domingo, 31 de julho de 2011

"O Renascimento de Alcântara", artigo de José Monserrat Filho

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Reproduzimos abaixo um novo artigo de José Monserrat Filho, chefe de cooperação internacional da Agência Espacial Brasileira, enviado ao blog pelo autor. O artigo trata do Centro de Lançamento de Alcântara, destacando o seu momento atual, com a reconstrução da torre do VLS, a binacional Alcântara Cyclone Space, e abordando também outras iniciativas do Programa Espacial Brasileiro, como satélites de comunicações. Novamente, a exemplo do artigo divulgado semana passada ("Precisa-se de engenheiros espaciais"), o novo texto do Prof. Monserrat traz algumas informações inéditas e relevantes:

O Renascimento de Alcântara

José Monserrat Filho *

Já visitei o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) três vezes, ao longo de 15 anos. A primeira vez ocorreu em 1996 – eu era o editor do Jornal da Ciência, da SBPC, e estudioso do direito espacial. A segunda, nos idos de março de 2004, mais precisamente no dia 24, quarta-feira, por ocasião da 4ª Reunião Regional da SBPC¹ realizada na Universidade Estadual do Maranhão, em São Luís. E a terceira, agora, em 28 de julho de 2011, como convidado do Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Raupp, para integrar a comitiva do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, em visita especial (e histórica) ao CLA.²

Creio ter algo a relatar sobre a evolução do centro, desde sua paralisia nos anos 90.

Em 2004, participavam da visita o então presidente da SBPC, Ennio Candotti; o então secretário regional da SBPC, Antônio de Oliveira; o professor da PUC/RJ e ex-diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Anselmo Pasqua; e o engenheiro Murilo Marques Barbosa, então assessor especial do Ministro da Defesa, José Viegas Filho. Éramos um grupo muito interessado nos graves problemas que o Programa Espacial Brasileiros enfrentava.

Ainda estávamos sob o impacto do fatídico acidente ocorrido seis meses antes, em 22 de agosto de 2003, no CLA, na plataforma de lançamento do VLS-1, na véspera da terceira tentativa de enviá-lo ao espaço, quando perderam a vida 21 técnicos e engenheiros³.

Atônito com o que vira, escrevi, em 25 de março de 2004, o artigo “Base de Alcântara, uma riqueza ainda muito pouco explorada”4. Contei que fôramos “regiamente conduzidos e tratados pelo diretor do CLA, Coronel Francimar Nogueira Ventura, que se desdobrou para atender aos nossos questionamentos, com o auxílio de toda a sua equipe local”; ele nos apanhara no hotel, em São Luís, bem cedo pela manhã e nos trouxera de volta no fim do dia, acompanhando-nos o tempo todo. A hospitalidade era “a melhor possível”. O melancólico vazio do CLA é que impressionava.

O Coronel Francimar fez questão de nos mostrar tudo, a começar pelo local da tragédia. Diante daquele monte de ferros retorcidos que lembravam uma nesga do apocalipse, procurou nos esclarecer como se dera a explosão. Era, claro, a explicação técnica dos fatos. Atrás deles – sabíamos nós –, havia a longa história das deficiências e da falta de apoio governamental, que, ao longo de anos, levaram ao desastre como um lento rastro de pólvora.

O ponto a que tínhamos chegado

Daí que, no artigo, eu clamava: “Chegamos, como nunca antes, à hora da verdade. E ainda estamos nela, até inspirados no relatório sobre os resultados da investigação do terrível acidente. Tornou-se absolutamente imprescindível abrir à opinião pública a plenitude dos nossos problemas, deficiências e dificuldades. A realidade dói, mas é com ela que se constrói um novo rumo, mais seguro, mais produtivo e mais promissor, sem esquecer as conquistas do passado – muitas e fundamentais a seu tempo.”

E dizia mais:

“O que nos deixa aturdidos e perplexos é a complexidade dos problemas que cercam e atrasam o desenvolvimento do CLA, de valor incalculável no mundo de hoje.

“Pergunto-me quantos países se sentiriam felicíssimos se pudessem contar com uma base de lançamentos espaciais tão bem localizada e tão privilegiada quanto a de Alcântara. Muitos, com certeza, a começar por vários países avançados do Hemisfério Norte, com importantes atividades espaciais, mas com centros de lançamento que encarecem os voos.

“O fato concreto e por todos os motivos lamentável é que o Centro de Alcântara, onde o país já investiu centenas de milhões de dólares, continua subutilizado. Tudo o que de bom já fizemos com ele, seguramente representa uma percentagem mínima do muito que poderíamos ter feito, se tivéssemos há mais tempo tentado, com mais determinação e conhecimento de causa, aproveitar seu imenso potencial.

“Mas não se trata de chorar o leite derramado. Sem ignorar os erros do passado, há que enfrentar o dia de hoje e de amanhã. O CLA está ali, esperando por nossas iniciativas, nosso dinamismo, nossa criatividade. Ele é denso de possibilidades. Tem tudo para ser um dos melhores, mais eficientes e mais seguros centros de lançamento do mundo. E pode ser também um grande centro de pesquisas científicas e tecnológicas, além de um grande centro formador de recursos humanas em área de ponta.

“Ter tanto e aproveitar (relativamente) tão pouco – isso no mundo atual tem um nome duro e amargo: desperdício. Um luxo que um país pleno de carências como o Brasil não tem o direito de se permitir. Felizmente, há notícias e indícios importantes de que nos altos escalões do Governo federal há gente empenhada em mudar essa situação – sensatamente, moralmente e economicamente – insustentável.

“Já perdemos tempo demais. É hora de agir com toda a urgência possível e impossível. O grande futuro de Alcântara está nas mãos da presente geração de brasileiros responsáveis e empreendedores.”

Alcântara, sete anos depois

Na manhã de quinta-feira passada, 28 de julho de 2011, desembarquei no CLA com a mesma “ânsia natural e revitalizada de identificar sinais dessa renovação”, como assinalara em 2004.

Vi um centro bem diferente daquele de 2004. Há avanços e conquistas palpáveis, importantes obras em andamento, confiança no presente e no futuro. O clima é de franco otimismo. Mudança da água para o vinho.

A nova Torre Móvel de Integração (TMI), praticamente pronta, erguida no mesmo lugar da plataforma destruída em 2003, deve ser inaugurada no início de 2012. Custou R$ 44 milhões. A interligação dos sistemas eletrônicos e de comunicação está sendo concluída. Testam-se os equipamentos eletrônicos e a integração dos sistemas de comunicação da TMI com a Casamata, responsável pelo monitoramento e preparação dos foguetes antes de cada lançamento.

Inaugurou-se oficialmente a nova e moderna Sala de Controle dos lançamentos do CLA, construída em três anos e já várias vezes testada, que acompanha todas as etapas de um lançamento, bem como a segurança de voo, telemedidas e localização. Sistemas digitais substituíram os analógicos, otimizando o rastreio dos foguetes e reduzindo a chance de interferências nos lançamentos. Toda a comunicação de dados segue agora por fibra ótica que evita interferências.

No ato de inauguração, simulou-se o funcionamento de toda a Sala de Controle – telemedidas, rastreio e monitoramento de voo.

Modernizou-se também a sala da Casamata. A renovação abrange o sistema de radar e o setor de meteorologia. Além do mais, o CLA foi dotado de um sistema de perfiladores de vento com tecnologia que permite nova dinâmica na avaliação dos ventos verticais.5

Assim – garante o atual diretor do CLA, Coronel Ricardo Rodrigues Rangel –, o centro estará preparado para promover, em 2012, o primeiro voo de qualificação do novo foguete brasileiro, o VSL, modificado graças à cooperação com a Rússia.6

A relevância da empresa Alcântara Cyclone Space (ACS)

Os pontos centrais do Programa Espacial Brasileiro são o CLA e o programa da empresa Alcântara Cyclone Space (ACS), declarou o Ministro Jobim para quem ainda tinha alguma dúvida.

O presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, bateu na mesma tecla: “Os dois pontos fundamentais do Programa Espacial Brasileiro são o CLA e a ACS. Em 2012, o CLA deverá lançar o novo VLS, e a ACS, o foguete Cyclone 4.

Em visita à Ucrânia (4-8 de julho), à frente de uma missão técnica, Raupp conheceu a tecnologia usada no Cyclone 4 e voltou “muito otimista”. A fabricação do foguete está bem adiantada. A parte brasileira deve acelerar a construção das instalações no CLA a ele destinadas .

Satélites geoestacionários, maior autonomia e maior orçamento

A visita ministerial ao CLA buscou conseguir novos recursos para o Programa Espacial Brasileiro como um todo, afirmou o Ministro Jobim, até porque em janeiro deste ano houve um corte de R$ 50 milhões no orçamento destinado à C&T; resultado: o CLA reduziu de 14 para sete o número de lançamentos previstos para 2011.

Os ministros visitantes concordaram com dois pontos essenciais: 1) a forte base tecnológica já instalada no CLA permite efetuar lançamentos complexos; e 2) isso exige novos recursos financeiros para completar a capacidade operacional do CLA.

Não por acaso, a visita foi definida como “a base do relatório para solicitarmos novos investimentos à Presidente Dilma Rousseff”. Sabe-se que ela assumiu as atividades espaciais como uma das maiores prioridades de seu governo, ao lado das áreas nuclear e de informática. O Ministro Paulo Bernardo acredita que “a presidente Dilma dará luz verde aos novos investimentos”.

Aliás, o Ministério da Defesa já tem pronta a exposição sobre a necessidade inadiável de dois satélites geoestacionários estratégicos de comunicações, a ser apresentada à Presidente. Os dois satélites, com lançamentos planejados para 2014 e 2019, demandam, obviamente, investimentos de monta. A ideia é de comprá-los de uma das empresas internacionais do setor, mediante licitação. Mas o Ministro das Comunicações fez questão de ressaltar: “No futuro, criaremos nossos próprios satélites geoestacionários.”

Mais áreas de lançamento, mais fontes de riqueza

O excelente sobrevoo de helicóptero oferecido aos visitantes sobre a zona do CLA atual e toda a região norte de Alcântara, às margens do Oceano Atlântico, deixou clara a possibilidade de se ampliar de três para 15 o número de áreas de lançamento. A região é praticamente desabitada, não parece favorecer a agricultura e pode, sim, ser objeto de acordo com os habitantes de Alcântara para que eles tenham acesso ao mar quando não houver lançamentos programados.

Esse é um dos melhores locais do planeta para todo tipo de lançamento espacial. Podemos e devemos aproveitá-lo com competência e urgência. É riqueza natural inestimável, capaz de favorecer a própria Alcântara, o Estado do Maranhão, a região Nordeste e o Brasil inteiro.

Resumo e apelo da história

Estamos diante de um renascimento de Alcântara. Não temos nem mais um minuto a perder.

* Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB

Referências

1) Os Ministros Paulo Bernardo, das Comunicações, e Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, também participaram da visita organizada pelo Ministério da Defesa às instalações do CLA. Da AEB, além do Presidente Marco Antônio Raupp, estavam o Diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento, Thyrso Villela, e o Diretor de Transporte Espacial e Licenciamento, Nilo Sergio de Oliveira Andrade, ex-Diretor do CLA.
2) Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), criada em 1948.
3) Todos pertenciam aos quadros do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), então vinculado ao Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), subordinado ao Comando da Aeronáutica.
4) Publicado no JC e-mail nº 2491 (Jornal da Ciência eletrônico da SBPC), edição de 25 de março de 2004.
5) Ver: http://panoramaespacial.blogspot.com/.
6) Jornal “O Estado do Maranhão”, de 29/07/2011.
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A entrada da Bélgica no mercado espacial

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A Bélgica pode se tornar o mais novo país a exportar satélites de observação terrestre. Em 27 de julho, uma proposta feita por indústrias espaciais belgas foi comissionada pelo governo do Vietnã para o fornecimento de um microssatélite de observação terrestre, dentro do programa VNREDSat (Vietnam Natural Resources Environment and Disaster monitoring small Satellite).

Estudos de viabilidade para o projeto final da carga útil ótica foram iniciados e devem ser concluídos até outubro. O contrato de construção será assinado em março de 2012, por ocasião de uma missão econômica da Bélgica no Vietnã. A expectativa é que o modelo seja lançado em 2016, sendo que este será o segundo microssatélite de observação do Vietnã. Em 2010, o país asiático também adquiriu um satélite da EADS Astrium, baseado na plataforma Myriade (a mesma adotada pelo chileno SSOT), e que está atualmente em construção em Toulouse, com previsão de lançamento em 2013 ou 2014.

Segundo informações da imprensa europeia, indústrias da Bélgica recentemente fizeram propostas equivalentes de satélites de sensoriamento remoto para países no continente africano e na América Latina. Em outubro de 2009, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Centro Espacial de Liège assinaram um acordo de cooperação no campo espacial, compreendendo diversas áreas, dentre as quais observação terrestre, cargas úteis e satélites. No final de junho, a AEB divulgou notícia sobre planos de uma visita dea delegação de empresários da indústria espacial brasileira a empresas espaciais belgas, e também para a formação de recursos humanos especializados, em universidades da Bélgica, nas áreas de engenharia e aplicações espaciais.

Satélites PROBA

O modelo selecionado pelo Vietnã será baseado numa família já madura de satélites desenhados pela indústria belga. Desde o final da década de noventa, o governo da Bélgica tem apoiado o desenvolvimento do PROBA (Project for OnBoard Autonomy), projeto de família de microssatélites que envolve a participação de várias indústrias e entidades do país, como a QinetiQ Space, que atua como prime-contractor, e a Spacebel (software e segmento terrestre). O primeiro modelo PROBA, de sensoriamento remoto ótico, foi colocado em órbita em outubro de 2001, e continua em operação. Em 2009, foi lançado um segundo satélite baseado na plataforma, para missões científicas, dedicado a observações sobre os efeitos do Sol na Terra. Um terceiro modelo, chamado PROBA-V, também para observação terrestre, está em construção e deve ser lançado entre 2012 e 2013.
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sábado, 30 de julho de 2011

Programa "Ciência sem Fronteiras"

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O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em conjunto com o Ministério da Educação, está lançando um programa de concessão de bolsas para estudantes e pesquisadores no exterior, chamado "Ciência sem Fronteiras". O objetivo é, até 2014, conceder 75 mil bolsas de estudos para graduação, doutorado, pós-doutorado e estágio em áreas estratégicas, nos campos de engenharias e ciências básicas e tecnológicas. O programa também considera a atração de cientistas brasileiros e mesmo estrangeiros que hoje estão no exterior, para realizar suas pesquisas no País. Outro aspecto interessante é a busca de uma maior participação da iniciativa privada na formação de recursos humanos, que no Brasil investe muito pouco em Pesquisa & Inovação, por meio do treinamento de especialistas e engenheiros em empresas no exterior por até 12 meses.

Dentre as áreas consideradas estratégicas, algumas relacionadas, direta ou indiretamente, com o setor espacial: Tecnologia Aeroespacial, Ciências Exatas e da Terra: Física, Química e Geociências, e Tecnologia de prevenção e migração de desastres naturais. O programa, portanto, pode ter um papel significativo na formação e/ou atração de recursos humanos para o Programa Espacial Brasileiro, um dos pontos atualmente considerados mais críticos para o seu desenvolvimento (ver o artigo "Precisa-se de engenheiros espaciais", de José Monserrat Filho).

Para saber mais sobre o "Ciência sem Fronteiras", acesse a apresentação feita pelo ministro Aloizio Mercadante (clique aqui), e também a nota distribuída pelo MCT (clique aqui).
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

AEB e projetos no Maranhão

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Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) confirma parcerias com a UFMA

28-07-2011

Confira uma entrevista com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Raupp durante encontro com o Reitor e Vice-reitor da UFMA, no Hotel Louzeiros, nesta quarta.

Durante o encontro, o presidente garantiu a consolidação de parcerias com a Universidade para fortalecer a educação e tecnologia do Estado. Antes da reunião, uma comitiva formada por representantes da AEB foi recebida pelo Reitor e Vice Reitor no Aeroporto Marechal Cunha Machado. Marco Antônio Raupp acompanha os ministros da Defesa, Nelson Jobim, das Comunicações, Paulo Bernardo, e de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco para uma vista as instalações do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

Fonte: UFMA, via AEB.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Jobim em Alcântara

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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitará amanhã (28), o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, de acordo com a sua agenda, divulgada pelo Ministério. Jobim assistirá a uma apresentação sobre as atividades do CLA, o principal sítio de lançamento do Programa Espacial Brasileiro, seguida de visita às instalações e sobrevoo.

Nos últimos anos, a infraestrutura do CLA tem sido modernizada e ampliada, como parte dos esforços para a retomada do programa VLS. Abaixo, reproduzimos uma nota sobre as modernizações, publicada na edição nº 125 da revista Tecnologia & Defesa, que está nas bancas:

"Centro de Alcântara tem infraestrutura modernizada e ampliada

Em paralelo ao desenvolvimento de foguetes pelo IAE, o Comando da Aeronáutica também tem atuado fortemente na modernização das instalações do principal sítio de lançamento brasileiro, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O grande marco do processo de modernização é a construção da Torre Móvel de Integração (TMI), que será usada pelo lançador VLS. A torre anterior foi destruída no trágico acidente que vitimou 21 especialistas do IAE/DCTA, em agosto de 2003, quando trabalhavam no preparo do voo do terceiro protótipo do VLS-1. A TMI foi oficialmente apresentada em julho de 2010, e a previsão é que até o segundo semestre de 2011 todos os sistemas, tais como mecanismos de proteção contra descargas elétricas, de medição da velocidade dos ventos, comunicações, entre outros, estejam instalados e a torre seja entregue para a equipe técnica do CLA e IAE/DCTA. Sua operação deve estar disponível em janeiro de 2012. A nova torre, construída pelo Consórcio Jaraguá/Lavitta, envolveu um investimento de R$ 44 milhões.

Além da TMI, o CLA também teve modernizadas a sala de controle, sistemas de radares de trajetografia e meteorologia, e casamata. A sala de controle, por exemplo, teve todos os sistemas analógicos substituídos por digitais, com comunicação feita por fibra ótica. Além disto, dispositivos de segurança, como câmeras, foram também instalados. Em breve, o centro contará ainda com um sistema ótico, dotado de telêmetro laser, em desenvolvimento pela Omnisys Engenharia, de São Bernardo do Campo (SP), para o acompanhamento de missões de lançamento. (AM)"
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Latin America - The New Jewel in Satellite"

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Comunicações via satélite na América Latina é o tema da reportagem de capa da edição de agosto da revista especializada norte-americana "Via Satellite". Sugestivamente intitulada "Latin America - The New Jewel in Satellite" ("América Latina - A Nova Jóia em Satélite", em tradução livre), a matéria destaca o crescimento econômico da região, projetos governamentais e a forte demanda por capacidade como os principais "drivers" para o crescimento do mercado regional de comunicações por satélite. O Brasil é um dos países destacados, especialmente em razão da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, e também do segmento de Petróleo e Gás, que tem demandado mais capacidade.


Para acessar a reportagem, clique aqui.
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domingo, 24 de julho de 2011

"Precisa-se de engenheiros espaciais", artigo de José Monserrat Filho

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José Monserrat Filho, chefe de cooperação internacional da Agência Espacial Brasileira, enviou ao blog o artigo abaixo, de sua autoria, que trata da carência de recursos humanos no Programa Espacial Brasileiro. Leitura essencial para quem acompanha o programa, inclusive com algumas informações inéditas:

Precisa-se de engenheiros espaciais

José Monserrat Filho *

E também de especialistas e técnicos em diversas áreas das atividades espaciais.

O Programa Espacial Brasileiro – como parte essencial de sua anunciada reestruturação e da nova etapa de dinamismo e eficiência propostas pela Agência Espacial Brasileira (AEB) – terá necessariamente que mobilizar um quadro bem maior de recursos humanos qualificados.

Atender com rapidez e competência à demanda por gente bem preparada é crucial para nós. Menos de três mil profissionais trabalham nas instituições e empresas que integram hoje o Programa Espacial Brasileiro. Impossível ir muito longe com tão poucos especialistas. A sobrecarga de trabalho já é um problema. Só para comparar, em 2009, toda a Europa tinha 31 mil profissionais do espaço, a NASA, 15.800, e o Japão, 6.300.¹

Pior ainda, o bravo contingente vem diminuindo incessantemente, nos últimos 20 anos. Agora ele precisa voltar a crescer para dar conta das mudanças imperiosas que precisam ser concretizadas com toda a pressa. Para tanto, há também que ampliar, e muito, a colaboração espacial entre nossas universidades, bem como entre as universidades brasileiras e de outros países.

Estudos da AEB, ainda não divulgados, dizem que o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Ministério da Defesa, precisaria contratar de imediato – pelo menos – 600 especialistas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 400, e a própria AEB, 40.

O Presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, já negocia com o Presidente do CNPq, Glaucius Oliva, a destinação de, pelo menos, 300 bolsas de graduação e pós-graduação – vindas do programa Ciência sem Fronteiras – para um grande esforço de formação de engenheiros e técnicos indispensáveis à nova fase de avanço e expansão do Programa Espacial Brasileiro.

A Presidente Dilma Rousseff² reiterou que o Programa Ciência sem Fronteiras movimentará 75 mil bolsas do governo federal e, muito provavelmente, outras 25 mil custeadas pelo setor empresarial. Sabe-se que acelerar o desenvolvimento da competência do país na área espacial, em vista de sua relevância estratégica e de seu impacto econômico, está entre as maiores prioridades do Governo. Jovens brasileiros serão enviados para se prepararem em 30 Universidades e Centros de Pesquisa Científica e Tecnológica de reconhecida excelência em vários países. Por outro lado, especialistas que estão sendo dispensados pela NASA, em virtude do fim de Programa como o dos Ônibus Espaciais e outros também seriam muito bem-vindos no Brasil.3

Rússia e Ucrânia já se oferecem para receber nossos estudantes nos campos da engenharia espacial e de outras especializações que atendem diretamente às nossas necessidades.4

A empresa ucraniana Youzhnoye, sediada no grande centro industrial de Dnepropetrovsk, está abrindo suas portas para formar brasileiros na tecnologia estratégica de propulsão líquida. Para tratar desse e de outros assuntos de interesse mútuo, o dublé de Projetista Chefe e Diretor Geral da Youznoye, Alexander Degtyarev, deve vir ao Brasil em setembro próximo.5

No Brasil, em 2009, as Universidades federais do ABC (UFABC, em SP) e de Minas Gerais (UFMG) criaram cursos de Engenharia Aeroespacial. A Universidade de Brasília (UnB), em boa hora, desenvolve programa semelhante.

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por sua vez, está sendo instada a seguir o mesmo rumo, dada sua proximidade do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), inclusive instalando um campus avançado no próprio CLA. Outras universidades do Nordeste e do Norte, federais, estaduais ou privadas, poderiam assumir um projeto similar, a fim de se pôr em dia com as ciências e tecnologias espaciais, hoje fundamentais. Quem sabe através da criação de um consórcio?

Esse esforço se deve a que, “sendo a formação em nível de pós-graduação insuficiente para gerar a massa crítica requerida de profissionais, torna-se necessário investir em estratégias que privilegiem a formação em nível de graduação (tecnólogos e engenheiros) e que, em complemento, estimulem a retenção de talentos nas atividades previstas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE)”, como bem observou o Brigadeiro Maurício Pazini Brandão, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).7

Em 2010, outro curso de Engenharia Aeroespacial nasceu no ITA, por iniciativa da AEB, INPE e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA). O curso do ITA formará especialistas em navegação e guiamento, propulsão e aerodinâmica, e eletrônica para aplicações espaciais. E em 2012, terá sua primeira turma de dez graduandos. Esse número poderá ser duplicado em breve.8

Gilberto Câmara, diretor do INPE, notou que “o esforço de formar recursos humanos e produzir pesquisas de qualidade não é suficiente para, por si só, gerar riqueza”, pois é preciso “transformar o conhecimento em benefícios sociais e econômicos de forma sistemática e eficiente”.9

Certo, formar recursos humanos não é suficiente, mas é imprescindível. Vale o que frisa o Brigadeiro Reginaldo dos Santos, reitor do ITA: “Recursos humanos bem formados, a existência de laboratórios atualizados e um programa espacial coerente com a participação plena do setor empresarial são os principais ingredientes para que o Brasil chegue, no início da próxima década [2020], a uma situação semelhante à de países emergentes, como Índia, Coreia do Sul e China”.10

Tudo isso se insere hoje num quadro em que já não resta a menor dúvida sobre a importância estratégica das atividades espaciais e sobre a necessidade de subordiná-las diretamente à Presidência da República. No dizer de Samuel Pinheiro Guimarães, é a “retomada do Programa Espacial Brasileiro em bases mais estáveis, com visão de longo prazo e dotação orçamentária compatível com sua prioridade”.¹¹ É o novo tempo do “Brasil Espacial Urgente”, conforme salientou Raupp na audiência pública sobre o Programa Espacial Brasileiro, promovida pela Câmara dos Deputados, em 14 de junho de 20011.¹²

* Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB.

Referências

1) The Space Report 2011, Space Foundation, Washington, DC, USA, 2011.
2) O Globo, de 23 de julho de 2011.
3) Correio Braziliense, de 23 de julho de 2011. O governo pretende aumentar de 75 mil para 100 mil o número de bolsas a serem disponibilizadas, até 2014, para brasileiros estudarem nas 30 melhores universidades do mundo. A diferença de 25 mil benefícios em relação ao anunciado no início de maio seria bancada por empresários que fazem parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência da República. O programa, batizado de Brasil sem Fronteiras, tem outra vertente: trazer cientistas estrangeiros para liderar pesquisas em universidades nacionais. A proposta da presidente deve movimentar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões até o fim de seu mandato.
4) Acerto feito nos encontros do Presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, com o Presidente da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos), Vladimir Popovkin, em Moscou, em meados de abril, e com o Presidente da Agência Espacial Nacional da Ucrânia (NSAU), Yuriy Alekseyev, em Kiev, no início de julho.
5) Carta do Sr. Alexander Degtyarev ao Presidente da AEB, de 21 de julho.
6) Reginaldo dos Santos, Estratégia de Formação, Capacitação, Treinamento Operacional e retenção de Recursos Humanos, in A Política Espacial Brasileira, editado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados, sendo relator o hoje Senador Rodrigo Rollemberg (DF), Parte II, 2010, pp. 253-257.
7) Maurício Pazini Brandão, Recursos humanos para a consecução da Política Espacial Brasileira, in A Política Espacial Brasileira, editado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados, Parte II, 2010, pp. 53-66.
8) Reginaldo dos Santos, idem ibidem.
9) Gilberto Câmara, Os benefícios do Programa Espacial para a sociedade, in A Política Espacial Brasileira, editado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados, Parte I, 2010, pp. 113-117.
10) Reginaldo dos Santos, idem ibidem.
11) Samuel Pinheiro Guimarães, O Brasil na era espacial, in A Política Espacial Brasileira, editado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados, Parte I, 2010, pp. 87-89.
12) A audiência foi requerida e presidida pelo Deputado Federal Carlinhos Almeida (SP)
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Os 50 anos do INPE no "Estadão"

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Aos 50 anos, Inpe busca renovação

Cerca de 70% dos funcionários do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais têm mais de 20 anos de casa; nº de servidores está em queda

Afra Balazina

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) - responsável pelo desenvolvimento de satélites, monitoramento do desmatamento na Amazônia e das queimadas do País, além da elaboração da previsão do tempo - chega aos 50 anos com uma inquietação. Aproximadamente 70% dos pesquisadores e especialistas que trabalham ali têm mais de 20 e 30 anos de casa.

Para manter os serviços de qualidade, o Inpe necessita urgentemente renovar seu quadro de funcionários, com a abertura de pelo menos 400 vagas. "É uma bomba-relógio. Temos uma enorme carência de jovens", diz Gilberto Câmara, diretor do Inpe.

O plano diretor do Inpe para o período 2011 a 2015 dá a dimensão do problema: "A geração dos "cabelos brancos", com mais de 50 anos, trabalha como nunca; realiza tanto as tarefas gerenciais e de planejamento típicas de sua idade quanto tarefas de bancada, desenvolvimento e montagem, que normalmente seriam atribuições de jovens cientistas e engenheiros."

Para completar, o número de servidores permanentes está em queda desde 2006. E nos próximos três anos, uma quantidade significativa de pessoas estará em condições de se aposentar.

"Hoje, temos pesquisadores com experiência e produzindo muito, mas eles vão embora um dia e não há outros aprendendo com os mais velhos", afirma.

De acordo com o documento, em 1989 o instituto tinha 1,6 mil servidores, sendo somente 50 com mais de 20 anos de serviço. "Passados 20 anos, somos apenas 1.070 servidores, dos quais só 300 têm menos de 20 anos de casa", diz o plano diretor.

Se forem considerados apenas os engenheiros e tecnologistas (especialistas no desenvolvimento de novas tecnologias), a situação piora. Em 1989, 95% deles "tinham menos de 20 anos de serviço e, hoje, 72% têm mais de 20 anos de casa".

O diretor afirma que há várias pessoas terceirizadas ou que fazem pós-doutorado no instituto. "Mas eles não têm estabilidade e não permitem garantir que o Inpe, a médio e longo prazo. vai continuar", alerta.

Câmara ressalta que a abertura de vagas depende da Presidência da República. "O ministro Aloizio Mercadante é inteiramente favorável. Esperamos que a presidente (Dilma Rousseff) também seja sensível", diz.

Ambiente. O Inpe começou focado nas pesquisas espaciais. Mas, ao longo do tempo, passou a ter um papel importante também na área ambiental. O instituto faz o monitoramento do desmatamento da Amazônia e das queimadas no País. Também realiza a previsão do tempo (mais informações nesta página) e estuda as mudanças climáticas.

Para o futuro, o diretor diz que o monitoramento deve ser ampliado para os demais biomas brasileiros, como a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga.

O peruano José Antonio Marengo, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe (que estuda as mudanças globais), afirma que um dos trabalhos em andamento tenta mostrar qual foi o custo da seca de 2005 na Amazônia.

"Há poucas avaliações econômicas. Se o estudo der certo, a metodologia depois poderá ser aplicada para a seca de 2010 e a enchente de 2009", afirma.

Visibilidade. O diretor Gilberto Câmara ressalta que o Inpe foi a instituição científica brasileira melhor classificada no ranking do Cybermetrics Lab, do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), na Espanha, que mede os acessos na web.

Obteve o 38.º lugar - os primeiros lugares são todos de instituições americanas: o Instituto Nacional de Saúde, a agência espacial (Nasa) e a agência de oceanos e atmosfera (Noaa).

Entre as brasileiras, aparecem a Embrapa (50.º lugar) e a Fiocruz (99.º lugar). "O Inpe é hoje o centro de pesquisa mais visível, com maior presença na vida das pessoas. Isso dá uma dimensão do bom papel que desempenha", diz Câmara.

Críticas. O fundador e primeiro diretor do Inpe foi o cearense Fernando de Mendonça, de 86 anos. Formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e com doutorado na Universidade de Stanford, ele conta que se inspirou na Nasa (lançada em 1958) para criar o instituto brasileiro.

Mas os programas do País usavam cerca de 1% a 3% do valor gasto nos projetos americanos. "Nunca tivemos a ambição de colocar alguém na Lua. A ambição era o progresso brasileiro."

Em sua opinião, o Inpe segue atualmente por um caminho equivocado. "Hoje em dia tem muitas áreas de serviço, como o meteorológico e a observação de queimadas. Acho que o instituto deveria se dedicar mais às pesquisas." De acordo com ele, "uma vez que se chega ao ponto de serviço, ele deveria ser entregue para um setor adequado do governo cuidar".

Mendonça critica a falta de criatividade e o fato de as linhas de pesquisa serem basicamente as mesmas que ele iniciou há 50 anos. Ele ainda aponta que o supercomputador adquirido pelo Inpe é subutilizado cientificamente e mais voltado para os serviços.

O ex-diretor do Inpe avalia que, ao gastar R$ 50 milhões para comprar o supercomputador, deveriam ter investido pelo menos R$ 5 milhões em formação de pessoas que "viessem a praticar ciência com aquela máquina". O que não foi feito.

"No Brasil, é muito mais fácil construir prédio e comprar computador do que formar gente."

O atual diretor, porém, elogia "a visão inteligente" do antecessor e diz que o instituto nunca se afastou do objetivo inicial. "O Inpe não é apenas uma instituição que faz satélite. O grande diferencial são os benefícios concretos à população."

Governo estuda fundir instituto com agência espacial

Afra Balazina

Marco Antonio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), avalia que o programa espacial do País está muito pequeno para o tamanho do Brasil. Ele diz que a agência não tem um corpo técnico e, para melhorar a situação, uma das saídas é a fusão da AEB e do Inpe. Seria uma forma de dar mais eficiência ao programa sem aumentar tanto os gastos. Com a fusão, no entanto, a parte do Inpe que cuida do ambiente poderia ficar deslocada.

Raupp, que já foi diretor do Inpe e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), lista os avanços que o programa espacial precisa fazer. Ele lembra que os satélites usados pelo Inpe para monitorar o desmatamento na Amazônia hoje não conseguem ver através das nuvens e seria importante o desenvolvimento de satélites com sensores de radar.

A Agência Nacional de Águas (ANA) também precisa de satélites mais modernos para fazer a gestão de bacias - ela utiliza um de 18 anos atrás. "Também não temos satélite próprio para a área de meteorologia", diz.

O atual diretor do Inpe, Gilberto Câmara, aceita a ideia da fusão. Mas faz ressalvas. "Queremos uma fusão com a AEB com a perspectiva de fortalecer o Inpe. O órgão final deve se chamar Inpe." O debate sobre o futuro do programa espacial passa, diz ele, sobre quanto o País está disposto a investir. Para concretizar as missões previstas, como lançamento dos satélites em 2015 e 2016, será preciso dobrar o orçamento até 2014.

Fonte: jornal "O Estado de S. Paulo", 24/07/2011, via NOTIMP.
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

O conceito de "hosted payloads" para comunicações militares

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Durante o III Seminário de Defesa, realizado simultaneamente à LAAD 2011, em abril, o executivo Lincoln de Oliveira, da operadora de comunicações por satélite Star One, do grupo Embratel, fez uma apresentação sobre o uso de "hosted payloads" no cenário de Defesa. Basicamente, o conceito envolve a colocação de cargas úteis de interesse embarcadas em satélites comerciais, sendo que tais cargas têm a possibilidade de acesso exclusivo a suas informações pelo cliente, cabendo ao operador do satélite as funções de telemetria e controle da plataforma. Podendo ser abrigado em satélites de órbita geoestacionária ou outras, dependendo da missão, uma carga útil embarcada pode ter aplicações em meteorologia, observação ambiental, comunicações (banda X, Ku, Ka, e outras), navegação aeronáutica em banda L, vigilância ou experimentos tecnológicos.

O conceito já é utilizado pelo Ministério da Defesa para o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), e segundo a Star One, dentre suas várias vantagens, "hosted payloads" oferecem a minimização de riscos, custos reduzidos e menor volume de investimentos se comparado a sistemas dedicados, além de prazos mais curtos de acesso ao espaço.

Com experiência de mais de 30 anos no uso e operação de satélites, a Star One especificou, contratou e lançou com sucesso oito satélites, quatro deles contando com "hosted payloads" em banda X para o SISCOMIS, sendo que atualmente dois destas cargas úteis estão em operação pelo Ministério da Defesa. De acordo com a empresa, esta possui controle dos satélites de sua frota 100% localizado no Brasil, a partir de uma estação terrestre em Guaratiba (RJ), com capacidade para manobrá-los e intervir em seu funcionamento em caso de necessidade com total autonomia tecnológica.

Segundo apurado por Tecnologia & Defesa, existe a expectativa de que o satélite geoestacionário Star One C5, que poderá ser contratado pela operadora em 2012, disponha de um novo transponder banda X para o SISCOMIS, de forma a complementar o sistema, que tem sido altamente demandado.

Fonte: coluna "Defesa & Negócios", da revista Tecnologia & Defesa, edição nº 125.
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Raupp na posse do novo presidente do CGEE

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Presidente da AEB participa de cerimônia de posse do novo presidente do CGEE

21-07-2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) e membro do conselho administrativo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE/MCT), Marco Antonio Raupp, participou, ontem (20), da cerimônia de posse do novo presidente da CGEE, Mariano Laplane. O cientista social e econômico substitui a engenheira química Lúcia Melo. O evento ocorreu no auditório Renato Archer no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em Brasília.

O presidente da AEB foi o primeiro a discursar. Raupp enfatizou o trabalho realizado ao longo dos últimos seis anos pela ex-presidente do CGEE, ratificou o apoio da comunidade científica ao novo dirigente e disse, ainda, que os esforços devem continuar em prol do desenvolvimento da ciência e tecnologia no País. “Nós da classe científica defendemos sempre a política de C&T como política de Estado. Os grandes testes destas políticas, entre as instituições de C&T, estão nas trocas dos comandantes das organizações. Nós acabamos de dar exemplo de uma sucessão tranquila, que preserva os princípios da qualidade e os objetivos permanentes”, disse Raupp.

Em seguida ao discurso de Raupp, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, tomou a palavra e também valorizou o trabalho do CGEE nestes últimos anos. Segundo ele, a instituição conseguiu superar as limitações no orçamento e produzir análises fundamentais ao desenvolvimento de C&T no País. “O Brasil se tornará em breve um grande exportador de petróleo. Hoje, já é um grande exportador de commodities. Nosso desafio é produzir conhecimento. Isso tudo é estratégico”, citou o ministro, se referindo à importância do CGEE no planejamento das políticas do MCT.

Na sua primeira fala como presidente do CGEE, Mariano Laplane, reconheceu a importância do Centro no planejamento das políticas públicas. Ele lembrou que apesar do cenário positivo da área de C&T no Brasil, o setor ainda carece de mais investimentos. “Precisamos promover a ciência com a inclusão social e do conhecimento. Nossa maior missão nos próximos anos é articular a ciência com a melhoria das condições de vida da população”, disse.

Além de autoridades como o ministro Mercadante, Raupp e da ex-presidente do CGE Lúcia Carvalho, estiveram no evento, o secretário executivo do MCT, Luiz Elias e o reitor da universidade de Campinas, Fernando Ferreira Costa.

Fonte: AEB
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terça-feira, 19 de julho de 2011

Tecnologia & Defesa nº 125

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Está chegando às bancas, em todo o Brasil, a edição nº 125 da revista Tecnologia & Defesa. O mais recente número traz várias reportagens, com destaque para:

- Panorama sobre o controle de tráfego aéreo no Brasil

- Cobertura do Paris Air Show

- Destaques da LAAD 2011

- Mísseis antinavio na América do Sul

- A Infantaria da FAB no Haiti

- Perfil industrial da IACIT

- E muito mais!

Este número também traz um bom conteúdo com temática espacial, com destaques para um bate-papo com o Brig. Pantoja, diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) sobre lançadores, e a modernização do Centro de Lançamento de Alcântara, reportagem sobre o projeto de veículo hipersônico 14-X, do Instituto de Estudos Avançados (IEAv/DCTA), e notas sobre o momento da Astrium no Brasil e o conceito de "hosted payloads" para comunicações militares via satélite.

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sábado, 16 de julho de 2011

Marinha do Brasil assina contrato para SisGAAz

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Marinha do Brasil e Atech assinam contrato para delinear o SisGAAZ

Qui, 14 de Julho de 2011 18:00

A Atech e a Marinha do Brasil (MB) firmaram no último dia 07 um contrato para delinear a arquitetura do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz). No ato de assinatura do documento, a Fundação de Aplicações de Tecnologias Críticas (Atech) esteve representada por seu presidente, Tarcísio Takashi Muta, e a MB pelo diretor de Sistemas de Armas da Marinha, vice-almirante Elis Treidles Öberg.

O SisGAAz é integrador de vários outros sistemas, com o objetivo ampliar a capacidade de monitoramento das águas jurisdicionais brasileiras e das regiões de busca e salvamento (SAR) que estão sob responsabilidade do Brasil, em cumprimento a acordos internacionais assinados pelo governo. Adicionalmente, possibilitará uma rápida reação a eventuais ameaças detectadas e identificadas, contribuindo para a proteção e a defesa dessa imensa área marítima. Trata-se de um complexo e abrangente sistema de monitoramento, controle, proteção e defesa, composto por meios operacionais da MB e por diversos tipos de sensores que integrarão redes de informação e de apoio à decisão. Toda a inteligência reunida nos vários níveis de atuação, contribuirá para a obtenção de uma acurada consciência situacional da área marítima coberta pelo SisGAAz.


Comentários: o valor do contrato firmado pela Marinha do Brasil com a Fundação Atech é de R$ 31.017.610,00, segundo publicado no Diário Oficial da União em 8 de julho. Interessante observar que, diferentemente do caso do Sisfron, quem está envolvido com a concepção do projeto básico do SisGAAz é a Fundação Atech, e não uma das empresas de seu grupo, a Atech Negócios em Tecnologias S.A. Embora possa parecer um mero detalhe contratual, este aspecto tem implicações negociais importantes, uma vez que a Atech Negócios em Tecnologias S.A. tem como uma de suas sócias, com 50% de participação, a Embraer Defesa e Segurança.

O blog Panorama Espacial tem abordado com certa frequência os projetos do Sisfron e SisGAAz, uma vez que estes contarão com segmentos espaciais ou, ao menos, exigirão a contratação de serviços oferecidos por satélites (comunicações, meteorologia, navegação e observação terrestre). No início de junho, Tecnologia & Defesa publicou um suplemento especial sobre segurança marítima (em breve, disponibilizaremos o link para acesso a sua íntegra), dando especial enfoque ao SisGAAz. Em entrevista para a coleta de informações para a elaboração de uma das reportagens, uma pessoa que acompanha os desdobramentos do projeto comentou que a Marinha considerava contar com uma constelação de satélites de órbita baixa para a recepção e transmissão de dados AIS (Automatic Identification System) de embarcações situadas na costa brasileira. Este tipo de serviço já é oferecido no mercado por algumas empresas, como a Orbcomm e a LuxSpace (OHB Systems), e existem também cargas úteis secundárias para a oferta desse serviço em alguns satélites governamentais, como o indiano Resourcesat-2, dentre outros. Apesar da intenção em se dispor de uma constelação para AIS possa parecer muito otimista, a ideia indica mais uma vez a importância que o segmento espacial terá para redes como o Sisfron e SisGAAz, integrando ainda outros sistemas, como o de controle de tráfego aéreo e defesa aérea.
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Raupp fala sobre novo PNAE na reunião da SBPC

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Presidente da AEB fala sobre novo Pnae na SBPC

14-07-2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, ministrou, nesta quinta-feira (14), palestra sobre o Programa Espacial Brasileiro durante a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na palestra, Raupp apresentou as demandas identificadas nas quatro reuniões de avaliação crítica do Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), realizadas no primeiro semestre deste ano, e, também, a proposta do novo Pnae.

Segundo Raupp, o Programa Espacial Brasileiro é voltado para a solução de problemas nacionais e deve ser autônomo. No entanto, ele acredita que não se faz programa espacial sem investimentos fortes, mão-de-obra qualificada e gestão de qualidade. Para otimizar as ações do programa espacial, sua primeira ação ao assumir a presidência da AEB, em março deste ano, foi marcar reuniões com os órgãos que compõem o Programa Espacial Brasileiro, com a indústria nacional e demais interessados no setor, para mapear a realidade do PEB e levantar as reais demandas do setor.

Quatro reuniões já foram realizadas. Ficou decidido que o país precisa de um sistema nacional de prevenção e alerta de desastres; de uma estratégia nacional de defesa; de um melhor monitoramento ambiental e de segurança alimentar e hídrica. Para atendê-las, o novo Pnae propõem que seja criada uma nova carteira de projetos, uma participação maior da indústria e da academia no programa, o domínio das tecnologias críticas, um novo orçamento e aprimoramento do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Sindae).

Alguns dos projetos de satélites existentes, como o do satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers, sigla em inglês), continuam. Outros como os de satélites geoestacionários de comunicação e meteorologia aparecem como prioridade no novo Pnae. “Nós temos grandes desafios para o desenvolvimento desses veículos. Temos que dominar a tecnologia do propelente líquido, por exemplo”, disse o presidente da AEB.

Segundo Raupp, a AEB definirá as prioridades e os projetos e eles serão executados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com participação direta da indústria e apoio das universidades. Ele acredita que essa parceria fortalecerá todos os envolvidos na execução do Programa Espacial Brasileiro e tornará mais fácil o domínio de tecnologias que o país ainda não detém. A parte do orçamento destinado à indústria e à universidade deve aumentar.

Para atingir todas as metas estabelecidas no novo Pnae, o presidente sugeriu que o atual orçamento do programa espacial – aproximadamente 300 milhões - seja multiplicado por três. Segundo ele, algumas diretorias, que hoje estão na Agência, devem ir para o Inpe. “Assim o programa espacial ganhará força e um corpo técnico capacitado”, disse. A sede da AEB continuará em Brasília.

Uma quinta reunião deverá ser marcada para que a nova versão do Pnae seja finalizada, validada e apresentada ao governo.

Fonte: AEB
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Direitos de exploração de satélites

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Anatel autoriza licitação para direito de exploração de satélite brasileiro


14 de Julho de 2011


O Conselho Diretor da Anatel autorizou hoje, em sua 613ª reunião, a abertura de procedimento licitatório, na modalidade de concorrência pública, para conferir direitos de exploração de satélite brasileiro para transporte de sinais de telecomunicações.


Até quatro novos satélites brasileiros poderão entrar em operação nos próximos cinco anos, ocupando posições orbitais em coordenação ou notificação em nome do Brasil ante a União Internacional de Telecomunicações (UIT).


A nova licitação possibilitará aumentar a capacidade satelital brasileira para atender as atuais demandas no setor e aquelas antecipadas em função de grandes eventos, tais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, entre outros projetos.


O edital de licitação para conferir direito de exploração de satélite brasileiro estará disponível para consulta na página da Anatel em 19 de julho. Para participar da licitação, os interessados devem adquirir o edital com a Comissão de Licitação, situada no 9º andar do Bloco E, Quadra 6, Setor de Autarquias Sul, Brasília - DF, a partir do dia 19 de julho de 2011, nos dias úteis, no horário de 9h às 12h e de 14h às 16h.


Nesta licitação, além das posições orbitais e faixas de frequências não planejadas, as interessadas poderão escolher posições orbitais e faixas de frequências associadas aos planos dos Apêndices 30, 30A e 30B do Regulamento de Radiocomunicações da UIT.


Os satélites deverão cobrir 100% do território brasileiro e dedicar parte da capacidade para atender o mercado brasileiro. Os direitos de exploração serão conferidos por 15 anos, prorrogáveis uma única vez. Uma mesma empresa poderá obter até dois dos quatro direitos licitados.


O edital de licitação para o direito de exploração de satélite brasileiro foi objeto da Consulta Pública n.° 10, de 15 de fevereiro de 2011.


Fonte: Anatel


Comentários: o mercado de comunicações via satélite no Brasil está num momento aquecido, e a licitação para a exploração de novas posições de satélites indica um pouco esse momento (sobre o mercado, ver a postagem "Mercado de comunicações via satélite no Brasil"). Aliás, a Star One, maior operadora brasileira no segmento, está próxima de selecionar o fornecedor do satélite Star One C4, que terá 48 transpônderes. Segundo informações recebidas pelo blog, a expectativa é de que uma decisão seja tomada dentro das próximas semanas. No páreo, estão as norte-americanas Loral e Boeing, e a europeia Astrium, do grupo EADS.
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

INPE - 50 anos

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INPE lança site em comemoração aos seus 50 anos

Quarta-feira, 13 de Julho de 2011

Para rememorar os fatos e celebrar as realizações que marcaram seus 50 anos de história, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está lançando um site comemorativo: www.inpe.br/50anos

Relacionados na “Linha do Tempo”, o site traz os principais fatos e realizações do INPE, em suas diversas áreas de atuação, contextualizados a acontecimentos marcantes no Brasil e no mundo, na ciência e tecnologia.

No site estão disponíveis cartilhas didáticas, para o público jovem, sobre os 50 anos (Conquistar o Espaço para cuidar da Terra), mudanças climáticas (O clima está diferente. O que muda nas nossas vidas), astrofísica (Pesquisar o Universo para entender a Terra) e atividades gerais (Um passeio pelo INPE).

Em contínua atualização, o site também apresenta galeria de fotos, videoteca e uma seção especial destinada a todos que desejarem contar sobre projetos, curiosidades e ações que colaboraram para que o INPE chegasse ao cinqüentenário com uma das instituições mais respeitadas do Brasil.

Disponível em português e inglês, o site conta ainda com ferramentas para envio de atualizações aos usuários via RSS e página no Facebook.

Em www.inpe.br, pode-se acessar o site comemorativo clicando na logomarca dos 50 anos, localizada no canto superior direito da página.

Missão

No decorrer de sua história, o INPE tem mostrado crescente compromisso com as demandas da sociedade. Mais do que produtos tecnológicos, seus satélites são instrumentos para apoiar a Ciência brasileira a entender melhor o País. O INPE realiza pesquisas e serviços que ajudam o Brasil a enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável em tempos de mudanças ambientais globais.

Em 3 de agosto de 1961, o INPE iniciou suas atividades com foco nas ciências espaciais e, como resultado, hoje abriga grupos de pesquisas reconhecidos mundialmente em áreas como geofísica, astrofísica, aeronomia e física de materiais. Depois de também conquistar o reconhecimento no sensoriamento remoto por satélites e na meteorologia, instalou um centro de excelência para detectar mudanças ambientais e avaliar seus impactos no desenvolvimento nacional.

O INPE possui um dos supercomputadores mais poderosos do mundo para aplicações meteorológicas, climáticas e ambientais. Sediará o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, com inauguração prevista para este ano.

O Instituto distribuiu gratuitamente, pela internet, as imagens de satélites que beneficiam o sistema de gestão do território do próprio governo, a pesquisa nas universidades e o desenvolvimento das empresas privadas, que geram emprego e renda com tecnologia espacial.

O INPE monitora por satélites o desmatamento na Amazônia, as queimadas, as áreas cultivadas com cana-de-açúcar, entre outros serviços. As imagens e produtos derivados do INPE são úteis em áreas como saúde, segurança pública, gerenciamento de desastres naturais e da biodiversidade. A previsão de tempo e clima, por exemplo, garante dados a setores econômicos como o agronegócio e o planejamento energético, fundamentais para o desenvolvimento do País.

A missão do INPE é produzir ciência e tecnologia de alta qualidade nas áreas espacial e do ambiente terrestre e oferecer produtos e serviços singulares em benefício do Brasil.

Fonte: INPE
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terça-feira, 12 de julho de 2011

Foguete argentino lançado com sucesso

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O foguete de sondagem Gradicom II, desenvolvido integralmente na Argentina, foi lançado com sucesso ontem (11), a partir de um centro de ensaios em La Rioja, divulgou o Ministério da Defesa argentino.

O veículo, cujo programa está a cargo do Instituto de Investigaciones Científicas y Técnicas para la Defensa (CITEDEF), alcançou uma altitude de 100 km e 120 km de distância, durante 120 segundos de voo.

Para saber mais sobre os foguetes argentinos, clique aqui.
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Restruturação do PEB: posição do SindCT

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Sindicato diz que há “desmonte” no Programa Espacial Brasileiro

08/07/2011

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais na área de Ciência e Tecnologia (SindCT) não está nada satisfeito com a reeestruturação do programa espacial brasileiro que está sendo promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. A proposta, que teria sido levada ao ministro Aloizio Mercadante pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Raupp, prevê a fusão da AEB com o Insituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e assim a criação de um novo órgão para comandar o programa. O processo de fusão será definido até agosto, quando a estrutura da nova agência será detalhada. Ainda não está certo, contudo, se a AEB deixará de existir e se o Inpe será integralmente fundido com a agência. Em entrevista à Folha de S. Paulo, na última terça, 5, o ministro Aloizio Mercadante disse que é preciso enxugar a estrutura para dar mais competência ao programa.

Raupp participou de um debate promovido pelo SindCT em São José dos Campos no final do mês passado no qual detalhou sua proposta. A ideia é promover a fusão do Inpe e da AEB em um único órgão responsável pelas atividades de pesquisa e de agência espacial, nos moldes da NASA norte-americana. A fusão permitiria a contratação de 400 funcionários para o Inpe e 700 para o Instituto de Aeronáutica e Espaço – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (IEA-DCTA). “Eles estão adoçando a nossa boca com essa história de que a fusão facilita a contratação de mais pessoas”, afirma o presidente do SindCT. Segundo ele, há anos os órgãos responsáveis pelo programa sofrem de falta de recursos, poucas contratações e salários defasados.

Talvez o ponto que mais preocupe o sindicato, entretanto, seja a introdução da figura do “main contractor” para o programa espacial brasileiro. Este é o nome dado à empresa ou à instituição responsável pela execução de um projeto do começo ao fim, definindo os prazos e subcontratando outras companhias. Na visão do sindicato, essa companhia – que Raupp defende que seja a Embraer – assumiria as funções hoje desempenhadas pelo Inpe e pelo IEA.

Morais afirma que a proposta significa o “desmonte” do programa espacial brasileiro e que para superar as dificuldades de contratação da Lei 8.666, um dos argumentos usados por Raupp, bastava o governo editar uma medida provisória. “O que fortalece é o aporte de recursos humanos e a transformação do programa espacial em um programa de estado”, defende. O SindCT não descarta ingressar com um mandado de segurança para impedir o avanço do processo, mas antes tentará um diálogo com a presidenta Dilma sobre o assunto. “O que eu lamento é que ou o ministro Mercadante está apoiando isso ou ele está sendo enrolado”, afirma.

Raupp tem pressa para incluir o novo desenho no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) – documento atualizado a cada cinco anos que define as diretrizes para que as decisões sejam incorporadas no Plano Plurianual (PPA 2012-2015) do governo, que estabele os gastos e objetivos a serem perseguidos ao longo dos próximos quatro anos.

Fonte: Teletime
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domingo, 10 de julho de 2011

A fusão da AEB e INPE

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Na última sexta-feira (08), em visita à São José dos Campos (SP), o ministro Aloizio Mercadante deu mais detalhes sobre a ideia de restruturação do Programa Espacial Brasileiro. "Toda a estrutura da AEB viria para o Inpe. Seria uma reformulação dessa estrutura pela capacidade do próprio Inpe", afirmou, acrescentando também que o modelo de gestão visado seria similar ao da principal entidade espacial norte-americana, a NASA. Mercadante reforçou o coro por um maior envolvimento da iniciativa privada. "Queremos atrair mais investimentos público e privado. Uma parceria com empresas do setor aeroespacial seria muito importante", disse.

Apesar de muitos defenderem a ideia de fusão do setor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) com um único órgão espacial, aparentemente, não será este o caminho a ser seguido, ao menos não neste primeiro momento. Além de dificuldades políticas (o IAE está vinculado ao Comando da Aeronáutica, que por sua vez responde ao Ministério da Defesa, enquanto que tanto a AEB como o INPE são vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia), haveria também muitas questões culturais e técnicas. É comum, por exemplo, técnicos e engenheiros do IAE trabalharem em projetos tanto de tecnologia espacial como em sistemas de armas (mísseis, bombas e foguetes), principalmente em razão do crônico problema de falta de recursos humanos, realidade que traria problemas numa cisão da parte espacial do IAE.

Inclusive, no mês de maio, aproveitando-se dos rumores sobre a reorganização das instituições ligadas ao Programa Espacial que já naquela época circulavam nos bastidores, o blog questionou um brigadeiro do Comando da Aeronáutica sobre sua visão acerca de uma possível fusão da AEB, INPE e da parte espacial do IAE/DCTA. O oficial respondeu que acreditava não ser este o melhor caminho, já que o IAE tem uma cultura diferente daquelas dos órgãos civis. O brigadeiro, inclusive, citou o exemplo da junção do antigo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) com o IAE, destacando que por muitos anos, os dois institutos pareciam O encontro dos rios Negro e Solimões, com culturas e equipes que não se integravam.

O blog Panorama Espacial continuará acompanhando os desdobramentos das discussões, e em breve apresentará mais informações.
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INPE considera Resourcesat-2 para a Amazônia

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Inpe busca novo sistema para monitorar danos a Amazônia

10/07/2011

Equipamento atual não mostra desmatamento em áreas pequenas da mata e que já são 80% do desflorestamento

MARCO ANTONIO GONÇALVES
ESPECIAL PARA O VALE

Com um sistema de detecção de desmatamento defasado, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José, não consegue monitorar rapidamente grande parte do desflorestamento da Amazônia.

Isso porque o Deter, programa que faz um levantamento rápido de desmates, usa o sensor Modis, com resolução de 250 metros, que só permite detectar desmates maiores que 250 metros quadrados), porém com precisão maior só acima de 50 hectares.

Em razão disso, os desmatadores mudaram de estratégia e começaram a fazer desmates mais espalhados, menores que 50 hectares e que não são detectados pelo satélite. Hoje esses pequenos desmates representam 80% do total de desflorestamento da região amazônica.

“O Deter cobre a Amazônia inteira e manda relatórios de dois em dois dias, que são enviados ao Ibama. No final do mês é publicado um relatório de intervenção na floresta”, afirmou o coordenador do Programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano.

Segundo ele, esse sistema não funciona para divulgar números confiáveis de desmatamento.

“O sistema serve apenas como alerta de áreas que estão sofrendo intervenção”, disse. Vários fatores, como as nuvens, por exemplo, influenciam na detecção dos desmatamentos.

Satélite. O satélite indiano Resourcesat-2 é a maior esperança do governo brasileiro para melhorar o monitoramento rápido de desmate. “Este satélite indiano tem uma capacidade imensa. Pode liberar informações de cinco em cinco dias, com uma resolução de 56 metros”, informou Valeriano.

Gratuito, esse satélite deixaria o Deter obsoleto. Porém, o Inpe ainda não tem total acesso às imagens deste sistema. “O Ministério das Relações Exteriores deve entrar em contato com o governo da Índia para pedir o acesso pleno aos dados desse satélite”, disse o coordenador do programa do Inpe.

Satélites. O Brasil deve ter em três anos dois satélites próprios que forneceriam as imagens para o monitoramento da Amazônia. O satélite Amazônia-1, equipado com uma câmera de 40 metros de resolução e com lançamento previsto para 2012 e o satélite sino-brasileiro CBERS-3 darão ao Inpe a capacidade de obter imagens de toda a Amazônia, em alta resolução, a cada três dias.

“Em 2014, já teremos uma autonomia maior em relação aos satélites, mas esse satélite indiano já poderia nos auxiliar muito”, afirmou Valeriano.

Segundo ele, apesar de tudo isso, os resultados tem sido bons. “Temos tido bons resultados, a fiscalização tem sido bastante eficiente, mas é sempre preciso melhorar, quando se trata da Amazônia. Ela não é só um assunto do Brasil”.

SAIBA MAIS

Amazônia
A Amazônia possui mais de 5 milhões de metros quadrados e cobre nove países

Desmatamento
Em relação ao ano passado, o desmatamento caiu 44% na Amazônia brasileira

Inpe
O Inpe possui um centro regional na região amazônica e faz o monitoramento usando diversos satélites

Programa divulga o desmate anual

Um importante sistema do Inpe de monitoramento da Amazônia é o Prodes, que divulga relatórios completos anualmente sobre a intervenção na floresta. O sistema mede o tamanho da área desmatada. Com seus dados é possível e confiável fazer análises comparativas de desmatamento. O Inpe divulga os relatórios finais sempre no fim de ano.

Fonte: Jornal O Vale

Comentários: o satélite indiano Resourcesat-2 foi lançado ao espaço em abril de 2011. A reportagem não chega a aprofundar o tema, mas uma das maiores carências do sistema de monitoramento da Amazônia é a falta de satélites com sensores radar, capazes de imagear o solo mesmo com a cobertura de nuvens. A necessidade de um sistema radar já foi identificada há muitos anos e, inclusive, um projeto, chamado MAPSAR (Multi-Application Purpose SAR), chegou a ser estudado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em parceria com a agência aeroespacial da Alemanha (DLR). Impressiona o fato de, até o momento, o País não ter sido capaz de encontrar o seu caminho para atender esta necessidade. Enquanto o governo brasileiro faz "marketing" no exterior com "CBERS for Africa" e acesso gratuito a imagens de satélites, os sistemas de monitoramenro DETER e PRODES vão sendo atendidos com imagens de satélites estrangeiros, especialmente da constelação DMC.
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