domingo, 30 de outubro de 2011

Lançadores: a proposta da Avio

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No workshop sobre "Acesso ao Espaço", promovido pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), em São José dos Campos (SP), em 15 de setembro, foram dadas mais informações sobre a proposta italiana para o desenvolvimento conjunto de um lançador de satélites, conforme noticiado pelo blog no início desse mês (ver: "Lançadores: Itália quer cooperar com o Brasil").

A proposta é para o desenvolvimento de um lançador com todos os estágios de combustível sólido, com capacidade de satelitização de 1.500 kg a uma altitude de 1.500 kg, baseado na tecnologia do foguete Vega. De acordo com o divulgado, o custo de desenvolvimento do projeto seria inferior a 1 bilhão de reais, e seria realizado por meio da formação de uma "joint-venture" com empresas nacionais. Trata-se de modelo similar ao apresentado pelos franceses.

A Avio está sendo assessorada pela Sygma Tecnologia, de São José dos Campos (SP), na pessoa de um de seus sócios diretores, o coronel da reserva José Carlos Argolo, ex-diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA).

A propósito, a empresa italiana, controlada por um fundo britânico de private equity, pode mudar de mãos em breve. Já há alguns meses, circulam rumores na Europa sobre a eventual venda da Avio para concorrentes, dentre eles, o grupo francês Safran.
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Mais sobre o Soyuz em Kourou

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Em 21 de outubro, na postagem "Um dia histórico em Kourou", ficamos de fazer uma nova postagem com mais informações sobre o histórico voo do lançador russo Soyuz a partir do centro espacial europeu em Kourou, na Guiana Francesa. Abaixo, reproduzimos um pequeno texto, extraído do boletim nº 122 do "The Bulletin", da firma de consultoria francesa ADIT, adaptado e vertido para o português, com uma sucinta análise do evento.

Soyuz-Galileo - Resultados - Choque cultural

10h31 (GMT) - 21 de outubro, um foguete branco voa alta no céu. É certamente um lançamento histórico, mas acima de tudo, uma missão bem sucedida em Kourou. De um lado, Soyuz, um lançador mítico que já transportou Laika, Gagarin e Sputnik, reunindo cerca de 50 anos de odisseia espacial. Do outro, Falileo, um programa que proverá à União Europeia um sistema autônomo de posicionamento global. Depois de 3 anos de discussões e atrasos, a Arianespace lançou, na segunda tentativa, o Soyuz ST-B do Centre Spatial Guyanais carregando os dois primeiros satélites da série Galileo. Com uma carteira de pedidos do Galileo com 14 lançamentos a partir de Kourou, a Arianespace, a agência espacial francesa (CNES), a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Roscosmos, a agência espacial russa não tinham escolha: o lançamento era para ser um sucesso.

O evento é resultado de uma parceria iniciada em 1996 entre a França e a Rússia para lançar satélites de Baikonur, no Cazaquistão [nota do blog: os lançamentos de Baikonur são realizados por uma joint-venture, a Starsem]. Depois de alguns testes, os dois países decidiram estender o projeto para Kourou, próximo à linha do Equador, de forma a enviar 3 toneladas de carga para as mesmas posições orbitais no espaço. Em 2003, a ESA e a Roscosmos iniciaram a construção de uma plataforma dedicada ao Soyuz em Sinnamray, a 12 km da plataforma do Ariane 5. A cooperação entre os dois países nem sempre foi fácil, com cada parceiro muitas vezes desejando manter alguma distância do outro pta salvaguardar seu próprio "know-how".

De qualquer modo, Soyuz de Kourou não é apenas uma frande aventura humana, mas uma real parceria estratégica. Com este novo lançador, a Arianespace adiciona a sua família um novo membro entre o Ariane 5 e o foguete Vega, de menor porte [nota do blog: o primeiro voo do Vega está programado para janeiro de 2012]. Noutras palavras, o Soyuz reforça a capacidade da Arianespace de oferecer serviços competitivos no mercado global de lançamentos espaciais.

Depois desse lançamento bem sucedido, as expectativas são enormes. O presidente da Arianespace, M. Le Gall, disse que a companhia espera lançar de 2 a 4 Soyuz por ano - o que representa, aliás, pouco comparado aos 1776 lançamentos já efetuados pelo venerável foguete "soviético".

Para alcançar este primeiro voo, a enorme área, cujas obras foram iniciadas em 2005, quase duplicaram as instalações do centro espacial de Kourou. O projeto custou ao todo 496 milhões de euros, com a França (CNES) custeando 56% desse valor e a Arianespace, 25%. Segundo Marie Jasinski, chefe do projeto Soyuz na CNES, os atrasos decorram da incapacidade dos russos em fornecer rapidamente seus elementos para as instalações em Kourou. Mas, às 10h31 (GMT), em 21 de outubro, tudo foi esquecido entre os dois times. O Soyuz foi lançado; muito bem lançado, de fato, e a chefe do projeto pode finalmente respirar um pouco.

Fonte: "The Bulletin" Nº 122, com edição do Blog Panorama Espacial.

O sucesso em fotos

A Arianespace disponibilizou em seu website algumas imagens do voo inicial. Para vê-las, clique aqui.

"Um foguete no exterior - Soyuz na Guiana Francesa"

Para aqueles que se interessam pelo tema, recomendamos também a leitura de uma recente postagem do jornalista Jonathan Amos, correspondente em ciência da BBC, em seu excelente blog Spaceman: "Rocket abroad - Soyuz in French Guiana". Em seu texto, Amos traz boas informações sobre a construção das instalações em Kourou (que o blog Panorama Espacial, aliás, teve a oportunidade de visitar em dezembro de 2010).
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cooperação Brasil - EUA

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AEB e NASA: acordos sobre mudanças climáticas, desastres naturais e camada de Ozônio

28/10/2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, recebeu o Administrador da NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos), Charles Bolden, que desembarcou no Aeroporto de Guarulhos, na noite de quarta-feira, 26 de outubro, em sua primeira visita ao Brasil. Raupp saudou o visitante em nome do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, e da própria AEB, e frisou a relevância de uma ampla e profunda cooperação espacial entre Brasil e EUA.

No dia seguinte, quinta-feira, 27, Raupp e Bolden voltaram a se encontrar em São José dos Campos, nas instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante a visita do Administrador da NASA a essa importante instituição do Programa Espacial Brasileiro. Na ocasião, eles firmaram dois acordos de cooperação: um sobre a participação do Brasil no Programa de Medição de Precipitação Global (GPM) e o outro sobre o lançamento de sondas para o estudo da camada de ozônio.

Pelo primeiro acordo, o Brasil terá acesso a dados gerados pela constelação de satélites do GPM, programa dos Estados Unidos e Japão criado para monitorar por satélites as precipitações na atmosfera, em alta resolução temporal, no mundo inteiro.

A constelação GPM, que começará a ser lançada em 2013, permitirá estimar mudanças climáticas e meteorológicas, aperfeiçoar a previsão do tempo e dar mais eficácia aos sistemas de alertas de desastres ambientais, como tempestades, tormentas, relâmpagos, enxurradas, inundações etc. O programa também fornecerá dados precisos sobre as características das chuvas em cada área do planeta, além de criar mapas em três dimensões revelando a estrutura das precipitações.

Para o Brasil, o pleno uso dos dados do GPM beneficiará várias áreas em larga escala, a começar pelo Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para enfrentar com os recursos mais modernos e eficientes as calamidades espontâneas que têm causado tantas perdas e danos em todo o país.

O Ministério da Integração Nacional também está interessado no acesso aos dados do GPM, que considera de extrema valia para o trabalho do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que está sendo estruturado por sua Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC). Proposta de parceria com a SEDEC já chegou à AEB, nesta sexta-feira.

A AEB propôs registrar no acordo o estudo da possibilidade de desenvolvimento conjunto com a NASA de um satélite para compor a constelação GPM. Mas a proposta não pôde ser incluída no texto, em vista de dificuldades orçamentárias por que passa a NASA. Contudo, a ideia de um projeto futuro não está inteiramente descartada.

O segundo acordo assinado por Raupp e Bolden estabelece que o INPE continue lançando em território brasileiro sondas de ozônio conectadas a balões atmosféricos, permitindo melhor compreensão sobre o funcionamento da camada de ozônio. Os equipamentos serão cedidos pela NASA, que também será responsável pela formação de profissionais. Os dados gerados pelas sondas estarão disponíveis a ambos os países.

O Diretor do INPE, Gilberto Câmara, apresentou à delegação norte-americana o projeto Observatório Global do Ecossistema Terrestre (GTEO), na sigla em inglês), elaborado em parceria com o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA. Trata-se de um satélite pleno de tecnologia altamente inovadora, destinado a estudar mudança nos ecossistemas e nos ciclos geoquímicos do planeta, inclusive medindo sua vegetação e o comportamento dos oceanos.

Ciceroneado pelo chefe do Laboratório de Integração e Testes (LIT/INPE), Petrônio Noronha de Souza, Bolden ficou impressionado com a excelência de suas instalações e equipamentos, bem como com seu enorme potencial de atuação. Não por acaso, os acordos foram assinados justamente durante a visita ao LIT – sinal de efetivo avanço científico e tecnológico.

Bolden ainda teve tempo para um encontro com crianças e adolescentes do Vale do Paraíba, entre os quais um grupo de alunos de uma escola municipal de Ubatuba, que está construindo um pequeno satélite. O visitante revelou-se exímio comunicador. Proferiu palestra pautada de momentos inesperados, emocionantes e divertidos. A conversa agradou em cheio a crianças e adultos. Liberados pelo conferencista para formularem qualquer tipo de perguntas a qualquer instante, os pequenos levantaram dezenas de questões, as mais diferentes. Foi uma festa.

Ao final, Bolden cumprimentou os alunos pela qualidade das perguntas e pelo alto nível de curiosidade manifestada sobre temas espaciais. E tirou dezenas de fotos com todos eles, encantados com sua forma simpática e agradável de lidar com os jovens, a quem recomendou: estudem muito, procurem estar entre os melhores naquilo que fazem e não tenham medo de fazer perguntas, nem de errar.

Durante o magnífico almoço oferecido aos visitantes pelo INPE, Raupp teve oportunidade de reafirmar a Bolden o grande interesse do Brasil em desenvolver com os Estados Unidos um programa de cooperação espacial bem mais abrangente, intenso e profundo do que o atual. Por seu turno, o Administrador da NASA, que pela primeira vez pisou em solo brasileiro, não se cansou de repetir o quanto estava satisfeito e grato por tudo o que lhe tinha sido dado ver, ouvir e conversar no Brasil.

Fonte: AEB

Comentários: para mais informações sobre o uso de imagens de satélites para prevenção e gerenciamento de desastres naturais, vejam reportagem exclusiva publicada na mais recente edição de Tecnologia & Defesa, já nas bancas.
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fórum de Inovação e Tecnologia França - Brasil

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Em 8 de novembro, a Câmara de Comércio França-Brasil, em conjunto com entidades do governo francês, realizarão em São Paulo (SP) o III Fórum de Inovação e Tecnologia França - Brasil, evento que apresentará os instrumentos e experiências do Brasil e França no campo de inovação.

Um dos painéis do fórum tratará de "novas parcerias e transferência de tecnologia aeronáutica e espacial", e terá palestras de Bruno Gallard, diretor-geral da EADS no Brasil, Jacques Breton, vice-presidente comercial da Arianespace, e Lionel Collot, diretor de engenharia da Thales, entre outros.

Para mais informações sobre o fórum, clique aqui.
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A questão dos recursos humanos

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Uma informação que dá um claro indicativo sobre um problema corrente do Programa Espacial Brasileiro, e que a cada dia se agrava: falta de recursos humanos.

Só este ano, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), de São José dos Campos, já perdeu 50 colaboradores, principalmente por aposentadoria. E estas perdas não estão sendo repostas. Em 15 de setembro, no workshop da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) sobre "Acesso ao Espaço", o diretor do IAE, Brig. Francisco Pantoja, afirmou que até 2020, a redução de pessoal do Instituto será de 50%.

Semana passada, noutro workshop da AAB, sobre "Recursos & Meios", o dado voltou a ser citado por alguns debatedores, e a conclusão é de que medidas, como realização de novos concursos, precisam ser tomadas com urgência.
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cooperação Brasil - Ucrânia

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Por ocasião da visita do presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, ao Brasil ontem (25), foi divulgada uma declaração conjunta da presidente brasileira, Dilma Rousseff, e do mandatário ucraniano. Um dos tópicos destacados é a cooperação espacial para o desenvolvimento do projeto "Cyclone-4 - Alcântara. Vejam abaixo:

"11. Os Chefes de Estado reconheceram o progresso alcançado no desenvolvimento do projeto espacial conjunto "Cyclone-4 - Alcântara" e expressaram confiança no êxito do primeiro lançamento do veículo ucraniano "Cyclone-4", a partir do centro de Alcântara. Os Presidentes manifestaram disposição de estar presentes ao lançamento. Os dois mandatários manifestaram interesse em expandir a cooperação entre o Brasil e a Ucrânia na área da exploração e do uso pacífico do espaço exterior, por meio do desenvolvimento conjunto de novos projetos."
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NASA: Visita de Charles Bolden ao INPE

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Diretor da NASA visita o INPE

Terça-feira, 25 de Outubro de 2011

O diretor da NASA, astronauta Charles Bolden, estará nesta quinta-feira (27) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP). Na oportunidade, será assinado acordo de cooperação sobre o programa GPM (Medidas Globais de Precipitação), uma iniciativa da agência espacial americana para o estudo em escala global das chuvas a partir de dados obtidos por satélites.

O acordo abrirá várias possibilidades para a participação brasileira no programa GPM, que deverá produzir dados relevantes para a previsão e o monitoramento de mudanças climatológicas e meteorológicas. Entre elas, atividades que vão desde a realização conjunta de pesquisas e estudos, validação e calibração de dados do programa, até a realização de missão de satélite para compor a constelação GPM.

Além do acordo sobre o GPM, será assinado outro termo de cooperação, sobre Ozônio, visando o estudo da concentração de vários componentes da atmosfera e compreensão da camada de ozônio da Terra. Ambos os acordos serão ratificados pela NASA e Agência Espacial Brasileira (AEB).

Também será abordada a proposta do INPE para o desenvolvimento em cooperação com o JPL (Jet Propulsion Lab), da NASA, de um satélite inovador de alta resolução espectral para estudo das propriedades biogeoquímicas da cobertura do solo, algo essencial na avaliação do impacto nos ecossistemas da ação do homem, das queimadas e dos desmatamentos. A pauta da reunião inclui, ainda, possíveis parcerias nas áreas de clima espacial, rastreio de satélites e testes ambientais de equipamentos espaciais.

Após reunião com dirigentes do INPE, a comitiva da agência espacial americana conhecerá as instalações do Laboratório de Integração e Testes (LIT), onde recentemente foram realizados os ensaios do SAC-D/Aquarius, satélite argentino que leva a bordo equipamento desenvolvido pela NASA.

A visita de Charles Bolden ao INPE também será marcada pelo encontro com estudantes das redes pública e privada da região. A história da exploração do Espaço e a carreira do atual diretor da NASA como astronauta e piloto de ônibus espacial deve inspirar o grupo de crianças e adolescentes, como os alunos de uma escola municipal de Ubatuba que, com o apoio dos engenheiros do INPE, em breve irão lançar um pequeno satélite. A palestra, marcada para meio-dia, será transmitida ao vivo pela Internet.

Esta é a primeira vez de Charles Bolden no Brasil. Sua vinda é um desdobramento da visita do presidente Barack Obama, ocorrida em março, para identificar parcerias entre Estados Unidos e Brasil na área espacial.

Fonte: INPE
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terça-feira, 25 de outubro de 2011

SGB, Telebrás, Embraer e "Embsat"

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Parceria entre Telebrás e Embraer ainda depende de acertos comerciais

segunda-feira, 24 de outubro de 2011, 20h53

O ministro de ciência e tecnologia Aloízio Mercadante declarou nesta segunda, dia 24, que a Embraer já teria sido definida como a empresa integradora do projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) e que a empresa a ser constituída com a Telebrás para esse fim se chamará Embsat. Segundo apurou este noticiário, contudo, o acordo final entre Telebrás e Embraer ainda não está fechado, e não há ainda o sinal verde da Defesa, que é quem manda no projeto, em última instância.

Existe, de fato, um estudo com uma recomendação da Agência Espacial Brasileira (AEB) apontando a Embraer como a empresa brasileira com melhores condições de ser a integradora do SGB, e esse estudo foi reconhecido por todas as partes envolvidas no projeto como muito sólido.

Os argumentos em favor da Embraer são irrefutáveis: de fato é a empresa com mais experiência nesse tipo de empreitada, já tem escritórios em todo o mundo e condições de viabilizar a logística dessa operação, tem relacionamento com vários dos possíveis fornecedores e é uma empresa em que o governo tem golden share. No entanto, dizem as fontes ouvidas por este noticiário, isso tudo ainda depende de questões comerciais.

Fontes próximas à Embraer alegam que a empresa só entrará nessa empreitada se vislumbrar aí a possibilidade de um bom negócio do ponto de vista empresarial, dentro da estratégia de longo prazo da empresa, e desde que ela mande no projeto. Já fontes do lado do governo entendem que não haveria porque se contestar a oportunidade comercial, já que essa empresa terá, praticamente, o monopólio da construção de todos os satélites do governo por pelo menos duas décadas, mas acham que a Embraer precisará fazer investimentos também, e nessa conta não valem recursos do BNDES. De qualquer maneira, parece já estar certo que a Telebrás teria uma golden share dessa empresa e a Embraer deve ter 51% das ações.

Segundo as fontes, as conversas já chegaram à fase de acertos entre advogados e o acordo deve ser fechado em algum momento próximo, caso se chegue a uma formatação comercial, mas há inclusive a chance de que outras empresas venham a participar do grupo, como a própria, Mectron, do grupo Odebrecht, também cotada para fazer a integração.

Quanto ao nome, a explicação é que Embsat é um nome de trabalho interno, mas que não está definido.

Fonte: Teletime
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Reginaldo Santos toma posse na ACS

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Novo diretor da Alcântara Cyclone Space toma posse em Brasília

25-10-2011

O novo diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS) tomou posse nesta segunda-feira (24), em Brasília. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, participou da cerimônia.

Mercadante ressaltou a importância de o Brasil ter autonomia tecnológica na área espacial e da necessidade da participação do setor privado neste processo. “Nós queremos mais participação da indústria privada no programa aeroespacial. Parte do êxito está em nós melhorarmos a relação do estado com o setor privado”, declarou.

Na ocasião, falou ainda sobre a expectativa com a posse de Reginaldo Santos, ao ressaltar o vasto conhecimento técnico e profissional do brigadeiro, que assume o comando da empresa binacional Brasil-Ucrânia, que terá como desafio gerenciar o cronograma para o lançamento do primeiro foguete brasileiro de grande porte (Ciclone-4).

“Ele foi o melhor aluno nos 60 anos de história do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica]. Já cumpriu várias missões nessa área aeroespacial”, disse o ministro, na cerimônia realizada no auditório do ministério, com a presença de parlamentares, representantes da Aeronáutica (entre eles o comandante da corporação Juniti Saito), do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), Marco Antônio Raupp, e do secretário executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias, entre outros.

O tenente-brigadeiro-do-ar da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) Reginaldo Santos é engenheiro eletrônico formado pelo ITA em 1970. Mestre em Engenharia (1974) e doutor em Ótica Aplicada (1977), ambos pela Purdue University (EUA), foi diretor do Centro Técnico Aeroespacial, onde anteriormente atuou como chefe da Divisão de Estudos Avançados do Instituto de Atividades Espaciais. Entre as funções que assumiu na área, foi conselheiro militar da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, EUA e, desde 2005, reitor do ITA.

Satélites

Na cerimônia de posse, Mercadante destacou também o esforço empreendido para o lançamento de novos satélites brasileiros nos próximos anos e ainda para reativar o trabalho da ACS, tanto para a preparação da base de Alcântara, como para terminar o Ciclone-4. Ele informou que a Ucrânia assumiu o compromisso de manter o equilíbrio orçamentário na parceria. “Eles estavam um pouco atrasados com os investimentos. Nós negociamos para ter igualdade de condições e acho que nós vamos dar um grande impulso à ACS”, disse.

A Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space, criada oficialmente em 2006, é responsável pela comercialização e pela operação de serviços de lançamento, utilizando o veículo lançador Cyclone-4, a partir de seu centro de lançamento em Alcântara (MA). A expectativa é de que o primeiro lançamento seja realizado no final de 2013.

Ao transferir o cargo, que ocupou interinamente na direção da ACS, nos últimos sete meses, com a saída de Roberto Amaral, o técnico Reinaldo Melo agradeceu a confiança depositada pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro Aloizio Mercadante durante o período de transição e falou sobre as dificuldades enfrentadas para a implantação do complexo. “Há quatro anos a ACS era apenas um sonho, constituindo-se num conjunto de documentos e boas intenções. Hoje ela é uma entidade real”, afirmou. Reginaldo Santos traçou um histórico da atividade espacial no Brasil e dos obstáculos vivenciados na fase inicial da ACS. “Estou consciente que outros estão à minha espera e estou disposto a enfrentá-los”, declarou o novo diretor, reforçando a necessidade de investimentos significativos e objetivos, além do envolvimento do setor empresarial.

Fonte: MCTI
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Candidato à direção do INPE

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O Dr. Nelson Jorge Schuch, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), será candidato à direção do INPE.

Graduado em Física na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com doutorado e pós-doutorado pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, Nelson Jorge Schuch é atualmente pesquisador sênior do INPE, de Santa Maria (RS), com linhas de pesquisa em Astrofísica, Ciências Atmosféricas e Clima Espacial, e também conselheiro da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB). Schuch foi candidato à direção do INPE em duas ocasiões, a primeira em 2000, e a segunda em 2009.

Sua proposta, a qual o blog Panorama Espacial teve acesso, defende o desenvolvimento futuro das áreas de Ciências, Engenharias & Tecnologias Espaciais, Ciência do Sistema Terrestre e suas aplicações. "Nosso MOTE e FUTURO para o INPE/MCTI é procurar manter a excelência nas Ciências, Tecnologias Espaciais e nas suas Aplicações, maximizando e investindo em retornos diretos à Sociedade Brasileira", escreveu o pesquisador no material apresentado na última sexta-feira (21), ao comitê de busca criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
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domingo, 23 de outubro de 2011

Evento sobre 40 anos de cooperação Brasil - Alemanha

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O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), de São José dos Campos (SP), promoverá entre os dias 24 e 26 de outubro um evento em comemoração aos 40 anos de cooperação espacial e aeronáutica entre o Brasil e a Alemanha.

A programação inclui a inauguração de um mock-up do foguete de sondagem VSB-30, no pátio do Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB), e também um workshop com palestras de especialistas brasileiros e alemães sobre diversos temas. Dentre os tópicos a serem abordados, destaques para a história e futuro da cooperação espacial entre os dois países, o programa SHEFEX, programas brasileiros de satélites, dentre outros.
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Tecnologia & Defesa nº 126

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Já está nas bancas, em todo o Brasil, a edição nº 126 da revista Tecnologia & Defesa. O mais recente número traz várias reportagens, com destaque para:

- COMDABRA - O cérebro da defesa aeroespacial brasileira

- Uso de satélites no gerenciamento de desastres naturais

- Operação Coroex II: formando tripulações de CLANFs

- PROSUPER - navios de escolta para a Marinha do Brasil

- Uma visita à Thales Nederland

- E muito mais!

O conteúdo espacial dessa edição inclui a reportagem sobre uso de satélites no gerenciamento de desastres naturais, que aborda o Sistema Nacional de Prevenção e Alertas de Desastres Naturais e perspectivas de uso de dados de satélites de observação e meteorológicos, além de notas na coluna "Defesa & Negócios" sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro" e o interesse da Flight Technologies, de São José dos Campos (SP), pelo Programa Espacial Brasileiro.

A T&D 127, que sai em dezembro, também já está sendo preparada e terá também algumas reportagens sobre atividades espaciais. Aguardem.
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um dia histórico em Kourou

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Hoje (21), a Arianespace abriu um novo capítulo na história espacial com o sucesso da missão que marcou o voo inaugural do lançador Soyuz a partir da Guiana Francesa (foto acima), e que colocou os primeiros dois satélites de navegação europeus Galileo em órbita. Veja a nota divulgada clicando aqui.

Ao longo desse final de semana, o blog Panorama Espacial fará uma postagem especial com mais detalhes sobre a missão.
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Visita do administrador da NASA ao Brasil

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Charles Bolden, administrador da National Aeronautics and Space Administration (NASA), a agência espacial norte-americana, fará uma visita ao Brasil a partir da próxima semana. Bolden deve chegar à São Paulo na quarta-feira, 26 de outubro, vindo da Argentina, maior parceiro espacial dos EUA na América do Sul. Segundo informações não confirmadas, o dirigente será recebido no aeroporto pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, e deve visitar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

A visita é considerada de cortesia, sem maiores significados ou assinatura de acordos. Mas, espera-se que sejam discutidos alguns possíveis projetos conjuntos, como as missões satelitais FLORA-1, para estudo do espectro do solo e da vegetação (Flora Hiperespectral), e GPM (Global Precipitation Measurement).
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Operação Barreira V: FTB lançado com sucesso

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Foguete de treinamento é lançado com sucesso no Centro da Barreira do Inferno

20/10/2011 - 18h54

O Foguete de Treinamento Básico (FTB) da Operação Barreira V foi lançado com sucesso no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), no Rio Grande do Norte.

"O foguete atingiu uma altura máxima de cerca de 32 km e caiu a 15 km da linha do litoral, que era a área esperada de dispersão da queda do foguete. O objetivo desta operação é deixar os servidores do centro capacitados para as operações de lançamento e rastreio para a próxima operação, em que serão comemorados os 40 anos de cooperação tecnológica entre a Alemanha e o Brasil", explicou o diretor do CLBI, Coronel Luis Guilherme Silveira de Medeiros. Ouça a entrevista

Além do lançamento, houve o rastreamento do foguete, com carga útil tecnológica, mas sem carga útil científica.

A Operação Barreira V envolve direta ou indiretamente 200 servidores entre civis e militares do CLBI. Participam da Operação a Agência Espacial Brasileira (AEB), Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), Instituto de Fomento Industrial (IFI), 3º Distrito Naval, Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e AVIBRAS.

Fonte: Força Aérea Brasileira
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

7ª edição da AAB Revista

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A sétima edição (janeiro a março) da AAB Revista, editada pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), já está disponível no website da entidade. O tema desta edição é Astronomia, com destaques para um artigo sobre a proposta da Missão ASTER, considerada a primeira missão brasileira de espaço profundo, e o Observatório Astronômico do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em São José dos Campos (SP).

Para acessar a nova edição (em arquivo PDF), clique aqui.
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Seleção do novo diretor do INPE

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Candidatos a diretor do INPE devem se inscrever até 14/11

Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) inicia o processo para seleção de candidatos ao cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a ser realizado por um comitê de especialistas, nomeado recentemente pelo ministro Aloizio Mercadante. Os interessados devem enviar os documentos necessários até 14 de novembro.

Esse sistema de escolha de dirigentes vem sendo praticado há mais de dez anos pelo MCTI para os cargos de Direção de todas as suas Unidades de Pesquisa, com amplo sucesso. A seleção, que dá origem a uma lista tríplice encaminhada ao ministro do MCTI, é sempre realizada por comitês de especialistas que buscam, nas comunidades científica, tecnológica e empresarial, nomes que se identifiquem com as diretrizes técnicas e político-administrativas estabelecidas para cada instituição.

O Comitê para o INPE, presidido pelo Prof. Dr. Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), tem, ainda, entre seus membros, o Prof. Dr. Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS), o Prof. Dr. Carlos Afonso Nobre, secretário de Política e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI (Seped), o Prof. Dr. José Humberto Andrade Sobral, do INPE, e o Dr. Satoshi Yokota, do Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento, de São José dos Campos (SP).

Requisitos

Poderão se candidatar ao cargo quaisquer pesquisadores, tecnologistas ou gestores que atendam aos seguintes requisitos básicos:

• competência profissional reconhecida;
• visibilidade entre a comunidade científica tecnológica e empresarial;
• experiência administrativa e capacidade de promover a agregação entre funcionários, levando-se em consideração a diversidade de áreas de atuação do instituto;
• visão de futuro para a instituição e empenho no desenvolvimento integrado científico e tecnológico do país;
• capacidade para tratar problemas políticos relacionados com a instituição;
• capacidade demonstrada de gestão, envolvendo atividades internas e externas de relacionamento com órgãos de pesquisa e de financiamento e gerenciamento de projetos complexos;
• comprometimento com a execução do Plano Diretor e do Plano de Gestão do INPE, bem como com o Plano de Ações do MCTI;
• comprometimento com a elevação contínua da qualidade das atividades em Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação realizadas no INPE;
• motivação para enfrentar novos desafios.

Os documentos para candidatura ao cargo devem abranger carta solicitando inscrição da candidatura, curriculum vitae, incluindo produção científica, e texto de até cinco páginas, descrevendo sua visão de futuro para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e a aderência do seu projeto de gestão com o Plano Diretor do INPE.

Devem ser enviados em papel e via eletrônica, para:

Prof. Dr. JACOB PALIS JÚNIOR
Academia Brasileira de Ciências
Rua Anfilófio de Carvalho nº 29, 3º andar - Centro
Rio de Janeiro, Brasil
CEP – 20030-060
Endereço eletrônico: jpalis@abc.org.br

O processo seletivo, além da avaliação dos documentos solicitados, incluirá apresentação pública de plano de gestão dos candidatos para o INPE e entrevista privativa dos candidatos com os membros do Comitê de Busca, em local, data e hora a serem previamente anunciados pelo comitê. Os candidatos externos ao INPE que quiserem conhecer o instituto deverão agendar visita com o Dr. José Humberto Andrade Sobral pelo telefone (12) 3208-7147 e disporão da documentação básica na página eletrônica do instituto (veja aqui).

Fonte: INPE
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Workshop da AAB sobre "Recursos & Meios"

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"Recursos & Meios para o Programa Espacial Brasileiro"

Data: 20 outubro 2011
Horário: 14:00 - 18:00
Local: INPE/LIT, Sala Roger Honiat

Com o objetivo de aprofundar as propostas e discussões apresentadas no documento "A Visão da AAB para o Programa Espacial Brasileiro", a Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) promove o terceiro dos workshops com este propósito. Trata-se agora de um workshop sobre "Recursos & Meios para o Programa Espacial".

Outros dois workshops serão organizados até o final do ano:

- "Indústria Espacial Brasileira": 24 de novembro de 2011, e
- "Organização Institucional & Empresarial": 15 de dezembro de 2011.

Os workshops considerarão em princípio o documento "A Visão da AAB para o Programa Espacial Brasileiro", como condutor, muito embora durante as apresentações e discussões possam surgir outros argumentos e conclusões.

Programação: Workshop "Recursos & Meios para o Programa Espacial Brasileiro"

- 14:00: Abertura - Otávio Durão (Presidente da Comissão de Política Espacial da AAB)
- 14:10: "Montagem, Integração e Testes de Satélites" - Petrônio Noronha de Souza (INPE/ Laboratório de Integração e Testes de Satélites)
- 14:30: "Controle, Rastreio e Recepção de Dados de Satélites" - Pawel Rozenfeld (INPE/ Centro de Rastreio e Controle de Satélites)
- 14:50: Discussões: Moderador - José Bezerra (Diretor-Secretário da AAB)
- 15:20: Intervalo
- 15:40: "Sistema Plataforma de Lançamento de Foguetes do CLA" - Adriano Gonçalves (IAE/ VLS-1)
- 16:00: "Recursos Humanos" - José Bezerra Pessoa Filho (IAE/ Divisão de Sistemas Espaciais)
- 16:20: "Recursos Orçamentários" - André Mileski (Tecnologia & Defesa / Panorama Espacial)
- 16:40: Discussões - Moderador: Petrônio Noronha Souza (ex-Presidente da AAB)
- 17:10: Conclusões & Finalização do Evento - Otávio Durão

Fonte: AAB, com edição do blog.
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CLBI: Operação Barreira V

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Ocorrerá durante o período de 17 a 21 de outubro de 2011, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), a Operação Barreira V. Essa operação, com lançamento previsto para o dia 20, às 15h00, objetiva lançar e rastrear um Foguete de Treinamento Básico - FTB, com carga útil tecnológica, sem carga útil científica, tendo como finalidade o treinamento operacional do CLBI e, ainda, a obtenção de dados para qualificação e certificação dos referidos foguetes, cumprindo as atividades previstas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).

A Operação Barreira V envolve direta ou indiretamente 200 servidores, entre civis e militares do CLBI. Participam da operação a Agência Espacial Brasileira (AEB), p Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), o Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), o Instituto de Fomento Industrial (IFI), o 3º Distrito Naval, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), e a AVIBRAS.

A duração do voo, que compreende da decolagem até o impacto, está estimada em 2 minutos e 45 segundos, com apogeu aproximado de 32,656 km e alcance de 17,209 km.

Fonte: CLBI, com edição do blog.
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Satélites IBSA: reportagem da "Folha de S. Paulo"

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Brasil aposta em novo satélite trinacional

Parceria com África do Sul e Índia permitiria criação de sonda para monitorar tempestades solares, por exemplo.

O projeto do primeiro satélite conjunto de Brasil, Índia e África do Sul deve ser reabilitado na próxima semana, durante o encontro do Ibas (cúpula que reúne os três países), em Pretória.

Proposto há dois anos pelo Brasil, o projeto compreende dois microssatélites, um para o estudo do clima espacial, outro para observação da Terra. O de clima espacial, dedicado ao estudo de fenômenos como tempestades solares, deverá ser o primeiro da parceria. No Brasil, a coordenação do projeto será do Inpe.

De acordo com os negociadores brasileiros, o custo total deve ficar em torno de US$ 10 milhões, além de cerca de US$ 7 milhões gastos para o lançamento do satélite. O custo é considerado relativamente baixo. A África do Sul desenvolveria o chamado controle de atitude do satélite, o conjunto de instrumentos de posicionamento da máquina. O Brasil seria responsável pelos sensores de coleta de dados e caberia à Índia o lançamento da sonda.

Especialistas da área espacial ouvidos pela Folha afirmam, porém, que o gigante asiático está reticente em relação à parceria trilateral.

A Índia, afinal, é uma potência espacial emergente, que recentemente lançou uma sonda na superfície da Lua e não tem interesse em um projeto tecnologicamente mais elementar. O maior interesse indiano seria o de vender a tecnologia.

No encontro da próxima semana, que terá a presença da presidente brasileira, Dilma Rousseff, do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, brasileiros e sul-africanos irão pressionar politicamente os colegas asiáticos para embarcar no projeto.

O satélite era visto com entusiasmo no governo Lula, por dar "materialidade" ao grupo de países do hemisfério Sul. "Tem um aspecto positivo de cooperação tecnológica sul-sul", diz o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. A Índia, entretanto, é essencial para o projeto, porque o custo de lançamento de um microssatélite por quilo é mais elevado do que o de um satélite de 5 toneladas.

Além disso, como a ideia é cobrir tanto o Brasil quanto a África do Sul, a nave teria de ser lançada numa órbita oblíqua. Ou seja, nem circulando os polos, como a maioria dos satélites de sensoriamento remoto, nem equatorial, como os satélites geoestacionários.

Para isso, seria necessário embarcar o microssatélite de "carona" com algum outro satélite num foguete indiano. "A Índia explora esse tipo de órbita", diz Câmara.

A África do Sul e o Brasil têm interesse em cooperação tecnológica, já que já são parceiros diplomáticos nos fóruns internacionais sobre uso pacífico do espaço. A África do Sul também abriga a primeira estação de recepção de imagens do satélite sino-brasileiro CBERS, que distribui imagens para a África.

O país africano tem, ainda, capacidade tecnológica "ociosa" nessa área, resquícios de um programa de cooperação nuclear com Israel durante o regime do apartheid (1948-1994).

Fonte: "Folha de São Paulo", via JC E-Mail, 17/10/2011.
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domingo, 16 de outubro de 2011

O que esperar do novo PNAE

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Durante o Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro no início deste mês, Himilcon Carvalho, Diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB) apresentou em sua palestra alguns elementos que devem constar na nova versão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), ora em discussão.

Carvalho listou as demandas concretas, já identificadas, do Programa Espacial Brasileiro, a saber: Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres; Estratégia Nacional de Defesa; Monitoramento Ambiental; e Segurança alimentar e hídrica. Tais demandas justificariam o desenvolvimento de missões de observação terrestre, meteorologia e comunicações, além, é claro, de meios de acesso ao espaço (um requisito da Estratégia Nacional de Defesa).

Satélites

O novo PNAE propõe dezesseis missões satelitais no período de 2012 a 2020 (ver gráfico abaixo). Cumprindo-se o cronograma proposto, a partir de 2012, o Programa Espacial Brasileiro teria ao menos um lançamento anual, com um pico de quatro missões em 2018.

Seguindo o exemplo do CBERS 2B, construído principalmente com subsistemas usados como modelos de engenharia para os dois primeiros satélites da série, a AEB adotará a mesma estratégia para o CBERS de segunda geração (além do CBERS 3 e 4, será feito o CBERS 4B, com previsão de lançamento em 2016), e o Amazônia-1, que deverá contar também com o Amazônia-1B, com expectativa de lançamento em 2015.

A AEB planeja também uma missão científica, baseada na Plataforma Multimissão (PMM), para o estudo do espectro do solo e da vegetação (Flora Hiperespectral), chamada FLORA-1, com lançamento planejado para 2016. Segundo informações recebidas pelo blog, tal missão poderia ser desenvolvida em conjunto com os Estados Unidos. Chama atenção a não inclusão da missão GPM (Global Precipitation Measurement), muito importante para o Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Inicialmente, a proposta era que o projeto fosse feito em parceria com a França ou Estados Unidos.

A missão radar, essencial para o monitoramento da região amazônica, está prevista para 2018. Ao invés de ser baseado na PMM, como inicialmente considerado (MAPSAR, em colaboração com a Alemanha), a AEB agora apresenta o satélite como sendo da classe de 2500 kg, possivelmente utilizando-se da plataforma desenvolvida para o CBERS, o que indicaria a possibilidade de se desenvolvê-la em parceria com a China, como tem sido buscado pela AEB.

O novo PNAE terá ainda uma orientação para missões de microssatélites científicos. Seriam três, uma voltada para clima espacial (CLE-1, em 2018), e duas de astrofísica (AST-1 e AST-2, em 2019 e 2020, respectivamente), a serem lançadas pelo futuro Veículo Lançador de Microssatélites (VLM).

Foguetes de sondagem e lançadores

As iniciativas em foguetes de sondagem e lançadores, lideradas pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), de São José dos Campos (SP), devem continuar apostando fortemente na cooperação com a Alemanha, que este ano completa quarenta anos (mais sobre essa cooperação, em breve no blog Panorama Espacial). Muito embora não haja definição dentro do IAE sobre o caminho a ser seguido para o desenvolvimento do VLM, dentre as várias possibilidades (cooperação com França, Rússia, Ucrânia, Alemanha ou Itália), a AEB parece apostar na cooperação com os alemães, numa extensão do projeto SHEFEX (SHarp Edge Flight EXperiment).

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sábado, 15 de outubro de 2011

Direito Espacial na Época Negócios

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Para os leitores do blog Panorama Espacial que se interessam por Direito Espacial: a edição desse mês da revista Época Negócios conta com uma pequena reportagem sobre o primeiro doutor em Direito Espacial no Brasil, Olavo Bittencourt Neto, que teve sua tese aprovada pela Universidade de São Paulo (USP), no último mês de agosto. O destaque do texto é a proposta de Bittencourt para o limite de 100 km de altitude nas fronteiras verticais dos países, tema que deverá ser discutido no Comitê das Nações Unidades para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS, sigla em inglês).

Olavo Bittencourt Neto, que atualmente está realizando pesquisas em Direito Espacial na Universidade de Leiden, na Holanda, lançou recentemente um livro sobre o tema, intitulado "Direito Espacial Contemporâneo - Responsabilidade Internacional".
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

INPE na missão franco-indiana Megha-Tropiques

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INPE apoia fase crítica de inserção em órbita de satélite franco-indiano

Sexta-feira, 14 de Outubro de 2011

A missão do satélite franco-indiano Megha-Tropiques, destinado a estudos climáticos na zona tropical, conta com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A ISRO, agência espacial indiana, solicitou ao Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) do INPE o suporte à fase crítica de inserção em órbita do Megha-Tropiques.

“Desde o lançamento, ocorrido no último dia 12, nossa Estação de Rastreio e Controle de Cuiabá recebe as primeiras telemetrias e transmite os telecomandos fundamentais para o sucesso da missão. Esta atividade continua por mais uma semana, quando será desfeita a rede de apoio”, diz Pawel Rozenfeld, chefe do CRC/INPE.

Testes e simulações que antecederam o lançamento do Megha-Tropiques comprovaram que a estação brasileira estava apta a fazer parte da rede mundial de rastreio e controle formada para apoiar a missão durante a fase crítica de inserção em órbita.

O satélite Megha-Tropiques é dedicado ao estudo do ciclo de água e energia na atmosfera tropical, às observações de sistemas convectivos tropicais e ao melhoramento da estimativa de precipitação a partir do espaço.

CRC/INPE

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) é um conjunto integrado de instalações, sistemas e pessoas dedicado à operação em órbita dos satélites desenvolvidos pelo INPE ou em cooperação com instituições estrangeiras. O Centro está capacitado, ainda, a dar suporte às missões espaciais de terceiros. É composto pelo Centro de Controle de Satélites (CCS) em São José dos Campos (SP), pela Estação Terrena de Cuiabá (MT), pela Estação Terrena de Alcântara (MA), bem como pela rede de comunicação de dados e voz que conecta os três locais.

O CRC/INPE mantém parcerias internacionais e atua na continuidade da operação do satélite científico francês Corot na estação de Alcântara, ao mesmo tempo em que realiza o controle e a recepção de dados dos satélites brasileiros SCD-1 e 2 e se prepara para a operação do sino-brasileiro CBERS-3 e do brasileiro Amazônia-1.

Em 2008, o CRC também deu suporte à Missão Lunar Indiana Chandrayaan-1. A participação do CRC foi encerrada quando a espaçonave saiu da gravidade terrestre e entrou na gravidade lunar.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Reginaldo dos Santos nomeado para a ACS

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Como esperado, Reginaldo dos Santos foi nomeado Diretor-Geral da empresa ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space (ACS), de acordo com um decreto da Presidência da República datado de 11 de outubro de 2011, mas apenas hoje (13) publicado no Diário Oficial da União. A posse de Santos é prevista para os próximos dias, embora, segundo pessoas ouvidas pelo blog, o mesmo já esteja participando de algumas atividades da binacional.

Reginaldo dos Santos é tenente-brigadeiro do ar da reserva da Força Aérea Brasileira, com graduação em engenharia eletrônica pelo ITA, e mestrado e doutorado pela Purdue University, dos EUA. No período de 1995 a 1999, foi diretor do então CTA (hoje, DCTA), Vice-Diretor (1999-2000) e Diretor-Geral (2000-2003) do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (DEPED), do Comando da Aeronáutica. Entre agosto de 2003 a agosto de 2005, atuou como Conselheiro Militar do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova Iorque, EUA. Antes de ser indicado para a diretoria da ACS, Reginaldo dos Santos ocupava a reitoria do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Comunicações via Satélite no Brasil

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Nos últimos dias, três reportagens sobre o mercado de comunicações via satélite no Brasil foram publicados em veículos estrangeiros.

Sexta-feira passada (7), circulou a edição de outubro do informativo Satellite Executive Briefing, que conta com uma reportagem genérica, intitulada "Brazil: Latin America's Leading Satellite Market", sobre o crescimento dos serviços de comunicações por satélite no País.

A Space News dessa semana traz uma pequena entrevista com Gustavo Silbert, presidente da Star One. O executivo basicamente fala sobre a empresa e perspectivas para os próximos anos. Sobre a intenção do governo brasileiro em dispor de um satélite próprio, Silbert foi protocolar: "A política de nossa companhia é de não comentar qualquer iniciativa governamental".

Questionado sobre uma possível sobre-capacidade em capacidade satelital na América Latina, em razão de vários anúncios de novos satélites para região, Silbert apontou que existe este risco potencial dentro dos próximos dois ou três anos, a exemplo do que aconteceu em 2003 e 2004. Outro ponto que merece destaque da entrevista de Gustavo Silbert é o comentário sobre parcerias com outros operadores, indicando potenciais movimentos no futuro. "Um desafio enfrentado por qualquer operador está relacionado ao custo crescente de construir e lançar um satélite. Faz muito sentido reduzir o risco e o gasto de capital por meio de parcerias com outros operadores", afirmou.

Por fim, a edição de novembro da revista Via Satellite, lançada esse mês, tem como reportagem de capa comunicações militares por satélite, apresentando programas e pontos de vista sobre o tema na Austrália, Japão, Reino Unido e Brasil. No caso brasileiro, a reportagem está relativamente desatualizada (não aborda a recente decisão sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro - SGB), mas conta com informações interessantes sobre o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), do Ministério da Defesa, além de citar a demanda a ser gerada pelos projetos do SISFRON e SisGAAz.
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Notas sobre o Congresso Latino-Americano de Satélites

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A edição de 2011 do Congresso Latino-Americano de Satélites foi prestigiada por vários executivos de indústrias espaciais estrangeiras com negócios no País. Marzio Laurenti, presidente da Telespazio Brasil, realizou no primeiro dia uma apresentação sobre aplicações de imagens de observação terrestre. Da Astrium, estavam presentes Jean-Noel Hardy, responsável por desenvolvimento de negócios da empresa na América Latina, Pierre Duquesne, da Astrium GEO-Information Services, além de executivos da Astrium francesa e da Paradigm, empresa de serviços de comunicações por satélite.

Arianespace

Quem também esteve no Rio de Janeiro para o congresso foi Jacques Breton, vice-presidente sênior de vendas e clientes da Arianespace. Acompanhado por Jacques Mercier e Jacques Fremau, representantes da empresa europeia no Brasil, Breton fez contatos com clientes e parceiros. Jacques Breton, que é fluente em português, também participou da entrega do Prêmio Talento SSPI 2011, da Society of Satellite Professionals International (SSPI) Brasil, ao lado de Jacques Mercier e sua esposa, Marie Annick Mercier. O primeiro colocado ganhou uma viagem para assistir a um lançamento em Kourou, na Guiana Francesa.

Thales Alenia Space

Laurent Mourre, diretor geral da Thales no Brasil, parece ter definitivamente assumido as rédeas da Thales Alenia Space (TAS), joint-venture da companhia francesa com o grupo italiano Finmeccanica na área de satélites, no País. Desde dezembro de 2010, com a saída do executivo Bruno Parenti, a Thales Alenia Space está sem executivos baseados no Brasil. Parenti, que em sua passagem pela TAS atuou em negócios importantes, como os contratos dos satélites Star One C1 e C2 e no programa argentino ARSAT, assumiu em abril desse ano uma posição de desenvolvimento de negócios dentro do grupo europeu EADS, estando baseado em São Paulo.

Contrato do Star One C4

Segundo Lincoln Oliveira, diretor de engenharia da Star One, a aquisição do satélite Star One C4, assim como a contratação de seu lançamento, devem ser concluídos até o final desse mês. O executivo, porém, não confirma a informação de que a operadora está em negociações exclusivas com a Space Systems/Loral, dos EUA, conforme revelado pelo blog em meados de agosto.

Semelhanças com o Brasilsat A1

Um comentário interessante, feito ao blog por duas pessoas durante o evento: a compra do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) tem muitas semelhanças com a aquisição do Brasilsat A1, o primeiro satélite geoestacionário brasileiro, na década de oitenta. Assim como o SGB, o Brasilsat A1 foi contratado pela então estatal Embratel com prazos bastante rígidos para seu lançamento. Deveria ser colocado em órbita até 1985, antes do término do mandato do presidente João Figueiredo. O que de fato ocorreu, em 8 de fevereiro de 1985.

ACS avançando

Em sua apresentação, Sergiy Guchenkov, da binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), exibiu algumas imagens das obras de infraestrutura no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, além de sistemas de solo e do próprio Cyclone 4 em montagem, indicando que a binacional está "decolando". No final de setembro, as obras em Alcântara foram visitadas por uma delegação militar ucraniana, chefiada pelo ministro da Defesa, Mykhailo Yegel. O blog espera em breve reproduzir algumas imagens do estágio atual das obras.
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domingo, 9 de outubro de 2011

Satélites 2011: informações sobre o SGB

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Durante o Congresso Latino-Americano de Satélites, que aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de outubro, a apresentação certamente mais aguardada e que mais interessava aos presentes foi a última, sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), num enfoque de Defesa ("O Novo Projeto da Indústria Aeroespacial Brasileira; O papel do satélite na Defesa; Complementariedade Governo/Iniciativa Privada"). Representantes do Ministério da Defesa, da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Comando da Aeronáutica, além de executivos da indústria fizeram apresentações com visões e propostas para o tão aguardado projeto.

A transformação do SISDABRA

O general Celso José Tiago, do Ministério da Defesa, apresentou um panorama sobre satélites para a Defesa, em linha com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa (END). Conforme esperado, discorreu brevemente sobre os projetos do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), e do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que demandarão capacidade espacial, não apenas em comunicações, mas também em navegação, meteorologia e observação terrestre. De acordo com o general, o projeto básico do SISFRON está muito próximo de ser concluído, e pelos planos do governo, deve começar a ser implantado a partir de 2013, com um horizonte de dez anos.

Mas, o cerne da apresentação do general Tiago esteve no que ele chamou de transformação do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), onde o SGB acaba se inserindo. Hoje preocupado com a proteção do espaço aéreo, o sistema será transformado e passará a também se preocupar com o segmento espacial, em linha com os ditames da END: "O SISDABRA (...) disporá de um complexo de monitoramento, incluindo veículos lançadores, satélites geoestacionários e de monitoramento, aviões de inteligência e respectivos aparatos de visualização e de comunicações, que estejam sob integral domínio nacional."

Muito embora não pareça haver uma definição oficial sobre as especificações do primeiro satélite, os comentários convergem para o seguinte: um satélite de grande porte, em torno de cinco toneladas, com transpônderes em banda Ka (foco no atendimento ao Plano Nacional de Banda Larga), e X (comunicações governamentais e militares). Uma fonte governamental comentou com o blog que o Ministério da Defesa possivelmente também fará uso da capacidade em banda Ka, adequada para comunicações com veículos aéreos não tripulados (VANTs). De acordo com o general Tiago, o objetivo é que o SGB ocupe uma posição orbital que lhe permita cobrir o Atlântico, o continente africano e o Mediterrâneo [na semana passada, partiu do Rio de Janeiro uma fragata da Marinha do Brasil que participará de uma missão das Nações Unidas no Líbano, na região do mediterrâneo. Tal fragata fará uso de sistemas comerciais de comunicação via satélite, possivelmente Inmarsat, para as comunicações com o governo/Marinha].

As movimentações empresariais

A expectativa do governo é de que até o final desse ano, seja selecionada uma empresa brasileira para atuar como contratante principal do SGB. Nesse sentido, já ocorrem movimentações empresariais, e segundo rumores, Odebrecht, Embraer Defesa e Segurança, Schahin e Andrade Gutierrez são alguns dos grupos interessados em atuar no projeto.

Paralelamente à definição sobre o contratante principal, os fabricantes também se movimentam. Vários executivos de fabricantes estrangeiros estavam presentes no evento. Laurent Mourre, diretor geral da Thales no Brasil, apresentou o histórico e experiência da Thales Alenia Space (joint-venture da Thales com o grupo Finmeccanica, da Itália) em satélites militares de comunicações. Mourre defendeu a ideia de que um único fornecedor de satélites seja contratado, e também falou sobre a possibilidade de transferência tecnológica para indústrias brasileiras a serem envolvidas nos próximos satélites da rede. "Estamos dispostos a apoiar iniciativas da indústria brasileira que visem ao atendimento das necessidades do país", afirmou.

A Astrium, do grupo EADS, liderada no País pelo experiente executivo Jean-Noel Hardy, também se posiciona como forte candidata.

Uma proposta conjunta por diferentes fabricantes, inclusive, não pode ser descartada, pelo que o blog ouviu de algumas pessoas bem familiarizadas com o tema.

Indicando o caráter estratégico do projeto para as relações Brasil e França, convém destacar que a "cooperação em matéria de sistemas satelitais geoestacionários" é um dos itens que constam da parceria estratégica firmada entre os governos brasileiro e francês em dezembro de 2008. Outro indicativo do grande interesse francês pelo projeto é a visita do general Tiago, do Ministério da Defesa, às dependências do projeto de satélites militares da série SYRACUSE, na França, por ocasião da 6ª Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto Brasil - França, que acontecerá na segunda quinzena desse mês, conforme publicado na última sexta-feira (07) no Diário Oficial da União.

A questão da transferência tecnológica

Ponto que tem gerado muita confusão sobre o SGB é a tão falada transferência de tecnologia. Fato é que, para se atender o objetivo de tê-lo em órbita em 2014, o primeiro satélite será integralmente contratado no exterior, sem envolvimento industrial nacional no segmento espacial. Há, no entanto, a expectativa de que empresas brasileiras participem do segmento solo (estações de controle e recepção), atividades de engenharia de sistemas e concepção da rede, dentre outros trabalhos associados. Para os próximos satélites, a serem lançados a partir do final da década, espera-se que a indústria brasileira seja capaz de participar, fornecendo componentes, efetuando testes ou mesmo atuando como integradoras. É por este motivo que a AEB foi chamada para participar do projeto, devendo zelar e tomar as medidas necessárias para que haja algum desenvolvimento industrial com base no SGB.

A intenção do governo, conforme revelado ao blog por uma fonte governamental, é de que no futuro o Brasil disponha de uma contratante principal de satélites, não apenas os de comunicações para o SGB, mas também de observação terrestre e de outras finalidades para atenderem as necessidades do País. Inclusive, um modelo de prime contractor apresentado pela AEB aos outros setores do governo é o da argentina INVAP. Este é um assunto que o blog voltará a abordar em breve.

Com o primeiro satélite, contratado no exterior, a intenção é a de que haja absorção tecnológica, segundo disse Himilcon Carvalho, diretor de política espacial e investimentos estratégicos da AEB. Isto é, a contratante principal deverá adquirir capacidade e conhecimento para o gerenciamento de projetos e sistemas, controle do satélite, dentre outros aspectos relacionados a sua operação. Basicamente, seria a mesma capacidade hoje detida no Brasil pela Star One, da Embratel, que contrata e opera diretamente os seus satélites, com competência nessas áreas internacionalmente reconhecida.

Uma proposta da ACS?

A binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), na pessoa de seu Chief Commercial Officer, Sergiy Guchenkov, chamou a atenção ao apresentar sua proposta, turn-key para o SGB, isto é, adquirir o satélite, montar e o sistema e entregá-lo para o operador já em órbita. Ao invés de se fazer de início um satélite de maior porte, como planejado, sua proposta é que sejam construídos dois satélites menores, de massa inferior a 1.700 kg, possibilitando o lançamento pelo Cyclone 4 a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, e também viabilizando um back-up para o sistema. De acordo com Guchenkov, o total de recursos disponível para o projeto (R$ 716 milhões) seriam suficientes para a construção dos dois satélites, assim como de seu lançamento, com total transferência de tecnologia para o País. A ACS disporia, ainda, de parceiros industriais na área de satélites com capacidade para desenvolvê-los e construi-los dentro do prazo necessário. O blog Panorama Espacial questionou o executivo sobre quem seriam estes parceiros, perguntando se a canadense MDA, que já está construindo um satélite de comunicações para o governo ucraniano, seria uma delas. Guchenkov confirmou o nome da MDA, mas afirmou que também existem outros parceiros. O executivo destacou também que os satélites poderiam ser financiados externamente, com garantia soberana do Brasil, sem necessidade de se aplicar recursos orçamentários do governo.

Apesar de ainda não serem conhecidos muitos detalhes, um ponto que talvez mereça especial consideração da proposta da ACS é a eventual necessidade de um acordo de salvaguardas tecnológicas com o governo dos EUA para o lançamento de satélites a partir do Brasil, associada com a questão do International Traffic in Arms Regulation (ITAR), tema frequentemente abordado aqui no blog. Havendo um eventual envolvimento da MDA na construção do satélite, dificilmente estes serão "ITAR-free", isto é, sem componentes de origem norte-americana, o que dificultaria o seu lançamento pela ACS no Brasil sem a existência de salvaguardas bilaterais entre EUA e Brasil. Ainda, importante ressaltar que soluções "ITAR-free" costumam ter um custo mais elevado e, muitas vezes, não têm a necessária maturidade tecnológica, o que seria um risco adicional ao sistema. Imagina-se que o governo brasileiro levará em consideração todos estes aspectos e riscos quando a decisão for tomada.
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"África, enfim, chega ao espaço", artigo de José Monserrat Filho

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Reproduzimos abaixo um novo artigo enviado ao blog Panorama Espacial por José Monserrat Filho, que participou do 62º Congresso Internacional de Astronáutica, realizado entre os dias 2 e 7 de outubro na Cidade de Cabo, África do Sul:

África, enfim, chega ao espaço

Agências espaciais do Brasil e da África do Sul decidem cooperar em micro satélites

José Monserrat Filho *
Os debates sobre o uso e a exploração do espaço chegaram à África. Estamos no ano 54 da Era Espacial, inaugurada em 4 de outubro de 1957 pelo primeiro satélite feito pela mão humana, o Sputnik I, lançado pela União Soviética.

Neste ano da graça de 2011, pela primeira vez na história, o continente africano acolheu o mais importante encontro global sobre questões espaciais: o 62º Congresso Internacional de Astronáutica, realizado na Cidade do Cabo, na África do Sul, de 2 a 7 de outubro.

Foi um megaevento. Seu tema central fala por si próprio: “African Astronaissance”. Ou, em outras palavras: “O Nascimento das Atividades Espaciais na África”. Veio gente do mundo inteiro. Participaram mais de dois mil pesquisadores, especialistas, autoridades governamentais, empresários, estudantes de muitas dezenas de países, de todos os continentes.

O presidente do Conselho de Assuntos Espaciais da África do Sul, Peter Martinez, também presidiu o Comitê Local de Organização do Congresso. Falando correntemente o português, ele ressaltou que a África vive um tempo muito especial de avanço dos programas espaciais: “Estamos assistindo ao surgimento de muitas agências espaciais no continente e também ao fortalecimento da cooperação espacial entre os países africanos”.

Espaço no Plano de Inovação de 10 anos

“Cresce o número de países africanos envolvidos com tecnologias espaciais, e por boas razões”, reiterou o ministro da indústria e do Comércio da África do Sul, Rob Davies, na abertura do Congresso, marcada por um espetáculo musical de rara beleza e criatividade.

E explicou: “Grande quantidade de problemas no esforço de desenvolvimento do continente africano pode se beneficiar com a aplicação de tecnologias de base espacial. Isso inclui desafios nas áreas de segurança alimentar, energia, recursos hídricos, telecomunicações e navegação.”

O Plano de Inovação de 10 anos, elaborado pelo Departamento (Ministério) de Ciência e Tecnologia e aprovado pelo Governo sul-africano, considera a C&T espacial como um dos cinco maiores desafios a serem enfrentados para promover a economia do conhecimento no país, afirmou, também no ato de abertura, a ministra do setor, Naledi Pandor, ex-ministra da Educação, a quem subordina-se a Agência Espacial da África do Sul (SANSA).

Atraso, nem pensar

A Estratégia Nacional para o Espaço, elaborada pela SANSA como base do futuro Programa Espacial da África do Sul, concentra-se, em especial, no desenvolvimento de micro satélites, porque busca “alavancar os benefícios da ciência e tecnologias espaciais para o crescimento sócio econômico e o desenvolvimento sustentável”.

A ministra Pandor apresenta a Estratégia Nacional para o Espaço, asseverando que “não podemos nos dar ao luxo de atrasar o desenvolvimento do setor” e que “os próximos cinco anos serão cruciais para garantir que a África do Sul não caia fora da tela de radar devido ao capital humano corroído e à infraestrutura envelhecida”.

A líder acrescenta: “A ciência e a tecnologia espaciais serão usadas como plataforma para prover dados e serviços essenciais a ampla série de aplicações, que vão desde a pesquisa e o desenvolvimento até serviços comerciais. Serão usadas ainda como instrumentos para a monitorar e avaliar recursos essenciais no território nacional, considerados importantes nos processos de tomada de decisões e capazes de apoiar o desenvolvimento sócio econômico sustentável”.

Prioridades sul-africanas

A estratégia espacial sul-africana define três prioridades-chave: proteção ambiental e gestão dos recursos naturais; saúde, proteção e segurança para as comunidades sul-africanas; e estímulo à inovação, maior produtividade e crescimento econômico através da comercialização.

Para realizar tais prioridades delineiam-se três tipos de programas: temático (observação da Terra, navegação, comunicação, ciência espacial e exploração); funcional (tecnologias críticas, missões de desenvolvimento, missões operacionais e missões de aplicação); e de apoio (desenvolvimento de capital humano, infraestrutura e parcerias internacionais).

Detalhe crucial: segundo a estratégia espacial, ao se assumirem essas iniciativas, permanece como desafio manter a opinião pública engajada e animada diante do panorama espacial em transformação: “O que devemos evitar é implementar tais iniciativas sem o apoio e a compreensão do grande público, pois elas foram concebidas com base na perspectiva do desenvolvimento sócio econômico destinado a atingir, no final, a mais ampla população.”

Espaço Brasil-África do Sul

Neste contexto, os presidentes das Agências Espaciais da África do Sul e do Brasil, respectivamente, Sandile Malinga e Marco Antônio Raupp, tiveram, em 6 de outubro, um primeiro encontro muito cordial e produtivo para trocar informações e ideias sobre uma cooperação bilateral.

Ficou claro o enorme interesse de ambos no desenvolvimento conjunto de micro satélites nos campos do clima espacial e da observação da Terra. Técnicos brasileiros e sul-africanos já se encontraram em 2010, no âmbito do IBAS (Fórum Índia, Brasil e África do Sul), de onde emergiu um relatório inicial sobre as possibilidades, a oportunidade e o desejo mútuo de colaboração em torno dos referidos satélites. Esse documento incentiva e facilita a retomada das conversações.

Daí que os dois presidentes acertaram uma videoconferência para tão logo sejam feitas as consultas internas necessárias – provavelmente na primeira quinzena de novembro.

Os dois países coincidem na urgência de tirar o máximo proveito das benesses do espaço para o desenvolvimento nacional.

Política e Direito Espacial na África

Cabe frisar que o Instituto Internacional de Direito Espacial (IIDE), promotor do colóquio anual a respeito de questões do direito das atividades espaciais, promoveu este ano durante o Congresso Internacional de Astronáutica, em 5 de outubro, uma sessão especial sobre “África: Direito Espacial e Aplicações – Passado, Presente e Futuro”. A maioria dos trabalhos apresentados na ocasião abordou problemas relativos à observação dos recursos naturais e o acesso aos dados produzidos pelos sistemas de sensoriamento remoto a partir do espaço exterior. Houve trabalhos também sobre os marcos jurídicos das atividades espaciais já criados e a serem criados pelos países africanos, bem como sobre as relações entre a África e o desenvolvimento progressivo do direito espacial, além da visão dos juristas africanos frente a esse novo ramo do direito internacional.

Sylvia Ospina, advogada colombiana residente em Miami, EUA, conhecida consultora para questões de telecomunicações e direito espacial, participou da sessão com um trabalho extremamente original sobre “O 'gap' digital e as atividades espaciais no Hemisfério Sul”, que compara as situações existentes, nesse setor, na África e na América Latina.

Sylvia lembrou as lutas e aspirações dos países em desenvolvimento no passado recente, inclusive na área espacial, e concluiu: “Hoje, 40 anos mais tarde, enquanto centenas de satélites estão disponíveis para as comunicações, o 'gap' digital é aproximadamente tão amplo quanto era nos anos 70”. A seu ver, a cooperação internacional e a boa vontade (good will) são fundamentais para o êxito das missões espaciais, inclusive dos projetos de telecomunicação e de tecnologias da informação e comunicação (TICs), em que se apoiam os satélites para superar o fosso digital entre o Norte e o Sul”.

Espaço exclusivo para fins pacíficos

Um dos pontos altos da programa de 2011 do Instituto Internacional de Direito Espacial foi a conferência (Nandasiri Jasentuliyna Keynote Lecture) proferida pelo Juiz da Corte Internacional de Justiça, Abdul Koroma, como parte da sessão dedicada aos novos pesquisadores da área de direito espacial. Natural de Serra Leoa, país situado no oeste da África, o Juiz Koroma atua há mais de 10 anos do Juri Simulado sobre casos espaciais, promovido anualmente pelo IIDE desde 1992.

Em sua aplaudida palestra, o Juiz Koroma criticou a instalação de armas em órbitas da Terra e defendeu o uso e a exploração do espaço exclusivamente para fins pacíficos. E propôs o conceito de “soberania da humanidade”, que, cada vez mais, precisa ser respeitada pelas “soberanias nacionais”, em benefício da vida e do progresso de toda a comunidade internacional.

* Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Lançadores: Itália quer cooperar com o Brasil

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Segundo informações recebidas pelo blog Panorama Espacial, Brasil e Itália podem cooperar no desenvolvimento conjunto de um novo lançador baseado no foguete VEGA (Vettore Europeo di Generazione Avanzata).

A possibilidade foi um dos assuntos discutidos por Marco Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), e por Enrico Faggese, presidente da Agência Espacial Italiana (ASI), em reunião realizada ontem (05) na Cidade do Cabo, África do Sul, por ocasião do 62º Congresso Internacional de Astronáutica. Da reunião, participaram também os chefes de cooperação internacional da AEB e ASI, José Monserrat Filho e Augusto Cramarossa, respectivamente.

O VEGA representa o mais importante passo dado pela Itália na área de lançadores, responsável por cerca de 65% de todo o projeto, iniciado em 1998 pela ASI e Agência Espacial Europeia. Trata-se de um lançador de quatro estágios (os três primeiros de combustível sólido e o último líquido), com capacidade de inserir cargas úteis de até 1.500 kg em órbitas circulares a 700 quilômetros de altitude. Seu desenvolvimento tem como prime contractor a ELV (European Launch Vehicle), joint-venture da ASI com a companhia italiana Avio. O primeiro voo, a ser realizado a partir do centro espacial de Kourou e operado pela Arianespace, está previsto para acontecer em janeiro de 2012.

A possibilidade de cooperação com os italianos se soma aos interesses de franceses, alemães ucranianos e russos em desenvolver com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) um novo lançador, de porte similar ao do VLS, como o blog tem noticiado ao longo dos últimos anos.
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Reportagem do Valor sobre o VSB-30 na Europa

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Europeus adquirem 21 foguetes brasileiros

Por Virgínia Silveira
Para o Valor, de Estocolmo e São José dos Campos

O presidente e CEO da SSC, Lars Persson, diz que há interesse em comprar também o foguete VLM, ainda em desenvolvimento, para lançar microssatélites.

O Brasil se transformou em um dos principais provedores internacionais de foguetes de sondagem, veículos suborbitais que podem transportar experimentos científicos para altitudes superiores à atmosfera terrestre, por períodos de até 20 minutos. O Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a estatal sueca Swedish Space Corporation (SSC) compraram 21 motores-foguete do veículo de sondagem VSB-30, utilizado com sucesso em mais de 11 lançamentos no Brasil e na Suécia.

O negócio, segundo o diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), responsável pelo desenvolvimento desses foguetes, brigadeiro Francisco Carlos Melo Pantoja, está avaliado em € 3 milhões. Dos 21 motores comprados, segundo ele, oito são conjuntos completos - o foguete e mais dois motores - e outros cinco são do motor S-30, que será integrado em outro foguete usado pelos europeus, o americano Orion.

Segundo o presidente da SSC, os foguetes de sondagem brasileiros e especialmente o VSB-30, que já recebeu uma certificação internacional, são considerados os melhores do mundo em sua categoria. O VSB-30 substituiu o foguete inglês Black-Arrow, que deixou de ser produzido em 1979, depois de 266 lançamentos, sendo o último em 2005.

O lançador brasileiro vem sendo usado pelo Programa Europeu de Microgravidade desde 2005 e, no próximo dia 24 de novembro, fará seu 12º voo a partir do Centro de Lançamento de Esrange, em Kiruna, na Suécia. O interesse dos europeus pelos foguetes de sondagem brasileiros, desenvolvidos com a participação do DLR, no entanto, envolve outros modelos além do VSB-30.

Segundo o presidente e CEO da SSC, Lars Persson, a missão espacial Shefex II que levará, entre outros experimentos, um veículo hipersônico europeu, avaliado em 8 milhões de euros, será feita pelo foguete brasileiro VS40 M, um veículo de sondagem mais potente e veloz que o VSB-30. O VS40 M também foi adquirido pelo DLR alemão a um custo de 900 mil euros, segundo o IAE.

O lançamento do experimento Shefex II (Sharp Edge Flight Experiment) à bordo do VS40 M está previsto para fevereiro de 2012, mas uma equipe do IAE já está Base de Andoya, na Noruega, desde o mês passado, trabalhando na pré-montagem do foguete. O VS-40 M também lançará um experimento brasileiro, que consiste em uma placa de carbeto de silício. O material será utilizado na estrutura do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA), outro projeto do IAE.

O presidente da SSC disse que a empresa também está interessada em comprar o foguete brasileiro VLM, que está em fase de desenvolvimento e poderá lançar microssatélites de 100 a 150 quilos. Persson disse que a empresa estima um mercado anual de 10 lançamentos com o VLM.

"No futuro nós pretendemos utilizar o VLM, porque ele é uma ótima opção para lançar satélites pequenos e com um custo de lançamento bem mais barato que o dos grandes foguetes", explicou. O motor do VLM está sendo desenvolvido pela empresa brasileira Cenic, que utiliza a tecnologia de fibra de carbono, responsável por uma redução de 60% no peso do motor do foguete.

Já o mercado global de foguetes de sondagem sub-orbitais, considerando apenas as aplicações civis, é de mais de 100 lançamentos anuais, para cargas úteis (experimentos científicos e tecnológicos) na faixa de 50 a 200 kg de massa e em altitudes de 100 km. Em média, segundo estimativa feita pelo diretor do IAE, cada lançamento custa da ordem de US$ 1 milhão, mas existe uma expectativa de um crescimento para 1500 voos anuais se o preço do kg de carga útil for reduzido para US$ 250.

A parceria com a SSC no programa de foguetes de sondagem, segundo Pantoja, é vista com bons olhos, pois a empresa já está envolvida com a comercialização de foguetes no mercado europeu e desta forma oferece mais possibilidades de venda do produto brasileiro fora do país.

O VSB-30, por exemplo, tem a aprovação da Agência Espacial Europeia (ESA) para realizar voos na Europa transportando cargas científicas do Programa Europeu de Microgravidade. O foguete foi o primeiro produto espacial brasileiro a ser comercializado no mercado externo e também o primeiro a receber uma certificação de nível internacional.

O desenvolvimento do VSB-30 foi feito com investimentos da ordem de 700 mil euros e o Centro Aeroespacial DLR arcou com 100% desse valor. O foguete custa cerca de 320 mil euros. "Os ganhos dessa parceria não podem ser vistos somente sob o ponto de vista financeiro. Essa sinergia tem gerado conhecimento e transferência de tecnologia para os dois lados", comentou Pantoja.

Com faturamento de 180 milhões de euros por ano e 660 colaboradores em 11 países, a SSC é especializada no desenvolvimento de câmeras imageadoras para satélites de observação da Terra, prestação de serviços de recepção de dados de satélites, pesquisas em ambiente de microgravidade e vigilância marítima através de radares, câmeras e sensores.

Fonte: Valor Econômico, 06/10/2011, via NOTIMP.
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cooperação Brasil - União Europeia

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Por ocasião da V Cúpula Brasil - União Europeia, realizada ontem (4) em Bruxelas, na Bélgica, foram assinados vários instrumentos de cooperação, inclusive no campo espacial.

Uma carta de intenções firmada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, e pelo vice-presidente da Comissão Europeia, Antonio Tajani, elenca vários temas de potencial cooperação em espaço envolvendo a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês), dentre os quais (i) Observação da Terra e Ciências da Terra; (ii) Contribuição ao Grupo de Observação da Terra e à Comissão de Satélites de Observação da Terra; (iii) Sistemas Globais de Navegação por Satélite; (iv) Comunicações por Satélite; (v) Ciência Espacial; e (vi) Exploração Espacial.

Na declaração conjunta divulgada pelo governo brasileiro e União Europeia (UE), cooperação espacial foi também um dos pontos destacados:

"Nesse contexto, o Brasil e a UE concordam em promover a cooperação em ciência, tecnologia e inovação de acordo com as linhas de orientação do Acordo, mediante:

[...]

estabelecimento de diálogo estruturado sobre cooperação espacial civil. O diálogo espacial permitirá discussões e cooperação em uma ampla gama de atividades espaciais, incluindo Observação da Terra e Ciência da Terra, o trabalho do GEO e CEOS, GNSS, comunicações satelitais, ciência do espaço e exploração espacial. O diálogo intensificará as discussões e o intercâmbio de informação relativos aos Programas Europeus de Navegação por Satélite (Galileo e EGNOS) e iniciativas comparáveis no Brasil, com vistas a concluir um acordo internacional na matéria;"
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

EADS e Thales juntas no Sisfron e SisGAAz?

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EADS estuda parceria por contrato de US$ 10,1 bi no Brasil

03 de outubro de 2011 • 07h19 • atualizado 08h53

O presidente-executivo da EADS, Louis Gallois, afirmou nesta segunda-feira ao Le Figaro que o grupo está aberto a uma aliança com a francesa Thales para vencer um contrato de cinco anos de vigilância de fronteira no Brasil, avaliado em 7,5 bilhões de euros (US$ 10,1 bilhões).

A EADS já tem uma joint-venture no segmento de segurança com o conglomerado brasileiro Odebrecht e está abrindo uma nova fábrica de helicópteros em Itajubá (MG). "Não descartamos nos associar à Thales para vencer este contrato", afirmou Gallois. A futura oferta pública para o contrato cobre fronteiras marítimas e terrestres, segundo o Le Figaro. A Thales não estava imediatamente disponível para comentar o assunto.

Fonte: Reuters, via Portal Terra.

Comentários: é a primeira vez que a EADS oficialmente fala sobre a possibilidade de uma parceria com a sua concorrente Thales visando aos projetos dos Sistemas Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), e de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), muito embora isso já fosse objeto de alguma especulação e comentários de bastidores. Desde 2010, circulam rumores de que o próprio governo francês, no escopo da parceria estratégica firmada com o Brasil em dezembro de 2008, teria indicado ao governo brasileiro o seu apoio à proposta da Cassidian (EADS) para o SisGAAz, e da Thales para o Sisfron. Uma parceria entre os dois conglomerados europeus para oportunidades no Brasil, no entanto, exigiria uma "costura" extremamente complexa e difícil, principalmente levando-se em consideração outros possíveis atores. Conveniente mencionar que os dois projetos de monitoramento e gerenciamento terão implicações na área espacial.
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domingo, 2 de outubro de 2011

SGB: "É pouco provável que tenhamos grande transferência de tecnologia", diz Bonilha

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011, 20h04

O presidente da Telebrás, Caio Bonilha, praticamente descarta que haverá uma transferência significativa de tecnologia para o Brasil na montagem do primeiro Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), com previsão de lançamento em 2014. “Pelo pouco conhecimento que eu tenho nessa área, mas considerando os prazos que nós teremos que cumprir, acho muito pouco provável que tenha grande transferência de tecnologia. Nós vamos aprender com esse primeiro satélite”, afirma ele.

Bonilha disse que será criada uma empresa em parceria com a iniciativa privada, mas ele disse que ainda não está definida o tamanho da participação da Telebrás nessa empresa e nem como será a atuação do Inpe e da AEB no projeto. Especula-se que o parceiro privado poderia ser a Mectron, da Odebrecht, ou a Embraer.

O grupo de trabalho com membros da Telebrás, da AEB e do Inpe produzirá um termo de referência com as especificações técnicas do produto que será comprado, bem como as condições em que acontecerá a transferência de tecnologia. Esse trabalho deverá ser feito nos próximos 60 dias.

O SGB será um satélite de aproximadamente 5 toneladas e terá parte da capacidade destinada para as comunicações militares em banda x. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse na última quinta-feira que seriam entre 3 ou 4 transponders para os militares, mas Bonilha não confirma a informação. “Isso eu não sei e se soubesse, é confidencial”.

Perguntado se o aparelho terá capacidade também em outras bandas como banda C, Ka ou Ku, Bonilha também disse que não tem essa informação, alegando que o grupo de trabalho formado para tratar do assunto teve sua primeira reunião apenas na última quinta, 29. Ele também disse não saber se a parceria com a iniciativa privada se dará por meio de uma PPP. “O grupo de trabalho é que vai responder essas questões”.

Fonte: Teletime
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