domingo, 31 de agosto de 2008

RALCam-3 e Amazônia-1

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Na edição de setembro da revista inglesa Spaceflight, editada pela British Interplanetary Society (BIS), foi publicada uma pequena nota de minha autoria sobre o acordo entre o Brasil e o Reino Unido para a instalação de uma câmera a bordo do satélite Amazônia-1. Leia abaixo uma versão traduzida da referida nota:

Câmera britânica para satélite de observação terrestre brasileiro

O pequeno satélite brasileiro de sensoriamento remoto Amazônia-1 - em desenvolvimento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - será equipado com uma câmera britânica de alta-resolução, escreve André Mileski.

O anúncio foi feito no meio de julho durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Campinas, próxima a São Paulo, Brasil.

O imageador RALCam-3, câmera com resolução de 12 metros será fornecido pelo Rutherford Appleton Laboratory - Science & Technology Facilities Council (RAL-STFC), do Reino Unido.

O Amazônia-1 está previsto para ser lançado em 2011, e além do RALCam-3, será equipado com o Imageador Avançado de Amplo Campo de Visada (AWFI, sigla em inglês), sensor com resolução de 40 metros que será construído por indústrias espaciais brasileiras.

O satélite Amazônia-1 é parte do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), e será destinado ao monitoramento do desmatamento ao redor do mundo, especialmente da região amazônica.

"O Amazônia-1 representa um importante passo na construção de uma rede integrada global de observação terrestre para o bem público", disse Gilberto Câmara, diretor do INPE.

"Com este projeto, o Brasil e o Reino Unido estarão à frente do fornecimento gratuito de dados, tendo funções cruciais em apoiar outros países, especialmente na África, a monitorarem seus próprios territórios e florestas."

Este iniciativa conjunta é resultado de discussões iniciadas em 2007 durante o Ano Brasil-Reino Unido de Cooperação em Ciência e Tecnologia.

(Revista Spaceflight, Vol. 50, No. 9, setembro de 2008, página 329)

Sobre esse acordo Brasil - Reino Unido, vale levantar um ponto para reflexão: se o espaço e a Amazônia são estratégicos para o Brasil, porque quando os dois são unidos em um programa espacial (satélite Amazônia-1), utiliza-se uma câmara inglesa, entregando assim visibilidade da região amazônica aos ingleses? Haveria aí uma contradição?
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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Cooperação Brasil - Alemanha

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Delegação Alemã visita AEB

29/08/2008 15:07:20

Atendendo ao convite da Agência Espacial Brasileira (AEB), integrantes da Agência Espacial Alemã (German Space Agency - DLR) estiveram em Brasília nos dias 27 e 28 de agosto para discutir pontos de interesse entre os dois países. À frente de uma delegação composta por quatro pessoas, a Dra. Cornelia Riess, chefe da área de cooperação internacional, apresentou de forma clara e objetiva como a Agência Alemã tem atuado, falou das parcerias internacionais firmadas, dos programas em andamento e deixou clara a intenção de assinar um instrumento de cooperação com a AEB.

Recepcionados pelo presidente da AEB, Carlos Ganem, pelos diretores das áreas de políticas espaciais, desenvolvimento de satélites e transporte espacial, a reunião ocorreu em uma atmosfera amigável. “Quanto mais atores, coordenadores, repassadores e relacionadores o Brasil puder dispor, melhor. No meu ponto de vista, tenho ambições concretas para Alemanha. A AEB é a protagonista do Programa Espacial Brasileiro e não mera repassadora de orçamento. Cabe à Agência executar políticas de Estado e não de governo. Temos planos para Alcântara, a porta da Amazônia Verde. Estamos abertos para a constituição de um negócio novo, no qual a atividade espacial é apenas uma parte”, afirmou o presidente.

Brasil e Alemanha têm o mesmo olhar em relação às questões espaciais. Ambos os países entendem que a tecnologia espacial e terrestre podem alavancar a economia e fundamentar novos projetos políticos, abrindo novas possibilidades para o desenvolvimento da pesquisa e da ciência.

“Nossa meta é firmar uma parceria duradoura com o Brasil, no futuro”, enfatizou Dra. Cornelia Riess. Ela ressaltou três caminhos viáveis para ampliar a cooperação existente. O primeiro seria ciências espaciais e novas tecnologias, o segundo no âmbito da observação da Terra e o último, usar cada vez mais as universidades de ambos os países para pesquisa e acesso ao espaço. “As ciências de materiais são essenciais hoje em dia”, lembrou Cornelia Riess.

Já existe, atualmente, uma cooperação bilateral entre o DLR e as organizações de fomento brasileiras (CNPq e Fapesp) que fornecem bolsas de graduação e pós-graduação para o setor aeroespacial.

A Agência Espacial Alemã é ligada ao Ministério das Finanças, possui oito sucursais, seis mil colaboradores e 29 institutos de pesquisa, 11 deles ligados à pesquisa espacial. O orçamento total do DLR é de 300 milhões de euros por ano.

O presidente da AEB reafirmou a necessidade de integrar o trabalho espacial com outros países europeus da mesma forma como tem sido feito com a Alemanha, Ucrânia e Suécia. “A presença da Agência Espacial Européia (ESA) tem sacrificado parte dos orçamentos dos países europeus no âmbito das atividades espaciais. Mas não vejo esse aspecto como um problema. Com o orçamento diminuído sobra interfaces para programas que o Brasil pretende desenvolver”.

Para ampliar as possibilidades de acordo entre o governo brasileiro e a República Alemã será feito um Ajuste Complementar para cooperação em desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica para a área espacial. Ao final da reunião foi assinada uma ata, na qual ficou clara a predisposição dos dois países de ampliar a cooperação mútua.

Fonte: AEB
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Edital do ACDH é publicado

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Na última segunda-feira, 25 foi finalmente publicado o edital de licitação do subsistema de Controle de Atitude e Supervisão de Bordo (ACDH, sigla em inglês) para a Plataforma Multimissão (PMM), projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A primeira PMM será utilizada pelo satélite de sensoriamento remoto de pequeno porte Amazônia-1.

O edital do ADCH tem 75 páginas e detalha os requisitos e procedimentos burocráticos para a apresentação das propostas, divididas em técnica e de preço. Em relação à proposta técnica, foram estabelecidas regras de pontuação para a experiência técnica do licitante, participação do INPE e da indústria nacional no projeto, abertura do código-fonte do software, entre outras. As propostas devem ser entregues no dia 10 de outubro.

O ACDH é um dos últimos subsistemas ainda não contratados da PMM, e certamente um dos mais importantes negócios de 2008 para o Programa Espacial Brasileiro. A expectativa é que após a finalização deste processo licitatório, o INPE dê a largada à concorrência para a construção da carga-útil principal do Amazônia-1, a câmera AWFI (Advanced Wide Field Imager).
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Artigo de Carlos Ganem

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Programa Espacial – O sonho possível

25/08/2008 16:29:07

Um programa espacial é muito mais do que fazer e lançar foguetes, satélites e veículos espaciais. É mais do que uma área física, onde se instalam radares, equipamentos de telemetria, meteorologia e torres de lançamento. É um objetivo que congrega os sonhos de conhecimento e domínio do espaço que está presente desde os primórdios da Humanidade na sua atitude diante do Universo.

Essa meta não é fácil de se alcançar. A atividade espacial é complexa, exige planejamento, longo prazo de maturação, e ainda assim, é de alto risco. Grandes conquistas foram alcançadas por meio da atividade espacial. Atualmente, diminuímos as distâncias por meio das telecomunicações que levam informação, saúde e educação a lugares de difícil acesso. Mapeamos com precisão o Planeta, fazemos previsões meteorológicas cada vez mais acuradas...

Mas esse desenvolvimento cobra um preço. Não é por acaso que, com pouquíssimas exceções, praticamente todos os programas espaciais do mundo exibem um longo histórico de tristes ocorrências. E no Brasil, esse desenvolvimento não foi diferente.

Hoje é um dia triste para o Programa Espacial Brasileiro, em que lembramos dos 21 técnicos que há cinco anos perderam suas vidas, no acidente ocorrido em Alcântara (MA), acreditando no sonho de garantir ao Brasil o acesso ao espaço. Em respeito à memória dos que se foram e, sem desistir de proporcionar ao País a soberania e os benefícios advindos da tecnologia espacial, é que precisamos continuar esse projeto.

Chegar ao espaço é uma meta que será cumprida em um futuro próximo. Em 2010, deverá ser lançado o primeiro protótipo de uma nova série de foguetes que está sendo desenvolvida no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), a do Veículo Lançador de Satélites (VLS). Nesse mesmo ano, deverá ser lançado pela Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional Brasil-Ucrânia, o primeiro foguete, Cyclone-4, a partir de Alcântara, abrindo-nos as portas para a exploração comercial das atividades espaciais.

Mas, o Programa Espacial Brasileiro vai muito além disso. As atividades espaciais que serão desenvolvidas em Alcântara serão a base da criação de um pólo de desenvolvimento sócio-ambiental, cultural, turístico, econômico e tecnológico que constituirá o Complexo Espacial de Alcântara (CEA). Isso permitirá a inclusão cidadã da vila de Alcântara e de toda a comunidade quilombola que vive em torno do projeto.

A Plataforma Multimissão, que está sendo desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela indústria nacional, será a base de diversos satélites que muito contribuirão para o conhecimento e monitoramento do nosso território. O Satélite CBERS desenvolvido em parceria com a China já produziu 500 mil imagens de sensoriamento remoto que foram distribuídas gratuitamente, via Internet.

Atualmente, fabricamos foguetes de sondagem que estão entre os melhores existentes e permitem a realização de pesquisas e experimentos em ambientes de microgravidade por instituições de pesquisas brasileiras.

O AEB Escola, programa desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), há dez anos, leva a milhares de estudantes o conhecimento e o estímulo para as atividades espaciais, por meio de oficinas e formação continuada de professores. Do mesmo modo, realiza, anualmente, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que tem como objetivo despertar o interesse dos alunos do ensino Médio e Fundamental, para a temática espacial, em parceria com a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB). É a maior garantia de que no futuro teremos essa ação de responsabilidade social, gerando mão-de-obra técnica e científica aplicada ao segmento espacial.

Ter um satélite geoestacionário brasileiro, usado para fins meteorológicos, de comunicação e de defesa é um projeto que nos libertará de parte da dependência externa. Hoje, todos esses serviços são fornecidos por satélites estrangeiros.

O Programa Espacial Brasileiro está vivo, operante e com ações que o suportam e o estruturam. Sua afirmação estratégica para o Estado brasileiro é reconhecida como prioritária pelo presidente Lula.

Carlos Ganem – Presidente da Agência Espacial Brasileira.

Fonte: AEB
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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

5 anos da tragédia do VLS-1 V03

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Hoje, 22 de agosto, completam-se cinco anos da tragédia com o terceiro protótipo do foguete brasileiro VLS-1. Desde o início da semana, alguns jornais de grande circulação têm publicado reportagens sobre o segmento de lançadores do Programa Espacial Brasileiro e também sobre o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Duas reportagens publicadas no jornal Folha de S. Paulo revelam o status da retomada do projeto: Investimento na base de Alcântara foi zero em 2008 e Base do foguete brasileiro VLS aguarda reconstrução.

Uma das poucas boas notícias é o fato do consórcio responsável pela construção da Torre Móvel de Integração (TMI) no CLA, liderado pela Jaraguá Equipamentos já ter sido contratado. A previsão é que a TMI esteja concluída em agosto de 2010. De resto, as reportagens mostram que pouco mudou.

Para mais informações sobre VLS, vejam a nota Atualizações sobre o Projeto do VLS.
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Programa de Subvenção Econômica da Finep

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A Finep, empresa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia anunciou no começo deste mês a pré-qualificação de 801 empresas participantes da chamada pública de seu Programa de Subvenção Econômica (recursos não-reembolsáveis), de um total de 2.612 propostas recebidas. Estão previstos no edital de subvenção investimentos de R$ 450 milhões, a serem distribuídos em diferentes áreas, como saúde, energia e programas estratégicos, entre outros.

Na área de programas estratégicos, cujas subvenções poderão chegar a até R$ 80 milhões, foram pré-aprovados 88 projetos, de um total de 345 inscrições. Alguns são do setor espacial, em especial na área de sensores inerciais para foguetes e componentes de satélites, como tanques de propelente para sistemas de propulsão aeroespacial e tecnologias para aplicação em sistemas de imageamento orbital, entre outros. Nomes já conhecidos do Programa Espacial Brasileiro, como Fibraforte, Opto Eletrônica e Orbital figuram na lista pré-aprovada. A expectativa é de que ao menos algumas iniciativas de tecnologia espacial sejam selecionadas e recebam recursos. O anúncio oficial dos projetos selecionados está previsto para 17 de outubro.

Segundo as regras previstas no edital de subvenção econômica da Finep, os projetos aprovados devem ter um valor mínimo de R$ 1 milhão, com prazo de execução de 36 meses. Exige-se ainda uma contrapartida entre 5% e 20% do valor total do projeto, no caso de empresas menores, e entre 100% e 200%, para empresas de médio e grande porte.
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domingo, 17 de agosto de 2008

SAC-D: o novo satélite argentino

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No final do mês passado, foi anunciada pela Comision Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), da Argentina, a finalização da revisão final do projeto de satélite SAC-D/Aquarius, dedicado a estudos oceanográficos e atmosféricos. O projeto segue agora para a fase de construção do modelo de vôo e integração final.

O SAC-D/Aquarius, que deverá ser lançado por um foguete Delta II em 2010, a partir do centro espacial de Vandenberg, nos EUA, terá massa de 1.405 kg, três vezes superior ao último satélite argentino posto em órbita, o SAC-C. A CONAE será responsável por cinco dos oito instrumentos do SAC-D: um radiômetro, uma câmera infravermelha (desenvolvida em cooperação com o Canadá), uma câmera de alta sensibilidade para observação noturna, um instrumento de coleta de dados e um experimento tecnológico para determinação de órbita, posição e velocidades angulares em órbita.

O projeto conta com forte cooperação internacional. O principal sensor do SAC-D, o Aquarius será de responsabilidade da agência espacial norte-americana, a NASA, que também contribuirá com o lançamento e rede de estações terrenas para controle na fase inicial. Os outros dois últimos sensores serão fornecidos pela Agência Espacial Italiana (ASI) e pela Agência Espacial Francesa (CNES).

O Brasil também está envolvido com a missão do país vizinho. As reuniões de revisão do projeto, realizadas entre os dias 21 a 24 de julho, contaram com a presença de dois especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Além do mais, testes e ensaios de diferentes sistemas que equiparão o SAC-D têm sido executados no Laboratório de Integração e Testes (LIT), do INPE em São José dos Campos (SP).

Para mais informações sobre o SAC-D/Aquarius, visite o web-site da CONAE e o da missão Aquarius, mantido pela NASA.
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sábado, 16 de agosto de 2008

Ariane e o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

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CLBI realiza com sucesso rastreio do foguete francês Ariane V

15/08/2008 14:33:00

O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal, realizou com sucesso o rastreio (monitoramento) do foguete francês Ariane V, durante a operação V185. O vôo ocorreu às 17h44, na quinta-feira (14/08). Segundo o Centro, a operação de rastreio realizou-se “com pleno êxito”.

Seus meios de recepção ficaram concentradas em um ponto remoto no espaço, dentro do quarto quadrante geográfico, visto pela antena stella 43 de Telemedidas. É partir desse ponto que o centro de lançamento brasileiro começa a enxergar melhor o foguete francês. No Brasil, é possível acompanhar a fase de propulsão do Ariane. Isso é importante porque é nessa fase do vôo que pode haver mudanças de altitude do veículo.

Durante o intervalo de tempo que durou o rastreio, a Estação Natal registrou 3 eventos altamente relevantes para o sucesso da operação: o fim de queima do motor principal do foguete, a separação desse estágio do conjunto embarcado e a ignição do motor secundário (encarregado da ejeção dos satélites passageiros).

Enquanto a antena stella registrava os dados de telemedidas, outras duas antenas menores, conectadas diretamente a satélites de comunicação, enviavam amostras desses dados ao Centro Espacial Guianês (CSG), na Guiana Francesa.

Nesta operação, estão sendo colocados em órbita de transferência geoestacionária o satélite Superbird 7 - fabricado pela Mitsubishi Electric para transmissões de TV a cabo, TV direta e telefonia móvel sobre o Japão - e o satélite AMC-21 - fabricado pela Thales Alenia Space para a Arabsat, que será utilizado para TV a cabo e serviços empresariais sobre a América do Norte, Caribe e algumas regiões do norte da América do Sul.

Fonte: AEB

Comentário: desde 1977, todas as missões espaciais lançadas de Kourou têm determinadas etapas de seus vôos rastreadas pelo Centro de Barreira do Inferno. O acordo firmado na década de setenta foi renovado em 2004 e prevê a continuidade dos serviços de rastreio até outubro de 2012. Curiosamente, o CLBI rastreará as missões dos lançadores Vega e Soyuz, potenciais concorrentes do Cyclone 4 lançado de Alcântara (MA), quando entrarem em operação no ano que vem.
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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Argentina

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Comissão Espacial da Argentina anuncia no Brasil abertura de concorrência internacional para lançamento de satélite

12/08/2008 19:18:00

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, recebeu nessa terça-feira (12/08), em Brasília, o diretor executivo da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae), da Argentina, Conrado Varotto, para tratar da cooperação entre os dois países. Estiveram presentes também diretores da Alcântara Cyclone Space (ACS).

Ganem agradeceu a visita e falou sobre os projetos do Brasil para o setor espacial, entre eles, a
operacionalização da ACS, com o primeiro lançamento de qualificação previsto para 2010. “Temos aqui uma excelente oportunidade para uma cooperação. Apresentamos um centro de lançamento com tecnologia, proximidade e localização adequada aos interesses da Argentina”, disse.

Varotto tomou conhecimento dos recentes desdobramentos do projeto de lançamento do Cyclone- 4 (foguete ucraniano que será lançado pela ACS). Ele aproveitou a oportunidade para anunciar a concorrência internacional do serviço de lançamento para o satélite SAOCOM (Radar), em futuro próximo.

Outros dois assuntos de debate foram propostos na reunião pela AEB. Um deles é a parceria em relação à produção de microsatélites e o intercâmbio de profissionais do setor espacial. Um seminário para discutir as questões entre técnicos dos dois países será realizado ainda este ano.

Satélite Argentino Brasileiro – Amanhã (13/08) será realizada uma reunião técnica para discutir o projeto do satélite de observação SABIA-Mar. O encontro será na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), com a participação da AEB, Conae e do instituto.

Fonte: AEB

Comentários: o projeto SAOCOM (Satélite Argentino de Observación Con Microondas), da Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) prevê o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto (SAOCOM 1A e SAOCOM 1B) equipados com um sensor radar de abertura sintética (SAR, sigla em inglês) de banda L, com lançamentos previstos para 2010 e 2011, respectivamente. Ao lado dos satélites italianos Cosmo-Skymed, os SAOCOM integrarão o Sistema Ítalo-Argentino de Satélites para Gestão de Emergências (SIASGE). Convém observar que o projeto argentino de satélite-radar está em fase bem mais avançada do que o brasileiro MAPSAR, a ser desenvolvido em cooperação com a Alemanha. Uma das possíveis razões para este avanço é de natureza financeira, uma vez que novembro de 2006, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) fechou um financiamento de 50 milhões de dólares para o projeto da CONAE.
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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Infra-estrutura em Alcântara

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Governo do Maranhão e Alcântara Cyclone Space acertam reconstrução da MA-106

11/08/2008 15:46:03

Na última quinta-feira (7), o diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, reuniu-se em São Luís (MA) com o governador do Maranhão, Jackson Lago, para discutir o andamento do projeto de construção do Cyclone-4, que deverá ser lançado de Alcântara em julho de 2010, e pedir melhorias na infra-estrutura da região.

Durante a audiência, ficou acertado que o governo maranhense irá reconstruir um trecho de cerca de 50 quilômetros da rodovia MA-106, que liga Cujupe (MA) ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). “Trata-se de um projeto muito importante para o país e para o Maranhão”, afirmou o governador. Alcântara pode se tornar, em breve, o mais moderno e importante centro espacial da América Latina.

Também participaram da audiência o presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão, deputado João Evangelista, o deputado federal Ribamar Alves (PSB-MA), o comandante do Centro de Lançamento de Alcântara, tenente-coronel Nilo Andrade, e os secretários de Planejamento, Aziz Santos, e de Infra-estrutura, Telma Pinheiro. O edital de licitação pública para a contratação de empresa para fazer a obra deve ser divulgado em breve pelo governo do Maranhão.

A reconstrução da MA-106 é fundamental para o lançamento do primeiro foguete com satélite a partir da parceria firmada em 2003 pelos governos brasileiro e ucraniano. O primeiro lançamento, chamado de “vôo de qualificação”, está programado para ocorrer em julho de 2010.

O que é a Alcântara Cyclone Space?

A Alcântara Cyclone Space é uma empresa binacional (Brasil-Ucrânia) criada em 2007 para desenvolver tecnologia espacial. O objetivo da empresa é explorar os serviços de lançamentos em bases comerciais com o foguete ucraniano Cyclone-4 a partir de Alcântara, no Maranhão, visando a prover o acesso ao espaço para satélites, além de permitir cooperação tecnológica entre o Brasil e a Ucrânia.

O foguete Cyclone-4 está sendo construído na Ucrânia, graças a um acordo de cooperação tecnológica assinado em 2003 entre o Brasil e a ex-república soviética. O investimento inicial para a criação da binacional chegou a US$ 105 milhões. Em junho de 2008, em reunião realizada na Ucrânia pelo Conselho de Administração da Alcântara Cyclone Space, decidiu-se por aumentar o capital da empresa para US$ 375 milhões.

Fonte: ACS / AEB
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sábado, 9 de agosto de 2008

Sistema satelital para Observación de la Tierra

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No final desta semana, a EADS Astrium divulgou press release (ver abaixo versão em língua inglesa) a respeito da assinatura de contrato para o fornecimento do primeiro satélite de sensoriamento remoto chileno (“Sistema satelital para Observación de la Tierra” - SSOT), negócio já comentado no blog em postagens anteriores.

Astrium wins Chilean optical Earth observation system

August 7, 2008
  • Third Earth observation satellite system from the AstroSat 100 family to be built using the Myriade platform
  • The 6th contract for Astrium which confirms its status as EO export leader world wide.

Santiago, 7. August 2008: In the presence of the Chilean Minister of Defence, José Goñi, Astrium signed a contract for the development of the SSOT system (“Sistema satelital para Observación de la Tierra”). SSOT comprises one high resolution Earth observation satellite and associated ground segment, a complete partnering and training programme and the satellite launch planned for early 2010.

“Astrium concluded contract signature following months of intense competition, originally open to more than 20 specialist companies, involving all our current major competitors. This is a great success for our company and we are very proud that the Chilean authorities are starting their national space programme by working closely together with Astrium” said François Auque, CEO of Astrium.

The SSOT high resolution Earth observation satellite will be designed, built, integrated and tested by Astrium. The SSOT programme also includes the development and setting up of a ground control segment and image processing facilities enabling the satellites to be directly operated and controlled from Chile by the Chilean authorities. The co-operation agreement makes provision for Chilean engineers to work alongside the Astrium development team. They will be given intensive training in space technology and will participate directly in SSOT project development.

The system will enable Chile to obtain extremely high quality images for use in a wide variety of applications both in the defence and civil domains: cartography; agricultural management; forestry; water, mineral and oil resources; crop protection; natural disaster response; urban planning, etc.

SSOT is equipped with a latest-generation payload capable of supplying images with a resolution of 1.45m in panchromatic mode and 5.8m in each of four colour bands in multispectral mode.

With the signature of this export contract Astrium has again demonstrated its ability to offer attractive partnering solutions in the Earth observation field. It follows the FORMOSAT-2 satellite launched on 20 May 2004, the Korean KOMPSAT-2 and COMS satellites, the THEOS satellite developed for Thailand and the two ALSAT-2 satellites currently being built for Algeria.

Astrium, a wholly owned subsidiary of EADS, is dedicated to providing civil and defence space systems and services. In 2007, Astrium had a turnover of €3.5 billion and 12,000 employees in France, Germany, the United Kingdom, Spain and the Netherlands. Its three main areas of activity are Astrium Space Transportation for launchers and orbital infrastructure, and Astrium Satellites for spacecraft and ground segment, and its wholly owned subsidiary Astrium Services for the development and delivery of satellite services.

EADS is a global leader in aerospace, defence and related services. In 2007, EADS generated revenues of €39.1 billion and employed a workforce of more than 116, 000.

Fonte: EADS Astrium

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mais informações sobre o satélite chileno

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Passadas algumas semanas do anúncio da compra pelo Chile de seu primeiro satélite de sensoriamento, já é possível consolidar algumas informações mais detalhadas que foram divulgadas sobre o negócio.

O satélite, ainda sem nome oficial, terá massa de 150 kg, vida útil estimada em cinco anos, e órbita polar heliossíncrona, numa altitude entre 650-750 km. A carga útil será composta por dois sensores óticos: uma câmera pancromática com resolução de 1.8-2.5 metros, e outra multiespectral, com resolução de 5-10 metros. O contrato assinado com a EADS Astrium, estimado em 74 milhões de dólares inclui o desenvolvimento e construção do segmento orbital, a instalação de duas estações terrenas para o controle, recepção e processamento das imagens, treinamento de pessoal e lançamento.

O lançamento está previsto para março de 2010 (algumas fontes mencionam julho), por um foguete russo Soyuz operando a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa. No mesmo vôo também deve subir um satélite de imageamento de alta-resolução Pleaides, desenvolvido pela Agência Espacial Francesa (CNES).

Embora a concorrência para a aquisição do sistema espacial tenha sido realizada pelo Ministério da Defesa, o governo chileno alega que o satélite será majoritariamente utilizado para finalidades civis, como cartografia, controles ambientais, mineração, agricultura e pesca. Alguns países vizinhos, especialmente o Peru demonstraram preocupação com o tema, temendo se tratar de um satélite-espião, algo refutado por Santiago.

A compra será bancada com recursos obtidos por meio da "Lei do Cobre", que garante às forças armadas chilenas, para investimentos, dez por cento do faturamento da mineradora estatal Codelco. Existe uma expectativa de que a operação do satélite seja transferida para a Agencia Chilena del Espacio.

EADS Astrium

A seleção da proposta da EADS Astrium não foi uma grande surpresa, uma vez que a empresa tem grande experiência em satélites de sensoriamento remoto, já tendo fornecido sistemas para vários países europeus, além da Coréia do Sul, Taiwan, Argélia e Tailândia

Em 2006, o governo de Santiago demonstrou interesse em adquirir um satélite da própria Astrium, mas o negócio acabou adiado e depois cancelado por causa de críticas do congresso por não ter havido uma concorrência. O grupo EADS, conglomerado que reúne empresas como a Airbus (aviões comerciais, Eurocopter (helicópteros), Astrium (espaço), entre outras é bastante forte no Chile, país em que está presente já há muitos anos, o que certamente também teve algum peso no resultado da concorrência.

Em entrevista publicada na coluna Defesa & Negócios da edição 114 (junho) da revista Tecnologia & Defesa, Christian Gras, vice-presidente sênior da EADS para a América Latina, apontou o Chile como um dos países do continente com demanda significativa no setor espacial. “Em vários países da região há também uma demanda potencial significativa para sistemas de comunicação digital segura. E também para o setor espacial, que no passado foi negligenciado por vários governos sul americanos. Países como Brasil, México, Peru, Chile, Colômbia e Venezuela reconhecem hoje a necessidade de desenvolver projetos espaciais, a maior parte deles para monitoramento ambiental e agrícola, de pesca ilegal e contrabando”, disse Gras.
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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Teste do motor do VLS

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Teste do motor do VLS será em setembro

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/CTA) marcou para a segunda quinzena de setembro o teste em bancada do motor S43 do Veículo Lançador de Satélite (VLS). O teste, que deverá ocorrer na Usina Coronel Abner, em São José dos Campos (SP), estava previsto para o dia 6 de agosto, mas teve que ser adiado. Segundo o diretor do IAE, Cel. Pantoja, o motivo do adiamento foi uma não conformidade encontrada, durante uma inspeção de segurança, no sistema de proteção contra descargas atmosféricas (raios).

Esse sistema constitui um conjunto de pára-raios com malhas de cabo de aço e sistemas de aterramentos. Ele é importante para garantir a segurança no teste. De acordo com o IAE, a correção no sistema de segurança seguirá todas as normas técnicas pertinentes para garantir totalmente a segurança contra as descargas atmosféricas. O custo previsto para a obra é de R$ 80 mil.

Durante esse período de quase cinco anos após o acidente que vitimou 21 técnicos do Programa Espacial Brasileiro, o projeto do VLS foi totalmente reformulado. O motor S43 faz parte de um dos quatro motores do primeiro estágio do VLS. Ele mede cerca de 7 metros e carrega 7 toneladas de combustível sólido. O custo de motor está estimado em R$ 1 milhão.

Confirmado os resultados no ensaio, o primeiro lançamento tecnológico será realizado em 2010, com o VLS XVT 01, que terá apenas os dois primeiros estágios ativos.

Fonte: Agência Espacial Brasileira
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domingo, 3 de agosto de 2008

DETER, PRODES e o Desmatamento na Amazônia

Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou um relatório indicando uma redução de 20% no índice de desmatamento da Amazônia em junho, se comparado ao mês anterior. Uma ótima notícia.

Este mesmo relatório, no entanto, também apresenta algumas informações que, numa análise mais cuidadosa, merecem no mínimo certa reflexão.

Os dados sobre o desmatamento foram gerados, como é de praxe, pelo DETER, acrônimo de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, sistema que se baseia em imagens geradas por satélites com sensores óticos, incapazes de “enxergar” por debaixo das nuvens. A conseqüência disso é que grande parte do território amazônico, a depender das nuvens, não é verificada (na imagem acima, as áreas destacadas em rosa correspondem ao território coberto por nuvens). Em junho, por exemplo, os Estados do Amapá e Roraima tiveram 99% e 89%, respectivamente, de seus territórios cobertos por nuvens.

O DETER tem ainda outra limitação, relacionada à resolução das imagens geradas pelos satélites, capazes de detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares.

Estas duas limitações são em tese mitigadas pelo PRODES, que mede as taxas anuais de desmatamento para incrementos superiores a 6,25 hectares, com base em imagens geradas pelo satélite norte-americano Landsat 5. Suas medições são realizadas em meses de boas condições de observação na Amazônia, geralmente de julho a setembro, período em que é possível observar cerca de 90% da região sem cobertura de nuvens. O PRODES também tem um problema: o Landsat 5, lançado há mais de vinte anos, a qualquer momento pode deixar de operar, e seu substituto, o Landsat 8, não entrará em operação antes de 2011. Além do mais, seus dados são anuais, não tendo o mesmo propósito do DETER, de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento.

Fato é que o DETER e o PRODES têm demonstrado a sua relevância, o que não significa dizer que não possam ser melhorados. Se a Amazônia é estratégica para o Brasil, é razoável pensarmos que o País precisa ter os melhores sistemas para o seu monitoramento, como satélites equipados com sensores radares (capazes de penetrar pelas nuvens), e câmeras óticas com melhor resolução.
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