domingo, 29 de abril de 2012

Ainda sobre a "polêmica" do ACDH



Na última quarta-feira (25), reproduzimos no blog uma reportagem publicada no Jornal do SindCT acerca da compra pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no final de 2008, do sistema de controle e atitude de órbita (ACDH, sigla em inglês) do satélite Amazônia-1 junto à companhia argentina INVAP ("Relembrando a polêmica do ACDH").


No final desta semana, recebemos uma mensagem de Mario Eugênio Saturno, tecnologista sênior do INPE, com comentários sobre a matéria, os quais reproduzimos abaixo:


Informações inexatas da polêmica do ACDH

O SindCT lamentavelmente desinforma a comunidade com esta matéria com objetivo aparente de desestabilizar o atual diretor do INPE. E, o pior, parece ser por motivação pessoal com mais de duas décadas. É muito tempo! 

Como na época dos fatos relatados no texto do sindicato fui vice-presidente da Comissão de Licitação do INPE e membro do grupo que analisaria as propostas das empresas, julgo-me bom conhecedor dos fatos em questão e gostaria de compartilhar a informação.

A seguir, pinço as partes do texto que não expressam a verdade dos fatos: 

1) Sistema de controle de atitude e órbita é comprado de empresa argentina por R$ 47,5 milhões, ignorando diretriz do PNAE.


R) Não é verdade, já que o PNAE diz que se deve “Contratar, primordialmente na indústria nacional, sistemas e subsistemas completos de satélites e lançadores”. Segundo o Aurélio, “primordialmente” significa “Aquilo que se organiza ou ordena primeiramente”, não significa exclusivamente, unicamente. Portanto, não foi ignorado nada!


2) A direção do INPE deve esta explicação à comunidade e à sociedade


R) Não deve porque já foi muito explicado anos atrás, quando da contratação. Inclusive por um artigo meu.


3) Um dos principais desafios ... na área espacial. Quem as produz não as transfere, e dificilmente as vende.

R) Também pensava isso, mas, curiosamente, tivemos 5 empresas líderes na área (além da INVAP) dispostas a transferir e ensinar.

4) Além de beneficiar economicamente o país ... a EMBRAER poderá ser beneficiada com a possibilidade do livre comércio de suas aeronaves.

R) Alhos com bugalhos! Que eu saiba, o produto “satélite” brasileiro sempre vai custar mais caro por causa da escala e a EMBRAER utiliza sistemas dos EUA por causa da certificação das aeronaves, nada a ver com equipamentos espaciais, e o sistema de controle de um avião é um “pouquinho” diferente de um satélite ou um foguete.

5) No final de 2008, o INPE fez uma dispensa de licitação para comprar o subsistema ... diretamente da empresa argentina INVAP ...

R) a) Complementando, inciso XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público. b) A INVAP não é uma empresa privada, 100% Sociedad del Estado.


6) Teria sido esta uma solução acertada para o país e para o Programa Espacial Brasileiro?


R) Foi! Da primeira tentativa feita em 1996 até 2008 foram muitos anos perdidos.

7) O que teria motivado a compra desta tecnologia no exterior?

R) Veja-se o histórico ou leia-se meu artigo.

8) Por que uma empresa argentina, com pouca tradição na venda de sistemas inerciais, teria sido escolhida como fornecedora?

R) Era a que cabia no acordo internacional! Porém, cabe ressaltar, a INVAP forneceu o satélite ao acordo com o JPL (Aquarius) da NASA.

9) As primeiras experiências ... SCD-1 ... SCD-2 ... SACI-1 ... SACI-2 ... FBM.

R) Experiências importantes mas não suficientes para um satélite controlado em três eixos.

10) Em 2003, o CNES descontinuou o programa, mas repassou ao INPE os equipamentos ... praticamente completa, faltando o software embarcado de controle.

R) O CNES descontinuou porque a direção do INPE na época não exigiu dos franceses o cumprimento do acordo. O FBM não servia aos propósitos do INPE. E “só” faltou o software...


11) O MCT transferiu ao INPE, então, a responsabilidade por este subsistema ... Para apoiar esta atividade foi estruturado um laboratório, o LABSIM ... Foi, também, organizada uma equipe para se dedicar ao Projeto de Controle da PMM, que desenvolveu trabalhos de 2003 até o início de 2006.

R) O LABSIM é isso, somente para apoio. A equipe somava de 1,5 a 2 engenheiros-mês, e até eles próprios estimaram o final do projeto em 27 anos.

12) Finalmente, como resultado da revisão do PNAE, finalizada em 2004, o DCTA e o INPE propuseram um projeto conjunto aos Fundos Setoriais ... R$ 40 milhões (60% para o DCTA e 40% para o INPE), tendo como objetivo principal na área de satélites o desenvolvimento do subsistema de controle da PMM.


R) E quais são os resultados até agora em 2012?


13) Ainda desconsiderando as iniciativas anteriores, foi, então, articulada a compra do subsistema ... mas o processo foi descontinuado pelo INPE, em face de recurso judicial interposto por um dos grupos participantes.


R) Não é verdade, foi considerado plenamente as iniciativas anteriores!

14) Finalmente, no final de 2008, a direção do INPE, através de uma dispensa de licitação, adquiriu o subsistema ... da empresa estatal argentina INVAP.


R) Esse “Finalmente, no final de 2008” dá a entender que se passou um tempão, na verdade foram poucos dias.

15) Dados, no país, o grande esforço prévio ... A menos que ao final deste contrato se verifique a existência de fornecedor nacional qualificado, via transferência de tecnologia, terá ocorrido apenas a compra ...

R) O acordo não permitiria transferência total, por opção do INPE que queria o produto rapidamente; pelos argentinos, o desenvolvimento do ACDH seria total mas demoraria cinco anos. O INPE apostou e ainda aposta no desenvolvimento interno para o satélite Lattes-1. Aliás, já houve transferência de conhecimento com o treinamento de equipes na própria INVAP.

16) A estratégia colocada em prática no início da década parece ser uma alternativa melhor sintonizada com os objetivos de autonomia e capacitação industrial do PNAE.


R) Qual? A compra completa de 2001 que foi inviabilizada por ameaças jurídicas?
Porque já existe uma equipe desenvolvendo para o Lattes-1.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Reestruturação do Programa Espacial Brasileiro


Ministério do Planejamento analisa reestrutração da área espacial, diz Raupp, do MCTI

quarta-feira, 25 de abril de 2012, 19h23 

O ministro da Ciência Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, disse nesta quarta, 25, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que a proposta de reestruturação institucional do Programa Espacial Brasileiro está em análise no Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão.

Raupp pretende colocar em marcha seu plano elaborado enquanto ele ainda ocupava a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB). Na ocasião, a proposta não avançou porque sofreu forte oposição do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), que passaria a ser um executor das políticas públicas elaboradas pela AEB. "O Inpe estar fora da AEB tem propiciado disputas que não são salutares ao Programa Espacial Brasileiro", afirma o ministro.

No ano passado, quando ainda estava à frente da AEB, o atual ministro chegou a detalhar a proposta em audiência pública realizada no Senado Federal. A ideia é criar um Conselho Nacional de Política Espacial, órgão que seria centralizador das políticas públicas da área. Esse órgão seria composto por representantes dos ministérios cuja atividade está relacionada ao uso de satélites e seria subordinado diretamente à Presidência da República.

Abaixo do Conselho estaria a AEB, que seria a principal executora das políticas definidas. Em um terceiro nível, como braços tecnológicos e também executores de políticas públicas específicas, estariam o Inpe e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – que hoje é vinculado ao Ministério da Defesa.

Fonte: Teletime, por Helton Posseti.
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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Relembrando a polêmica do ACDH



PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO: Satélite Amazônia-1

Sistema de controle de atitude e órbita é comprado de empresa argentina por R$ 47,5 milhões, ignorando diretriz do PNAE

A direção do INPE deve esta explicação à comunidade e à sociedade


Por Shirley Marciano*


Um dos principais desafios para a construção de satélites e foguetes são as chamadas tecnologias críticas. O domínio de tais tecnologias é fundamental para qualquer país, organização pública ou empresa, que tenha como missão atuar na área espacial. Quem as produz não as transfere, e dificilmente as vende.

Adicionalmente, existe um tratado internacional que regula a venda dessas tecnologias, pelo potencial de uso não pacífico. É muito importante que o país desenvolva a tecnologia de Sistemas de Controle de Atitude e Órbita, pois proporcionará ao Programa Espacial Brasileiro autonomia, custos menores, economia de tempo e, consequentemente, maior agilidade nos processos de desenvolvimento, em especial dos satélites, além de possíveis spin-offs industriais.

EUA: poder de veto

Além de beneficiar economicamente o país, com a produção de tecnologia em território nacional, a EMBRAER poderá ser beneficiada com a possibilidade do livre comércio de suas aeronaves. Isto porque o governo dos EUA tem poder de veto nas vendas de qualquer equipamento militar que conte com tecnologia americana. Em janeiro de 2006, por exemplo, foi vetada a venda de 24 unidades do Super Tucano à Venezuela, fato este que coloca em xeque a autonomia nacional na venda de aviões.

No final de 2008, o INPE fez uma dispensa de licitação para comprar o subsistema de Controle de Atitude e Órbita para a Plataforma Multimissão (PMM), do satélite Amazônia 1, diretamente da empresa argentina INVAP, no valor de, aproximadamente, R$ 47,5 milhões.

Teria sido esta uma solução acertada para o país e para o Programa Espacial Brasileiro? O que teria motivado a compra desta tecnologia no exterior? Por que uma empresa argentina, com pouca tradição na venda de sistemas inerciais, teria sido escolhida como fornecedora?

Breve histórico da tentativa de dominar a tecnologia

PNAE: “Contratar, primordialmente na indústria nacional, sistemas e subsistemas completos de satélites
e lançadores.”

As primeiras experiências na área de controle de atitude se deram na Missão Espacial Completa Brasileira (MECB). O Satélite de Coleta de Dados (SCD-1) foi lançado em 1993 e o SCD-2 em 1998.

Já o SACI-1 apresentou falha em órbita e o SACI-2 foi destruído juntamente com o VLS-2, não sendo possível avaliar a tecnologia nacional nesta segunda experiência. A terceira experiência nacional se deu com o Programa French-Brazilian Microsatellite (FBM), em que Brasil e França desenvolveriam um satélite superior aos da série SCD e SACI.

Em 2003, o Centre National d’Études Spatiales – CNES descontinuou o programa, mas repassou ao INPE os equipamentos relativos à plataforma sob responsabilidade francesa, legando aos programas futuros do INPE uma plataforma orbital, estabilizada em três eixos, praticamente completa, faltando o software embarcado de controle.

Em 2001, foi contratado o projeto e a fabricação da PMM, pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O subsistema de controle de atitude e órbita foi licitado internacionalmente, mas sua compra foi descontinuada devido a demandas judiciais dos contendores.

O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) transferiu ao INPE, então, a responsabilidade por este subsistema, com o objetivo de desenvolver a tecnologia no Brasil. Para apoiar esta atividade foi estruturado um laboratório, o LABSIM, que ficou pronto em 2003. Foi, também, organizada uma equipe para se dedicar ao Projeto de Controle da PMM, que desenvolveu trabalhos de 2003 até o início de 2006.

Finalmente, como resultado da revisão do PNAE, finalizada em 2004, o DCTA e o INPE propuseram um projeto conjunto aos Fundos Setoriais, na área de controle, que foi aprovado em 2005, no valor da ordem de R$ 40 milhões (60% para o DCTA e 40% para o INPE), tendo como objetivo principal na área de satélites o desenvolvimento do subsistema de controle da PMM.

Nova mudança de rumo

Em 2006, a direção do INPE decidiu comprar o subsistema de controle de atitude e órbita da primeira PMM diretamente da indústria, via o mecanismo de subvenção econômica, deixando de lado as iniciativas anteriores. Por força de regras de concessão, nenhum dos projetos que a direção do INPE articulou foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

Ainda desconsiderando as iniciativas anteriores, foi, então, articulada a compra do subsistema através de licitação pública. Empresas nacionais associadas a empresas estrangeiras apresentaram proposta, mas o processo foi descontinuado pelo INPE, em face de recurso judicial interposto por um dos grupos participantes.

Finalmente, no final de 2008, a direção do INPE, através de uma dispensa de licitação, adquiriu o subsistema de controle de atitude e órbita da empresa estatal argentina INVAP, em contrato no valor de R$ 47,52 milhões, com vigência no período de 31/12/2008 a 30/06/2012.

Dados, no país, o grande esforço prévio em sistemas inerciais e a importante questão da qualificação de fornecedores nacionais para o programa espacial, bem como a existência de projeto de capacitação na área, como o projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial, financiado pelos Fundos Setoriais, torna-se difícil defender a ideia de compra deste subsistema de fornecedor estrangeiro. A menos que ao final deste contrato se verifique a existência de fornecedor nacional qualificado, via transferência de tecnologia, terá ocorrido apenas a compra internacional de um subsistema, não atendendo a premissa No.1 do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) “...Contratar, primordialmente na indústria nacional, sistemas e subsistemas completos de satélites e lançadores. ...”.

Os recursos do PNAE devem ser gastos no Brasil, a menos que haja uma forte justificativa para contratar no exterior. Cabe à direção do INPE apresentar a justificativa do porquê da contratação da INVAP, uma empresa sem tradição na comercialização de sistemas de controle de atitude e órbita para satélites.

Concluindo, à luz das informações disponíveis, há, ainda, a necessidade que se demonstre ter sido uma solução acertada, para o país e para o Programa Espacial Brasileiro, a compra do subsistema de controle de atitude e órbita da primeira PMM no exterior. A estratégia colocada em prática no início da década parece ser uma alternativa melhor sintonizada com os objetivos de autonomia e capacitação industrial do PNAE.

Sistema de Controle de Atitude e Órbita: o cérebro de um satélite

A câmera de um satélite precisa de auxílio para capturar imagens de uma região previamente definida sobre a Terra. Além disso, a órbita degrada com o tempo e o satélite tende a sair do lugar. Um satélite nas órbitas baixas (750km) pode cair até alguns metros por dia. Sendo assim, a posição orbital tem que ser corrigida sempre e, para isso, tem que existir um sistema que coloque o satélite de volta em sua posição e que o oriente em relação à Terra.

O sistema de Controle de Atitude e Órbita utiliza-se de sensores que identificam a referência (para onde se quer apontar) e o apontamento real do satélite, enviam as informações para o computador de bordo, o qual aciona atuadores para efetuar a correção. Este sistema é considerado o cérebro de um satélite, mas o Programa Espacial Brasileiro nunca fabricou um por não dominar sua tecnologia.

Shirley Marciano
Jornalista do SindCT - Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais
na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial


Texto originalmente publicado no Jornal do SindCT, edição de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Luc Vigneron, presidente da Thales, em visita ao Brasil


De acordo com informação disponível em sua agenda, o ministro da Defesa, Celso Amorim, recebeu em audiência ontem (23), em Brasília (DF), o presidente mundial do grupo Thales, Luc Vigneron.

Não foram divulgadas mais informações, mas é provável que Vigneron tenha vindo fazer uma visita de cortesia para reforçar os interesses do grupo no País, que não são poucos. Nas áreas aeroespacial e de defesa, passa pelo Programa F-X2, da Força Aérea Brasileira (a Thales é um dos membros do consórcio Rafale Internacional), PROSUPER, da Marinha do Brasil, Sisfron, SisGAAz, e também satélites (não apenas o Satélite Geoestacionário Brasileiro, o projeto mais evidente de todos, mas também satélites de observação, tema que o blog abordará em breve). A presença da Thales no Brasil vem de décadas (de fato, antes mesmo de se chamar Thales). O grupo conta com uma unidade industrial em São Bernardo do Campo (SP), a Omnisys, adquirida há alguns anos, e também uma parceria com a Andrade Gutierrez.

Na coluna "Defesa & Negócios" da última edição de Tecnologia & Defesa, revelamos que a Thales está reforçando a sua presença local com a transferência da vice-presidência do grupo para a região da América Latina, antes baseada no México, para o Brasil, num escritório em São Paulo, a ser liderado pelo argentino Cesar Kuberek.

domingo, 22 de abril de 2012

Simpósio Aeroespacial Brasileiro


O Simpósio Aeroespacial Brasileiro, organizado pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) e que acontece em São José dos Campos (SP) entre os dias 30 e 31 de maio, teve sua programação ampliada, passando a hospedar dois outros eventos, enriquecendo assim seu conteúdo e fortalecendo sua imagem.

Os Gerentes de Projetos do Programa Uniespaço, da Agência Espacial Brasileira (AEB), estarão participando apresentando os resultados obtidos em seus projetos.

Pesquisadores brasileiros e franceses farão também parte com contribuições de um workshop franco-brasileiro, que nesta edição tem como foco o tema "Green Aircrafts". Dessa forma, o simpósio ficou mais amplo e interessante, tornando-se necessário ocupar as manhãs dos dias 30 e 31 de maio.

As palestras da AEB e do Centro de Lançamento de Alcântara já foram confirmadas. O Simpósio abrigará também uma exposição de empresas das áreas aeronáutica e espacial, bem como dos projetos do Programa Uniespaço. Um programa de visitações na tarde do último dia do evento a instituições e empresas nos arredores do local do evento está sendo organizado e, em breve, será divulgado.

As inscrições para o evento continuam abertas e podem ser feitas através do link http://www.aeroespacial.org.br/sab_2012

Fonte: AAB, com edição do blog Panorama Espacial
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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Plano decenal de cooperação Brasil - China


Reproduzimos abaixo um novo artigo enviado ao blog pelo Prof. José Monserrat Filho, acerca do plano decenal de cooperação espacial entre o Brasil e a China:


O Plano Decenal de Cooperação Espacial Brasil-China

José Monserrat Filho, Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)

O novo embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, ofereceu nesta quarta-feira sua primeira recepção, para se apresentar ao mundo diplomático, político e empresarial brasileiro, e também para apresentar o novo adido militar chinês, o jovem General de Brigada Wang Xiaojun.

O embaixador Li Jinzhang, de 58 anos, assumiu o cargo em 23 de janeiro último. Antes de vir para o Brasil, era vice-ministro das Relações Exteriores e aqui manterá o status de vice-ministro – nível atribuído hoje pelo Governo chinês a apenas 12 países. Serviu em Cuba de 1976 a 1980 e de 1990 a 1993, e na Nicarágua de 1988 a 1990. Foi embaixador no México de 2001 a 2003. De volta à China, trabalhou nos setores ligados às relações com a América Latina. Daí seu fluente espanhol. Em 2006, assumiu o posto de vice-ministro, o terceiro na hierarquia da chancelaria, depois do ministro e do vice-ministro executivo. Ele presidiu, pelo lado chinês, duas reuniões do Diálogo Estratégico Brasil-China (sobre a situação internacional), própria para diplomatas com nível de vice-ministros, uma com o embaixador Roberto Jaguaribe e a outra com a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis.

Em seu discurso na recepção desta quarta-feira ele comemorou, com muito bom humor, o alto nível de cooperação alcançado entre seu país e o Brasil, que tende a crescer cada vez mais. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. A ideia comum é ampliar em grande escala a cooperação em áreas essenciais de ciência, tecnologia e inovação, como nanotecnologia, biotecnologia, computação e tecnologias da informação e comunicação, e políticas de inovação. Universidades chinesas deverão receber estudantes brasileiros com base no Programa Ciência sem Fronteiras.

Cogita-se de colaboração em áreas de considerável potencial, como mudanças climáticas, energia nuclear, recursos hídricos, engenharias, ciências dos materiais e recursos minerais – a China, como se sabe, é grande compradora de minerais brasileiros; estima-se que ela logo responderá por 50% do consumo de metais importantes como cobre, zinco, alumínio, níquel, estanho e chumbo; nos últimos dez anos, seu consumo desses minérios pulou de 10% para 40%.

Brasil e China também deverão trabalhar juntos na área de bambu, em pesquisa científica, tecnologia industrial e agregação de valor. Será criado o Centro Sino-Brasileiro de Tecnologia de Bambu, que certamente trará bons frutos à nossa economia.

E a cooperação espacial, como fica? Tudo começou por aí, na segunda metade dos anos 80, com a iniciativa pioneira do então ministro da Ciência e Tecnologia, Renato Archer. Já temos o programa conjunto de satélites de recursos naturais da Terra, que já lançou o CBERS-1, CBERS-2 e CBERS-2B, e deve lançar o CBERS-3 em novembro próximo. Mas a intenção é ir muito mais além. Para tanto, surgiu a proposta de se elaborar um Plano Decenal de Cooperação Espacial, iniciativa ambiciosa, mas perfeitamente viável e necessária, aprovada pelas altas instâncias dos dois países em 2011. Em fevereiro deste ano, ficou acertado criar um Grupo de Trabalho Técnico, para preparar a proposta brasileira do plano, que, com certeza, deverá incluir o desenvolvimento dos futuros satélites da série CBERS e outros satélites, incluindo potenciais aplicações e técnicas de calibração de sensores e geoprocessamento, coordenado pela Agência Espacial Brasileira e pela Administração Nacional Espacial da China (CNSA). Urge agora efetivar essa providência. Em junho próximo, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, virá ao Brasil participar da Rio+20 e avistar-se com nossas autoridades. Seria de todo conveniente que um primeiro esboço do plano ficasse pronto por essa época. Há que acelerar o passo.

Eis algumas outras ações que poderão integrar o plano:

- Fortalecer a colaboração dos dois países, baseada no trabalho conjunto entre INPE CRESDA, para aumentar a distribuição internacional dos dados dos satélites CBERS-03 e CBERS-04, com novas estações terrestres de recepção de seus dados, visando ampliar as aplicações ambientais de monitoramento dos ecossistemas terrestres e outras aplicações de interesse global.

- Implementar o Programa CBERSs for Africa, colocando em prática os Memorandos de Entendimento para a recepção de imagens do CBERS-3, assinados com a África do Sul, a Espanha (para a implantação da Estação terrestre de Maspalomas, nas Ilhas Canárias) e Egito (para a implantação da Estação de Aswan);

- Elaborar e assinar o Memorando de Entendimento entre MCTI e CMA (Administração Meteorológica da China) destinado a criar o Centro Brasil-China de Pesquisa Meteorológica por Satélite, tendo como agências implementadoras o INPE e o NSMC (Centro Nacional de Satélites Meteorológicos da CMA).

- Fortalecer o trabalho conjunto entre INPE e CEODE (Centro de Observação da Terra e da Geoinformação Digital) no mapeamento de aplicações para a agricultura; no desenvolvimento de acesso aberto e gratuito de ferramentas computacionais; na modelagem ambiental; nos sistemas de monitoramento de desastres naturais e tecnologia espacial para o estudo das mudanças ambientais globais;

- Fortalecer a colaboração entre INPE e CSSAR (Centro de Ciência Espacial e de Pesquisa Aplicada), com a realização de observações conjuntas e estudos da ionosfera e atmosfera média e alta em baixas latitudes; e

- Dar continuidade ao acordo que estabelece o apoio das estações terrestres do Brasil aos voos tripulados das missões Shenzhou, em colaboração com o Centro Chinês de Lançamento e Rastreamento (CLTC – China Launch and Tracking Center).

Essa lista, claro, poderá ser mudada e/ou enriquecida com novos projetos.

O importante a frisar é que o Plano Decenal é oportunidade imperdível, que deve ser aproveitada com o máximo empenho de parte a parte.

Tive a grata chance de conversar a respeito com o embaixador Li Jinzhang, logo após o seu discurso na recepção. Ele concordou sem pestanejar que esse é um assunto de suma relevância para o futuro das relações sino-brasileiras. E também para o presente – eu ousaria acrescentar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Cooperação Brasil - Argentina

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O ministro da Defesa da Argentina, Arturo Puricelli, esteve ontem (17) em Brasília (DF), em visita ao colega brasileiro Celso Amorim, para discutir projetos e iniciativas de cooperação no setor de defesa.

Na nota divulgada pelo Ministério da Defesa, é mencionado que um dos pontos citados na reunião foram "satélites de comunicação", embora não tenham sido dados mais detalhes.

Os dois ministros divulgaram um comunicado conjunto, e a cooperação no campo espacial foi um dos tópicos destacados: "Por outra parte, os dois países acordaram aprofundar o diálogo com vistas ao incremento da cooperação na área espacial – tanto em termos de veículos lançadores, quanto em desenvolvimento de satélites."

Interessante destacar que a Argentina, por meio da estatal Invap, está construindo - com o apoio de indústrias europeias - dois satélites geoestacionários de comunicações, que serão operados pela também estatal Arsat. A Arsat, aliás, que detém a propriedade intelectual da tecnologia do satélite, já demonstrou interesse em exportá-la (veja aqui).
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segunda-feira, 16 de abril de 2012

O SGB para a Embraer

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Reproduzimos abaixo trecho de entrevista com Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança, publicada na última edição da revista Tecnologia & Defesa, em que é abordado o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro. A entrevista foi feita no início do mês de março:

"O SGB e Projetos na Área Espacial

Nós temos um memorando de entendimentos com a Telebrás, já acertamos todos os últimos detalhes de como irá funcionar a empresa integradora dos sistemas satelitais deste primeiro satélite geoestacionário brasileiro (SGB) e, na medida em que houver outros satélites, nossa expectativa é ir aumentando o conteúdo tecnológico nacional dentro desse processo. Agora estamos no aguardo dos movimentos internos do governo brasileiro para que isso seja anunciado definitivamente e o acordo seja assinado. Todos os detalhes que envolvem a criação desta empresa já estão completamente resolvidos entre a EDS [Embraer Defesa e Segurança], a Telebrás e os ministérios envolvidos no programa, faltando agora uma agenda que defina as últimas ações dentro do Governo Federal, já que o satélite, por força de contrato, deverá estar operando em 2014. Quando se entra num negócio como esse, a meta é perenizar a empresa e obter novos contratos, e o executivo escolhido para comandar esta empresa terá como uma de suas responsabilidades a busca por formas de realizar novos negócios no setor espacial, saindo da dependência do orçamento público brasileiro. A princípio, seremos os integradores do sistema satelital nacional e, num segundo momento, estaremos capacitados a gerar outros negócios, o que temos certeza que ocorrerá."

Comentários do blog:

1) Há muita expectativa sobre os próximos passos do Governo Federal para a formalização da BR1Sat, joint-venture entre a EDS e a Telebrás. Esperava-se que a empresa fosse constituída até o final de 2011, o que não ocorreu (e poria em risco, inclusive, o objetivo de se dispor do satélite em órbita até o final de 2014). No início de março, o conselho de administração da Telebrás aprovou a assinatura do acordo de acionistas da joint-venture ("BR1SAT: Telebrás + Embraer"). Comenta-se que as minutas dos decretos relacionados ao SGB (ver a postagem "SGB: governo dá mais um passo") já estariam no Palácio do Planalto e prontos para serem assinados pela Presidente da República, Dilma Rousseff.

2) Enquanto a BR1Sat não é criada, no mercado, é tido como certo que o presidente da empresa será Nelson Salgado, que já ocupou diversas posições na diretoria da Embraer. O executivo, aliás, já estaria se familiarizando com o setor, inclusive visitando potenciais parceiros e fornecedores.
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sábado, 14 de abril de 2012

INPE: imagens DMC para a Amazônia

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A companhia inglesa DMC International Imaging (DMCii), responsável pela comercialização de imagens de satélites da constelação DMC (Disaster Monitoring Constellation) divulgou na última semana ter assinado um novo contrato com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para a entrega de imagens de satélite para o monitoramento do desmatamento da floresta amazônica.

O contrato, no valor de 2,1 milhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 6,1 milhões) permitirá ao INPE acesso direto a imagens geradas pelo satélite UK-DMC2, por meio de recepção na estação terrena do INPE em Cuiabá (MT), além de sua disponibilização para acesso livre em seu website. As imagens geradas terão resolução de 22 metros e permitirão a detecção de áreas menores de desmatamento em comparação aos dados anteriormente usados, do sensor MODIS, a bordo do satélite norte-americano Terra, da NASA. O satélite UK-DMC2 imagerará toda a região amazônica a cada duas semanas.

Gilberto Câmara, diretor do INPE, afirmou em nota distribuída pela DMCii: "Com a recente falha do Landsat 5, se tornou urgente a ampliação do fornecimento de imagens de satélites para operar nosso sistema de monitoramento de florestas, e os dados DMC constituem uma ferramenta muito efetiva em termos de custos. A faixa de imageamento de 650 km das imagens oferece uma frequência de cobertura e nível de detalhes que aprimora a capacidade do nosso sistema DETER em identificar o desmatamento em estágio inicial. Eu estou particularmente honrado que a DMCii tenha concordado em conceder uma licença aberta, de modo que o INPE possa disponibilizar sem custos os dados obtidos por meio de seu website - uma inovação que tem aprimorado o monitoramento público do gerenciamento da floresta no Brasil."

O contrato é uma continuidade da cooperação entre a DMCii e o INPE, iniciada há sete anos. "A DMCii está comprometida em aprimorar a governança e gerenciamento da floreta por meio do fornecimento de informações confiáveis e em tempo. Este [contrato] é especialmente importante para o desenvolvimento de programas efetivos de REDD+ em países com florestas tropicais. Estou orgulhoso de estender nosso longo relacionamento com o INPE, que é um líder mundial na luta contra o desmatamento", afirmou Paul Stephens, diretor de vendas e marketing da DMCii.

Criada em outubro de 2004, a DMCii é uma subsidiária da também inglesa Surrey Satellite Technology (SSTL), considerada uma das empresas líderes mundiais na construção de pequenos satélites de observação, e responsável pela construção dos satélites que compõem a constelação DMC. No início de 2011, a constelação DMC completou dez anos (veja a postagem "Uma década de DMC"). A SSTL foi adquirida pela Astrium, do grupo EADS, em abril de 2008.

Para mais informações sobre o uso de imagens DMC no monitoramento da Amazônia, acesse a postagem "Satélites DMC no monitoramento da Amazônia".
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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Rio+20: Espaço e Desenvolvimento Sustentável

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Abaixo, reproduzimos artigo enviado ao blog por José Monserrat Filho sobre a discussão do papel do espaço exterior no desenvolvimento sustentável no Rio+20:

Rio+20: Espaço e Desenvolvimento Sustentável

José Monserrat Filho, Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)

O Brasil terá participação de peso no único evento programado (até agora) na Rio+20 sobre o papel do espaço exterior no desenvolvimento sustentável – tema central da magna conferência, na qual mais de 100 Chefes de Estado e/ou de Governo já asseguraram presença.

O evento espacial, pensado para nada menos de uma hora e meia, examinará “a contribuição das tecnologias e informações espaciais em apoio à implementação dos resultados e ações da Rio+20” –a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a realizar-se no Rio de Janeiro,em junho próximo.

Espera-se contar com uma audiência de, pelo menos, 100 pessoas, a maior parte delas ligadas a entidades públicas e privadas envolvidas com atividades espaciais.

Abrirá a mesao Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, ex-presidente da AEB e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Um de seus painéis de maior impacto – sobre a questão crucial dos Desastres Naturais –, ficará a cargo do Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, cientista reconhecido com Doutorado em Meteorologia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), membro da Academia Brasileira de Ciências, Presidente do Conselho Diretor do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, membro do Comitê Científico do “International Geosphere-Biosphere Programme” (IGBP) e coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais.

Carlos Nobre está à frente do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), criado em 1º de julho de 2011 pelo MCTIe instalado em Cachoeira Paulista, com a missão de emitir alertas em áreas de risco de inundações, enxurradas e deslizamentos, funcionando diuturnamente. O processamento dos múltiplos dados e colhidos pelo CEMADEN é realizado no supercomputador do INPE, uma das infraestruturas fundamentais do país.

O único (até agora) evento espacial da Rio+20 será conduzido pela pessoa certa, o atual Presidente do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS), Y. Horikawa, do Japão, tendo como moderador o representante da Nigéria, Ade Abioudun. Seus cinco painéis, bem escolhidos, abordarão os seguintes temas: 1) Dados Geoespaciais, questão confiada a representantes das organizações internacionais GEOe CEOS (Group on Earth Observations e Committee on Earth Observation Satellites); 2) Desastres Naturais, a cargo do Brasil; 3) Águas e Oceanos, a cargo de Walther Lichem, diplomata, Chefe do Departamento de Organizações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Áustria, especialista em recursos hídricos; 4) Saúde, problema confiado a representante da Argentina; e 5) Alimentos, a cargo de membro do Programa Mundial de Alimentação (World Food Programme).

Mas, atenção. Esse será um evento paralelo à Conferência Rio+20. Convém saber direitinho e de antemão quando e onde chegar até lá. Ele está planejado para ocorrer nos chamados “Quatro Dias de Diálogo” (de 16 a 19 de junho), no Riocentro, o Centro de Convenções situado na Barra da Tijuca, bairro afastado do Rio. É bom confirmar o local, a data e a hora com a devida antecipação. Poderá ser um acontecimento imperdível, em especial pelo seu ineditismo.

Agora permitam que faça uma digressão pessoal. Em março último, por ocasião da reunião do Subcomitê Jurídico do COPUOS, em Viena, Áustria, tive o prazer de conversar longamente com a Diretora do Escritório das Nações Unidas sobre Assuntos do Espaço Exterior (OOSA, na sigla em inglês), Mazlan Othman, a respeito do evento espacial que ela tanto se empenhou em introduzirno programa da Rio+20. Mazlan, natural da Malásia, me disse que,provavelmente, o evento será realizado em 18 ou 19 de junho, segunda ou terça-feira, considerados os diasmais propícios para seu êxito.

Mazlan apoia com entusiasmo a ideia lançada pelo Brasil de um programa de cooperação internacional para facilitar a construção de infraestrutura em cada país do mundo que lhe permita receber, processar, analisar e usar (e até agregar valor a eles) os dados de satélites relevantes aos programas nacionais de desenvolvimento sustentável. Ela também prestigia fortemente a proposta brasileira dese elaborar um instrumento internacional para garantir o acesso gratuito, ou a custo mínimo, aos dados de satélite essenciais ao desenvolvimento sustentável, mais necessário que nunca.

Lamentavelmente, Mazlan não poderá participar da Rio+20, em virtude da Reunião Plenária do COPUOS, marcado para a mesma época, onde sua participação é indispensável. Aliás, ela nunca esteve no Brasil, o que considero uma injustiça. Creio que devemos sanar urgentemente essa lacuna de seu rico currículo.
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terça-feira, 10 de abril de 2012

Cooperação Brasil - EUA

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Por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA entre os dias 9 e 10 de abril, a chancelaria dos dois países divulgaram um comunicado conjunto destacando pontos de cooperação entre o Brasil e EUA. Um parágrafo, bastante sucinto, destaca o setor espacial:

"Os líderes ressaltaram a importância da cooperação espacial bilateral e instruíram as agências apropriadas a examinar a viabilidade de desenvolver projetos espaciais conjuntos. Tomaram nota da recente reunião em Brasília do Diálogo de Segurança Espacial."

Embora não haja qualquer menção, do lado brasileiro, ainda existe expectativa do desenvolvimento conjunto de uma missão satelital com a agência espacial americana, a NASA, para fins meteorológicos, no âmbito do programa Global Precipitation Measurement (GPM).
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domingo, 8 de abril de 2012

SGB e o fratricídio francês

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Desde setembro de 2011, o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) se tornou o principal tema de interesse do Programa Espacial Brasileiro pela indústria espacial estrangeira. E com frequência, surgem notícias sobre os preparativos e as movimentações para a viabilização do projeto, a ser executado pela BR1SAT, joint-venture a ser constituída pela Embraer Defesa e Segurança e a estatal Telebrás, sob os auspícios e interesses dos ministérios das Comunicações e Defesa.



À medida que o projeto vai se viabilizando, também acontecem as movimentações de empresas e indústrias interessadas, e o blog passará a abordar algumas dessas movimentações de bastidores.


De acordo com informações que chegaram ao conhecimento do blog Panorama Espacial, houve uma tentativa francesa para uma proposta conjunta para o governo brasileiro, envolvendo a Thales Alenia Space e a Astrium, num solução turn-key, com a entrega do satélite em órbita. Seria uma proposta similar a que está sendo feita pela Astrium e Thales Alenia Space para a empresa espanhola Hisdesat envolvendo o satélite militar Hisnorsat. A Thales, no entanto, teria recusado a proposta.


Na opinião de quem observa atentamente as movimentações empresariais relacionadas ao SGB, a decisão da Thales demonstra a importância que o eventual contrato brasileiro representa para a empresa. Em 2011, o único contrato para a construção de um satélite geoestacionário de comunicações conquistado pela companhia foi com governo do Turcomenistão. Não houve encomendas comerciais. Oficialmente, as dificuldades em conquistar novos negócios teriam um motivo principal: a desvalorização do euro frente ao dólar, o que estaria minando a competitividade da indústria espacial europeia. Mas, mesmo com a desvalorização do dólar, a também europeia Astrium fechou em 2011 cinco novas encomendas de satélites geoestacionários, inclusive de clientes comerciais, como a DirectTV e Eutelsat.


A Thales Alenia Space é a contratante principal do Syracuse, o sistema francês de comunicações militares por satélite, e tem esperanças de que seu expertise na área, aliado ao acordo de parceria estratégica entre o Brasil e a França, sejam determinantes para a sua escolha como fornecedora principal do satélite do SGB.


A competição vai se desenhando


Em declarações públicas feitas há algumas semanas, Marco Antônio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação não perdeu a oportunidade para falar sobre a aguardada abertura de concorrência internacional para a seleção do fornecedor do SGB, o que tem causado certa aflição em setores industriais e mesmo no governo.


Primeiro, Raupp falou da possibilidade da participação norte-americana, e embora não tenha citado nomes, fato é que a Space Systems Loral (selecionada pela brasileira Star One para a construção do Star One C4) já esteve em Brasília para contatos relacionados a uma possível participação no SGB, conforme já revelado pelo blog. Além da Loral, cogita-se também sobre o possível interesse da Boeing, que, em mais de uma ocasião, demonstrou estar atenta a oportunidades espaciais no Brasil.


Diz a lenda, a Loral, que é bastante conhecida por suas propostas competitivas, muitas vezes com valores percentuais até dois dígitos mais baratos, já conta com experiência (e habilidade) em suportar "desaforos" sul-americanos. A Boeing, por sua vez, apesar de ter sistemas de comunicações considerados caros, há alguns anos decidiu voltar com força ao mercado, e colocou o Brasil como um dos seus mercados de atenção, particularmente pelo Programa F-X2, que prevê a aquisição de novos caças pela Força Aérea Brasileira.


Raupp também esteve na Índia, integrando a comitiva que viajou ao país asiático no final de março. Nesta ocasião, o ministro convidou os indianos a analisarem o projeto SGB e eventualmente participarem da concorrência. A Índia conta com uma tecnologia recentemente madura em satélites geoestacionários, principalmente em plataformas de médio porte, mas ainda depende de fornecedores estrangeiros para componentes e cargas úteis, como os transpônderes de comunicações, usualmente fornecidos pela europeia Astrium. A empresa do grupo EADS e a Antrix Corporation (braço comercial da agência espacial indiana, a ISRO), aliás, mantêm vários acordos de cooperação, como em lançamentos de cargas úteis, satélites, entre outros.


Fratricídio?


Para muitos observadores, a indústria espacial francesa sempre foi vista como uma das mais bem posicionadas para o SGB, posicionamento este que ganhou reforço com o acordo de parceria estratégica celebrado em dezembro de 2008. Uma falha da indústria da França em unir esforços para uma oferta conjunta para o SGB poderia resultar num movimento fratricida, que só traria prejuízos a sua própria indústria. Falhas estas, aliás, que muitas vezes levaram a indústria francesa a ser surpreendida e perder negócios em que já era entendida como vitoriosa, mesmo no Brasil (uma pessoa ouvida pelo blog citou o caso, pouco conhecido em detalhes, da tentativa francesa em vender e transferir tecnologia de pequenos satélites de observação).
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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Concurso para mini-satélites da AAB

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A Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) comunica à comunidade espacial, acadêmica, industrial, pública e privada brasileira o lançamento do seu concurso para a proposição de missões espaciais compostas com satélites de até 50 kg. O concurso tem uma vertente internacional e uma nacional. A primeira será conduzida em conjunto com a "2nd Mission Idea Contest for Micro/Nano Satellites Utilization" organizada pela UNISEC (University Space Engineering Consortium), do Japão.

O concurso nacional será composto por aquelas propostas nacionais participantes do concurso da UNISEC, enviadas através da AAB.

Os objetivos, regulamento, calendário, premiação e outras informações podem ser encontradas em:

http://www.aeroespacial.org.br/minisat_2012/

Mais Informações: aab.camms@aeroespacial.org.br

Elabore sua proposta, participe do concurso da UNISEC, e em paralelo do concurso da AAB, e faça sua idéia ir "pro espaço" (literalmente!).

A AAB incentiva sua participação!

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Programa Espacial e a falta de profissionais

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Falta de profissionais ameaça o Programa Espacial Brasileiro

Por Virgínia Silveira Para o Valor, de São José dos Campos

A recomposição do quadro de profissionais para o programa espacial brasileiro é uma promessa antiga do governo, mas a falta de uma ação mais efetiva tem provocado uma perda sistemática de recursos humanos no setor, situação que vem piorando com a elevação da faixa etária dos pesquisadores.

"Se não houver uma decisão neste ano, as nossas projeções indicam que em 2020 o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) estará próximo de uma situação de colapso, reduzido a 26% do efetivo que possuía em 1994", diz o diretor do órgão, brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann. Segundo ele, a média de idade dos pesquisadores do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), responsável pelos principais projetos espaciais do país na área de foguetes, é superior a 50 anos.

A perda de cérebros no programa espacial é crescente e com a demora em abrir um novo concurso a situação só tende a piorar. "A grande dificuldade daqui para a frente será treinar o pessoal novo, pois os que detêm o conhecimento, adquirido em mais de 20 anos de trabalho e estudos, já terão saído", alerta o presidente da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), Paulo Moraes Jr.

O último concurso público autorizado pelo governo para o DCTA foi feito em 2010, mas apenas 93 funcionários foram contratados para atender a todo o órgão, que inclui 11 institutos de ensino e pesquisa e dois centros de lançamento de foguetes. O déficit de pessoal hoje, de acordo com o brigadeiro Pohlmann, é de mais de mil funcionários. Em 2011, mais de 70 servidores deixaram o DCTA.

O lançamento do Veículo Lançador de Satélite (VLS) mais uma vez será afetado pela falta de recursos humanos especializados. "Desde 2003, quando aconteceu o acidente com o foguete na base espacial de Alcântara e se perderam 21 especialistas, não houve reposição desse pessoal", ressalta o brigadeiro.

O problema já foi relatado por diversas vezes ao governo e mais recentemente, em fevereiro, a direção do DCTA enviou um relatório ao Ministério da Defesa sinalizando que a situação ficará ainda mais crítica com o projeto de duplicação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), projeto que conta com o apoio pessoal da presidente Dilma Rousseff.

A ampliação do ITA deverá ocorre ao longo dos próximos cinco anos, mas já em 2013 a escola vai oferecer o dobro das vagas atuais, ou seja, 240. Atualmente, o ITA recebe 120 alunos por ano, mas de acordo com o reitor, Carlos Américo Pacheco, cerca de 500 estudantes que prestam o vestibular para o instituto, têm nota mínima para entrar. Este ano o ITA recebeu um total de 9.400 inscrições, o que representou um aumento de 20% em relação a 2011.

Para ampliar o número de vagas, o ITA também precisará contratar 150 professores no período de cinco a seis anos e cobrir cerca de 50 aposentadorias que deverão acontecer nesse período. A expansão do instituto terá um custo de R$ 300 milhões e as obras estão previstas para começar este ano.

"Não é possível duplicar o ITA se não houver a reposição dos quadros. A ampliação da escola exigirá também um aumento significativo na capacidade do DCTA de apoiar essa expansão, na parte de pessoal (contratação de mais professores), infraestrutura de alojamento, alimentação, laboratórios de pesquisa e segurança, entre outros", diz o brigadeiro Pohlmann.

No Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a situação é mais grave na área de gestão, que em dez anos deve perder 70% do pessoal que trabalha no apoio às atividades finais do instituto, devido às aposentadorias.

O plano diretor do Inpe para os anos de 2011 a 2015 mostra que em 1989 a instituição tinha 1,6 mil servidores, sendo apenas 50 com mais de 20 anos de serviço. Passados 20 anos, o número de funcionários é de 1.131, dos quais só 300 têm menos de 20 anos de casa. Atualmente, 72% dos engenheiros e tecnologistas do Inpe trabalham há mais de 20 anos na instituição.

A área de engenharia de satélites, que recebe os principais recursos do orçamento do instituto também preocupa bastante a direção do Inpe. Segundo o coordenador de Gestão Tecnológica do instituto, Marco Antônio Chamon, em cinco anos o número de funcionários desse setor deverá cair de 132 para 89. "Em dez anos estimamos que esse número esteja reduzido a 33 pessoas", afirma.

São essas mesmas pessoas que trabalham hoje no ambicioso programa de satélites do Inpe, que prevê lançar até 2014 três satélites. Entre 2015 e 2020, estão previstos mais dois satélites em parceria com a China, um em parceria com a Argentina, um satélite com a Agência Espacial Americana (Nasa) e três satélites nacionais.

"Não temos hoje condições de fazer dois satélites ao mesmo tempo", afirma Chamon. O satélite CBERS-3, feito com a China, segundo ele, será lançado no fim deste ano e desde fevereiro uma equipe de 30 a 50 técnicos e engenheiros do Inpe está no país para trabalhar na integração e testes finais do satélite. "Eles ficarão por lá até o lançamento do satélite e isso certamente reduziu o ritmo de trabalho de outros projetos, pois não há substituto para esse tipo de especialista."

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) liberou a abertura de concurso público para a contratação de 107 servidores para o Inpe em 2012, mas a instituição precisa de um mínimo de 400 contratações para repor especialistas em setores considerados estratégicos, como meteorologia, controle de satélites, ciência espacial e engenharia de satélites.

"Assim como nas universidades, precisamos de mecanismos que nos permitam repor nossos quadros de maneira sistemática, pois assim é possível preservar o conhecimento e transferi-lo aos poucos", explica.

"Há oito anos que o sindicato vem insistentemente cobrando as autoridades do governo federal sobre a contratação urgente de servidores para o Inpe e o DCTA. As poucas contratações que aconteceram foram temporárias, o que na área de ciência e tecnologia chega a ser uma estupidez," protesta o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindiCT), Fernando Morais Santos.

O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (CPTEC), responsável pela produção de informações meteorológicas diárias e climáticas, possui hoje um total de 148 funcionários. Desses, cerca de 80 são contratados em regime temporário. "São atividades que não podem parar e esse pessoal temporário só tem mais dois anos para ficar no CPTEC", ressalta.

Entre os funcionários temporários do CPTEC, segundo Chamon, existe um grupo de 15 programadores, responsáveis por manter o supercomputador do centro em funcionamento, que encerram o contrato com a instituição no segundo semestre deste ano. "Sem esse pessoal não tem como fazer a previsão do tempo, pois são eles que colocam as informações que rodam no supercomputador", afirma Chamon.

Fonte: Valor Econômico, via NOTIMP, 05/04/2012
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

BR1SAT: Telebrás + Embraer

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A tão aguardada constituição da da joint-venture para a contratação e operação do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) está muito próxima. O conselho de administração da Telebrás, em reunião realizada ontem (03), aprovou a assinatura do acordo de acionistas com a Embraer referente à joint-venture.

Abaixo, reproduzimos o trecho da ata referente à joint-venture, disponibilizada no website da Comissão de Valores Mobiliários (CVM):

"Acordo de Acionistas – Telebrás X Embraer (Projeto do satélite geoestacionário brasileiro de defesa e comunicação estratégica) – BR1SAT–: O Conselho de Administração, após analisar a documentação apresentada e ouvir os esclarecimentos por parte da Administração da Telebrás, i) aprova a escolha da Embraer Defesa e Segurança Participações S.A. como a parceira da Telebras para o Projeto BR1SAT e ii) autoriza a Diretoria a assinar o Acordo de Acionistas entre a Telebras e a Embraer Defesa e Segurança Participações S.A, e a participação da Telebras como acionista em empresa que estará responsável pela integração e implementação do sistema aéreo e terrestre relativo ao Projeto BR1SAT."
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terça-feira, 3 de abril de 2012

CBERS 3: câmera MUX enviada à China

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Opto envia câmera nacional do satélite CBERS 3 à China

03-04-2012

Considerado por especialistas independentes como um marco da engenharia nacional, a Opto Eletrônica enviou na última sexta, 30/03, à China, uma moderna e complexa câmera imageadora que irá equipar o satélite sino-brasileiro Cbers 3.

Trata-se da primeira câmera no gênero inteiramente desenvolvida e produzida no País. O equipamento, feito na matriz da Opto em São Carlos, coloca o Brasil entre os 10 países do mundo a dominar a tecnologia de imageamento aeroespacial. De nome MUX (de multiespectral), a câmera é destinada ao monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais. O satélite Cbers 3 tem lançamento programado para novembro deste ano e será levado à órbita por meio do foguete chinês "Longa Marcha".

A MUX pesa mais de 120 kg e é capaz de fazer imagens com 20 metros de resolução do solo, a mais de 750 km de altitude. Desconsiderando a curvatura da Terra e as nuvens (para exemplificar), seria como se, de São Carlos/SP, fosse possível enxergar um ônibus em Brasília/DF. A faixa de largura imageada, extensão do território visto em uma linha na imagem, é de 120 km de largura.

Independência tecnológica

A fabricação da MUX pela Opto atende à diretriz do Programa Espacial Brasileiro de fomentar a capacitação e o desenvolvimento de tecnologia de ponta pela indústria nacional. O trabalho da companhia também contribui para a independência tecnológica em áreas altamente sensíveis do ponto de vista estratégico.

Construída para auxiliar de forma decisiva no monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais (trabalhando em quatro bandas espectrais de luz), as imagens produzidas pela câmera têm capacidade de mostrar, com precisão, queimadas, desmatamentos, alteração de cursos d"água, ocupação urbana desordenada, entre outras funções. As imagens poderão ser utilizadas em todo o mundo, gratuitamente, por meio do site do INPE.

Projeto

O projeto da câmera teve início em 2004, quando a Opto venceu a licitação internacional para o desenvolvimento e fabricação da câmera. O projeto sofreu diversos aperfeiçoamentos, principalmente em razão do não compartilhamento de tecnologias e venda de componentes "sensíveis" por outros países. Contudo, a companhia de São Carlos conseguiu, de forma inédita, desenvolver soluções próprias e inovadoras, dominando todo o ciclo de construção do equipamento.

Para se ter idéia, somente o projeto preliminar da câmera foi composto por mais de 450 documentos, totalizando mais de 16 mil páginas.

Nesse período, foram construídas versões sucessivas de protótipos, denominadas modelos de engenharia, de qualificação e de voo (modelo final) da câmera MUX. O modelo de qualificação, por exemplo, foi exaustivamente testado (como em provas extremas de choque e vibração). O objetivo da bateria de testes e ensaios foi assegurar que o projeto (e consequentemente o equipamento) suporta as cargas de lançamento e as condições de temperatura, radiação e vácuo no espaço, além de verificar se ele atende aos requisitos de envelhecimento e compatibilidade eletromagnética com os outros sistemas do satélite, mantendo sempre o melhor desempenho funcional.

Cerimônia

Os funcionários da companhia participaram de um evento simbólico do embarque da câmera, considerada pelos diretores da empresa – e especialistas do setor – como um marco para a indústria nacional. "Hoje é um dia histórico para todos nós, não só da Opto, mas para todos aqueles que se importam com a independência tecnológica da nação", afirma Mario Stefani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Opto.

Fonte: São Carlos Dia e Noite, via AEB.
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Ensaio de separação do 1º estágio do VLS

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Segundo ensaio de separação dos quatro propulsores do primeiro estágio do VLS

02-04-2012

Em 29 de março foi realizado o segundo ensaio de separação dos quatro propulsores do primeiro estágio do VLS, no Laboratório de Integração de Propulsores do IAE.

O ensaio contou com uma equipe de 30 servidores entre técnicos e engenheiros do Instituto. Foram feitas medições de choque mecânico, vibração quase estática, deformação, simultaneidade de separação dos 4 propulsores do primeiro estágio, deslocamento, além da cobertura fotográfica e de vídeo (HD e alta velocidade).

Este foi o segundo ensaio, previsto no processo de qualificação do sistema de separação do primeiro estágio do VLS. Os dados coletados neste ensaio serão analisados, confrontados com os dados do primeiro ensaio e servirão de base para entender os fenômenos que ocorrem no veículo durante esta fase importante de voo. Entre esses fenômenos, podemos ressaltar a simultaneidade de ejeção dos motores, as tensões nas interfaces entre o segundo e terceiro estágio e as cargas devido ao choque mecânico, transmitidas ao corpo central e aos equipamentos embarcados. Será feita também uma comparação entre os sinais adquiridos com o sistema de telemetria e o sistema de medição em solo, procedimento importante para a qualificação do sistema de medição em voo.

Fonte: IAE/DCTA
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domingo, 1 de abril de 2012

Cooperação Brasil - Índia

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Por ocasião da visita oficial de comitiva brasileira à Índia, na semana passada, chefiada pela presidente da República, Dilma Rousseff, o Itamaraty divulgou o "Comunicado Conjunto Brasil-Índia sobre a Visita de Estado da Presidenta da República Federativa do Brasil à Índia - Nova Delhi, 30 de março de 2012". Um dos tópicos destacados no comunicado trata da cooperação espacial entre os dois países:

"Espaço

17. Os Líderes manifestaram o desejo de fortalecer a cooperação em pesquisa espacial em áreas tais como sensoriamento remoto, compartilhamento de dados e previsão do tempo. Nesse sentido, expressaram seu interesse no intercâmbio regular de especialistas. O Brasil reiterou o desejo de receber imagens do satélite indiano Resourcesat-2, dada a exitosa cooperação no recebimento de dados do Resourcesat-1 na Estação Terrestre de Cuiabá. Com relação ao Projeto do Satélite IBAS, os dois líderes manifestaram seu grande interesse em trabalhar juntos para o êxito da Reunião Técnica progrmada para realizar-se em Bangalore ainda em 2012."

Embora não tenha sido mencionado no comunicado conjunto, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, discutiu com autoridades indianas sobre o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) (veja a postagem "Cooperação Brasil - Índia: SGB?").
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Tecnologia & Defesa nº 128

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Já está nas bancas, em todo o Brasil, a edição nº 128 da revista Tecnologia & Defesa. O mais recente número traz várias reportagens, com destaque para:

- Voando Super Tucano e F-16 com a Fuerza Aerea Chilena sobre o Atacama;

- Panorama sobre o emprego de veículos aéreos não-tripulados na América do Sul;

- Entrevista com o ministro da Defesa, Celso Amorim;

- Programa KC-390: está chegando a hora;

- Entrevista com Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança;

- Coluna Defesa & Negócios;

- E muito mais!
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