domingo, 16 de setembro de 2012

Satélites 2012: informações sobre o SGDC


Em 13 de setembro, aconteceu na capital carioca mais uma edição do Congresso Latino-Americano de Satélites, considerado um dos principais eventos brasileiros no setor. A exemplo da edição de 2011, um dos principais tópicos de interesse foi o programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), que agora conta com informações mais concretas. Abaixo, destacamos algumas informações na forma de notas.

SGDC, Br1Sat, e não mais SGB

A sigla SGB, pela qual o projeto ficou conhecido desde o início da década de 2000, deve mesmo ser abandonada. Prevalecerá o nome oficial, Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), ou então o comercial: BR1Sat.

Principais características

Aos poucos, vão sendo divulgadas informações mais específicas sobre as características do primeiro satélite. O SGDC previsto para ser lançado em 2014 terá vida útil estimada de 15 anos, com centros de operações em áreas militares em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ). Ocupará a posição 75º Oeste. O sistema, como um todo, considera a operação de dois ou mais satélites geoestacionários. O planejamento de longo prazo do governo considera três satélites operacionais em órbita, com lançamentos a cada cinco anos.

O projeto tem alguns objetivos principais: (i) atender o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), do Ministério da Defesa; (ii) comunicações estratégicas do governo federal, de certos órgãos e estatais; (iii) Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com uso exclusivo da capacidade em banda Ka; e (iv) absorção e transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro. A capacidade em banda Ka deve atingir até 55 gigabytes por segundo.

Em órbita em 2014?

Dirigentes do governo presentes no congresso foram questionados sobre o prazo, exíguo, para a colocação do satélite em órbita. O limite de 31 de dezembro de 2014 continua válido (inclusive, está previsto em decreto) e deve ser tomado como meta. Segundo declarou Sebastião do Nascimento Neto, da Telebrás, “antes da definição do fabricante, não porque se questionar a data”. Na prática, porém, a possibilidade de cumprir o prazo, considerando-se uma possível contratação até o final desse ano, é entendida como remota por especialistas do setor.

Pedidos de propostas

O envio de solicitação de propostas (conhecido como RFP, sigla em inglês de request for proposal) para os fabricantes deve acontecer no início de outubro, segundo informações de representante do Ministério das Comunicações. De acordo com Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do ministério, já foram realizadas três reuniões do grupo-executivo para discussão do termo de referência com as especificações requeridas para o satélite. A compra do satélite será realizada com dispensa das regras previstas na Lei de Licitações (Lei n.º 8.666/93), de acordo com autorização já conferida pelo Conselho de Defesa Nacional.

SISCOMIS

O Ten. Cel. Anderson Hosken Alvarenga, do Ministério da Defesa, fez uma breve exposição sobre o SISCOMIS, cuja demanda em comunicações por voz, dados e vídeo deverá ser totalmente atendida pelo SGDC. Atualmente, há cerca de 100 terminais em operação, dos tipos leve, transportável, rebocável e naval, e a expectativa é que até 2020 o sistema opere 300 terminais, inclusive de novos tipos, como portátil (manpack), móvel terrestre e móvel submarino. O SGDC cobrirá todo o Atlântico, parte da costa do Pacífico e da América do Norte. Contará ainda com um "spot" móvel em banda X, isto é, capacidade de cobrir determinadas áreas em certos períodos de acordo com os interesses do Ministério da Defesa (áreas de operações de navios e submarinos da Marinha, por exemplo).

Os interessados

A informação que circulava nos bastidores era de que a Boeing, Space Systems Loral e Orbital Sciences Corporation, todas dos EUA, já haviam se reunido com a Telebrás para conhecer e demonstrar interesse em fornecer o satélite. As europeias Astrium e Thales Alenia Space, assim como a japonesa Mitsubishi Electric Corporation também devem responder o RFP, quando este for enviado.

Ausência sentida

Ainda em matéria de empresas interessadas no programa, uma ausência notada no evento foi a de representantes da Thales Alenia Space que, aparentemente, não compareceram. Na edição de 2011, a empresa franco-italiana foi uma das patrocinadoras do congresso e também apresentou a sua proposta numa palestra. No Brasil, a campanha pelo SGDC era liderada por Laurent Mourre, diretor-geral da Thales no País, mas que deixou esta função no mês passado. O executivo acumulava considerável experiência no setor espacial.

O papel da Visiona

Nelson Salgado, presidente da Visiona Tecnologias Espaciais, joint-venture constituída pela Embraer e Telebrás para atuação no projeto do SGDC, discorreu brevemente sobre o papel da empresa no programa. Salgado destacou que a empresa não será operadora do satélite - esta função caberá à própria Telebrás e ao Ministério da Defesa, mas sim a integradora da rede, de seus segmentos espaciais e terrestres. "A Visiona não será fabricante, mas sim uma empresa de engenharia [de sistemas] e integração", afirmou. O executivo mencionou que a Visiona deve buscar participar de outros projetos do Programa Espacial Brasileiro, destacando que estas iniciativas sempre foram consideradas no planejamento estratégico da Embraer.
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