quinta-feira, 24 de abril de 2008

Contrato para reconstrução da plataforma do VLS-1 caminha para assinatura

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As barreiras legais impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que emperravam a construção de uma nova plataforma para o Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) foram recentemente superadas. O novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem tem se empenhado desde a sua posse, em março, a resolver pendências relacionadas à infra-estrutura do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), e do futuro Centro Espacial de Alcântara (CEA).

A Jaraguá Equipamentos, líder do consórcio que foi adjudicado como vencedor da licitação promovida pelo governo está no momento em fase de negociações com o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) para a assinatura do contrato de construção da nova Torre Móvel de Integração (TMI), uma vez que já se passou um tempo considerável desde que a proposta inicial foi apresentada, havendo, portanto, a necessidade de alguns ajustes, segundo informações dadas por pessoas familiarizadas ao processo.

O projeto da nova TMI, que contou com o suporte técnico da empresa russa KBTM terá várias inovações em relação à torre destruída em agosto de 2003 (ver foto ao lado), entre as quais mecanismos de controle da corrente elétrica, e saídas de emergência imunes à entrada de gases tóxicos.
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EUA segue Brasil e China em política de acesso livre a imagens de satélite

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Estados Unidos adotam política de dados abertos para o Landsat

23/04/2008

O United States Geological Survey (USGS), órgão do governo americano responsável pela recepção e disseminação de imagens de satélites de sensoriamento remoto, acaba de anunciar que até fevereiro de 2009 todo o acervo do programa LANDSAT estará disponível na Internet sem custo.

Com este anúncio, os Estados Unidos se unem ao Brasil e à China ao adotar uma política de livre acesso para dados de sensoriamento remoto com resolução moderada (mais de 5 metros). “O Brasil já adota esta política desde 2004 para o programa CBERS e a China, a partir de 2007, passou também a aplicar esta política aberta”, comenta Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que já distribuiu gratuitamente mais de 350.000 imagens do Programa CBERS.

O programa LANDSAT é o programa mais antigo de sensoriamento remoto da área territorial do planeta. Foi iniciado em 1972, com o lançamento do LANDSAT-1. Inclui os satélites LANDSAT-2 (lançado em 1975), LANDSAT-3 (1978), LANDSAT-4 (1982), LANDSAT-5 (1984) e LANDSAT-7 (1999).

Atualmente, apenas o LANDSAT-5 continua em operação plena, o que faz dele o satélite de observação da terra de maior duração até hoje. O LANDSAT-5 já obteve mais de 600 mil imagens do planeta.

Para o diretor do INPE, esta decisão dos Estados Unidos torna muito provável que, a partir do início da próxima década, todos os satélites de sensoriamento remoto com mais de 10 metros de resolução estejam disponíveis de forma aberta e gratuita para o mundo inteiro. “Esta situação irá permitir um gerenciamento muito melhor dos recursos terrestres de nosso planeta, muito necessário em tempos de mudanças ambientais globais”, avalia Gilberto Câmara.

Brasil é pioneiro no acesso livre a dados orbitais

Além dos usuários brasileiros, as imagens CBERS também são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em Cuiabá, Mato Grosso. O Brasil é hoje o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo, graças à política adotada em junho de 2004 que permite o download gratuito a partir do site www.obt.inpe.br/catalogo

Apenas no Brasil já foram distribuídas aproximadamente 350 mil imagens CBERS para cerca de 15 mil usuários de várias instituições públicas e privadas, comprovando os benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados. Na China, após a adoção de uma política similar à brasileira, foram distribuídas mais de 200 mil imagens, sendo o Ministério da Terra e de Recursos Naturais seu principal usuário.

Recentemente, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do CBERS para todo o continente africano. A distribuição das imagens contribui para que governos e organizações na África monitorem desastres naturais, desmatamento, ameaças à produção agrícola e riscos à saúde pública. Brasil e a China estabeleceram, em 1988, uma parceria para a construção, lançamento e operação conjunta dos satélites.

O Programa CBERS permite aos dois países produzir dados e imagens de seus territórios a custo reduzido. As informações ajudam na formulação de políticas públicas em áreas como monitoramento ambiental, desenvolvimento agrícola e planejamento urbano. No Brasil, o desenvolvimento do CBERS cabe ao INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Na China, o programa está sob a responsabilidade da CAST - Chinese Academy of Space Technology.

Saiba mais no site http://www.cbers.inpe.br/

Fonte: INPE
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terça-feira, 22 de abril de 2008

Aquisições no setor espacial II

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Recomendamos a leitura do artigo "Small satellite builders: a tale of two mergers", de autoria de Taylor Dinerman e inicialmente publicado no The Space Review, um web-site norte-americano que freqüentemente publica análises sobre temas espaciais.

Dinerman tem uma visão interessante sobre as aquisições de empresas do setor espacial recentemente anunciadas (ver a nota "Aquisições no setor espacial" publicada no blog no último dia 19).

Curioso é o último parágrafo de seu artigo, no qual aponta que por volta do meio deste século uma nova estrutura legal para o sistema solar deverá ser acordada, e entre os principais atores neste processo o autor cita o Brasil. Será? O Brasil hoje tem exercido um papel de destaque mundial em termos de Política e Direito Espacial, mas seu Programa Espacial propriamente dito, com raras exceções ainda patina.
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sábado, 19 de abril de 2008

Aquisições no setor espacial

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No início do mês o grupo europeu EADS anunciou a aquisição, por cerca de US$ 90 milhões, da Surrey Satellite Technology Limited (SSTL), pequena empresa inglesa especializada no desenvolvimento e construção de plataformas, subsistemas e satélites de pequeno porte. A aquisição foi mais um passo dado pela EADS para a consolidação do setor espacial na Europa, e envolveu também garantias dadas pelo grupo franco-alemão à direção e ex-acionistas da SSTL de que a empresa será mantida de maneira independente, podendo inclusive competir com a própria EADS, como na futura contratação de satélites para a constelação européia Galileo, de posicionamento global. Nos termos do acordo firmado com a EADS, que ainda depende de aprovação regulatória na Grã-Bretanha, a SSTL será mantida como uma companhia britânica independente, inclusive com sua marca individual, ao mesmo tempo em que se beneficiará das vantagens oferecidas por um grande grupo do setor, como recursos nas áreas de desenvolvimento, fabricação e testes.

Se por um lado a compra da SSTL pela EADS caminha para o sucesso, no Canadá ocorre justamente o contrário. Em 10 de abril foi anunciado que a proposta de cerca de US$ 1,3 bilhão feita pelo grupo norte-americano ATK pela MacDonald Dettwiler and Associates (MDA), principal indústria espacial do Canadá não foi aprovada pelo governo local, sob a justificativa de que a operação poria em risco o programa espacial canadense.

Defensores da proposta americana afirmam que se a compra não se concretizar a empresa canadense perderá a chance de acessar o lucrativo mercado espacial governamental norte-americano, o que impediria o próprio crescimento da MDA. O argumento parece fazer sentido quando se leva em consideração o tamanho do programa espacial do Canadá, hoje focado basicamente no satélite de sensoriamento remoto Radarsat 2.

O ponto-chave do imbróglio canadense está obviamente na preocupação quanto ao avanço de estrangeiros em áreas estratégicas de um país, como a espacial, preocupação que, aliás, não é exclusiva do Canadá. A realidade atual não estaria, no entanto, colocando em xeque esta preocupação? A compra da SSTL pela EADS Astrium, por exemplo, com a garantia de independência da empresa adquirida em relação à compradora, não indicaria uma mudança nesta lógica? São questões que merecem alguma reflexão.
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Star One C2 em órbita!


O satélite brasileiro Star One C2 foi lançado com sucesso por um foguete Ariane 5 ECA na última sexta-feira, 18 de abril, às 19h17, horário local de Kourou (Guiana Francesa) e Brasília, juntamente com o satélite de telecomunicações vietnamita VINASAT-1. O satélite da Star One, subsidiária da empresa de telecomunicações Embratel foi inserido em órbita 26 minutos após a decolagem.

O Star One C2 é o oitavo satélite brasileiro lançado por foguetes da Arianespace. Com este lançamento, o Ariane 5 alcança a marca de 24 missões consecutivas com sucesso, o que reafirma a situação bastante confortável da empresa européia no mercado de lançamentos comerciais geoestacionários, já que seus dois principais concorrentes, a International Launch Space (ILS), que opera o lançador russo Proton, e a Sea Launch, que comercializa vôos a bordo do foguete russo-ucraniano Zenit 3SL enfrentaram recentemente falhas em algumas de suas missões.
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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Cooperação Brasil - Rússia

Delegação russa, em visita a AEB, fala da intenção de estreitar cooperação

14/04/2008 17:39:48

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, recebeu nessa segunda-feira (14), em Brasília, o subchefe da Direção da Cooperação Internacional da Agência Espacial Federal (Roscosmos) Vladimir D. Putkov e o vice-diretor geral do Centro Estatal de Mísseis “Bureau de Construção V.P. Makeev, G. Sitiy. Putkov ressaltou a importância para seu país da cooperação com o Brasil, da intenção de estreitar os trabalhos e formar uma aliança tecnológica.

Para isso, explicou o representante da Roscosmos, é preciso que Brasil e a Rússia ratifiquem em seus parlamentos o Acordo de Proteção Mútua. Várias possibilidades de projetos comuns foram aventadas na linha da já estabelecida parceria do Veículo Lançador de Satélites (VLS) 1-B.

Ganem agradeceu a visita e reforçou que para o Brasil o intercâmbio com a Rússia também é extremamente importante. “Queremos desenvolver uma parceria que seja vantajosa tanto para o meu país, como para o seu” afirmou. E completou: Não queremos apenas uma cooperação que nos transfira produtos e que fiquemos eternamente dependentes de tecnologia. Temos um número incrível de cientistas e capacidade na nossa indústria. Se firmamos um acordo para fomentar isso, estaremos trabalhando de forma vantajosa para ambos os lados”.

Na reunião ficou tratado que o Grupo de Trabalho Brasileiro e Russo, criado para discutir o Acordo de Proteção Mútua, deve ser revitalizado. “Nossos países deverão nomear membros permanentes e temporários para participarem desse grupo”, afirmou Ganem.

Estiveram também presentes a reunião o assessor da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, Sérgio Gusmão, assistente da Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço, Secretário André Mourão, e da AEB o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon Carvalho, o assessor da Cooperação Internacional, Embaixador Carlos Campelo e o diretor interino de Transporte Espacial e Licenciamento, Ulisses Côrtes.

Fonte: AEB

sábado, 12 de abril de 2008

Star One C2 prestes a ser lançado

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Na próxima semana deverá ser lançado o mais novo satélite brasileiro de telecomunicações, o Star One C2, da Star One, subsidiária da Embratel. Se não houver contratempos, o lançamento deverá ocorrer no próximo dia 18, a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo de um foguete europeu Ariane 5 ECA.

Em novembro do ano passado foi lançado com sucesso, também por um Ariane 5 o Star One C1, o primeiro satélite da terceira geração de satélites de comunicações da Embratel. As duas primeiras gerações foram os Brasilsat A1 e A2, baseados na plataforma HS-376, da norte-americana Hughes Space and Communications, e B1, B2, B3 e B4, baseados na plataforma HS 376W, também da Hugues, adquirida pela Boeing em outubro de 2000.

O Star One C2 é baseado na plataforma Spacebus 3000 B3, da européia Thales Alenia Space, e quando em órbita contará com 28 transpônderes de banda C, 16 de banda Ku e um de banda X, este último de uso exclusivo no Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), do Ministério da Defesa brasileiro. Com massa total aproximada de 4.100 kg, o satélite terá vida útil estimada em 15 anos, e será posicionado em órbita geoestacionária a 70°, Oeste, o que lhe proporcionará ampla cobertura da América do Sul.

Dentro em breve a Star One deverá anunciar a encomenda de um novo satélite, negócio no momento disputado pelos principais produtores mundiais de satélites.

Mais informações sobre o lançamento e o Star One C2 podem ser encontradas no launch kit da Arianespace, e no hot-site da Star One.
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Satélite para o Chile

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Nos dois primeiros dias da FIDAE 2008 foi publicamente anunciada por autoridades do governo chileno a retomada do projeto de aquisição de um satélite de sensoriamento remoto para uso em agricultura, meio-ambiente, pesca, investigação científica, e vigilância do território. De acordo com o Ministério da Defesa do Chile, o processo de aquisição está em fase bastante avançada. Sete empresas estrangeiras, entre as quais a isralense IAI, as européias EADS Astrium, e Thales Alenia Space, e a canadense MDA, de um total de vinte e quatro que inicialmente receberam o RFI (Request for Information) foram pré-selecionadas na concorrência. A definição e anúncio do fornecedor do satélite estão previstas para o final de abril, e a assinatura do contrato para meados de maio deste ano.

Detalhes acerca das características do satélite a ser contratado, seus subsistemas e sensores não foram publicamente anunciados, mas informações extraoficiais dão conta de que será um satélite de pequeno porte. Também não é sabido se a contratação do satélite, que deverá ser lançado em órbita em 2010 envolverá algum tipo de transferência de tecnologia, embora algumas pessoas a par do negócio tenham afirmado que a possibilidade é grande. A aquisição de um satélite próprio é mais um passo do Chile no sentido de organizar seu programa espacial, iniciado em 2005 e hoje encaminhado em sua fase final com a colaboração da chamada comunidade espacial chilena, integrada por institutos da áreas acadêmica e de defesa.

Caso a compra de um sofisticado satélite de sensoriamento remoto pelo governo de Santiago envolva transferência de tecnologia, o Chile entrará no rol de países latino-americanos, hoje integrado apenas pelo Brasil e Argentina, com acesso e conhecimento na área de engenharia de sistemas de imageamento por satélite. De acordo com especialistas consultados pelo Panorama Espacial durante a FIDAE, dependendo do grau de tecnologia a ser transferida, o Chile poderá ter acesso a tecnologias de imageamento mais avançadas do que as atualmente detidas por Argentina e Brasil.
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Espaço na FIDAE 2008

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Em comemoração à estréia do Panorama Espacial, serão postadas algumas notas sobre a Feria Internacional del Aire y del Espacio - FIDAE 2008, realizada em Santiago do Chile entre os dias 31 de março a 6 de abril de 2008.

Embora bastante tradicional na América do Sul, particularmente para os setores aeronáutico e de defesa, não houve na edição de 2008 um grande destaque para temas espaciais. Ainda assim, vários expositores apresentaram em seus estandes modelos de satélites de sensoriamento remoto, obviamente interessados em promover seus produtos, tendo em vista a existência de um concorrência para a aquisição pelo governo chileno de um satélite deste gênero (ver nota seguinte).

Outro destaque foi a realização da "V Conferencia Espacial: Tecnología Espacial y Cambio Climático", promovida pela Agência Espacial Chilena, com o objetivo de analisar o impacto da tecnologia espacial sobre a previsão de determinados fenômenos meteorológicos que têm afetado a América Latina. Apesar da relevância do tema, a conferência teve entre os palestrantes apenas especialistas chilenos e um norte-americano. Poderia ter sido melhor aproveitada.
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Lançado o blog Panorama Espacial

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Embora não leve o termo "espaço" em seu nome, desde a sua criação a revista Tecnologia & Defesa tem buscado abordar temas relacionados às atividades espaciais na América Latina. Foram diversos os suplementos especiais ("Programa Espacial Brasileiro", "Participação Brasileira na Estação Espacial Internacional", "Evolução Aeroespacial Brasileira", entre outros), reportagens, análises e entrevistas com autoridades do setor. E justamente quando a mais antiga publicação especializada em defesa e aeroespaço atualmente em circulação na América Latina completa 25 anos, colocamos no ar o blog Panorama Espacial, mais uma inovação da T&D, desta vez focada em divulgar num espaço totalmente dedicado notícias e análises relacionadas às atividades espaciais de maneira rápida e objetiva.

Como de praxe, a participação dos leitores através da postagem de comentários sobre as notas publicadas será mais do que bem-vinda.
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