sábado, 20 de abril de 2013

Lançadores: custos versus confiabilidade - Parte II


O blog Panorama Espacial eventualmente aborda o mercado de lançamentos de satélites. Em março, postamos a análise "Lançadores: custos versus confiabilidade". Voltamos novamente ao tema, numa segunda parte daquela análise, agora mais específica, acerca da atual realidade de mercado de lançamentos comerciais geoestacionários, com dois players principais: a Arianespace, com o seu foguete Ariane 5, e a International Launch Services (ILS), operadora do russo Proton.

Desde o início de 2013, a Arianespace assinou sete novos contratos para lançamento, sendo vários deles envolvendo mais de um satélite. As recentes falhas em lançadores russos, como as do Proton (duas em 2012, e três num período de 16 meses) e do Zenit 3SL, da Sea Launch (fevereiro de 2013) têm beneficiado fortemente a companhia europeia. No período de janeiro de 2012 a abril de 2013, a Arianespace assinou 17 contratos, contra apenas duas da ILS, operadora do Proton.

Nota-se, portanto, que a a segurança tem um sido um critério primordial no processo de escolha pelos operadores. Observe-se ainda que a segurança no lançamento tem dois componentes principais: o primeiro é a segurança física, da integridade do próprio satélite, suscetível de ser destruído numa falha de lançamento; o outro componente é a segurança em termos de cronograma, algo que também precisa ser apreciado num processo de definição de lançador, uma vez que falhas costumam gerar a suspensão dos manifestos de lançamento até que as razões sejam identificadas e corrigidas.

Em fevereiro, durante o evento Satellite 2013, em Washington (DC), nos EUA, foi anunciada uma violenta redução dos preços de frete do Proton, consequência de sua nova realidade em termos de confiabilidade. Tais diferenças, aliás, são refletidas nos valores dos seguros pagos em cada lançamento, que atualmente alcançam o dobro num comparativo entre o Ariane 5 e o Proton (o seguro de um lançamento a bordo de um Ariane 5 varia de 6% a 7% do preço do satélite, frente a 13% ou mais em um Proton). Mesmo com a redução do preço, é de se notar o perfil de clientes que hoje contratam o Proton: empresas de comunicações em situação financeira mais crítica (caso da Satmex, por exemplo), em que cada dólar economizado faz diferença, ainda que em detrimento da segurança, e grandes operadoras de satélites, que contam com extensa frotas de satélites e que muitas vezes não contratam seguros nos lançamentos em razão de terem meios próprios de gestão de riscos. Tais operadoras, aliás, costumam contratar lançamentos com todos os players ativos no mercado.

Dentro deste contexto, será interessante acompanhar as decisões relacionadas aos programas de satélites atualmente em fase de finalização no Brasil, tanto no âmbito privado, com operadores inserindo novas capacidades (banda Ka) para atender a forte demanda a ser gerada com os grandes eventos (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos), como no governamental, com o programa do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).
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