quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Star One e HNS vencem licitação da Anatel

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) licitou ontem (30), com sucesso, quatro direitos de exploração de satélites geoestacionários, obtendo o valor de R$ 254,4 milhões. As empresas Star One, subsidiária da Embratel, e HNS Americas Comunicações, unidade brasileira do grupo norte-americano Hugues, levaram duas posições cada.

Para o primeiro direito, que teve disputa mais acirrada, a HNS Americas Comunicações ofereceu R$ 145,2 milhões, representando um ágio de 3.579,82% em relação ao valor inicialmente pedido. A HNS também levou o quarto direito por R$ 35,2 milhões (ágio de 792,58%).

Já a Star One ficou com o segundo e terceiro direitos, apresentando propostas de R$ 37 milhões por cada um (ágio de 837,70%).

De acordo com o divulgado pela Anatel, a licitação tem "como finalidade aumentar a capacidade satelital brasileira para atender as atuais demandas no setor e aquelas antecipadas em função de grandes eventos, tais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, entre outros projetos." "Os satélites deverão cobrir 100% do território nacional e dedicar parte da capacidade para atender o mercado brasileiro. Os direitos de exploração serão conferidos por 15 anos, prorrogáveis uma única vez."

Treze direitos de exploração brasileiros (e consequentemente, posições orbitais brasileiras, outorgadas pela União Internacional de Telecomunicações) estão atualmente válidos no País, sendo dois para a Hispamar Satélites (Amazonas 1 e Amazonas 2), dois para a Telesat Brasil (Estrela do Sul e Estrela do Sul 2), e os demais para a Star One (Brasilsat B2, B3 e B4, Star One C1, C2, C3, C4 e C5).
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Agência Espacial Sul-Americana?

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Os ministros da Defesa do Brasil e da Argentina, Celso Amorim e Arturo Antonio Puricelli, se encontraram ontem (30) em São Paulo, depois de participarem do 6º Seminário do Livro Branco da Defesa. Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Defesa (MD), Puricelli lançou ao seu contraparte brasileiro a ideia de uma Agência Espacial Sul-Americana. Abaixo, reproduzimos o trecho da nota divulgada pelo MD, inclusive com a opinião de Celso Amorim sobre a ideia:

'Agência Espacial Sul-Americana

“Essa é uma ideia que discutimos hoje (Brasil e Argentina) e que me parece muito adequada. O programa espacial não é competência prioritária do Ministério da Defesa”. É da Agência Espacial Brasileira (AEB), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mas evidentemente temos uma participação importante nesse processo. Tudo o que contribua para o desenvolvimento conjunto, para a criação de confiança é vital. Foi dito por ele (ministro argentino) e por mim que temos que transformar a América do Sul naquilo que os teóricos de estratégia chamam de comunidade de segurança, onde os conflitos são impensáveis entre os países da região, mas, ao mesmo tempo, temos de nos preparar contra ameaças externas, das quais não podemos estar livres. Temos amplos recursos, como água, alimento, energia, os quais teremos de proteger num caso de conflito indesejado com outras potências, e essa defesa deve ser feita em conjunto.”'

Brasil e Argentina já cooperam na área espacial há muitos anos. Atualmente, o projeto mais significativo, em fase de concepção, é o SABIA MAR, que prevê o desenvolvimento e construção de dois satélites de observação oceanográfica.
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Euroconsult: 1.145 satélites entre 2011-2020

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A próxima década (2011-2020) deve ter 1.145 satélites construídos e lançados, um número 51% maior do que o da última década, segundo previsão divulgada pela Euroconsult em 25 de agosto. Tais projeções constam do estudo "Satellites to be Built & Launched by 2020, World Market Survey", atualizado anualmente.

Mercado governamental

O total previsto de satéites está avaliado em 196 bilhões de dólares, dos quais 70% podem ser atribuídos à demanda governamental.

"Os governos continuam a dominar o mercado espacial, uma vez que sistemas de satélites são infraestruturas críticas para comunicações e soluções em geo-informação para usuários civis e militares", disse Rachel Villain, diretora da Euroconsult e editora do estudo.

De acordo com as previsões, agências governamentais de 50 países lançarão um total de 777 satélites na próxima década, sendo que 80% desse total virá das seis maiores potências espaciais - EUA, Rússia, Comunidade Europeia, Japão, China e Índia. A Euroconsult espera que cerca de 200 satélites de observação terrestre sejam construídos e lançados na próxima década, dado o crescimento da demanda de tais informações para uma variedade de aplicações governamentais.

A consultoria também identificou uma tendência relacionada às restrições orçamentárias que têm afetado os orçamentos de defesa das grandes potências, principalmente nos EUA e Europa: "Agências de defesa e segurança geralmente preferem sistemas proprietários para comunicações seguras e inteligência em imagens, mas restrições orçamentárias em gastos militares estão levando a busca de mais parcerias público privadas (PPP) e cargas úteis governamentais "hospedadas" em satélites comerciais."

Mercado comercial

O segmento comercial, a previsão é de que sejam colocados em órbita 203 satélites de comunicações em órbita geoestacionária, num valor próximo de 50 bilhões de dólares. Alguns destes satélites já constariam nas carteiras de pedidos dos fabricantes, portanto, não seriam novas encomendas.

Além da órbita geoestacionária, espera-se que haja um impulso em órbitas baixas (LEO) e médias (MEO), com 165 cargas úteis, num valor total próximo de 5 bilhões de dólares. Destes, 3/4 devem ser missões de comunicações (particularmente, de constelações como a Iridium, Globalstar, Orbcomm e O3b), e o restante em satélites de sensoriamento.
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ELT no Chile: oportunidades para a indústria brasileira

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Abaixo, reproduzimos artigo enviado ao blog por José Monserrat Filho, da Agência Espacial Brasileira, sobre oportunidades para empresas brasileiras relacionadas à construção de um grande telescópio (ELT) no norte do Chile:

Oportunidades para empresas brasileiras nas obras do maior telescópio do planeta

Albert Bruch* e José Monserrat Filho**

Importantes empresas brasileiras de média e alta tecnologia participaram do “Dia da Indústria”, promovido por iniciativa da Organização Europeia de Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral (ESO), com a qual o Brasil firmou acordo para tornar-se seu membro pleno, em 29 de dezembro de 2010.

A ideia era mostrar aos empresários brasileiros o que eles podem faturar nas obras que a ESO realizará nos Andes do Chile, o melhor lugar do planeta para se observar o Universo.

A ESO, na realidade, promoveu dois “Dia da Indústria”: um na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na capital paulista, e outro no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos, SP, em 23 e 24 de agosto, respectivamente.

Eis as empresas e entidades brasileiras presentes nos encontros industriais com a ESO: Acrux Solutions, Avionics Services, Construtora OAS, Construtora Queiroz Galvão, Critical Software, Equatorial Sistemas, Equitron Automação, Fibraforte, Flight Technologies, Gerdau, Incubaero, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Konatus Soluções Inteligentes, Mectron, Opto Eletrônica, Orbital Engenharia e Rede Paulista de Inovação (TPI).

Foram ocasiões especiais para os empresários brasileiros conhecerem em detalhes as oportunidades e vantagens abertas a eles pela ESO na construção do maior equipamento astronômico do mundo, o Telescópio Extremamente Grande (Extremely Large Telescope – ELT), bem como em outros empreendimentos tecnológicos e industriais da organização.

Cinco membros da alta administração da ESO vieram ao Brasil especialmente para os dois encontros. Eles explicaram de forma minuciosa os procedimentos pelos quais as empresas brasileiras de base tecnológica poderão participar das licitações e aproveitar as múltiplas oportunidades oferecidas pela ESO na construção do ELT, na produção de instrumentação periférica para os telescópios, e em outras atividades tecnológicas.

A equipe do ESO também buscou se informar, o mais amplamente possível, inclusive por meio de visitas a empresas, sobre a capacidade disponível no Brasil para o fornecimento de bens e serviços de alto valor tecnológico às instalações no Chile.

Criada por 14 países europeus, a ESO é a maior organização mundial de pesquisa astronômica terrestre. O Brasil será seu 15º membro e o primeiro membro não-europeu, se o Congresso Nacional ratificar o acordo assinado pelo Governo brasileiro em dezembro passado.

A ESO ergueu e opera grandes observatórios na região andina chilena e está prestes a iniciar a construção de novo e gigantesco telescópio, o ELT, com espelho de cerca de 40 metros de diâmetro. O ELT será de longe o maior instrumento do gênero jamais concebido. Mobilizará investimentos da ordem de um bilhão de Euros.

Confirmado o ingresso do Brasil na ESO, as empresas brasileiras poderão tomar parte ativa na construção do telescópio ELT e prestar outros serviços à organização, em pé de igualdade com as empresas dos demais países membros.

O evento e a visita de gerentes da ESO são parte das ações articuladas pela organização para integrar o Brasil, cientifica e tecnologicamente, na comunidade dos seus países membros.

O Gerente do Projeto ETL, Alistair McPerson, assim resumiu suas observações sobre as movimentadas reuniões em São Paulo e São José dos Campos: “Fiquei profundamente impressionado com o alcance da perícia e da experiência que encontrei nas empresas brasileiras que tive ocasião de visitar. Vejo ampla gama de oportunidades para a ESO colaborar com os contratados brasileiros e possibilidades estimulantes em áreas de alta tecnologia. Creio que as empresas que conheci estão bem preparadas para os desafios do futuro.”

Além de promover o avanço da ciência em geral, a entrada do Brasil na ESO tem enorme potencial para impulsionar o desenvolvimento tecnológico brasileiro, porque nos abre a oportunidade única de participar de grandes desafios tecnológicos inerentes ao desenvolvimento, à construção e à operação de complexos instrumentos, como o ELT. Isso é parte da motivação e da justificativa para o Brasil investir no ESO, certo de estar construindo um presente e um futuro em sintonia com as conquistas incomparáveis do século XXI.

Os contatos com dirigentes da ESO deixaram evidentes a vontade e a capacidade de muitas empresas brasileiras, determinadas a tirar o máximo proveito das novas oportunidades.

* Albert Bruch, ex-diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), co-organizador dos dois “Dia da Indústria” da ESO no Brasil; ** José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
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Operação FogTrein II em Alcântara

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Centro de Lançamento de Alcântara inicia a operação Fogtrein II

30-08-2011

O Centro de Lançamento de Alcântara (MA) realiza até 6 de setembro a Operação Fogtrein II - 2011. Os lançamentos de foguetes estão previstos para os dias 31 de agosto e 2 de setembro. O CLA coletará dados de vôo enviados pelos veículos à estação de telemetria, os quais, em conjunto com os dados provenientes de lançamentos ocorridos em 2010 e 2011, servirão para a qualificação e certificação do Foguete de Treinamento Intermediário.

O Centro de Lançamento de Alcântara, em conjunto com a Empresa Avibras, capacitou profissionais da unidade e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) na preparação e lançamento dos foguetes da família Fogtrein, no período de 15 a 19 de agosto.

O treinamento tem como objetivo aprimorar os conhecimentos técnicos dos que manuseiam os engenhos espaciais, que necessitam conhecer mais detalhadamente seus e seu manuseio, toda arquitetura eletro-eletrônica dos motores e das cargas úteis, além de procedimentos de segurança, essenciais para o sucesso das missões de lançamento.

Fonte: FAB
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Modernização do lançador universal do CLBI

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LUNUS recebe comissão do Ministério da Defesa

29/08/2011

A LUNUS, empresa instalada no Parque Tecnológico – São José dos Campos, recebe durante essa semana a Comissão de Fiscalização do Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica e Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). A empresa assinou contrato com o CLBI para prestar o serviço de revitalização do lançador universal de foguetes.

Desde 2002, a LUNUS presta serviços na execução desse tipo de trabalho para os dois centros brasileiros – localizados em Parnamirim/RN (CLBI) e em Alcântara/MA (CLA). Em 2009, por exemplo, foi responsável pela revitalização mecânica e eletroeletrônica do lançador de porte médio (MRL). Agora, a empresa está empenhada em fazer revitalização mecânica e eletroeletrônica do Lançador Universal, que tem porte maior que o MRL.

“Para a LUNUS essa prestação de serviço representa não somente a ratificação de nossa qualificação técnica especializada nesse tipo de trabalho, como também muito nos deixa felizes saber que ao longo dos últimos anos nos tornamos referência para os centros de lançamento quando precisam de manutenção em seus lançadores de foguetes”, explica um dos proprietários da companhia, Marcus Moraes.

O que são Lançadores de Foguetes?

São equipamentos que vieram para o Brasil na década de 60 e são bastante antigos, porém totalmente operacionais. O que a LUNUS faz é mantê-los em atividade, segundo suas especificações iniciais. Eles são utilizados para os voos de qualificação dos foguetes de propulsão do Veículo Lançador de Satélites (VLS), treinamento da equipe dos centros e em cooperações internacionais.

Empresa

A LUNUS atua em engenharia, fabricação, comércio, representação e serviços. Na área espacial, se concentra em estações de TT&C, estações para recepção e processamento de diversos satélites, telemetria, testes de qualificação de satélites, estudos de viabilidade e infraestrutura de lançamento de foguetes. Na área ambiental, o seu foco está na instrumentação para meteorologia, oceanografia e hidrologia. http://www.lunus.com.br/

Fonte: assessoria de imprensa do Parque Tecnológico de São José dos Campos.
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Espaço vazio, editorial da "Folha de S. Paulo"

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Editorial da Folha de São Paulo de sábado (27).

No final da década de 1970, o Brasil reunia boas condições para desenvolver competência e tecnologia no setor espacial. Três décadas depois, esse patrimônio encontra-se em risco. Havia o embrião de uma indústria implantado em São José dos Campos (SP) pela Aeronáutica, do qual nasceria a Embraer. Tinha como vizinhos centros de excelência em pesquisa aplicada como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Naquele bom momento, o País formulou o programa ambicioso da Missão Espacial Completa Brasileira. Em 1979, previa lançar quatro satélites -construídos pelo braço civil do programa- a bordo de foguetes nacionais, sob responsabilidade da Aeronáutica. Três décadas depois, constata-se que só os satélites decolaram, de fato, mas carregados por lançadores estrangeiros. Cinco foram postos em órbita pelo Inpe, em colaboração com a China. O projeto de um Veículo Lançador de Satélites (VLS) resultou em três tentativas fracassadas; na terceira, em 2003, pereceram 21 técnicos e engenheiros na explosão do foguete na base de Alcântara (MA).

O governo Itamar Franco, a fim de aplacar restrições -sobretudo dos EUA- ao fornecimento de equipamentos passíveis de aplicação militar (mísseis), criou um órgão civil para gerir o programa, a Agência Espacial Brasileira (AEB). Depois disso, já no governo Luiz Inácio Lula da Silva, firmou bilionária parceria com a Ucrânia para desenvolver um lançador comercial, o Cyclone-4. O foguete seria usado para explorar as vantagens geográficas de Alcântara, que, próxima do Equador, permite economizar até 30% de combustível.

O Cyclone-4 ainda está no chão, com lançamento adiado de 2010 para 2013. Só conseguirá pôr em órbita satélites de até duas toneladas, quando alguns artefatos chegam a quatro. Clientes americanos são 80% do mercado, mas não poderão usar Alcântara porque o Congresso não ratificou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas firmado com os EUA em 2000.

Em retrospecto, percebe-se que o programa espacial brasileiro enveredou por várias direções, com muita ambição e parco investimento -menos de R$ 150 milhões por ano, em média, desde 1980, diz a revista "Pesquisa Fapesp". O orçamento foi de R$ 326 milhões em 2010. Estima-se que só o componente de satélites demandaria R$ 500 milhões anuais para sair da média modesta de um artefato lançado a cada quatro anos. Índia e China aplicam cinco a sete vezes mais no setor.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, cogita relançar o programa com uma inovação institucional: fundir a AEB e o Inpe, unificando o braço civil. Com as restrições orçamentárias, contudo, será necessário ousar mais e arbitrar prioridades, decidindo, por exemplo, se faz sentido manter o plano de um VLS em paralelo com o Cyclone-4.

Fonte: Folha de S. Paulo, edição de 27/08/2011, via JC E-mail.
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domingo, 28 de agosto de 2011

Restruturação do PEB: a visão do SindCT

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A edição de agosto do "Jornal do SindCT", publicação mensal divulgada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência & Tecnologia (SindCT), traz uma reportagem sobre os debates envolvendo a "fusão" do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com a Agência Espacial Brasileira (AEB), dentro de um processo de restruturação do Programa Espacial Brasileiro (PEB).

A reportagem tem teor crítico, em linha com a posição adotada pelo sindicato, mas apresenta algumas informações interessantes, inclusive embasando a posição contrária à "fusão". O SindCT teme que, "com a fusão, quadros do INPE sejam deslocados para atender demandas da agência recém-criada, desfalcando ainda mais os projetos do instituto." O texto também revela a estrutura proposta pela AEB para o Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), responsável pela execução do PEB. A estrutura contaria com:

- Conselho Nacional de Política Espacial - CNPES;
- Entidade coordenadora do programa: AEB;
- Unidades executoras do programa: INPE, DCTA, universidades e outras instituições.

A possibilidade de criação do CNPES parece ter sido inspirada no modelo de restruturação do PEB proposto pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) (ver a postagem "Restruturação do Programa Espacial Brasileiro?", de novembro de 2010), em meados de 2010, mas que não seguiu adiante.
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sábado, 27 de agosto de 2011

Notícias de Kourou: Soyuz e ATV

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O voo de estreia do lançador russo Soyuz a partir do Centre Spatial Guyanais (CSG), em Kourou na Guiana Francesa, deve acontecer em 20 de outubro, declarou à agência de notícias AFP o presidente da Arianespace, Jean-Yves Le Gall, na última quinta-feira (25). Questionado se a recente falha de um Soyuz operado pela agência espacial russa (Roscosmos) não prejudicaria o cronograma, Le Gall foi categórico: "Não é a mesma versão do foguete", afirmou.

De fato, o terceiro e último estágio (Fregat ST) adotado pelo Soyuz ST, versão a ser operada em Kourou, é diferente da usada no Soyuz-U, destinado a lançamentos de naves cargueiras Progress para a Estação Espacial Internacional (ISS). Em dezembro de 2010, na visita feita pelo blog Panorama Espacial ao CSG, foi possível de se observar a preocupação da Arianespace em garantir a qualidade e o atendimento de seus rígidos padrões de qualidade, adotados no Ariane 5, também no lançador russo.

ATV Edoardo Amaldi

Também esta semana, chegou à Guiana Francesa, depois de uma viagem pelo mar com duração de três semanas, o terceiro modelo da nave espacial não-tripulada Automated Transfer Vehicle (ATV), desenvolvido para transportar suprimentos, experimentos e combustível para a ISS.

A terceira nave foi batizada de Edoardo Amaldi, em homenagem ao físico italiano e fundador da pesquisa espacial europeia. A expectativa é que o terceiro ATV seja lançado no final de fevereiro de 2012, levando para a ISS duas toneladas de carga seca, 285 kg de água e três toneladas de combustível.

Sobre os nomes de batismo dos ATVs: O ATV-1, lançado em março de 2008, recebeu o nome de uma grande personalidade francesa, o escritor Jules Verne, autor da clássica e visionária obra "Viagem ao Redor da Lua". Já o ATV-2, que voou em janeiro deste ano, foi batizado com o nome do astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler. Outros dois ATVs estão em fabricação, sendo que o nome do quarto já foi definido: Albert Einstein.

Com a aposentadoria dos ônibus espaciais, o ATV passou a ser o veículo de maior capacidade que serve a ISS - sua massa total antes do lançamento é de cerca de 20 toneladas. Trata-se também de uma das maiores cargas úteis já transportadas pelo lançador Ariane 5. O desenvolvimento e fabricação do ATV envolve uma série de indústrias espaciais europeias, lideradas pela prime contractor EADS Astrium.

Colaborou José Ildefonso.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Brasil na ESO: nossa ciência no topo dos Andes

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Artigo de Eduardo Janot Pacheco e José Monserrat Filho enviado ao JCEmail.

O Brasil já é parceiro direto da ciência do primeiro mundo. Para tanto, bastou ter assinado o acordo que, se ratificado, o tornará membro pleno da Organização Europeia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul (ESO, na sigla em inglês).

O caso é real. Em 29 de dezembro de 2010, o à época ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sérgio Rezende, firmou, em nome do presidente Lula, o acordo de ingresso na ESO. Desde então, nossa comunidade de astrônomos - cerca de 700 pesquisadores - e de físicos cosmólogos vem participando ativamente, em igualdade de condições com os colegas europeus, dessa que é reconhecida, até pelos próprios americanos, como a mais moderna entidade de pesquisas astrofísicas do mundo.

Após exaustivos debates ao longo de 2010 e ciente de sua responsabilidade histórica, a maioria esmagadora de nossos astrônomos apoiou a entrada do Brasil na ESO. A pequena minoria contrária, enredada numa visão imediatista, em projetos meramente pessoais e/ou com estreitos interesses vinculados a soluções americanas, não consegue se pôr à altura do grande salto qualitativo que estamos dando hoje.

A atuação séria e competente dos pesquisadores brasileiros se projetou logo de saída: já na primeira rodada de pedidos de tempo de observação, de que participamos agora em abril, nossa taxa de aprovação (número de noites de observação) foi maior que a média dos europeus.

Ratificado o acordo Brasil-ESO pelo Congresso Nacional ainda em 2011, nosso país será automaticamente coproprietário das moderníssimas instalações e bancos de dados da ESO no Chile e na Europa (avaliados em vários bilhões de euros) e passará a ter assento, voz e voto em todos os órgãos de avaliação e decisão da organização. Simultaneamente, nossas indústrias de média e alta tecnologia poderão participar de obras únicas e pujantes, como a construção, no Chile, dos dois maiores telescópios de todos os tempos: o ELT (Extremely Large Telescope, ótico) e o ALMA (Atacama Large Millimeter Array, rádio-interferômetro gigante, já em construção).

Ambos estão avaliados em mais de um bilhão de Euros. Nossas indústrias também terão total acesso ao desenvolvimento de instrumentação de ponta, regularmente promovido pela ESO.

Esse assenso qualitativo da nossa C&T em ciências exatas é fruto da notável mudança de mentalidade diante do imenso potencial brasileiro, do avanço das pesquisas científicas e da educação ocorrida no país na presente década: o orçamento do MCT multiplicou-se por seis e foi atualizado o salário dos pesquisadores das universidades públicas, que, por sua vez, tiveram condições de, a cada ano, abrir novos concursos.

A entrada do Brasil na ESO é movimento transformador. Investiremos R$ 550 milhões em dez anos e subiremos a um patamar bem mais elevado de progresso científico e tecnológico. Essa quantia - que nos permite adquirir um patrimônio material e de oportunidades sem precedentes - representa menos de 1% do orçamento atual do MCT e cerca de 1/6 do valor diário da dívida interna brasileira. Cabe frisar que até 75% das contribuições que cada país membro faz têm retornado a ele por meio dos contratos obtidos por suas indústrias junto à ESO. Trata-se uma virada histórica.

O Brasil pode, deve e precisa internacionalizar sua C&T, enfrentando novos desafios, galgando novas posições no mundo e sabendo proteger seus interesses soberanos. Vivemos uma grande chance com os benefícios sem comparação da ESO.

Gozamos de estabilidade e prosperidade financeiras, que os recursos do pré-sal reforçarão ainda mais. Os países desenvolvidos nos respeitam e fazem de tudo para serem nossos parceiros nesta etapa de mudanças e avanços.

Os governos Lula e Dilma entenderam isso e se engajaram na construção de um país mais sábio, mais produtivo e sem miséria, com base na sociedade e na economia do conhecimento - a fronteira do mundo contemporâneo. O Brasil na ESO marca a responsabilidade, a determinação e a coragem de um novíssimo tempo.

Eduardo Janot Pacheco é presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Fonte: JC E-mail, 23/08/2011.
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Direitos de exploração de satélites geoestacionários

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Agência recebe propostas de sete interessados na exploração de satélites


23 de Agosto de 2011


A Agência recebeu hoje, em Brasília, os documentos de identificação, as propostas de preço e a documentação de habilitação de sete interessados na licitação nº 002/2011/PVSS/SPV-Anatel (modalidade concorrência pública) para o direito de exploração de satélite brasileiro.


Veja abaixo a lista de interessados:


* Eutelsat do Brasil Ltda


* Hispamar Satélites S.A.


* HNS Americas Comunicações Ltda


* Intelsat Brasil Serviços de Telecomunicações Ltda


* SES DTH do Brasil Ltda


* Sky Brasil Serviços Ltda


* Star One S.A.


Em 30 de agosto, às 10h, em Brasília, será iniciada a sessão de abertura, análise e julgamento das propostas de preço.


Até quatro novos satélites brasileiros poderão entrar em operação nos próximos cinco anos, ocupando posições orbitais em coordenação ou notificação em nome do Brasil ante a União Internacional de Telecomunicações (UIT).


A licitação possibilitará aumentar a capacidade satelital brasileira para atender as atuais demandas no setor e aquelas antecipadas em função de grandes eventos, tais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, entre outros projetos.


Nesta licitação, além das posições orbitais e faixas de frequências não planejadas, as interessadas poderão escolher posições orbitais e faixas de frequências associadas aos planos dos Apêndices 30, 30A e 30B do Regulamento de Radiocomunicações da UIT.


Os satélites deverão cobrir 100% do território brasileiro e dedicar parte da capacidade para atender o mercado brasileiro. Os direitos de exploração serão conferidos por 15 anos, prorrogáveis uma única vez. Uma mesma empresa poderá obter até dois dos quatro direitos licitados.


Fonte: Anatel
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SISROT: O Sistema de Rastreio Óptico do CLA

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Nos últimos anos, a infraestrutura do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, tem sido submetida a sucessivos processos de atualização e ampliação, em linha com uma retomada, mais concreta, do programa de lançadores e foguetes de sondagem do Programa Espacial Brasileiro. Dentre as novas capacidades inseridas no CLA, destaca-se um dispositivo para o acompanhamento de lançamentos em sua fase inicial, chamado Sistema de Rastreio Óptico (SISROT).

O SISROT tem como objetivo rastrear foguetes nos primeiros instantes da missão. Quando operacional, o sistema produzirá imagens dos lançamentos e fornecerá, em tempo real, informações de posição angular (azimute, elevação e distância) do "alvo" para a central de dados de lançamento. As imagens são geradas por câmeras CCD (detecção do alvo com luz visível) e infravermelho (detecção do alvo com raios infravermelho), ambas utilizadas para determinar as coordenadas de azimute e elevação do alvo. A câmera de rastreio de Infravermelho permite a detecção de alvos de 2,3 m × 2,3 m em altitudes de até 16 km, enquanto que as medições de distância são obtidas por meio de um telêmetro laser, com alcance de até 20 km.

O contrato para o desenvolvimento e construção do SISROT, no valor aproximado de R$ 5,4 milhões, foi assinado em outubro de 2006, e a previsão é que o equipamento seja entregue para operação no CLA no próximo mês, em setembro.

O sistema foi desenvolvido pela Omnisys Engenharia, de São Bernardo do Campo (SP), indústria que também teve ou tem envolvimento em outros projetos na área espacial, como cargas úteis e sistemas de serviço para satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e a modernização de radares de trajetografia do CLA e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), no Rio Grande do Norte, entre outros. A Omnisys Engenharia é a plataforma industrial local do grupo francês Thales.
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SAC-D/Aquarius: ativação das cargas úteis

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O satélite SAC-D/Aquarius, construído pela Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), da Argentina, em conjunto com a agência espacial norte-americana (NASA) e em parceria com instituições de outros países, começou a ter as suas cargas úteis ativadas, segundo nota divulgada semana passada pela CONAE. O primeiro instrumento ativado foi o americano Aquarius, principal carga útil da missão, e se seguirão, nesta ordem, os experimentos argentinos (um radiômetro de microondas e câmeras óticas), e dois instrumentos europeus (da Itália e França). A expectativa é que o Aquarius comece a produzir os primeiros dados a partir da próxima sexta-feira, 26 de agosto.

Desde o seu lançamento, em 10 de junho, o SAC-D/Aquarius cumpriu com êxito a fase de revisão de seu desempenho em órbita, período em que se verificou o correto funcionamento da plataforma de serviços e de todos os sistemas e dispositivos que mantêm o satélite em funcionamento. O passo seguinte foi a ativação dos instrumentos e câmeras óticas que formam a sua carga útil.

Os comandos para a operação do satélite e recepção de dados estão sendo realizados pelo centro de controle da missão, localizado no Centro Espacial Teófilo Tabanera, da CONAE, em Falda del Carmen, Córdoba. Nesta estação, são recebidos dados como a temperatura, voltagem e corrente geradas pelos painéis solares, entre outros parâmetros que indicam o bom estado do SAC-D. O centro de controle também foi responsável por executar algumas manobras de ajuste de órbita, de modo a colocar o satélite em sua altitude final, a 657 km de distância da Terra.
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domingo, 21 de agosto de 2011

Boeing, Programa F-X2 e satélites

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O programa F-X2, de aquisição de novos aviões de combate para a Força Aérea Brasileira (FAB) parece ter voltado à tona, com os três competidores - a sueca Saab (Gripen NG), a francesa Dassault Aviation (Rafale F3), e a norte-americana Boeing (F-18 E/F Super Hornet), voltando a carga em seus esforços para vencer a competição. Segundo informações dadas por executivos dos competidores, a FAB solicitou que as propostas apresentadas em 2009 tivessem seus prazos de validade estendidos até o final de 2011, o que leva a crer que pode haver uma decisão até o final do ano.

Dentro de sua estratégia para conquistar o contrato no Brasil, a Boeing está apostando fortemente na extensão de seu portfólio de produtos e soluções, que vão muito além de aeronaves de combate. Dennis Muilenburg, presidente e CEO da Boeing Defense, Space & Security, detalhou esta possibilidade em recente entrevista, citando inclusive a área espacial, especificamente, satélites:

"Como a Boeing pode ajudar o Brasil a desenvolver uma capacidade industrial autônoma de defesa?

É importante entender que a Boeing não é apenas uma fabricante de aviões, mas oferece um amplo portfólio de sistemas de defesa e capacidades…. A Estratégia Nacional de Defesa brasileira reconhece que uma parceria com fabricantes estrangeiros pode reduzir os custos e encurtar prazos. Uma parceria econômica poderosa já existe atualmente entre Brasil e Estados Unidos, e o Programa F-X2 oferece uma oportunidade para reforçar ainda mais esta parceria na área de defesa e segurança a nível governamental e industrial. Assim, acreditamos firmemente que a Boeing pode fornecer uma parceria superior àquela proposta por nossos concorrentes. Os produtos da Boeing atendem todos os requerimentos materiais identificados pela Estratégia Nacional de Defesa do Brasil, seja transporte militar, satélites, veículos aéreos não tripulados (VANT), sistemas em rede, segurança cibernética e proteção de infra-estruturas críticas, superioridade aérea e armas. Ter este portfólio diversificado significa que podemos entregar um desempenho maior a custos baixos e ajudar o Brasil a alcançar seu objetivo de autonomia nacional."

Semana passada, num encontro com a imprensa especializada, ao ser questionado por Tecnologia & Defesa sobre o interesse da Boeing na área de satélites, Christopher Raymond, vice-presidente executivo de Estratégias & Desenvolvimento de Negócios, afirmou que existem oportunidades locais em "hosted payloads" para comunicações. O executivo não deu mais detalhes, mas supõe-se que a oportunidade esteja no campo de comunicações militares. Em abril, num seminário realizado na LAAD 2011, a Star One, atual prestadora de serviços de comunicações via satélite para o SISCOMIS, do Ministério da Defesa, destacou o conceito de "hosted payloads" (ver a postagem "O conceito de "hosted payloads" para comunicações militares").

Uma pequena nota da edição da semana passada da revista VEJA também destaca que o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, recebeu como uma das prioridades de sua pasta a construção de satélites de comunicações, mais um indicativo de que a materialização de alguns projetos, como o do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) está se aproximando.
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sábado, 20 de agosto de 2011

Qualidade da tecnologia espacial russa em xeque

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Na última quinta-feira (18), o programa espacial russo encarou um novo fracasso, acontecimento que terá reflexos também no âmbito comercial. Por causas ainda desconhecidas, o lançador Proton M (foto acima) falhou ao colocar o satélite de comunicações Express-AM4 na órbita correta, supostamente por uma falha de seu estágio superior, o Breeze M.

Em dezembro de 2010, um Proton com um estágio superior Block DM carregando três satélites de posicionamento da família Glonass não alcançou seu objetivo. As investigações revelaram que a razão foi o excesso de combustível no estágio superior, ocasionado por falha humana, o que resultou na demissão de alguns dirigentes da agência espacial russa (Roscosmos). Em fevereiro deste ano, ocorreu um novo problema envolvendo o Breeze M, desta vez num lançador de menor porte, o Rockot (derivação do míssil intercontinental SS-18 Stiletto, designação OTAN), também colocando um satélite governamental russa numa órbita mais baixa do que a planejada.

Falhas em missões de lançamento não são raras e fazem parte de qualquer programa espacial, mas a Rússia parece enfrentar sérios problemas relacionados a confiabilidade e qualidade de sua tecnologia espacial, inclusive no campo de lançadores, área em que historicamente tem um domínio bastante acentuado.

Reflexos comerciais

No campo comercial, o Proton/Breeze M é comercializado e operado pela International Launch Services (ILS), que tem algumas missões previstas em seu manifesto para 2011, sendo duas no próximo mês de setembro: os satélites de comunicações QuetzSat-1, da SES de Luxemburgo, e ViaSat-1, da norte-americana ViaSat. Ambas as missões já estavam com cronogramas atrasados, prejudicando as previsões de receita das operadoras, e devem ficar suspensas até a apuração da nova falha. No caso do ViaSat-1, fabricado pela Space Systems/Loral, foram dois os motivos de atraso: o derramamento acidental de fluido hidráulico sobre o satélite (!), e a falha na abertura de um dos painéis solares do Estrela do Sul 2, o que provocou a suspensão do voo de todos os modelos da família da Loral até a identificação da causa do defeito.

Como de costume no mercado, as falhas em satélites e lançadores também resultam em acréscimos nos valores dos prêmios cobrados nos seguros, e ameaçam a posição da ILS na competição pelo mercado de lançamentos geoestacionários frente a outros concorrentes, como a europeia Arianespace.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre a saída de Gilberto Câmara do INPE

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A Folha de S. Paulo de hoje (18) traz uma reportagem noticiando que o atual diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, deixará seu cargo no final do ano, em dezembro. A reportagem cita como motivos o descontentamento de Câmara com a parceria com a Ucrânia no projeto da Alcântara Cyclone Space, e frustrações do dirigente com a não renovação do quadro do INPE e os rumos que o Programa Espacial Brasileiro deve tomar com a restruturação ora em discussão. O que se comenta é que haveria outros.

Já há alguns meses, desde ao menos de junho, que se especulava sobre a possível saída de Câmara, por razões variadas, dentre elas a perda de apoio em vários setores relacionados ao Programa Espacial. Mais adiante, à medida que as informações fiquem mais claras, o blog detalhará o acontecimento e as perspectivas para a seleção do novo diretor.

Embora a seleção caiba a um comitê de busca formado por especialistas, inclusive externos, em Ciência & Tecnologia, Aloizio Mercadante e Marco Raupp devem ter um importante papel no processo, com a oportunidade de alinhar as atividades e planejamento estratégico do Instituto com a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) e com outras iniciativas das quais a atividade espacial é um dos mais importantes componentes.

Sobre sua saída e a matéria da Folha, Câmara, que está na China acompanhando a comitiva do ministro Aloizio Mercadante, divulgou uma nota de esclarecimento, a qual reproduzimos abaixo:

Esclarecimento

Em relação à matéria publicada, hoje, 18 de agosto, na Folha de São Paulo, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, esclarece:

Estimados Senhores,

Matéria publicada na Folha de 18.8.2011 noticia meu pedido de afastamento da direção do Inpe e atribui minha saída a divergências com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Dr. Marco Antonio Raupp. Trata-se de uma afirmação que não corresponde aos fatos presentes e passados.

Tenho grande respeito por Marco Raupp, fruto de 25 anos de convivência. Raupp sempre defendeu o desenvolvimento da ciência e tecnologia brasileiras em todos os cargos públicos que ocupou. Quando foi diretor do Inpe, de 1985 a 1988, criou o programa de satélites sino-brasileiros (Cbers) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), duas iniciativas de grande benefício para o Brasil e que o Inpe realiza até hoje. Raupp deu grande contribuição como gestor na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Parque Tecnológico de São José dos Campos, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e no Instituto Politécnico do Rio de Janeiro.

Tenho plena confiança de que a gestão de Raupp na Agência Espacial Brasileira será marcada por um aumento nos orçamentos e nos recursos humanos do programa espacial, em coerência com seu histórico de serviços ao País. Raupp é um grande cientista brasileiro e merece o respeito da sociedade.

Minha saída do Inpe se deve à exaustão causada pela luta diária com uma legislação e com estruturas institucionais totalmente inadequadas a instituições de C&T. Soma-se a frustração pela falta de renovação dos quadros do Inpe. É muito desgastante saber que o Brasil corre o risco de perder os excelentes serviços que o Inpe presta à sociedade. Nossos melhores especialistas têm mais de 30 anos de casa e podem se aposentar a qualquer momento. Confio na sensibilidade do ministro Aloizio Mercadante e do Dr. Raupp para conseguir soluções adequadas para que o Inpe continue a ser uma instituição de excelência e um orgulho para o Brasil.

Pequim, 18 de agosto de 2011

Gilberto Câmara

Diretor do Inpe
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Space Systems/Loral e Star One C4

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De acordo com informação recebida e apurada pelo blog Panorama Espacial, a fabricante de satélites norte-americana Space Systems/Loral (SS/L) foi pré-selecionada pela Star One, subsidiária da empresa de telecomunicações Embratel, para a construção do Star One C4. A informação foi confirmada ao blog por duas fontes e circula nos bastidores desde, ao menos, a semana passada. Não foi possível de se confirmar se um contrato já foi assinado.

A Space Systems/Loral tem forte atuação no nicho de satélites de comunicações de maior porte, o que pode ter sido determinante, juntamente com a desvalorização do dólar frente ao euro, para ter apresentado a proposta mais competitiva em termos de preço. Desde julho, rumores de que a proposta da SS/L teria sido a mais baixa já circulavam no mercado.

Três fabricantes apresentaram propostas para o Star One C4, que, comenta-se deve dispor de 48 transpônderes: as americanas SS/L e Boeing, e a europeia EADS Astrium. A Thales Alenia Space, responsável pela fabricação dos dois satélites de terceira geração da Star One atualmente em órbita (Star One C1 e C2), optou por não participar da competição, depois da difícil perda para a Orbital Sciences Corporation do contrato do Star One C3.

Caso a seleção da SS/L se confirme, a empresa americana terá a oportunidade de recuperar sua imagem no mercado brasileiro de comunicações via satélite. Isto por que os dois satélites Estrela do Sul (1 e 2), que ocupam posições orbitais brasileiras e foram fabricados pela SS/L enfrentaram problemas nos painéis solares, reduzindo suas capacidades (vejam a postagem a 'A "maldição" do Estrela do Sul').
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CLBI na 188ª missão da Arianespace

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CLBI participa de mais uma operação Ariane

17-08-2011

No dia seis de agosto de 2011, ocorreu a operação de lançamento do Foguete Ariane 5 que carregava os satélites Astra 1n e Bsat 3C. A missão marcou a 188ª participação sem erros, em missões Ariane, pela equipe da estação remota de Natal do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI).

A viagem dos satélites ASTRA 1N e BSAT 3C começou a ser preparada no Centro Espacial Guianês (CSG) há pelo menos três meses antes da partida. Esta fase compreendeu a chegada dos satélites e do foguete Ariane 5 em terras francesas, na América do Sul, onde foram realizados trabalhos intensivos de integração e testes entre os atores.

Ao mesmo tempo foi feita a preparação dos meios de solo no CSG e nas estações remotas pertencentes à cadeia operacional Ariane: Galliot (na Guiana Francesa), Natal (no Brasil), Ascension (ilha inglesa no Atlântico sul), Libreville (no Gabão) e Malindi (no Quênia).

No entanto, a parte em solo nacional possui uma singularidade. Todas as estações são mantidas e operadas por técnicos europeus de países membros da Agência Espacial Europeia (ESA), exceto a estação em terras brasileiras, cujos operadores são servidores públicos pertencentes ao quadro efetivo do CLBI.

A confiança na equipe brasileira é tão grande que, nesta participação, a estação de Natal recebeu diretamente do foguete informações essenciais e repassou para o CSG, via satélite, para a Segurança de Voo do veículo e dos seus satélites passageiros.

Este voo foi dedicado à Europa (Luxemburgo) e Ásia (Japão) onde foram posicionados os satélites ASTRA 1N e BSAT 3C que ficarão por um tempo médio de 15 anos oferecendo serviços de televisão direta àquelas regiões.

Para as equipes do CLBI, restou no fim da noite do sábado, o orgulho de ver a instituição mais uma vez marcar presença em uma restrita comunidade espacial internacional e o sentimento maior de missão cumprida!

Fonte: CLBI
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Doutorado em direito espacial pela USP

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16-08-2011

Em 15 de agosto de 2011, Olavo de Oliveira Bittencourt Neto teve aprovado, por unanimidade e com louvor, seu doutoramento em Direito Internacional na Universidade de São Paulo, sob orientação do Professor Titular Paulo Borba Casella. A tese apresentada, “Limite vertical à soberania dos Estados: fronteira entre espaço aéreo e ultraterrestre”, aborda tema clássico de Direito Espacial, e propõe alternativa para resolução de uma questão que permanece em aberto: até que altura eleva-se o poder dos Estados? O doutor sugere o estabelecimento de limite vertical de 100 km de altitude, a partir do nível do mar, temperado por direito de passagem para lançamento e reentrada de objetos espaciais, conforme regulamentação internacional que atente aos interesses dos Estados territoriais.

Participaram da banca de avaliação, realizada no salão nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, os professores associados da USP Pedro de Bohomeletz de Abreu Dallari e Geraldo Miniuci Ferreira Junior, bem como os professores convidados Jorge Luis Fontoura Nogueira e Valnora Leister.

Olavo Bittencourt recentemente publicou seu primeiro livro solo, “Direito Espacial Contemporâneo: Responsabilidade Internacional”, pela Editora Juruá. É membro da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA) e do International Institute of Space Law (IISL). Participa de delegações brasileiras perante o Comitê das Nações Unidas para Uso Pacífico do Espaço (COPUOS) desde 2009. Atua como professor de Direito Internacional, tendo ministrado aulas tanto no Brasil como exterior, dentre as quais destaca-se as promovidas na Universidade de Leiden, Holanda, instituição em que continuará suas pesquisas sobre Direito Espacial nos próximos meses, por conta de bolsa de pesquisa concedida pelo Grupo Coimbra.

Fonte: Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (ACI)
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Raupp vai à China

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Presidente da AEB viaja, hoje, para China

16-08-2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, integra nesta terça feira (16) a comitiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) chefiada pelo ministro Aloizio Mercadante, que viaja rumo a China, para participar de visita oficial àquele país. A delegação participará da abertura de duas subcomissões temáticas da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação. A primeira, no dia 21 de agosto a de cooperação espacial e no dia 23 a de ciência, tecnologia e inovação. Ainda faz parte da agenda visitas a instituições chinesas.

Na abertura dos trabalhos, no dia 22 de agosto, a subcomissão de cooperação espacial irá analisar a possível data de lançamento do satélite Cbers-3, estudará a proposta de construção da versão 4b do equipamento sino-brasileiro e debaterá a continuidade e expansão do programa com a quinta e a sexta versão dos satélites.

Graças à família Cbers, o Brasil tornou-se país sensoriador, espécie ainda rara no mundo, e, hoje, é um dos maiores distribuidores de dados de satélite: já forneceu, de graça, mais de 600 mil imagens a milhares de usuários e instituições públicas e privadas. Os dados têm múltiplas utilidades, entre elas a de monitorar desmatamentos e expansão da agropecuária, planejamento urbano e gerenciamento hídrico.

A política de distribuição de imagens produzidas pelo programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres para países africanos também será discutida. Em 2007, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do Cbers para toda a África. Isso habilitará governos e organizações africanas a monitorarem desastres naturais, desmatamentos, ameaças à produção agrícola e fatores de riscos à saúde pública. O continente já conta com três estações de recepção das imagens do sistema Cbers: CSIR, Hartebeeshoek, na África do Sul; Inta, Maspalomas, nas Ilhas Canárias, Espanha; e NARSS, Aswan, no Egito. A estação no Gabão, que está sendo negociada, depende de um acordo entre esse país, China, Brasil e França.

O encontro discutirá, ainda, a viabilidade de se construir uma versão do satélite equipada com radar de abertura sintética (SAR). A construção do projeto Brics estará na rodada de conversas.
Outro dilema será tratado, nesses dois dias. Enquanto os chineses gostariam de um apoio de estações terrestres brasileiras a voos tripulados das missões Shenzhou, os brasileiros gostariam de recepcionar imagens produzidas pelos satélites chineses HJ-1A E HJ-1B.

Em conjunto, os países pretendem estudar a possibilidade de elaboração de um programa decenal de cooperação na área espacial, tendo em vista os termos e resultados do Comunicado Conjunto assinado pelos presidentes Dilma Roussef e Hu Jintao, em abril passado. Brasileiros e chineses também analisarão a criação conjunta de um centro sobre pesquisas meteorológicas por satélite.

O encontro ainda servirá para discutir programas de mobilidade, capacitação e treinamento na área espacial, em parceria com os institutos de ensino e pesquisa da Academia de Ciências da China, com base, inclusive, no programa “Ciências sem Fronteiras”, lançado pelo governo brasileiro.

Fonte: AEB
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

The Space Review: Brasil como uma nova potência espacial?

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O website especializado "The Space Review", geralmente fonte de ótimas análises sobre história, tecnologia e negócios espaciais, divulgou hoje (15) um artigo sobre os projetos brasileiros na área de lançadores, intitulado "Will a new space power rise along the Atlantic?"

O texto não necessariamente apresenta as informações mais atualizadas sobre o Programa Cruzeiro do Sul (projeto mais conceitual, até o momento, sem maiores desdobramentos práticos) e outras iniciativas brasileiras no campo espacial, e também faz algumas relações/conexões, a nosso ver, forçadas. Além do mais, para ser um artigo ou reportagem mais completo e atual sobre lançadores no Brasil, este obrigatoriamente deveria abordar algumas possibilidades e movimentos de bastidores (lançador de microssatélites, por exemplo), o que não foi o caso. Mas, ainda assim, tem o seu valor como leitura para vermos como alguns países estrangeiros vêem o Programa Espacial Brasileiro.

Apesar de abordar lançadores, a conclusão foi ampla e bastante otimista, especialmente se levarmos em consideração o estágio em que se encontra o programa brasileiro em comparação a outros países, como Rússia, Índia e China: "O Programa Espacial do Brasil será interessante de se ver na próxima década. Se o país puder executar suas prioridades, isto poderá torná-lo uma potências espaciais líderes do mundo. Mas, nesse meio tempo, há muito trabalho a fazer", escreveu o autor, Douglas Messier.
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domingo, 14 de agosto de 2011

Cooperação Brasil - China, novo artigo de José Monserrat Filho

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Reproduzimos abaixo um novo artigo enviado pelo Prof. José Monserrat Filho, sobre a cooperação entre o Brasil e a China. No âmbito espacial, são dadas informações muito interessantes sobre os tópicos que serão discutidos na reunião da Subcomissão do Espaço da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Coordenação (COSBAN), na próxima semana:

Brasil-China – Mais espaço e muito além do espaço

José Monserrat Filho *

Na próxima segunda-feira, 22 de agosto, reúne-se em Beijing, China, a Subcomissão do Espaço da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Coordenação (COSBAN). E na terça-feira, dia 23, também na capital chinesa, reúne-se a subcomissão de Ciência, Tecnologia e Inovação. O que as duas subcomissões aprovarem será levado à consideração da COSBAN, que tem reunião marcada para o início de setembro, em Brasília.

Estes encontros devem articular a implementação das decisões tomadas durante a viagem à China da presidente Dilma Rousseff, em 12 e 13 de abril, quando foi recebida pelo presidente chinês, Hu Jintao, com quem assinou um comunicado conjunto de 29 pontos, que vale a pena ler. A visita, como logo veremos, marcou nova e promissora etapa nas relações bilaterais.

Trata-se não apenas de um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. “A China hoje é um vetor muito importante na ordem mundial. E quem não estiver de certa forma interagindo com a China, tende a ficar alienado desse movimento mundial”, notou muito bem, em julho passado, Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).¹

Quem primeiro descobriu a China como país importante para o Brasil, no século XX, foi o competente embaixador Saraiva Guerreiro (1918-2011). Em maio de 1982, oito anos após o nosso reconhecimento diplomático da China, o então chanceler brasileiro, inovador como poucos antes dele, inaugurou o caminho a Beijing para fomentar o comércio bilateral e ver o que viria por aí; foi recebido por Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tsé-tung à frente do país e promotor da grande reforma cujos frutos hoje impressionam o mundo.

Em 1985, redemocratizado o Brasil, Renato Archer, primeiro titular do novo Ministério da Ciência e Tecnologia, herdou do Itamaraty a carta chinesa enviada em 1984, propondo cooperação espacial. Não hesitou e, em julho de 1986, já estava na China com sua equipe, na qual despontavam Celso Amorim, então seu assessor internacional, hoje Ministro da Defesa (depois de ter sido chanceler por oito anos), e Marco Antônio Raupp, então diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), hoje presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).2

O nascimento do CBERS

Foi tudo muito rápido. Apenas dois anos depois, em junho de 1988, o então Presidente José Sarney firmou, na China, o acordo histórico para a construção conjunta do CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), o maior programa de cooperação entre países em desenvolvimento em tecnologia de ponta, na definição de Amorim. “A China contribuiu para colocar o Brasil na era espacial”, escreveram historiadores.²

O programa paralisado pelo Governo Collor (1990-92) e defendido pelo então embaixador do Brasil na China, Roberto Abdenur, sobreviveu airosamente até ser retomado pelo Governo Itamar Franco (1092-94) e assumido pelo então ministro da C&T, José Israel Vargas (1992-98). Mas faltou dinheiro. O CBERS-1 só foi lançado em 1999. Vargas já deixara o MCT. Felizmente, o CBERS-2 subiu em 2003 e o CBERS-2-B, em 19 de setembro de 2007.³ Esse último, porém, deixou de funcionar em abril de 2010. Seu período de vida útil era estimado em dois anos. Ele viveu mais tempo do que se previa. Deu 13 mil voltas na Terra. Gerou 270 mil imagens, distribuídas de graça a usuários brasileiros, e outras 60 mil distribuídas a usuários de mais de 40 países. Todas elas podem ser acessadas sem custo em http://www.dgi.inpe.br/CDSR.4 O fim do CBERS 2B deixou no ar um vazio que será preenchido pelo CBERS 3, a ser lançado em outubro de 2012. Essa questão, de suma relevância, está no primeiro ponto da pauta da referida reunião do dia 22, em Beijing.

Graças à família CBERS, o Brasil tornou-se país sensoriador, espécie ainda rara no mundo, e, hoje, é um dos maiores distribuidores de dados de satélite: já forneceu de graça mais de 600 mil imagens a dezenas de milhares de usuários, em instituições públicas e privadas. Os dados têm múltiplas utilidades, entre elas a de monitorar desmatamentos e expansão da agropecuária, planejamento urbano e gerenciamento hídrico.

Em 2007, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do CBERS a toda a África. Isso habilitará governos e organizações africanas a monitorarem desastres naturais, desmatamento, ameaças à produção agrícola e riscos à saúde pública. O continente já conta com três estações de recepção das imagens do sistema CBERS: CSIR, Hartebeeshoek, na África do Sul; INTA, Maspalomas, nas Ilhas Canárias, Espanha; e NARSS, Aswan, no Egito. A estação no Gabão, que está sendo negociada, depende de um acordo entre esse país, China, Brasil e França.

Por um CBERS mais abrangente

Chegou a hora de ampliar o programa CBERS e abrir novos campos de cooperação espacial. É o que reza o ponto 15 do Comunicado Conjunto dos presidentes Dilma Rousseff e Hu Jintao:

“As duas partes reafirmaram a elevada importância que atribuem à cooperação espacial e manifestaram a disposição de ampliar e diversificar a cooperação no Programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres – CBERS. Os órgãos relevantes dos dois países promoverão a conclusão da pesquisa e fabricação dos CBERS 03 e 04, conforme planejado, assim como planificarão o programa de cooperação aeroespacial sino-brasileiro conforme as necessidades do desenvolvimento aeroespacial dos dois países, iniciando as consultas sobre a continuidade da cooperação.”4

Na reunião de Beijing, em 22 de agosto, estarão em pauta não apenas os CBERS 3 e 4, mas também vários outros assuntos:

1) Os próximos passos da política de distribuição de imagens a países sul-americanos e africanos, a fim de se preparar a infraestrutura para a recepção das imagens do CBERS-3, com lançamento programado para outubro do ano que vem;
2) A decisão de lançar ou não o CBERS-4b;
3) Os projetos dos CBERS 5 e 6;
4) A construção conjunta do satélite SAR, equipado com radar de abertura sintética;
5) O apoio de estações terrestres do Brasil a voos tripulados da China (Missão Shenzhou); e
6) A construção do satélite BRICS

Serão também discutidas questões de política espacial internacional e a ideia de elaborar um programa decenal de cooperação espacial Brasil-China.

Dois temas de cooperação espacial constam da pauta da Subcomissão de CT&I, que se reúne em 23 de agosto:

1) Criação do centro bilateral de pesquisas meteorológicas por satélite, unindo o INPE e o Centro Nacional de Meteorologia da Administração Meteorológica da China; e
2) Programas de mobilidade, capacitação e treinamento na área espacial, em parceria com os institutos de ensino e pesquisa da Academia de Ciências da China, com base, inclusive, no programa “Ciências sem Fronteiras”, lançado pelo governo brasileiro.

Muito além da cooperação espacial

No seminário “Diálogo de Alto Nível Brasil–China em Ciência, Tecnologia e Inovação”, que abriu o programa oficial da presidente Dilma Rousseff em Beijing, em 12 de abril, discutiu-se, além do programa CBERS, a cooperação bilateral em energias renováveis, nanotecnologia, agricultura e segurança alimentar, tecnologia da informação e políticas de inovação.

Na véspera, o ministro da C&T, Aloizio Mercadante, secretários do MCT e o diretor do INPE, Gilberto Câmara, visitaram a Academia de Ciências da China, visando incrementar a colaboração nas áreas de observação da Terra, aplicações de sensoriamento remoto e clima espacial. Estiveram, também, na Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), um dos esteios da parceria estratégica Brasil-China.

No mesmo 12 de abril, os dois países firmaram acordos destinados à cooperação tecnológica petroleira e aeronáutica, inclusive a venda de 35 aviões da Embraer a empresas chinesas, operação estimada em 40 milhões de dólares. Assinou-se, também, o acordo pelo qual a Embraer produzirá o avião Legacy 600 na China, junto com a Corporação da Indústria de Aviação Chinesa (AVIC).

Informou-se que a empresa chinesa Foxconn projeta investir nos próximos cinco/seis anos 12 bilhões de dólares no Brasil, na produção de aplicativos para telefonia móvel e informática, como telas para aparelhos celulares. Esse projeto será estudado por grupo de trabalho já formado. E a empresa de telefonia Huawei anunciou a construção de um centro de pesquisas na região de São Paulo, com investimentos de 300 a 400 milhões de dólares.

Outros acordos também firmados instituem programas de cooperação nas áreas de defesa, nanotecnologia, recursos hídricos, normas fitossanitárias, tecnologia agrícola e agricultura tropical.

Acertou-se o intercâmbio de reitores de universidades, professores e estudantes.

E uma novidade, pela qual o MCT tem se empenhado nos últimos anos: o Brasil terá a colaboração da China para desenvolver tecnologias para o aproveitamento do bambu.

Em suma, o investimento chinês no Brasil, só nas áreas de CT&I, deve superar um bilhão de dólares, calcula o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

A Petrobras, por seu turno, assinou contratos com as empresas estatais chineses Sinopec e Sinochem para a exploração e aproveitamento de óleos de poços praticamente extintos.

E, last but not least, a China autorizou a importação de carne de porco brasileira, até então proibida por razões fitossanitárias.

Cooperação em nanociência, nanotecnologia e biotecnologia

A Subcomissão de CT&I examinará, agora no dia 23, uma pauta rica, em que despontam dois projetos:

1) Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nnotecnologia, com a elaboração de um programa de trabalho em nanociência e nanotecnologia, incluindo-se o cronograma de atividades, a previsão dos recursos financeiros necessários, a lista da instituições, equipes de pesquisadores e empresas participantes;
2) Trabalho conjunto em genética de plantas entre o Laboratório Virtual da Embrapa (Labex), com sede na China, e a Academia de Ciências Agrárias da China. Em abril, durante a visita da presidente Dilma Rousseff à Beijing, a Embrapa assinou acordos de cooperação com duas Academias chinesas, a de Ciências (CAS) e a de Ciências Agrárias Tropicais (CATAS).

Há, ainda, possibilidades de cooperação em biomedicina, genética humana e bioinformática.

Mudanças climáticas e tecnologias inovadoras para energia

Outro avanço cooperativo é o Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, que promoveu um seminário na Coppe-UFRJ, em 27 de julho último, com resultados especialmente úteis ao desenvolvimento de energias renováveis.5

O centro, criado pela Coppe e pela Universidade de Tsinghua, principal instituição chinesa de engenharia, tem por missão formular estratégias e ações destinadas a subsidiar decisões dos dois governos nas áreas de energia e meio ambiente.

Brasil e China têm características comuns em matéria de emissões de gases poluentes e podem atuar juntos nessa convergência. A China está na frente em tecnologias renováveis, graças sobretudo ao baixo custo de sua produção. Pode transferir tecnologia para o Brasil, particularmente em torres de aerogeradores (que produzem energia eólica), e também em painéis solares, com destaque para os fotovoltaicos.

Em breve, a Coppe deve assinar acordo com uma grande empresa chinesa produtora de aerogeradores, que serão adaptados às condições brasileiras. Pesquisadores da Coppe também trabalham na China na produção de biocombustíveis, com ênfase no biodiesel a base de palma, tecnologia desenvolvida por chineses e dinamarqueses, passível de ser adaptada ao Brasil.

A cooperação Coppe-Universidade de Tsinghua pode resultar em transferência de tecnologia chinesa ao Brasil e de tecnologia brasileira à China. Cada parte com o direito de agregar valor à solução da outra. A China, em geral, é mais avançada em tecnologias de energia solar e eólica. Mas o Brasil também tem o que oferecer: a Coppe, por exemplo, trabalha com a geração de energia a partir de ondas e marés, que pode ser útil aos chineses. E os chineses estudam na Coppe a tecnologia de produção de petróleo em águas profundas, de que o Brasil é líder mundial.

Há, portanto, um longo caminho pela frente. Um belo contraponto à crise mundial.

* Chefe da Assessoria de Cooperação Espacial da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Referências

1) Portal Brasil, Agência Brasil, 27/07/2011.
2) Oliveira, Fabíola de, Brasil - China - 20 anos de Cooperação Espacial: CBERS - O Satélite de Parceria Estratégica, publicado em 2008, sob a supervisão e o patrocínio do Ministério da Ciência e Tecnologia, através de sua Assessoria de Cooperação Internacional.
3) Cervo, Amado Luiz, e Bueno, Clodoaldo, História da política exterior do Brasil, 4ª ed. Rev. Ampli., Brasília: Universidade de Brasília, 2011, p. 515
4) Ver em http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/04/confira-comunicado-conjunto-do-encontro-de-dilma-com-hu-jintao.html
5) Portal Brasil, Agência Brasil, 27/07/2011.
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Evento de Direito Espacial: chamada de trabalhos

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Aos leitores do blog Panorama Espacial interessados e estudiosos de Direito Espacial, reproduzimos abaixo uma chamada de trabalhos para uma conferência internacional que acontecerá na Índia, no próximo mês de dezembro, gentilmente enviada por José Monserrat Filho:

Chamada de trabalhos para a Conferência Internacional sobre Regulação do Transporte Aéreo e de Aplicações Espaciais, na Índia, em dezembro

A Universidade Nacional de Direito, da Índia, promove a 3ª Terceira Conferência Internacional Anual sobre Direito e Regulação do Transporte Aéreo e Aplicações Espaciais, em Nova Delhi, nos dias 4, 5 e 6 de dezembro próximo.

O chamado para apresentação de trabalhos já está sendo divulgado.

Se você está pensando em participar, escolha a área de seu interesse e escreva um trabalho a respeito para apresentar na conferência.

Veja os temas previstos sobre direito espacial:

1) Questões emergentes em aplicações espaciais comerciais: satélites de comunicação, navegação e sensoriamento remoto; e
2) Segurança espacial: satélies anti-satélite e instalação de armas no espaço, serviços de manutenção em órbita, uso duplo dos recursos espaciais (fins pacíficos e militares); e lixo espacial.

E eis os temas programados para os eventos sobre direito aeronáutico:

1) Proteção e segurança da aeronave;
2) Responsabilidade do fabricante de aeronaves;
3) Responsabilidade das companhias aéreas e das empresas de seguros;
4) Regulação governamental, convênios bilaterais e liberalização do transporte aéreo;
5) Questões emergentes nos serviços de navegação aérea e responsabilidade;
6) Questões emergentes nos aeroportos e sua regulação econômica;
7) Questões ambientais emergentes no setor aéreo;
8) Financiamento e investimentos estrangeiros nas áreas de fabricação de aeronaves, companhias aéreas, aeroportos e serviços de solo, bem como de manutenção, revisão e reparo de aeronaves; Infra-estrutura da aviação regional; e
9) Lei da concorrência e alianças de companhias aéreas.

Atenção para as seguintes datas:

Você deve registrar o resumo (abstract) de seu trabalho até 16 de setembro.

A notificação sobre a aprovação de seu resumo lhe chegará até 30 de setembro.

Seu trabalho completo deve ser enviado à Conferência até 1º de novembro.

Esta conferência parte da ideia de que a Ásia é o mercado de aviação que mais cresce no mundo, e que a Índia é o propulsor de tal crescimento. Seus organizadores entendem que o conhecimento dos direitos, leis e regulamentos sobre as actividades aéreas e espaciais são essenciais para que se aproveitem as oportunidades econômicas que surgem hoje nesta parte do mundo.

Por isso, a Fundação Internacional de Aviação, Aeroespaço & Desenvolvimento (IFFAAD, na sigla em inglês), o Instituto de Direito Aéreo e Espacial da Universidade McGill, e a Universidade Nacional de Direito de Nova Delhi, Índia, lançam a chamada de trabalhos para a 3ª Conferência Internacional sobre Direito e Regulação do Transporte Aéreo e Aplicações Espaciais.

A Fundação Internacional de Aviação, Aeroespaço & Desenvolvimento, com sede em Montreal, Canadá, e representação em Nova Delhi, tem por fim estimular o intercâmbio de idéias e promover o interesse público por questões ligadas ao desenvolvimento da indústria internacional de aeronaves e às aplicações espaciais.

O Instituto de Direito Aéreo e Espacial da Universidade McGill, sediado em Montreal, Canadá, instituição considerada líder mundial no setor, oferece programas de reconhecida excelência no ensino e pesquisa em Direito Aeronáutico e Direito Espacial. Festejando 60 anos de existência em 2011, o Instituto orgulha-se de sua história rica em ensino e pesquisa, com bolsas de estudo, que proporcionam cursos altamente qualificados de pós-graduação para juristas dos campos da aeronáutica e do espaço, vindos de qualquer lugar do planeta.

A Universidade Nacional de Direito de Nova Delhi, criada em 2008, está comprometida a criar na Índia uma instituição capaz de formar, de modo competitivo, juristas especializados em temas globais e competentes para atuarem como agentes de mudanças na própria Índia.

A conferência foi pensada para ser útil a advogados e técnicos de justiça que trabalhem em empresas aéreas, ministérios e agências reguladores da aviação civil, além de gestores dos aeroportos, professores e estudantes de Direito.

O evento pretende fomentar a consciência das questões emergentes, oferecer oportunidades de rede e promover negócios entre indústrias de aeronaves e espacial d Índia e de outros países.

Regalias para quem apresentar trabalho:

Se você apresentar trabalho, terá gratuitas a inscrição no evento, a hospedagem e a alimentação nos dias da conferência.

Diretrizes para submeter um trabalho:

1) Os resumos devem ter até 200 palavras (em MS Word; Doc ou. Docx), com clara indicação do título do trabalho, do nome completo do autor e sua filiação institucionar, bem como endereço postal completo, telefone, fax e endereço eletrônico (e-mail).
2) O resumo (abstract) e o trabalho devem ser escritos em Inglês.
3) Data limite para envio do resumo: sexta-feira, 16 setembro de 2011, às 5h, horário da costa leste do Canadá.
4) O resumo e o trabalho devem ser enviados para: Diane Howard em e Sanat Dr. Kaul em
5) Dúvidas e perguntas podem ser enviadas a eses dois e-mails.
6) As Instruções aos Autores estarão disponíveis em breve no site: http://www.mcgill.ca/iasl/

Fonte: SBDA, via José Monserrat Filho
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Workshop da AAB sobre Missões Espaciais: principais conclusões

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Em 30 de junho, a Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) promoveu um workshop com objetivo de aprofundar as discussões sobre o tema "Missões Espaciais", apresentadas no documento “A Visão da AAB para o Programa Espacial Brasileiro”, divulgada em dezembro de 2010.

Participaram do evento vários especialistas do setor, dentre os quais representantes de empresas (Star One e Equatorial Sistemas), e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (para acessar as apresentações, clique aqui).

Ontem (11), a AAB divulgou uma súmula do workshop, cujas principais conclusões foram:

- adquirir satélites para atender à demanda de curto prazo e desenvolvê-los no médio e longo prazo;
- investir em satélites meteorológicos de baixa órbita e baixa inclinação do plano orbital;
- incluir em uma missão de telecomunicações um hosted payload para uma missão meteorológica;
- resolver o dilema atendimento à demanda versus desenvolvimento sem atropelamentos e sem contingenciamentos;
- incluir análise de risco na análise das missões; e
- o programa espacial deve responder às demandas da sociedade.

Para ter acesso a súmula em sua íntegra (em PDF), clique aqui.
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"O céu não pode esperar"

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A edição de agosto da revista Pesquisa FAPESP, editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), traz uma extensa e interessante reportagem, de capa, sobre a reformulação do Programa Espacial Brasileiro, intitulada "O céu não pode esperar" (para acessá-la, clique sobre o título em azul). Todas as vertentes do programa nacional (institucional, satélites, lançadores, infraestrutura e indústria) acabam sendo abordadas, com algumas informações, inclusive, bem curiosas. No texto, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, reconhece, por exemplo, a necessidade de se firmar um acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos para a viabilização comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cooperação Brasil - Canadá

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Com a conclusão da visita do Primeiro Ministro canadense, Stephen Harper, ao Brasil, entre os dias 7 e 9 de agosto, os governos brasileiro e do Canadá divulgaram uma declaração conjunta. Um dos pontos destaca o interesse dos dois países em iniciar "um diálogo de cooperação espacial". Veja abaixo:

"[A presidenta Dilma Roussef e o Primeiro Ministro] Afirmaram seu desejo de iniciar um Diálogo de Cooperação Espacial e instruíram as agências e instituições apropriadas dos dois países a explorarem possíveis caminhos para a cooperação nos usos do espaço exterior para fins pacíficos."

No final de junho, a cooperação espacial entre os dois países já havia sido divulgada, por ocasião de reunião do ministro de Comércio Internacional do Canadá, Edward Fast, com Aloizio Mercadante, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (veja aqui).

O programa espacial canadense é bastante focado em satélites, especialmente de observação terrestre (Radarsat, de tecnologia SAR), comunicações e robótica (o Canadarm 2, braço robótico usado na Estação Espacial Internacional, foi uma contribuição do Canadá ao programa multinacional).
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Astrium apresenta linha de produtos GEO Elevation

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10/08/2011

Modelos de elevação fornecem dados precisos sobre determinada área, independente das condições climáticas e de relevo. Aplicação se destina especialmente aos setores de infraestrutura, engenharia, petróleo & gás e gerenciamento de desastres naturais.

A Astrium GEO-Information Services anuncia o lançamento mundial da série de produtos GEO Elevation. Esses conjuntos de dados são utilizados para alta qualidade de ortorretificação de imagens, bem como para mapeamentos e análises de terreno, identificação de corpos de água, modelagem de inundações e visualização em 3D. No Brasil, os produtos serão comercializados sob encomenda, de acordo com as necessidades de cada cliente.

A linha de produtos é voltada para profissionais que dependem de informações precisas sobre determinada área, sobretudo em setores como engenharia e planejamento (realização de estudos de viabilidade para projetos de infraestrutura), segurança pública (gerenciamento de catástrofes naturais, com mapeamento de áreas de inundação, que podem ser detectadas mesmo por debaixo da vegetação) e petróleo e gás (análise geológica do terreno e modelagem de superfície 3D para avaliação do potencial de recursos naturais).

"Nosso objetivo é simplificar o acesso e a utilização de dados de elevação. Para projetos de grande escala de mapeamento e operações militares, nosso produto Elevation30 é ideal devido à sua cobertura de alta precisão e homogeneidade de dados. Obtido a partir do satélite SAR, o Elevation10 pode fornecer modelos de elevação regionais de 10m em todo o mundo, independente das condições meteorológicas e de relevo. Já para projetos que exigem altíssimo nível de precisão, o Elevation+ conta com espaçamento horizontal de 1m e precisão vertical de 20 cm”, explica Pierre Duquesne, diretor-geral da Astrium GEO-Information Services no Brasil.

Satélites de radar TerraSAR-X e TanDEM-X adquirem imagens de alta qualidade em banda X com precisão inferior a 1m, independente das condições climáticas e de iluminação. Imagens dos satélites SPOT oferecem uma combinação ideal entre resolução e cobertura. Com quatro sensores atualmente no espaço e mais cinco projetados para os próximos cinco anos, a continuidade de dados é garantida no mínimo até 2023.

Abaixo estão as características dos três principais produtos que compõem o modelo GEO Elevation:

Elevation30

- Ideal para defesa, mapeamento e modelos de aplicação de terreno
- Banco de dados 3D disponíveis para mais de 50 milhões de km ² em todo o mundo
- Precisão de até 6m (horizontal e vertical)

Elevation10

- Ideal para aplicações de mapeamento, engenharia civil, exploração de petróleo e gás
- Modelos atualizados de elevação de aquisição de dados, personalizado para o cliente
- Precisão de até 5m com espaçamento de grade absoluta de 10m
- Cobertura regional disponível a partir de apenas 500 km²

Elevation +

- Ideal para os projetos que requerem alta precisão, tais como design de engenharia e modelagem de inundação
- Dados de altura altamente detalhados, com espaçamento horizontal de 1m ou melhor e precisão vertical de 20 cm

Fonte: Astrium GEO-Information Services
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Reportagem sobre o 14-X em Tecnologia & Defesa

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14-X - O veículo hipersônico do IEAv

André M. Mileski

Na última edição da LAAD, realizada entre 12 e 15 de abril, um mockup de veículo aeroespacial com linhas futurísticas atraiu a atenção de quem circulava pelos corredores de um dos pavilhões. Tratava-se do veículo hipersônico 14-X, projeto de demonstração tecnológica em desenvolvimento pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), de São José dos Campos (SP), subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e que desenvolve pesquisas e atividades nas áreas nuclear, de fotônica, geointeligência, aerotermodinâmica hipersônica e física aplicada.

No final de maio, a reportagem de Tecnologia & Defesa esteve nas instalações do instituto para conversar com seu diretor, coronel-engenheiro Marco Antonio Sala Minucci, e saber mais sobre o assunto.

O projeto começou a ser pensado em 2006, com a ideia do IEAv em buscar obter conhecimentos em combustão hipersônica. E, com o 14-X, que recebeu este nome em homenagem ao 14-Bis, de Alberto Santos Dumont, o instituto tem desenvolvido capacidades nacionais em tecnologia waverider, que proporciona sustentação ao veículo aeroespacial, e tecnologia scramjet, sistema de propulsão hipersônica aspirada baseada na combustão supersônica. Tais tecnologias proporcionariam, se houvesse decisão para tal, a construção de um veículo hipersônico capaz de inserir satélites em órbita.

Ensaios

O IEAv já trabalha nos preparativos de um voo teste com um modelo dummy, com as mesmas dimensões que um veículo real (dois metros de comprimento e 800 mm de envergadura), mas oco e com entrada de ar. O objetivo do experimento, planejado para o final de 2012, é entender como será a dinâmica de voo do 14-X a bordo do foguete VAH (Veículo Acelerador Hipersônico), baseado no VSB-30. O lançamento, que não envolverá separação, deverá atingir velocidades de Mach 7, isto é, sete vezes a velocidade do som, numa altitude entre 30 e 40 quilômetros.

A campanha de desenvolvimento do 14-X prevê a execução de quatro ensaios atmosféricos, com desafios crescentes. No segundo voo, a ideia é que o 14-X esteja equipado com um motor scramjet, devendo o terceiro ter uma maior duração. Finalmente, no quarto, é possível que o veículo realize alguma manobra.

Envolvimento industrial e domínio tecnológico

Como é característico nos programas do DCTA, o projeto do 14-X envolve considerável participação da indústria nacional. A Britanite atua no estágio de acoplamento do 14-X com o propulsor S-30 (2º estágio do VAH), a Mectron no subsistema de telemetria, e a Flight Technologies no controle de altitude do veículo, entre outras.

Além de recursos próprios do IEAv, o 14-X tem sido financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O 14-X é um projeto de demonstração, com objetivos claros de desenvolvimento e capacitação em alguns campos tecnológicos. Mais que isso, a iniciativa também deve gerar importantes spin-offs, isto é, conhecimentos e tecnologias aplicáveis a outros campos que não o aeroespacial, como em materiais refratários e tecnologia criogênica. Em materiais refratários, aliás, tecnologia dominada por poucos países e extremamente crítica para missões de reentrada atmosférica, o 14-X faz uso do conhecimento obtido com o projeto SARA (Satélite de Reentrada Atmosférica), de responsabilidade do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

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TECNOLOGIA WAVERIDER

A tecnologia waverider proporciona sustentação utilizando onda de choque, formada durante o voo supersônico/hipersônico na atmosfera terrestre, originada no bordo de ataque e colada no intradorso do veículo, gerando uma região de alta pressão, resultando em alta sustentação e mínimo arrasto. O ar atmosférico, pré-comprimido pela onda de choque, que está compreendida entre a onda de choque e a superfície (intradorso) do veículo pode ser utilizado em sistema de propulsão hipersônico aspirado baseado na tecnologia scramjet.

TECNOLOGIA SCRAMJET

A tecnologia scramjet (supersonic combustion ramjet) faz uso de um estatoreator (motor aeronáutico aspirado) que não possui partes móveis e que utiliza ondas de choque, geradas durante o voo hipersônico (de veículos aeroespaciais), para promover a compressão e a desaceleração do ar atmosférico. Imediatamente anterior ou na entrada da câmara de combustão, combustível é injetado e misturado com oxigênio existente no ar atmosférico. Como a mistura entra na câmara de combustão em velocidade supersônica, o processo de combustão se dá em regime supersônico, denominada de combustão supersônica, conseqüentemente tecnologia scramjet. O produto da combustão é expelido na região de exaustão (expansão).

Fonte: IEAv

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Crédito: revista Tecnologia & Defesa, nº 125.
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domingo, 7 de agosto de 2011

Diálogo EUA-China em espaço, artigo de José Monserrat Filho

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Reproduzimos abaixo, novo artigo de autoria de José Monserrat Filho:

Diálogo EUA-China sobre temas espaciais sensíveis

José Monserrat Filho*

“The argument that China and the United States are condemned to collision assumes that they deal with each other as competing blocs across the Pacific. But this is the road to disaster for both sides.”¹ Henry Kissinger, On China, New York: The Pengun Press, 2011, p. 528

Os Estados Unidos (EUA) vêm de propor um diálogo regular com a China sobre problemas espaciais. A iniciativa, anunciada à imprensa pelo vice-secretário assistente de Defesa dos EUA, Gregory L. Schulte, é definida como parte do esforço para a criação de novas normas espaciais e para a redução do risco de acidentes, evitando-se mal-entendidos, equívocos de interpretação e erros de cálculo no espaço. No fundo, muito provavelmente, a ideia principal é a de prevenir possíveis controvérsias e conflitos entre os dois países – hoje as maiores potências do planeta.

Que têm o Brasil e o resto do mundo a ver com isso? Tudo a ver. Primeiro, porque a questão é de segurança universal. Qualquer coisa que vá para o espaço e de lá venha, de bom e de ruim, afeta interesses fundamentais da comunidade mundial – querendo ou não, ninguém fica de fora. Segundo, porque a possibilidade de acidentes, incidentes, mal-entendidos e sobretudo choques ameaça a ordem vigente, a sustentabilidade e a realização normal, segura e produtiva das atividades espaciais, das quais dependem hoje por inteiro a vida quotidiana e o trabalho de todos os povos e países, desenvolvidos e subdesenvolvidos, avançados e atrasados, obesos e famintos, ricos e pobres.

Meta: manter posição dominante no espaço

Não por acaso, a proposta americana mereceu atenção especial do secretário-geral da Associação Chinesa de Controle de Armas e Desarmamento, Li Hong. Ele não tardou a escrever o comentário “Tornar o Espaço Seguro para Todos”, publicado no jornal China Daily, de Beijing, em 4 de agosto último, e reproduzido no portal Space Daily, de 7 de agosto.

Li Hong começa lembrando que a segurança espacial há muito tempo preocupa a área de controle de armas. Desde o fim dos anos 90, frisa ele, China e Rússia exortam a comunidade internacional a promover um diálogo multilateral para impedir a instalação de armas no espaço. Na Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento, em Genebra, os dois países já apresentaram projetos de tratado proibindo o uso da força e a colocação de armas em órbitas da Terra.²

Mas, segundo Li Hong, os EUA têm sempre se negado a negociar tais acordos, temerosos de que eles restrinjam o desenvolvimento e a manutenção de seu sistema anti-míssil, bem como impeçam o uso e o aperfeiçoamento de sua tecnologia espacial militar.

Para o especialista chinês, “alguns círculos conservadores dos EUA estão convencidos de que o país pode usar seus sistemas e recursos para manter posição dominante no espaço”. Na visão destes meios, “os EUA não precisam conversar a respeito com outros países, pois esses têm situação muito inferior no uso do espaço para fins militares”. Por isso, diz Li Hong, “os EUA dão ênfase à liberdade de uso do espaço. Em essência, eles querem firmar sua hegemonia espacial”.

Todos os países podem usar livremente o espaço. Podem?

O princípio da liberdade de uso do espaço está consagrado no Artigo 1º, § 2º, do Tratado do Espaço, de 1967, o código maior das atividades espaciais. Ele reza: “O espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes, poderá ser explorado e utilizado livremente por todos os Estados sem qualquer discriminação, em condições de igualdade e em conformidade com o direito internacional, devendo haver liberdade de acesso a todas as regiões dos corpos celestes”.

A liberdade de uso do espaço, pois, é universalmente reconhecida, mas não é incondicional: não pode discriminar os demais países, nem ignorar o direito de todos eles de explorarem e usarem livremente o espaço. Ou seja, todos os países são legalmente iguais perante o espaço.

Caso contrário, o Tratado do Espaço não poderia ter adotada, no Artigo 1º, § 1º, a “cláusula do bem comum”, que dá sentido superior às atividades espaciais. Vale a pena refletir sobre o que ela estabelece: “A exploração e o uso do espaço cósmico, inclusive da Lua e demais corpos celestes, deverão ter em mira o bem e o interesse de todos os países, qualquer que seja o estágio de seu desenvolvimento econômico e científico, e são incumbência de toda a humanidade”.³

Incertezas diante dos desafios da segurança espacial

Na opinião de Li Hong, “os EUA, afetados pela crise financeira, viram-se forçados a restringir o desenvolvimento de sua tecnologia espacial e pôr termo ao programa dos ônibus espaciais. O que pode ser ser visto” como revés dos EUA no desenvolvimento tecnológico espacial.

“E mais importante”, acrescenta ele, “os EUA se deram conta de que sua vantagem no espaço enfrenta sérios desafios, já que a distância entre eles e os outros países está diminuindo”. Li Hong conclui, então, que “os EUA devem mudar sua política de segurança espacial”. Ele recorda que a Política Espacial Nacional e a Política Nacional de Segurança Espacial, lançadas pelos EUA, “enfatizam a cooperação em tecnologia espacial com seus aliados e o diálogo com a Rússia, China e outros países, para evitar condutas irresponsáveis no espaço”.

Vale questionar: Será que só a Rússia, a China e os outros países seriam capazes de “condutas irresponsáveis no espaço”? Que país pode se outorgar o privilégio de julgar se a conduta de outro país no espaço é responsável ou não?

O especialista chinês vê os EUA como totalmente autocentrados, até mesmo na relação com os aliados: “os EUA procuram cooperar com seus aliados para integrar e usar os recursos deles, capazes de compensar sua própria carência de investimento e ajudar a manter sua própria liderança em tecnologia espacial”. Daí que, para Li Hong, o diálogo proposto pelos EUA seria focado “em seus dois potenciais concorrentes, Rússia e China, para regular e restringir seu desenvolvimento e prevenir que eles desafiem a hegemonia espacial norte-americana”. Isso ele considera “mentalidade típica da Guerra Fria”. A seu ver, “a ânsia dos EUA em dialogar com a China reflete sua incerteza diante dos desafios de segurança espacial”.

Proposta: estabelecer novo quadro jurídico internacional

Dado que há novidades no ar e que “as atividades espaciais humanas estão se tornando cada vez mais intensas”, Li Hong sustenta que é “do interesse de todos os países estabelecer novo quadro de acordos e normas internacionais sobre o uso do espaço”.

Para ele, “é incumbência de todos os países promover consultas e discussões para eliminar dejetos espaciais, prevenir colisões de satélites, assegurar razoável alocação de recursos e o estabelecimento de um código de conduta. Além disso, é absolutamente preciso levar em conta em seu conjunto as necessidades e preocupações de todos os países usuários do espaço. É preciso também, ao se formularem as normas espaciais, garantir, mediante consultas, a participação e o consenso universais em relação a elas”.

Neste sentido, sublinha Li Hong, “o desejo dos EUA de conversar com a Rússia e a China é bem-vindo”. Mas, adverte, “os EUA devem reconhecer que as conversas sobre segurança espacial envolvem os interesses de todos os países”, e que “a elaboração de normas e regras de conduta internacional não deve ser monopolizada por algumas potências”.

Ele opina que “no processo de coordenação e diálogo, as grandes potências devem promover mais ativamente o diálogo e a cooperação multilaterais no âmbito das Nações Unidas”, e que “regras internacionais sobre o espaço verdadeiramente eficazes e universalmente aceitas só podem ser estabelecidas se estiverem baseadas na participação igual de todos os países”.

São ideias construtivas e estimulantes. Mas Li Hong deixa um vazio embaraçoso ao não mencionar os acordos espaciais hoje em vigor, a começar pelo referido Tratado do Espaço de 1967, cujos princípios constituem conquistas difíceis de subestimar. Impossível esquecer o que disse Manfred Lachs, ex-presidente da Corte Internacional de Haya, sobre o Tratado do Espaço, no momento de seu lançamento oficial: “Esse é o primeiro capítulo do grande livro sobre o direito de amanhã... A aventura do ser humano no espaço deve ampliar o seu senso de responsabilidade”.4
Corrida armamentista no espaço

Li Hong assevera que “a China sempre defendeu o uso pacífico do espaço”, e que nas próximas décadas, “ele estará concentrado no desenvolvimento da economia nacional e na melhoria de vida de mais de 1,3 bilhão de chineses”.

Ele não nega nem omite as atividades espaciais militares de seu país: “A China precisa desenvolver capacidades de defesa no espaço, mas quer evitar deixar-se envolver em uma corrida armamentista espacial”.

Segundo Li Hong, “a China guia-se por estratégia defensiva de defesa” (defensive defense strategy). Parece chover no molhado, mas ele explica: “Não tem a intenção de estabelecer 'hegemonia' e não acredita em, nem aspira à segurança absoluta”; “em vez disso, propugna pela segurança comum [coletiva] por meio da cooperação mutuamente benéfica”.

E aqui vai o prognóstico mais importante de Li Hong: “Daí que, mesmo se a China for capaz no futuro de competir com os EUA em força total, ela lembrará a experiência da antiga União Soviética, que desistiu de participar de uma corrida armamentista espacial com os EUA”.

Isso significa que a China admitiria a possibilidade de “no futuro competir com os EUA em força total”, embora desejando excluir o espaço como objeto e lugar de conflito. Contudo, ressalta o estudioso chinês de controle de armas e desarmamento, “a China sempre quis diálogo e se opôs ao confronto. Por isso, nunca vai rejeitar uma oferta de diálogo. Mas o diálogo deve ser baseado na igualdade e respeito mútuo”.

A realização do diálogo não está isenta de obstáculos, reconhece Li Hong: “Políticas e marcos legais dos EUA, inclusive a venda de armas a Taiwan, restrições às exportações de alta tecnologia da China e o não-uso de foguetes chineses para lançamento de satélites norte-americanos prejudicam seriamente a base política do diálogo China-EUA sobre o espaço”.

Qual será a receita do sucesso para essa relação? Li Hong se esmera na resposta: “China e EUA, além de realizarem o diálogo, devem promover cooperação espacial pragmática e trocar informações sobre o espaço como parte do mecanismo de suas conversações bilaterais, pois as diferenças entre a estratégia de defesa defensiva de Beijing e a estratégia de dissuasão de Washington criaram um fosso entre as áreas de transparência das forças armadas dos dois países”.

Em suma, o entendimento possível e indispensável China-EUA passa necessariamente por um acordo sobre os limites do uso militar do espaço.

* Chefe da Assessoria de Cooperação Espacial da AEB.

Referências

1) Tradução livre: “O argumento de que a China e os Estados Unidos estão condenados à colisão admite que eles tratam um ao outro como blocos que competem através do Pacífico. Mas esse é o caminho do desastre para ambos os lados.”
2) Ver site
3) Ver texto completo do Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes (Tratado do Espaço) no site .
4) Lachs, Manfred, The Treaty on Principles of the Law of Outer Space, Netherlands International Law Review, Martinus Nijhoff Publishers, Vol. XXXIX, 1992/3; Vereshchetin, V. S., The law of outer space in the general legal field (commonality and particularities) , Revista Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial, nº 93, abril, 2010.
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