sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cubesat AESP-14: lançamento na próxima semana

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Cubesat AESP-14 será lançado da Estação Espacial na próxima semana

Brasília, 29 de janeiro de 2015 – O cubesat AESP-14, primeiro satélite de pequeno porte 100% desenvolvido no país, será lançado ao espaço a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na próxima quinta-feira (5). A missão do nanossatélite é validar subsistemas produzidos por alunos de graduação e pós-graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP).

Para cumprir sua tarefa, 30 minutos após o lançamento será ativado um modem a bordo, que transmitirá informações de cientistas brasileiros na frequência de rádio amador e os dez primeiros rádio amadores que captarem a transmissão receberão certificado de participação.

O modem tem potência de 500 mW operando na frequência de 437.600 MHz. O cubesat transmitirá informações com uma taxa de 9600 bps padrão G3RUH na modulação GFSK. Para a comunidade radioamadora, receber os frames de telemetria e decodificá-los, o documento básico está disponível no site do projeto AESP-14. Sua colocação em órbita será feita por meio do dispositivo japonês JEM Small Satellite Orbital Deployer (J-SSOD), um lançador desenvolvido para satélites de pequeno porte.

O experimento radioamadorístico do AESP-14 foi elaborado pelo professor e radioamador Douglas Santos (PY2DGS) e pelos radioamadores do Clube de Radioamadores de Americana (Cram) Adinei Brochi (PY2ADN), William Schauff (PY2GN), Hamilton Horta (PY2NI), Junior Zappia (PU2LAA), João Ferreira (PY2JF), Demilson Quintão (PY2UEP) e Edson Pereira (PY2SDR).

O experimento do Cram consiste na transmissão de 100 sequências aleatórias (strings MD5) armazenadas na memória do satélite. Elas serão usadas em um conteste entre as estações radioamadoras receptoras e também como uma espécie de álbum de figurinhas online.

As imagens do álbum serão escolhidas de forma que sejam relevantes para as áreas de ensino do projeto STEM Brasil (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), um projeto desenvolvido entre radioamadores e instituições de ensino.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) investiu R$ 250 mil no desenvolvimento do satélite, cabendo ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o aporte de R$ 150 mil em bolsas para pesquisas. A AEB ainda financiou US$ 555 mil para os lançamentos do AESP-14, do Serpens e NanossatC-Br1, este já no espaço desde 2014.

Fonte: AEBCubesat AESP-14 será lançado da Estação Espacial na próxima semana

Brasília, 29 de janeiro de 2015 – O cubesat AESP-14, primeiro satélite de pequeno porte 100% desenvolvido no país, será lançado ao espaço a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na próxima quinta-feira (5). A missão do nanossatélite é validar subsistemas produzidos por alunos de graduação e pós-graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP).

Para cumprir sua tarefa, 30 minutos após o lançamento será ativado um modem a bordo, que transmitirá informações de cientistas brasileiros na frequência de rádio amador e os dez primeiros rádio amadores que captarem a transmissão receberão certificado de participação.

O modem tem potência de 500 mW operando na frequência de 437.600 MHz. O cubesat transmitirá informações com uma taxa de 9600 bps padrão G3RUH na modulação GFSK. Para a comunidade radioamadora, receber os frames de telemetria e decodificá-los, o documento básico está disponível no site do projeto AESP-14. Sua colocação em órbita será feita por meio do dispositivo japonês JEM Small Satellite Orbital Deployer (J-SSOD), um lançador desenvolvido para satélites de pequeno porte.

O experimento radioamadorístico do AESP-14 foi elaborado pelo professor e radioamador Douglas Santos (PY2DGS) e pelos radioamadores do Clube de Radioamadores de Americana (Cram) Adinei Brochi (PY2ADN), William Schauff (PY2GN), Hamilton Horta (PY2NI), Junior Zappia (PU2LAA), João Ferreira (PY2JF), Demilson Quintão (PY2UEP) e Edson Pereira (PY2SDR).

O experimento do Cram consiste na transmissão de 100 sequências aleatórias (strings MD5) armazenadas na memória do satélite. Elas serão usadas em um conteste entre as estações radioamadoras receptoras e também como uma espécie de álbum de figurinhas online.

As imagens do álbum serão escolhidas de forma que sejam relevantes para as áreas de ensino do projeto STEM Brasil (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), um projeto desenvolvido entre radioamadores e instituições de ensino.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) investiu R$ 250 mil no desenvolvimento do satélite, cabendo ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o aporte de R$ 150 mil em bolsas para pesquisas. A AEB ainda financiou US$ 555 mil para os lançamentos do AESP-14, do Serpens e NanossatC-Br1, este já no espaço desde 2014.

Fonte: AEB
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Amazônia, TerraClass e PRODES

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Dados sobre uso da terra na Amazônia estão online

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

Os dados do TerraClass 2012 estão disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Trata-se do mais recente relatório do projeto realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para mapear o uso das áreas desmatadas na Amazônia. Confira aqui.

O TerraClass qualifica as áreas mapeadas pelo PRODES, o sistema do INPE que contabiliza anualmente o desmate por corte raso na Amazônia Legal com base em imagens de satélites. Para este relatório, apresentado no final de novembro, foram mapeados 751 mil km2, o que corresponde ao total do desmatamento desde o ano 1988 até 2012. Mais informações aqui.

Para descrever a situação do uso e da cobertura da terra, o projeto considera as seguintes classes temáticas: Agricultura Anual, Pasto Limpo, Pasto Sujo, Pasto com Solo Exposto, Regeneração com Pasto, Vegetação Secundária, Mosaico de Ocupações, Mineração, Área Urbana e Reflorestamento.

O INPE executa o projeto TerraClass em seu Centro Regional da Amazônia (CRA), instalado em Belém (PA): www.inpe.br/cra

Fonte: INPE
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

"O Relógio do Apocalipse e as Atividades Espaciais", artigo de José Monserrat Filho

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O Relógio do Apocalipse e as Atividades Espaciais

José Monserrat Filho*

"O mundo não está suficientemente preparado para um ambiente de risco cada vez mais complexo." Relatório de 2015 sobre “Riscos Globais”, Fórum Econômico Mundial, Davos, Suiça1

O que as atividades espaciais, hoje indispensáveis à vida no planeta, podem fazer para deter e atrasar o Relógio do Apocalipse (Doomsday Clock)? Que relações se podem estabelecer entre a exploração e o uso do espaço exterior e as advertências do relógio?

Em 19 de janeiro de 2015, esse indicador sui generis passou a marcar 23:57h, três minutos para a meia-noite – a hora da catástrofe global capaz de extinguir a espécie humana que habita a Terra há muitos milhares de anos. A decisão de adiantar o relógio em dois minutos foi tomada após consultas a especialistas, inclusive 17 laureados com o Prêmio Nobel, entre os quais três famosos físicos, o britânico Stephen Hawking, o japonês pioneiro no estudo dos neutrinos Masatoshi Koshiba e o norte-americano Leon Lederman.

A análise do Boletim dos Cientistas Atômicos2, através de sua Diretoria de Ciência e Segurança, dirigida “aos líderes e cidadãos do mundo”, afirma, em síntese:

"Em 2015, a mudança climática não checada, a modernização de armas nucleares globais e os exagerados arsenais de armas nucleares representam ameaças extraordinárias e inegáveis à continuidade da existência da humanidade, e os líderes mundiais falharam ao não agir com a velocidade ou na escala necessárias para proteger os cidadãos da potencial catástrofe. Essas falhas de liderança política põem em perigo cada pessoa na Terra."

O Relógio do Apocalipse, criado em 1947 para alertar contra o perigo das armas nucleares, foi iniciativa da citada Diretoria do Boletim dos Cientistas Atômicos, revista norte-americana fundada em 1945 por cientistas, engenheiros e técnicos da Universidade de Chicago, ex-participantes do projeto Manhattan, que deu ao mundo a primeira bomba atômica – “essa relíquia histórica” que confirmou o pré-aviso de seus criadores ao ser lançada em agosto do mesmo ano (1945) sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, matando mais de 100 mil pessoas já no primeiro dia dos dois bombardeios e mais outro tanto nos meses que se seguiram.

Em 1947, vale notar, começava a Guerra Fria entre EUA e ex-União Soviética (URSS).

Nestes 68 anos, o Relógio do Apocalipse foi reajustado apenas 22 vezes.

Seu pior momento ocorreu em 1953, provocado pelos testes dos EUA e URSS com armas de hidrogênio, quando marcou 23,58h, ou seja, dois minutos para a meia-noite,

E o melhor momento deu-se em 1991, com a assinatura entre EUA e URSS, em 31 de julho, do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START I), que restringia o desenvolvimento de arsenais nucleares, quando marcou 23,43h, isto é, 17 minutos para a meia-noite.

De 1953 a 1960, o quadro melhorou, graças ao aumento de cooperação científica entre as duas potências, ao entendimento público dos perigos das armas nucleares e às ações políticas destinadas a evitar a "retaliação maciça", com EUA e URSS evitando o confronto direto em conflitos regionais, como no caso da Crise de Suez em 1956, e acertando não levar para o espaço exterior sua rivalidade na Terra3. E mais: o Ano Geofísico Internacional (01/07/1957-31/12/1958) reuniu cerca de 60 mil pesquisadores de 66 países, inclusive EUA e URSS e seus aliados, para conhecer melhor e mais profundamente os fenômenos do planeta. E surgiram as Conferências Pugwash sobre ciência e questões estratégicas mundiais, permitindo a interação entre cientistas norte-americanos e soviéticos. Tudo isso fez o relógio recuar e marcar sete para a meia-noite.

Em Janeiro de 2007, porém, ele foi adiantado em cinco minutos, passando a indicar cinco para a meia-noite, em vista de duas calamidades em potencial: 1) as ameaças de 27 mil armas nucleares, duas mil delas prontas para serem lançadas em minutos; e 2) a destruição do habitat dos seres humanos causada pela mudança climática.

O relógio fatídico tornou-se referência universal reconhecida de possíveis catástrofes globais decorrentes do uso de armas nucleares, das mudanças climáticas e das novas tecnologias baseadas nas ciências da vida.

Agora em 19 de janeiro, adiantado em dois minutos, ele passou a marcar três minutos para a meia-noite. Em vista de “falhas governamentais fantásticas”, que “puseram em perigo a civilização em escala global”, os diretores de Ciência e Segurança do Boletim dos Cientistas Atômicos decidiram instar os cidadãos do mundo a exigir de seus líderes, entre outras coisas, que:

1) “Reduzam drasticamente os gastos propostos para os programas de modernização das armas nucleares. EUA e Rússia têm lançado planos para reconstruir, no essencial, todas as suas tríades nucleares [bombardeiros, mísseis balísticos lançados de solo e submarinos lançadores de mísseis balísticos] nas próximas décadas, e outros países dotados de armas nucleares seguem seu exemplo. O custo projetado das "melhorias" dos arsenais nucleares é indefensável e põe em cheque o processo de desarmamento global.”

2) “Retomem de forma enérgica o processo de desarmamento, focado em resultados. EUA e Rússia, em particular, devem iniciar negociações para diminuir seus arsenais nucleares estratégicos e táticos. O mundo pode ser mais seguro com arsenais nucleares bem menores que os existentes hoje, se os líderes políticos estiverem de fato interessados em proteger de danos os seus cidadãos.”

3) “Criem instituições especialmente designadas para analisar e combater os usos maléficos e potencialmente catastróficos das novas tecnologias. O avanço científico pode prover a sociedade de grandes benefícios, mas o uso indevido em potencial de novas e poderosas tecnologias é real, a menos que lideranças governamentais, científicas e empresariais tomem medidas adequadas para analisar e combater possíveis efeitos devastadores dessas tecnologias ainda no início de seu desenvolvimento.”4

Todas estas exigências são também aplicáveis ao espaço exterior.

É preciso discutir a proibição da passagem pelo espaço de mísseis balísticos com armas nucleares na ogiva. O Artigo 4º do Tratado do Espaço de 1967 veda a colocação de armas de destruição em massa em órbitas da Terra e nos corpos celestes, a começar pela Lua. E determina também “a não colocação de tais armas, de nenhuma maneira, no espaço cósmico”. Passar pelo espaço, sem entrar em órbita, não parece significar colocar tais armas em órbitas da Terra ou no espaço cósmico. Por isso, o trânsito delas pelo espaço não está proibido. Logo, está permitido. Por que não mudar essa situação? O nosso planeta e o próprio espaço certamente ficarão bem mais seguros, se os arsenais nucleares não puderem cruzar o espaço para atingir seus alvos na Terra.

Quanto ao ponto 2, é hora de retomar decididamente o processo de desarmamento nuclear na Terra e também o desarmamento no espaço, impedindo a instalação nele de qualquer tipo de armamento. Isso poderá evitar a transformação do espaço em novo teatro de guerra, pois isso é capaz de provocar um colapso nos sistemas de satélites ativos e nos serviços de primeira necessidade que prestam aos povos, países e organizações internacionais públicas e privadas.

É importante igualmente, como frisa o ponto 3, criar centros de estudos para examinar e condenar, quando for o caso, o emprego potencialmente catastrófico das novas tecnologias. O avanço científico e tecnológico traz benefícios sem conta, mas o mau uso dessas conquistas é, mais do que nunca, uma possibilidade real. Urgem medidas consistentes para eliminar essa desastrosa possibilidade, também no espaço.

Tais ações estariam em perfeita sintonia com o esforço de criar um conjunto de “Diretrizes Relativas à Sustentabilidade a Longo Prazo das Atividades Espaciais”, em elaboração pelo Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (UNCOPUOS, na sigla em inglês), através de seu Subcomitê Técnico-Científico. Trata-se de um sinal dos tempos atuais com guerras e conflitos em alta, capazes de afetar o espaço. Um Grupo de Trabalho especialmente designado pelo Subcomitê para estudar o assunto elaborou um documento5 que atualiza as propostas de diretrizes já apresentadas. E que será apreciado pelo próprio Subcomitê Técnico-Científico, em sua reunião de 2 a 13 de fevereiro de 2015, em Viena, Áustria.

O documento afirma, em seu ponto 18: “Na conquista do objetivo de assegurar a sustentabilidade a longo prazo das atividades espaciais, os Estados e as organizações internacionais devem se abster de realizar, deliberadamente ou não, atos e práticas, bem como de utilizar meios e métodos capazes de afetar ou danificar, de alguma forma, violando normas e princípios do direito internacional, os bens que se encontram no espaço, e de criar situações que tornem impraticável, por razões de segurança nacional, a aplicação plena e efetiva das diretrizes”.

Eis um bom exemplo de diretriz bem redigida: ela formula uma recomendação clara e objetiva, além de justa e fundamental. Trata-se, nada menos, de prevenir qualquer tipo de conflitos no espaço, intencionais ou não. Impossível assegurar a sustentabilidade das atividades espaciais sem essa regra básica, que, por isso mesmo, deveria ser obrigatória.

Acontece que as diretrizes, de acordo com seu ponto 13, “são de caráter voluntário e não vinculantes legalmente sob o direito internacional”, uma insuficiência difícil de subestimar.

Tanto que o seu ponto 14 enfatiza: “A aplicação das diretrizes é considerada medida prudente e necessária para preservar o meio ambiente espacial para as gerações futuras. Os Estados, as organizações intergovernamentais internacionais, as organizações não-governamentais nacionais e internacionais e as entidades do setor privado devem adotá-las de modo voluntário, mediante seus próprios mecanismos de execução, para garantir a aplicação das diretrizes na maior extensão possível, dentro do viável e do factível”.

Ora, se a aplicação das diretrizes é considerada medida prudente e necessária para algo tão relevante quanto preservar o ambiente espacial para as gerações futuras, por que permitir que os Estados e tão amplo e variado leque de organizações internacionais e nacionais, públicas, sociais e privadas, apliquem as diretrizes segundo seus próprios mecanismos e critérios, e de maneira tão imprecisa e subjetiva quanto “na maior extensão possível” e “dentro do viável e do factível”? Assim, quem senão a própria organização/entidade interessada quantificará, com base em seus interesses específicos, a “maior extensão possível”, e definirá o “viável” e o “factível”?

Será prudente deixar a preservação do espaço para as futuras gerações na dependência de decisões unilaterais e subjetivas?

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). Este artigo reflete apenas a opinião do autor.

Referências

1) Ver http://www.weforum.org/reports/global-risks-report-2015.
2) Ver http://thebulletin.org/.
3) Resolução 1472 (XIV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 12/12/1959.
4) Ver http://thebulletin.org/.
5)  Ver http://www.unoosa.org/oosa/en/COPUOS/stsc/ac105-c1-ltd.html. Doc. A/AC.105/ C.1/L.340, de 22/10/2014.
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SGDC: processo de absorção de tecnologia

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Satélite Geoestacionário: Defesa dá segmento a processo de absorção de tecnologia

Brasília, 26/01/2015 – Até o final deste mês, um novo grupo de engenheiros das Forças Armadas será enviado para as instalações da Empresa Thales Alenia Space (TAS), em Cannes, na França, onde são realizadas as atividades de treinamento para absorção de tecnologia, previstas no projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).

Esses profissionais se juntarão a outros brasileiros – da Aeronáutica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Empresa VISIONA – que já passaram pelos cursos básico e avançado e, atualmente, atuam dentro da empresa Thales, contratada pelo Brasil para ser a fornecedora do satélite.

O processo de absorção de tecnologia consiste em capacitar os profissionais brasileiros que vão trabalhar principalmente nas duas estações de controle do artefato, uma, em Brasília, outra, no Rio de Janeiro, e, ambas, instaladas dentro de organizações militares. De acordo com o diretor de Política Espacial da AEB, Petrônio Noronha de Souza, o programa de absorção de tecnologia, previsto na contratação do SGDC, teve início no começo de 2014, quando foram enviados 26 profissionais brasileiros que passaram pela fase de cursos introdutórios e avançados na empresa.

Este ano, começa a segunda etapa do programa e o novo grupo de profissionais técnicos e engenheiros completarão o novo contingente, com um total de quatro representantes AEB, oito do INPE, dez do Ministério da Defesa, nove da empresa Visiona, seis da Telebras e dois do Ministério das Comunicações, num total de 39 profissionais.

Segundo o representante do Ministério da Defesa no Grupo-executivo do Projeto, coronel Edwin Pinheiro da Costa, os profissionais do ministério e da Telebras trabalharão diretamente no projeto e também deverão contribuir com a parte de transferência de tecnologia futuramente.

“Ao retornarem ao Brasil, esses profissionais poderão assumir atividades de controle do satélite, nos centros de operação. Com a experiência adquirida, eles também estarão aptos a atuar no desenvolvimento de futuros projetos espaciais no Brasil”, disse.

Segundo ele, a parte de transferência de tecnologia inclui ainda o treinamento de profissionais de empresas de tecnologia aeroespacial que, futuramente, se tornarão aptos a construir módulos componentes de satélites. O representante do Ministério da Defesa no Comitê Diretor do Projeto SGDC, brigadeiro Luiz Fernando de Aguiar, explica que esse processo de capacitação da indústria nacional servirá também para apoiar o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que prevê a construção de outros novos satélites com a participação da indústria nacional.

“Estamos abrindo uma porta para que essa tecnologia ingresse no país. Temos o MCTI, AEB e outros órgãos diretamente envolvidos no processo de transferência de tecnologia para que possamos, no futuro, construir um satélite como esse no Brasil”, explica. “O ganho maior é essa absorção de tecnologia por parte do nosso pessoal e das nossas empresas para que, no futuro, possamos ingressar nesse mercado”, completou o brigadeiro destacando que, atualmente, diversos serviços meteorológicos são feitos por empresas estrangeiras, o que deverá mudar quando o país passar a dominar tal tecnologia.

Em dezembro do ano passado, uma equipe do Ministério da Defesa participou, em Toulouse, na França, da etapa de revisão crítica do projeto, na qual foram ajustados alguns detalhes técnicos finais do projeto.

O Satélite Geoestacionário terá uma banda X, voltada as comunicações militares, e uma banda ‘Ka’, para uso de comunicação civil no âmbito do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Com previsão de lançamento para o segundo semestre do ano que vem, o novo satélite será o primeiro a ser 100% controlado pelo governo.

Fonte: Ministério da Defesa
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cooperação Rússia - Nicarágua: Glonass

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Como o Brasil, a Nicarágua pode ter estações do Glonass

Brasília, 22 de janeiro de 2014 – Estações do Sistema Global de Navegação por Satélite (Glonass, na sigla em russo), iguais as instaladas na Universidade de Brasília (UnB) desde 2014, podem ser implementadas ao longo do ano na Nicarágua. [Nota do blog: a estação instalada na UnB tem a finalidade de calibração dos sinais do sistema, e uma similar estava prevista para ser instalada em Pernambuco até o final de 2014]

O assunto foi um dos temas tratados na segunda-feira (19) quando da visita da presidente do Senado russo, Valentina Matvienko, ao país centro-americano, segundo informou a Agência Federal Espacial russa (Roscosmos).

O Glonass é equivalente ao Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. Em funcionamento desde 1993, o sistema conta hoje 24 satélites em operação.

Além da Nicarágua, o México também já se mostrou interessado em instalar estações de recepção do sistema.

Fonte: Roscosmos, via AEB, com edição do blog.
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"Conflitos e orçamentos militares em alta na Terra", artigo de José Monserrat Filho

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Conflitos e orçamentos militares em alta na Terra
                                                             
José Monserrat Filho*

“E a orquestração bem trabalhada acaba por acentuar as incompatibilidades, os contrastes, as divergências, os conflitos. A violência e o desvario em geral.” Mino Carta1

Com mais de 2.500 participantes, mais de 40 chefes de Estado e de Governo e um sem número de empresários globais de diversas áreas, o Fórum Econômico Mundial deu início, nesta quarta-feira, em Davos, Suíça, a quatro dias de debates sobre questões que abalam as atividades econômicas e financeiras em escala mundial. O tema central desta feita são os conflitos que hoje ameaçam a economia já tão combalida do Planeta.

Não foi dito, mas, evidentemente, isso inclui possíveis conflitos em órbitas da Terra, de onde, aliás, já há muitos anos são comandados as guerras aqui na Terra.

O desafio de Davos é resolver as ditas “crises geopolíticas”, eufemismo para guerras, ataques, bombardeios, violências planejadas e executadas com frieza, que, claro, desorganizam ainda mais a vida econômica irracional e caótica em que a humanidade vive atualmente sem perspectivas de solução plausível. A visão unilateral esperta desce a detalhes e chega a colocar o conflito na Ucrânia à frente da guerra no Oriente Médio, que vem de longe e tende a se perpetuar até um genocídio final.

Mas a pergunta lançada (que não quer calar) é legítima e pede resposta urgente: O que a comunidade internacional pode fazer para ajudar a erguer uma paz duradoura?

É muito bom que se apele à comunidade internacional. Hoje, qualquer conflito, ainda que aparentemente local ou mesmo regional, é sempre e cada vez mais um problema global, que só pode ser resolvido globalmente, em amplo esforço coletivo.

Ainda mais que, neste momento, como observam Edgar Morin e Anne Brigitte Kern, “o certo é que a história mundial retomou sua marcha turbulenta, correndo a um futuro desconhecido, ao mesmo tempo em que retorna a um passado desaparecido” 2.

Os gastos militares alcançaram, em 2012, a bagatela de um trilhão e 756 bilhões de dólares, o que equivale a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. É a corrida armamentista, insanidade recorrente, que já vimos tantas vezes nos últimos 100 anos – para não irmos mais atrás –, sempre com milhões de vítimas e destruição em massa.

Estima-se que essa quantia seria suficiente para a comunidade internacional cumprir as Metas do Milênio3 das Nações Unidas, eliminando da face da Terra a fome e a miséria, a desnutrição e uma variedade de doenças endêmicas. Em poucos anos, provavelmente, mudaríamos a situação social do mundo, com um impacto nunca visto, na história humana, de desenvolvimento sustentável e bem-estar geral.

Há muitos cálculos e previsões sobre o que acontecerá de mais importante na vida da Terra até 2050. Mas pouco, muito pouco, se fala sobre os progressos sociais que se podem prognosticar para esse período de 35 anos.

Um trilhão e 756 bilhões de dólares em gastos militares. Tamanha fortuna nos leva à outra questão-chave levantada por Edgar Morin e Anne Brigitte Kern: “Podemos sair dessa História?” Ou o armamentismo e os conflitos bélicos são nosso único devir?

Um evento inesperado mostra que pode haver um futuro mais sensato.

O Partido Nacional Escocês (SNP), com prestígio crescente e capaz de desempenhar papel preponderante na política britânica após as eleições de maio vindouro, convidou, em 20 de janeiro, os principais partidos políticos do país a aprovarem a eliminação do sistema de dissuasão nuclear do Reino Unido.4

O líder do SNP no Parlamento, Angus Robertson, propôs que os submarinos nucleares Trident, hoje estacionados na Base de Faslane, perto de Glasgow, Escócia, não sejam substituídos. A seu ver, "chegou a hora de marcar uma data para demolir o Trident e não mais substituir essas armas de destruição em massa".

O SNP, líder da luta para fazer da Escócia um país independente do Reino Unido, sobe nas pesquisas de opinião pública. Ademais, ele vai concorrer às eleições de maio em aliança com o Partido Trabalhista. A coligação parece ter chances nas urnas. O SNP poderá eleger no mínimo 12 deputados, o dobro do que tem hoje.

É verdade que o governo conservador e a oposição trabalhista mantêm um acordo de apoio conjunto à continuidade do Trident, mas alguns deputados trabalhistas já se manifestam contra a linha do partido, ampliando a posição do SNP.

O deputado Angus Robertson vale-se de um argumento muito convincente, sobretudo em época de crise econômica e financeira como a atual: o fim do Trident poderá adicionar mais de US$ 150 bilhões aos carentes cofres britânicos.

A frota de quatro submarinos Trident contribuiu para coroar a Grã-Bretanha como potência nuclear, embora os mísseis nucleares sempre tivessem sido e continuem sendo fornecidos pelos Estados Unidos. Hoje é mais um resquício fantasma da Guerra Fria, que alguns governantes saudosistas tentam ressuscitar. Para que?

Talvez algum espírito mais esclarecido, vindo quem sabe da Escócia, desça em Davos e consiga convencer o nobre público ali presente que apostar prioritariamente no uso da força, as usually, já deixou de ser um bom negócio e pode pôr tudo a perder.

* Vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial, Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial,  Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica e Chefe dda Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). Este artigo reflete apenas a opinião do autor.

Referências

1) Revista Carta Capital, nº 833, de 21/01/2015, p. 18.
2) Morin, Edgard, e Kern, Anne Brigitte, Terra-Pátria, Ed. Sulina, 2011, p. 33.
3) As oito Metas ou Objetivos do Milênio, adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 8/09/2000, são: 1) Acabar com a Fome e a Miséria; 2) Educação Básica de Qualidade para todos; 3) Igualdade entre Sexos e Valorização da Mulher; 4) Reduzir a Mortalidade Infantil; 5) Melhorar a Saúde das Gestantes; 6) Combater a Aids, a Malária e outras doenças; 7) Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente; e 8) Estabelecer uma parceria mundial para o Desenvolvimento. Ver www.objetivosdomilenio.org.br.
4) Notícia da France Press (AFP), de Londres, datada de 20 de janeiro de 2015.
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Opto Eletrônica em recuperação judicial

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A Opto Eletrônica, de São Carlos (SP), considerada uma das principais indústrias atuantes no setor espacial brasileiro, está em recuperação judicial. O pedido, protocolado pela própria empresa em 16 de dezembro, foi deferido pela justiça paulista na semana passada.

A informação que chegou ao conhecimento do blog é que o pedido de proteção contra credores foi precipitado por uma execução de dívida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e também por atrasos em pagamentos de contratos junto ao governo federal. Houve também problemas de gestão.

A recuperação judicial, grosso modo, nada mais é do que uma medida  para evitar a falência, sendo solicitada quando uma empresa perde a capacidade de pagar suas dívidas.

Com um faturamento que em 2009 chegou a superar R$100 milhões, sendo 40% oriundos de negócios em defesa e espaço, e mais de 450 funcionários na época, a empresa reduziu drasticamente suas operações nos últimos tempos, e hoje emprega pouco menos de 100 profissionais. Já há alguns anos que se comenta nos bastidores sobre sua possível venda ou associação com grupos nacionais ou estrangeiros, e de fato, segundo apurado, há negociações em andamento.

Além de participar de projetos de sensores óticos de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como o CBERS e o Amazônia-1, a Opto também participa de programas das forças armadas, fornecendo dispositivos óticos e buscadores para praticamente todos os mísseis nacionais.
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Sistemas de alerta de desmatamento

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Workshop discute sistemas de alerta de desmatamento

Terça-feira, 20 de Janeiro de 2015 

O desenvolvimento e a operação de sistemas de alerta de desmatamento no Peru, Colômbia, México e Equador estão sendo discutidos no “12th Regional Workshop on Forest Monitoring GEO GFOI - Early Warning Systems for Deforestation”. O evento acontece no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), de 19 a 23 de janeiro.

O workshop é promovido pelo GEO, grupo intergovernamental de observação da Terra que mantém uma iniciativa para o monitoramento global de florestas (GFOI). As atividades têm o suporte do programa SilvaCarbon, vinculado ao Serviço Geológico Americano (USGS).

Peru, Colômbia, México e Equador se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento de seus sistemas de alerta e o workshop é uma oportunidade para o compartilhamento de experiências entre os países.

Representante do Brasil no GEO, o INPE é pioneiro em tecnologias para monitoramento de florestas por satélites. É responsável pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real – DETER, que fornece informações estratégicas ao Ibama para combate à derrubada da floresta na Amazônia Legal Brasileira. Também realiza o monitoramento de focos de queimadas detectados por satélites, bem como o cálculo e previsão do risco de fogo da vegetação, com informações geradas todos os dias e imprescindíveis para auxiliar no controle de incêndios florestais.

Durante o workshop serão apresentados os sistemas do INPE e as ações adotadas pelo Instituto para auxiliar outros países empenhados em preservar suas florestas e reduzir emissões causadas pelo desmatamento.

Em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em seu Centro Regional da Amazônia (CRA), em Belém (PA), o INPE ministra cursos e treinamentos internacionais sobre técnicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e monitoramento por satélites.

Fonte: INPE
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Satélites do INPE: o factível em 2016 - 2018

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No início deste mês, entrevistamos por telefone o vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Oswaldo Duarte Miranda, que apresentou brevemente um panorama sobre os projetos de satélites em andamento no Instituto. A seguir, listamos os principais tópicos abordados na conversa:

- Indústria espacial: questionado pela reportagem, o dirigente falou sobre a necessidade de cadência de missões para gerar carga de trabalho à indústria, por meio de uma "política espacial de médio e longo prazo". "Hoje há uma lacuna efetiva [de contratos]", disse. Com o CBERS 4, lançado ao espaço em dezembro último, fechou-se um ciclo, e muito embora haja previsão de algumas contratações da indústria para o CBERS 4A, para retrabalho em sobressalentes, estas serão em escala bem menor.

- Amazônia-1 - Parte 1: para este ano está previsto o início das atividades de integração do modelo de voo do Amazônia-1, satélite de observação baseado na Plataforma Multimissão (PMM). Os contratos industriais estão todos em fase final, e espera-se para o 1º semestre os trabalhos, desenvolvidos pelo INPE e Agência Espacial Brasileira (AEB), visando à definição e contratação do lançamento. No ritmo atual, e se não houver surpresas, acredita-se num voo dentro de dois anos.

- Amazônia-1 - Parte 2: no final deste mês ou, no mais tardar no início de fevereiro, deve acontecer a entrega do sistema de controle de atitude e órbita contratado junto a argentina INVAP. Este será então submetido a testes de qualificação. Sobre o problemático subsistema de suprimento de energia, para muitos o grande gargalo da PMM, ainda existem discussões entre a AEB, INPE a indústria responsável por seu desenvolvimento e fabricação. Segundo Miranda, não está descartada a contratação de outra indústria para a conclusão do subsistema.

- Amazônia-1 - Parte 3: está sendo seriamente considerada possibilidade de que a carga útil principal do satélite, um sensor imageador, seja uma câmera WFI (Wide Field Imager) similar a do CBERS 4, e não a versão avançada (AWFI), cujo desenvolvimento tecnológico, a cargo da Opto Eletrônica, enfrenta dificuldades, sem expectativa de ser encerrado em menos de dois anos. Uma decisão definitiva deve ser tomada ainda no primeiro semestre, e caso vá adiante, o blog Panorama Espacial entende que deve resultar em nova encomenda junto a indústria (possivelmente um consórcio entre a Equatorial Sistemas e a Opto, que trabalharam juntas na segunda geração do CBERS, ou uma das duas isoladamente). A AWFI voaria no futuro Amazônia-2.

- Transpônder de Coleta de Dados: o INPE trabalha com a ideia de, sujeito ainda a uma análise de engenharia mais apurada, a partir do Amazônia-1, que todo satélite nacional leve a bordo um transpônder de coleta de dados (DCS, sigla em inglês) para atender o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA). A carga útil foi desenvolvido pela CRN/INPE, de Natal (RN). Também há certa expectativa com o SCD-Hidro, para atender uma necessidade da Agência Nacional de Águas (ANA), tendo o INPE participado de conversas no final de 2014.

- Missões científicas: até 2004/2005, o INPE considerava duas missões científicas com satélites distintos, o EQUARS (estudos dos efeitos da anomalia magnética no Atlântico Sul), e o MIRAX (imageador de raios X de gama). Em dado momento, ocorreu uma "fusão" de ambas as missões em uma única plataforma (PMM, de cerca de 500 kg), dando origem ao Lattes-1. Oswaldo Miranda revelou que a atual direção do INPE deseja retomar as missões satelitais científicas de pequeno porte, com estudos nesta direção. Destacou o "gap" hoje existente no programa de satélites brasileiros, com missões de cubesats, mas nada de menor porte (na faixa de 100 kg) até a PMM. O primeiro projeto na fila seria o EQUARS, com condições de voar de 3 a 4 anos.

- Sistemas de controle de atitude e órbita: trata-se de uma "ação prioritária" (aliás, ACDHs são uma das tecnologias consideradas críticas e não dominadas pelo Brasil), na opinião de Miranda. "O grande gargalo hoje é o software embarcado". O INPE faz parte do projeto SIA, tendo um laboratório conjunto com o Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE em São José dos Campos (SP), e trabalha junto com indústrias nacionais na busca de autonomia nessa área. Nos passos atuais, espera-se que um ACDH nacional esteja pronto em cerca de dois anos, para no futuro voar num segundo modelo de voo da PMM (Amazônia-2 ou Lattes-1/MIRAX). O vice-diretor citou a COMPSIS como uma parceira industrial importante nesse projeto, destacando também o papel do Instituto Mauá de Tecnologia. Aqui cabe uma observação do blog: quem também está bem interessado em desenvolvimentos locais desta tecnologia é a Visiona Tecnologia Espacial. Foi um dos assuntos destacados por seu presidente, Eduardo Bonini, em audiência no Senado Federal em novembro de 2014.

- Período 2016 - 2018: nos últimos minutos da conversa, resumindo a entrevista, Miranda ressaltou que o INPE hoje vê de forma factível a execução das seguintes missões no período de 2016 a 2018, a depender, é claro, de recursos: o CBERS 4A, o Amazônia-1, o EQUARS (plataforma de 100 kg) e o MIRAX (PMM).
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SGDC: avanços no segmento terrestre

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Telebras dá início à licitação dos centros de controle e gateways do SGDC 

Teletime | sexta-feira, 16 de janeiro de 2015, 12h33 

Enquanto o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC) está sendo construído na França pela Thales Alenia, a Telebras acelera a implantação da parte terrestre do projeto, já que os trabalhos de construção do artefato estão adiantados. No final do ano passado, foi concluída a fase de revisão crítica de projeto, chamada de Critical Design Review (CDR), o que significa que não haverá mais modificações no projeto.

A estatal já licitou o projeto executivo para a construção dos dois centros de controle (em Brasília e no Rio de Janeiro) e das cinco gateways que serão localizadas em Brasília e Rio de Janeiro, compartilhando o espaço dos centros de controle, e em Salvador, Campo Grande o Florianópolis.

A vencedora da licitação foi a Fox Engenharia, que levou o projeto por aproximadamente R$ 6 milhões. O gerente do projeto de satélite da Telebras, Sebastião do Nascimento Neto, explica que o projeto executivo vai gerar os documentos necessários para a licitação da obra em si, identificando tudo que será necessário para a construção dos prédios que abrigarão os centros de controle e as gateways.

"Ele vai gerar toda a documentação sobre o projeto: o que vai precisar de energia, ar condicionado, controle de acesso etc.". O centro de controle de Brasília (principal) será localizado dentro do Cindacta e o do Rio de Janeiro, na Estação de Rádio da Marinha. "As gateways também ficarão em terrenos de áreas militares para garantir a segurança e o controle de acesso", afirma ele.

A previsão de lançamento do SGDC é no terceiro trimestre de 2016 e tudo indica que ela será cumprida, já que os trabalhos na França estão adiantados. Para que a parte terrestre esteja pronta de modo a não atrasar a entrada em operação prevista para o início de 2017, os prédios dos centros de controle e das gateways têm de estar prontas até o início do ano que vem para haver tempo para instalar e testar as antenas.

Treinamento

Atualmente há seis pessoas da Telebras sendo treinadas pelos engenheiros da Thales Alenia na parte de controle, já que a tarefa será de responsabilidade da estatal juntamente com o Ministério da Defesa. Há servidores do Ministério da Defesa, Visiona e Inpe que participarão do mesmo treinamento, totalizando 33 profissionais.

"O curso está planejado para 22 meses. Na especificação, a gente pediu que o curso fosse suficiente para fazer com que pessoas que não tivessem conhecimento profundo saíssem pessoas especializadas na área", afirma Neto. "Apesar de a gente ter várias empresas aqui, o controle do satélite é feito fora. A grande maioria dos profissionais não é brasileira. Que eu saiba, só a Star One e a Hispamar têm centro de controle no Brasil e esse processo da Telebras vai fazer triplicar o número de profissionais com essa capacidade", completa ele.

Fonte: Teletime (Helton Posseti).
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Cubesats: AESP-14 na ISS

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Nanossatélite brasileiro chega a Estação Espacial Internacional

Brasília, 13 de janeiro de 2015 - O cubesat AESP-14, apoiado financeiramente pela Agência Espacial Brasileira (AEB), foi lançado neste sábado (10) pelo lançador Falcon 9. O nanossatélite chegou a Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) a bordo da cápsula Dragon, juntamente com mais de 250 experimentos científicos e suprimento.

Na segunda-feira (12), a capsula Dragon acoplou na ISS e o AESP-14 encontra-se em órbita com a tripulação da Estação; a previsão para ser ejetado utilizando o braço robô japonês kibo é de 45 dias.

Projetado, manufaturado e integrado por alunos de graduação e pós-graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o AESP-14 é um satélite padrão cubesat com dimensões de 10 centímetros de aresta. O projeto também teve apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e apoio institucional do ITA e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O objetivo do projeto é ensinar engenharia de sistemas para alunos de graduação e pós-graduação utilizando como caso de estudo um projeto de missão espacial real, no caso um cubesat.

O AESP-14 é equipado com um modem em banda UHF para enviar mensagens associadas a cientistas brasileiros e desenvolver um experimento radio-amador do Clube de Radioamadores de Americana (CRAM), onde 100 sequências de texto serão transmitidas de forma aleatória. Os primeiros radioamadores que conseguirem receber as 100 sequências receberão um diploma comemorativo que será oferecido pelos gerentes do projeto.

Fonte: AEB, com edição do blog.
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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Comunicações: "The Latin American Satellite Market"

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Para os interessados em ter um panorama atual sobre o mercado de comunicações via satélite na América Latina, vale a leitura do artigo "The Latin American Satellite Market", escrito pelo consultor Bernardo Schneiderman e publicado na edição de janeiro do boletim "Satellite Executive Briefing" (páginas 7 a 11).

O texto dá uma visão interessante sobre as perspectivas de crescimento nos principais mercados da região - Brasil, México e Argentina, entre outros, apresentando os principais players, tanto privados como governamentais (casos da Visiona, ARSAT, e operadores estatais da Venezuela e Bolívia).

Apesar da crise econômica em alguns dos principais mercados do continente, parece ainda haver uma tendência de crescimento em comunicações por satélite. No Brasil, comenta-se nos bastidores que a Star One, subsidiária da Embratel, estaria prestes a iniciar um processo de seleção e contratação de um novo satélite geoestacionário de grande porte.
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"Novo capítulo na parceria científica sino-brasileira", artigo de José Medeiros da Silva

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Novo capítulo na parceria científica sino-brasileira

Artigo de José Medeiros da Silva, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e Investigador convidado do Instituto Internacional de Macau, na China, destaca a importância do recém inaugurado Laboratório Sino-Brasileiro para Clima Espacial.

Por José Medeiros da Silva*, com a colaboração de Shi Ke

2014 foi um ano marcante para a amizade sino-brasileira não somente por se comemorar o 40º aniversário do estabelecimento oficial das relações diplomáticas entre os dois países, mas também por muitos acontecimentos significativos como a visita oficial ao Brasil do presidente Xi Jinping e a decisão histórica do Ministério da Justiça brasileiro de revogar a expulsão de nove cidadãos chineses que viajaram ao Brasil legalmente no início da década de 1960 e que foram condenados por subversão depois de 1964. Na área científica, merece destaque a inauguração do Laboratório Sino-Brasileiro para Clima Espacial, que ocorreu no dia 06 de agosto na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos, no Estado de São Paulo, que contou com a presença de pesquisadores brasileiros, além de representantes da Academia Chinesa de Ciências (CAS) e do Centro Nacional de Ciência Espacial (NSSC, respectivamente nas siglas em inglês).

A criação desse laboratório abre novos espaços para colaborações acadêmicas duradouras e para a formação de grupos de trabalho capazes de desenvolver ações que contribuam efetivamente para os interesses científicos dos dois países. Pelas instituições envolvidas, pela natureza dessa plataforma, por suas perspectivas de longo prazo e devido as potencialidades de intercâmbios criadas, o laboratório abre um novo capítulo nas relações entre Brasil e China.

O Laboratório Sino-Brasileiro para Clima Espacial será responsável também pela promoção, em todo hemisfério ocidental, do Programa Internacional do Círculo Meridiano para monitoramento do Clima Espacial (IMCP, na sigla em inglês). Equipada com avançados instrumentos de tecnologia de observação do geoespaço, a atual rede chinesa de monitoramento terrestre do clima espacial estende-se no entorno do meridiano 120°Leste e do paralelo 30°Norte. Para ampliar a capacidade de monitoramento do clima espacial a uma escala global, o NSSC vem estabelecendo acordos de cooperação com instituições de pesquisa espacial dos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Rússia, Coreia do Sul, Japão e Brasil, buscando criar uma estrutura de observação integrada internacionalmente ao longo dos meridianos 120º Leste e 60º Oeste.

Para além da razão do meridiano 60º atravessar uma enorme extensão do território brasileiro, o INPE tem uma atuação destacada na pesquisa de fenômenos do ambiente solar-terrestre que remonta aos anos 1960 e também opera, desde 2007, um Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (EMBRACE), dotado de uma rede própria de sensores em diversos pontos da América do Sul.

O interesse por essa parceria com o Brasil se deve também a fatores como a sua localização no globo terrestre, em posição oposta à da China, o que é particularmente conveniente para o estabelecimento de um ponto nodal à atual rede de monitoramento chinesa, além da presença da porção continental da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) sobre a região meridional brasileira.

As instituições cooperantes também iniciaram ações para assegurar a infraestrutura necessária para a instalação de instrumentos científicos da rede internacional do IMCP em São Martinho da Serra, no Rio Grande do Sul, numa área cedida ao INPE dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria.

Com o advento dos voos orbitais tripulados e a expansão do papel dos satélites artificiais na presente sociedade tecnológica, a influência de eventos solares extremos no ambiente espacial pode ter um sério impacto sobre essas atividades, assim como sobre as vulnerabilidades de sistemas terrestres de telecomunicação e transmissão de energia. Essa parceria tende a abrir novas portas no desenvolvimento de aplicações e no avanço do conhecimento nesse campo.

Apesar de ainda tímidos, o Brasil e a China já deram importantes passos no estabelecimento de parcerias em áreas científicas estratégicas. O exemplo mais conhecido é o do CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), projeto pioneiro na cooperação entre países em desenvolvimento na área de tecnologia espacial, assinado em 1988, e que já lançou com êxito quatro satélites, sendo o mais recente em dezembro de 2014.

A proposta para criação do Laboratório Sino-Brasileiro para Clima Espacial é mais um exemplo de que determinadas iniciativas, seguidas pela soma de esforços, tendem a abrir novas perspectivas para o aperfeiçoamento das relações entre os dois países. Por exemplo, a concretização do referido laboratório, partiu inicialmente de uma proposição do NSSC visando o aprofundamento da cooperação com o INPE, motivada pelos termos expressos no memorando de entendimento assinado em 2010 pelas duas instituições. Com a assistência diligente do então chefe do setor de Ciência e Tecnologia da Embaixada do Brasil em Pequim, Marco Tulio Cabral, a proposta alcançou consenso entre os participantes da primeira reunião do grupo de trabalho para o Plano Decenal de Cooperação Espacial, sendo formalizada em novembro de 2013, por ocasião da III Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), realizada em Cantão, China, e presidida conjuntamente pelo Vice-Presidente do Brasil, Michel Temer, e pelo Vice-Primeiro-Ministro do Conselho de Estado da China, Wang Yang.

Em 2015 as subcomissões espacial e de ciência, tecnologia e inovação da COSBAN devem se reunir mais uma vez para tratar dessas e outras cooperações. Esse será um importante momento para reforçar as parcerias existentes e se avançar em novos projetos.

*José Medeiros da Silva, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, investigador convidado do Instituto Internacional de Macau e há sete anos vive na China
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SGDC: concluída a Revisão Crítica do Projeto

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Satélite de comunicação e defesa brasileiro é aprovado para fabricação

Equipamento dará segurança a transmissão de informações estratégicas do País e irá ampliar acesso à banda larga

08/01/2015 16:37h

Foram finalizados em dezembro os trabalhos da revisão crítica de projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Na avaliação foram examinados em detalhes todos os sistemas e subsistemas do artefato brasileiro e verificado se o projeto cumpre os requisitos para a fabricação. O novo satélite será o primeiro a ser 100% controlado por instituições do Brasil.

O SGDC terá 5,8 toneladas, posicionado a uma distância 35.786 km da superfície da Terra. A previsão é de que o satélite seja lançado no segundo semestre de 2016 e terá vida útil superior a 15 anos. Quando estiver em órbita, o artefato terá uma banda de uso exclusivo militar, o que vai garantir segurança total nas transmissões de informações estratégicas do País.

A revisão crítica de projeto foi realizada na cidade de Toulouse, na França, e contou com a participação de especialistas da Telebras, do Ministério da Defesa, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da empresa VISIONA. Compareceram também o Adido de Defesa e Aeronáutico do Brasil na França, Coronel Antônio Ramirez Lorenzo, e militares do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NUCOPE-P), da Força Aérea Brasileira.

“Esta foi a última etapa antes da fabricação do satélite que será de extrema importância para o Ministério da Defesa e para o Brasil. Em 2015, serão construídos os prédios de onde o SGDC vai ser comandado. Um ficará em Brasília, no Sexto Comando Aéreo Regional, e o outro no Rio de Janeiro, na Estação de Rádio da Marinha”, explicou o Comandante do NUCOPE-P, Coronel Hélcio Vieira Junior.

Além de atender à demanda de comunicações estratégicas do Ministério da Defesa, o satélite facilitará a execução do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), levando comunicação de qualidade às regiões mais afastadas do Brasil, que ainda dependem da construção de rotas de fibra ótica para terem acesso à internet.

O projeto de construção e controle do satélite também prevê transferência de tecnologia, o que dará ao Brasil o domínio desse tipo de conhecimento, que poderá ser disseminado nas mais diversas áreas - em especial, no meio da indústria de defesa.

Assista ao vídeo da Telebras sobre o funcionamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas.

Fonte: FAB
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

"Qual é o problema do programa espacial brasileiro?", revista Galileu

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A edição de janeiro da revista Galileu traz uma reportagem analítica sobre as atividades espaciais brasileiras, com um título auto-explicativo: "Qual é o problema do programa espacial brasileiro?" [clique sobre o título para acessá-la].

Trata-se de um texto bem superficial (as razões citadas como origem do "problema" são o baixo investimento e boicote internacional, e fica praticamente restrito a isso) e com algumas imprecisões, mas para aqueles que se interessam pela temática espacial, é uma leitura de consumo rápido.
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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Mais Espaço para Ciências Sociais e Humanas", artigo de José Monserrat Filho

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Mais Espaço para Ciências Sociais e Humanas

José Monserrat Filho*

“Olhem para as estrelas e aprendam com elas.” Albert Einstein

Se os governos desejam que as ciências exatas e naturais levem mais benefícios à sociedade, eles precisam se comprometer mais com as ciências sociais e humanas. Há que integrar todas essas áreas para que as ciências exatas e naturais ofereçam soluções ainda mais abrangentes e completas. Essa, em suma, é a visão defendida pela Nature, renomada revista científica inglesa, em seu editorial "Tempo para as Ciências Sociais", de 30 de dezembro de 2014.

Para a Nature, "a física, a química, a biologia e as ciências ambientais podem oferecer soluções maravilhosas a alguns dos desafios que as pessoas e as sociedades enfrentam, mas para que ganhem força, tais soluções dependem de fatores que vão além do conhecimento de seus descobridores". A publicação argumenta que "se fatores sociais, econômicos e culturais não são incluídos na formulação das questões, grande dose de criatividade pode ser desperdiçada".

Quer dizer, quando não se presta a devida atenção às ciências sociais, corre-se o risco de perder em criatividade (campos e elementos que alimentam a imaginação, a busca de melhores e mais amplas soluções), o que nas atividades cientificas é grave insuficiência.

A Nature pede total apoio "a quem cria projetos multidisciplinares – por exemplo, para aumentar o acesso aos alimentos e à água, fazer adaptações às mudanças climáticas, ou tratar de doenças – integrando, desde o início, as ciências naturais e as ciências sociais e humanas".

Total apoio também é solicitado "às figuras de proa na política que demonstram seu compromisso com esta agenda multidimensional" e expressam "toda uma série de preocupações quando os governos não manifestam a mesma compreensão".

A revista elogia Mark Walport, o principal assessor científico do governo inglês, e seu antecessor, John Beddington, por estarem comprometidos com relação as ciências sociais. O relatório do Reino Unido de 2014, sob o título de "Inovação: gestão de risco sem evitá-lo", reúne opiniões e reflexões de especialistas em psicologia, ciência do comportamento, estatística, estudos de risco, sociologia, direito, comunicação e politica pública, bem como em ciências naturais.

O documento inclui temas como incerteza, comunicação, conversações e linguagem, com cientistas reconhecidos tecendo considerações cruciais sobre inovação em áreas controversas e cheias de dúvidas. Cientistas e juristas trabalham juntos, por exemplo, nos estudos de caso sobre submarinos nucleares e sobre previsões de inundação e infiltrações.

O principal recado do relatório vale para os responsáveis pela formulação de políticas de C&T em qualquer país: Se você deseja que a ciência leve benefícios à sociedade, por meio do comércio, do governo ou da filantropia, você precisa apoiar os meios de capacitação para se entender a sociedade, o que é tão profundo quanto a capacidade de entender a ciência. E quando fizer declarações políticas precisa deixar claro que você acredita nessa necessidade.

Será que tudo isso é válido também para a ciência e a tecnologia espaciais?

As atividades espaciais, embora efetuadas com base em conhecimentos científicos e tecnológicos, envolvem interesses sociais, econômicos, políticos, jurídicos e culturais de enorme relevância. O mundo inteiro depende hoje do espaço em sua vida cotidiana. Isso gera um caudal de problemas em todas as áreas. Politica e Direito Espaciais são campos estratégicos da política internacional. As ações militares no solo, nos mares e no espaço aéreo são todas comandadas através do espaço, e já se planeja até instalar armas em órbitas da Terra, o que poderá convertê-las em teatro de guerra.

Enquanto isso, as Nações Unidas avançam na elaboração das diretrizes para garantir a "Sustentabilidade a Longo Prazo das Atividades Espaciais", que também enfrentam o perigo crescente do lixo espacial. Em debate, igualmente, está o desafio de criar um sistema global de gestão do tráfico espacial para garantir maior segurança e proteção de todos os voos e objetos espaciais.

Mais que nunca é essencial o maior conhecimento possível de tudo o que se passa e se faz no espaço, perto e longe da Terra. Medidas de transparência e fomento à confiança no espaço são propostas pela Assembleia Geral das Nações Unidas. E quem senão as ciências sociais para refletir sobre o futuro da civilização humana no espaço?

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

VLM: Convênio IAE - FUNCATE

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IAE - DCTA e FUNCATE assinam convênio para desenvolvimento do VLM-1

O projeto para desenvolvimento do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) brasileiro deu um importante passo nas últimas semanas, com a assinatura do convênio entre a FUNCATE (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais) e o IAE/DCTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço).

O VLM-1, fruto de uma parceria entre o IAE/DCTA e a Agência Espacial Alemã (DLR), visa o desenvolvimento de um foguete destinado ao lançamento de cargas úteis espaciais ou microssatélites (até 150 kg) em órbitas equatoriais e polares ou de reentrada, com três estágios a propelente sólido na sua configuração básica: dois estágios com o motor S50 com cerca de 12 toneladas de propelente e um estágio orbitalizador com o motor S44.

Outras configurações do veículo poderão empregar um terceiro estágio em propelente sólido maior ou em propelente líquido. O VLM deverá atender a uma importante e crescente demanda para o lançamento de cubesats e microssatélites. Este convênio tem vigência de quatro anos e estabelece uma parceria de longo prazo entre a FUNCATE e o DCTA/IAE.

Fonte: IAE/DCTA
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