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Tecnologia & Defesa entrevistou Paulo Bezerra, Diretor Sênior de Desenvolvimento Estratégico da companhia canadense MDA sobre seus negócios e planos para o Brasil. Veja a seguir.
O senhor poderia nos dar um panorama sobre o grupo MDA e suas principais unidades de negócios?
A MDA é uma empresa global de comunicações e informações que oferece soluções para organizações comerciais e governamentais em todo o mundo. Os negócios da MDA estão focados em dois mercados principais, o de Comunicações, e o de Vigilância e Inteligência.
Para o mercado de Comunicações a MDA oferece soluções espaciais para entrega eficiente em termos de custos de sinais de TV, rádio, voz, internet e aplicações móveis.
As ofertas da companhia em Vigilância e Inteligência incluem soluções finais para monitoramento e gerenciamento de mudanças e atividades em todo o globo, apoiando uma ampla gama de aplicações de vigilância e reconhecimento, monitoramentos de recursos naturais e agricultura, detecção e monitoramento de poluição, mapeamento e apoio a decisão para a comunidade de inteligência e defesa. A MDA apoia outros mercados com tecnologia avançada em áreas de complexos sistemas de informações, robótica terrestre, sistemas aeronáuticos e serviços, e serviços de veículos aéreos não tripulados.
Fundada em 1969, a MDA cresceu de dois empregados para mais de 4.800 colaboradores em 11 localidades no Canadá, Estados Unidos e instalações no exterior. A companhia tem receitas anuais de cerca de 2,1 bilhões de dólares canadenses (2014), com 29 anos de lucratividade, dados de dezembro de 2014.
A MDA é um nome tradicional no mercado global de observação terrestre com suas capacidades em radar. Qual é a presença da companhia no Brasil neste campo? Vocês veem outras oportunidades locais num futuro próximo?
A MDA é bem conhecida, de fato, por causa de nosso posicionamento histórico como líder mundial em satélites radar. Desde a fundação da companhia, temos sido um player dominante no mercado global de estações terrestres de satélites, e nos movemos para não apenas atuar como "prime contractor" de satélites radares inteiros, mas também para controlar e operar o RADARSAT-2 por meio de uma colaboração como uma parceria público-privada (PPP) única com o governo canadense. Nós assomos assim uma líder mundial na produção e comercialização de imagens radar por satélite e serviços de valor adicionado derivados destas imagens para clientes governamentais e comerciais em todo o mundo. No final, a MDA está inteiramente verticalmente integrada nos negócios de satélites radar.
Adicionalmente, a MDA tem experiência significativa com missões de satélites eletro-óticos, tendo atuado como "prime contractor" para a constelação RapidEye e como fabricante da plataforma e integrador final da constelação Skybox.
Em relação ao mercado de observação terrestre brasileiro, a MDA tem uma longa história com a sua participação no programa SIVAM fornecendo os radares embarcados de imageamento para as aeronaves R-99, da Força Aérea, assim como estações terrestres de satélites para o INPE. Nós também temos fornecido imagens radar para companhias de petróleo por mais de 16 anos para o monitoramento de vazamentos offshore de petróleo, assim como fornecemos imagens para o CENSIPAM para o monitoramento da Amazônia.
Olhando para o futuro, vemos que as características do Brasil, não apenas o tamanho do país, suas fronteiras terrestres e zonas marítimas econômicas exclusivas, mas também pela importância estratégica da Amazônia, a necessidade de gerenciar recursos naturais e desastres, tornam o uso de satélites de importância fundamental para o Brasil. Espera-se, assim, que a demanda por produtos de observação terrestre, tanto de clientes governamentais como privados, cresça substancialmente no Brasil, levando a um aumento de oportunidades para o fornecimento de imagens de satélites comerciais e serviços de valor adicionado, e também de missões completas de satélites e/ou subsistemas.
Dentro deste cenário, a MDA está comprometida com uma estratégia de longo prazo que inclui a instalação de uma presença industrial permanente no Brasil e a criação de parcerias estratégicas com empresas brasileiras.
A MDA possui a fabricante de satélites SSL, que está fornecendo dois satélites de comunicações para a brasileira Embratel StarOne. Qual é sua visão sobre o mercado local de comunicações por satélite e também sobre outras oportunidades, especialmente nos segmentos governamental e militar?
A Space Systems/Loral (SSL) está atualmente fabricando dois satélites para a StarOne: c4 e D1. O C4 está previsto para ser lançado em julho e será o 50º satélite construído pela SSL lançado pela Arianespace. Nós esperamos celebrar este evento.
Em termos de demanda em geral, nós observamos que o mercado comercial de comunicações por satélite é muito dinâmico na região e que nos últimos vinte anos esta demanda nunca parou de crescer. Acredita-se que esta tendência continuará. Hoje, analistas da indústria dizem que haverá um forte crescimento na demanda por satélite de alta capacidade de transmissão de dados na América Latina em geral ao longo dos próximos dez anos e que isto será direcionado tanto para demanda por consumidores por acesso a banda larga, assim como aplicações empresariais como backhaul celular e redes privadas de negócios.
Em relação ao segmento governamental e militar, o governo brasileiro adquiriu, por meio de uma joint-venture entre a Embraer e a Telebrás, a Visiona, um primeiro satélite denominado SGDC-1 para banda larga e comunicações militares. O SGDC-1 está atualmente em construção. Adicionalmente, documentos públicos liberados pelo governo mostram planos iniciais para a contratação do SGDC-2 em 2019. Não se sabe, no atual estágio, se o governo manterá ou antecipará estes planos.
Em uma conferência com investidores em 25 de fevereiro, Daniel Friedmann, diretor-presidente da MDA afirmou que a empresa está estabelecendo uma joint venture no Brasil. É também conhecido publicamente que o grupo está participando da concorrência para o projeto do SisGAAz integrando um consórcio liderado pela Odebrecht Defesa e Tecnologia. Qual é o propósito desta joint venture e qual é o envolvimento da MDA com a proposta para o SisGAAz?
A MDA entende que para penetrar o mercado brasileiro, há a necessidade de uma estratégia de dois eixos: estabelecer uma presença permanente no Brasil, e encontrar parceiros locais, os estratégicos para programas grandes e complexos, e comerciais, industriais e tecnológicos para programas menores, numa base caso a caso. Como explicado por nosso diretor-presidente em conferência com investidores em 25 de fevereiro, nós planejamos criar joint-ventures com nossos parceiros no Brasil, com as estruturas e cronogramas sendo dirigidas por programas específicos que elas pretendam atender.
Especificamente em com relação ao SisGAAz, a MDA submeteu uma proposta para o projeto como parte do consórcio que tem como líder a Odebrecht Defesa e Tecnologia. Nós vemos esta parceria como uma excelente combinação, uma vez que a MDA traz ao Brasil seu conhecimento já comprovado em gestão de programas e engenharia de sistemas complexos de defesa, e o Grupo Odebrecht tem uma grande credibilidade não apenas como uma empresa de engenharia no Brasil, mas também como líder do mais complexo programa da Marinha do Brasil atualmente em andamento, o PROSUB.
Crédito: Tecnologia & Defesa / Official Show Daily.
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