domingo, 30 de outubro de 2011

Mais sobre o Soyuz em Kourou

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Em 21 de outubro, na postagem "Um dia histórico em Kourou", ficamos de fazer uma nova postagem com mais informações sobre o histórico voo do lançador russo Soyuz a partir do centro espacial europeu em Kourou, na Guiana Francesa. Abaixo, reproduzimos um pequeno texto, extraído do boletim nº 122 do "The Bulletin", da firma de consultoria francesa ADIT, adaptado e vertido para o português, com uma sucinta análise do evento.

Soyuz-Galileo - Resultados - Choque cultural

10h31 (GMT) - 21 de outubro, um foguete branco voa alta no céu. É certamente um lançamento histórico, mas acima de tudo, uma missão bem sucedida em Kourou. De um lado, Soyuz, um lançador mítico que já transportou Laika, Gagarin e Sputnik, reunindo cerca de 50 anos de odisseia espacial. Do outro, Falileo, um programa que proverá à União Europeia um sistema autônomo de posicionamento global. Depois de 3 anos de discussões e atrasos, a Arianespace lançou, na segunda tentativa, o Soyuz ST-B do Centre Spatial Guyanais carregando os dois primeiros satélites da série Galileo. Com uma carteira de pedidos do Galileo com 14 lançamentos a partir de Kourou, a Arianespace, a agência espacial francesa (CNES), a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Roscosmos, a agência espacial russa não tinham escolha: o lançamento era para ser um sucesso.

O evento é resultado de uma parceria iniciada em 1996 entre a França e a Rússia para lançar satélites de Baikonur, no Cazaquistão [nota do blog: os lançamentos de Baikonur são realizados por uma joint-venture, a Starsem]. Depois de alguns testes, os dois países decidiram estender o projeto para Kourou, próximo à linha do Equador, de forma a enviar 3 toneladas de carga para as mesmas posições orbitais no espaço. Em 2003, a ESA e a Roscosmos iniciaram a construção de uma plataforma dedicada ao Soyuz em Sinnamray, a 12 km da plataforma do Ariane 5. A cooperação entre os dois países nem sempre foi fácil, com cada parceiro muitas vezes desejando manter alguma distância do outro pta salvaguardar seu próprio "know-how".

De qualquer modo, Soyuz de Kourou não é apenas uma frande aventura humana, mas uma real parceria estratégica. Com este novo lançador, a Arianespace adiciona a sua família um novo membro entre o Ariane 5 e o foguete Vega, de menor porte [nota do blog: o primeiro voo do Vega está programado para janeiro de 2012]. Noutras palavras, o Soyuz reforça a capacidade da Arianespace de oferecer serviços competitivos no mercado global de lançamentos espaciais.

Depois desse lançamento bem sucedido, as expectativas são enormes. O presidente da Arianespace, M. Le Gall, disse que a companhia espera lançar de 2 a 4 Soyuz por ano - o que representa, aliás, pouco comparado aos 1776 lançamentos já efetuados pelo venerável foguete "soviético".

Para alcançar este primeiro voo, a enorme área, cujas obras foram iniciadas em 2005, quase duplicaram as instalações do centro espacial de Kourou. O projeto custou ao todo 496 milhões de euros, com a França (CNES) custeando 56% desse valor e a Arianespace, 25%. Segundo Marie Jasinski, chefe do projeto Soyuz na CNES, os atrasos decorram da incapacidade dos russos em fornecer rapidamente seus elementos para as instalações em Kourou. Mas, às 10h31 (GMT), em 21 de outubro, tudo foi esquecido entre os dois times. O Soyuz foi lançado; muito bem lançado, de fato, e a chefe do projeto pode finalmente respirar um pouco.

Fonte: "The Bulletin" Nº 122, com edição do Blog Panorama Espacial.

O sucesso em fotos

A Arianespace disponibilizou em seu website algumas imagens do voo inicial. Para vê-las, clique aqui.

"Um foguete no exterior - Soyuz na Guiana Francesa"

Para aqueles que se interessam pelo tema, recomendamos também a leitura de uma recente postagem do jornalista Jonathan Amos, correspondente em ciência da BBC, em seu excelente blog Spaceman: "Rocket abroad - Soyuz in French Guiana". Em seu texto, Amos traz boas informações sobre a construção das instalações em Kourou (que o blog Panorama Espacial, aliás, teve a oportunidade de visitar em dezembro de 2010).
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