevê a compra pelo Brasil de tecnologia de nenhum dos dois parceiros.

O diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Thyrso Villela, disse que os acordos prevêem ajuda aos técnicos brasileiros na definição do modelo e nas configurações do satélite geoestacionário. A cooperação dos franceses foi acertada em junho. Com os russos, foi assinada neste mês. Os dois grupos vão trabalhar de maneira separada.

"O que nós queremos é aproveitar ao máximo a experiência desses países para nos ajudar a ter a melhor configuração possível [do satélite], com a melhor relação custo/benefício e que atenda efetivamente às demandas do país", disse Villela.

Satélites geoestacionários giram na mesma velocidade do planeta e, por isso, ficam parados sobre um mesmo ponto. Esse é um tipo estratégico de tecnologia, porque permite, por exemplo, a captura ininterrupta de imagens sobre uma mesma região da Terra.

O Brasil já teve um satélite geoestacionário, utilizado para telecomunicações e fabricado fora do país. Mas perdeu o controle sobre ele depois da venda da Embratel, no governo FHC. Hoje, o país depende do aluguel de satélites, inclusive para as comunicações militares.

No início da década, o Brasil fez um projeto preliminar que apontou para a necessidade de o país ter "no mínimo dois, talvez três" desses satélites, de acordo com Villela. O novo projeto deverá ser o primeiro satélite geoestacionário com tecnologia nacional, algo que países como a Índia já têm.

Em uma reunião marcada para dezembro, AEB, ministérios e a Aeronáutica devem definir quais missões serão cumpridas pelos equipamentos. Entre as prioridades estão a comunicação militar e o controle do tráfego aéreo.

A expectativa é que o projeto esteja pronto até junho de 2009. Segundo Villela, se cumprido o cronograma, é possível que o satélite seja construído num prazo de até cinco anos.

O estudo preliminar apontou custo total aproximado de R$ 600 milhões. O valor depende da configuração dos satélites.

Villela admite que o Brasil não tem condições de construir alguns equipamentos, como aqueles que vão fazer o satélite funcionar por vários anos no espaço e os de controle de atitude e órbita. Mas afirma que o país não se comprometeu nos acordos a comprar a tecnologia de qualquer dos dois parceiros.

Em fevereiro, a Folha publicou reportagem sobre negociações sigilosas entre o ministro Nelson Jobim (Defesa), e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, envolvendo o projeto do satélite geoestacionário. Os franceses querem vender a tecnologia aos brasileiros.

A Rússia também quer vender esse tipo de tecnologia ao país. Em 2006, a Roskosmos chegou a dizer que o "desconto" de US$ 10 milhões na "passagem" do astronauta brasileiro Marcos Pontes para a Estação Espacial Internacional a bordo de uma nave russa tinha interesse comercial.

Em dezembro, Sarkozy virá ao Brasil para fechar parcerias com o governo que prevêem transferência de tecnologia.

Fonte: Folha de S. Paulo.
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