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Oportunidade para a Indústria Espacial Brasileira?
O Brasil perdeu a liderança do setor Espacial na América do Sul?
No ano passado, a Argentina lançou com sucesso seu próprio satélite de comunicações. Investimentos não muito grandes, porém constantes, foram a chave para o desenvolvimento de uma solução “made in Argentina”, contando ainda com apoio da indústria europeia.
Hoje, após este sucesso, a Argentina quer expandir-se para fora de suas fronteiras e tornar-se o líder sul-americano no fornecimento de soluções para outros países como Colômbia, Peru, Venezuela e outros.
Este é um cenário inesperado, pois o Brasil tem investido em atividades espaciais há muito mais tempo do que os outros países da América do Sul, com muito mais investimento acumulado.
Novos players e novas oportunidades vão chegar
A Visiona foi criada para gerenciar o programa SGDC. Durante toda a competição, a empresa demonstrou ter plena capacidade para dirigir o processo e para contratar com agilidade, sem nenhuma contestação das empresas envolvidas.
A Visiona entrará numa fase mais complexa, que é a integração do sistema completo com o satélite. É verdade que empresa vai enfrentar alguns problemas, mas problemas estes que vão permitir adquirir muitas competências. Com o treinamento dos seus engenheiros na Franca, que está ocorrendo como parte do contrato, após estas etapas, a empresa contará com uma equipe muito bem qualificada.
Como “integrador industrial”, a Visiona também contribuirá para que as empresas brasileiras do setor possam continuar crescendo e se desenvolvendo.
O Governo Brasileiro, durante o processo de competição, solicitou à Thales Alenia Space um compromisso relativo à ampla transferência de tecnologia. O cronograma para essa transferência é bem curto, portanto, dentro de alguns anos e baseado nessas modernas tecnologias, as empresas brasileiras estarão aptas a desenvolver e fabricar um satélite de monitoramento.
Em complemento aos investimentos do país e das empresas, a transferência de tecnologia é a forma mais barata e mais rápida que o país tem para acelerar o seu processo de independência tecnológica.
O Espaço é de suma importância ao governo e à população
Aplicações espaciais são algumas vezes a única solução para se ter uma visão global dos recursos do país como as Amazônias Verde e Azul, e também levar ao governo uma informação segura e independente sobre o que está acontecendo no mundo.
Aplicações espaciais também são muito úteis à população, como as comunicações, o acesso à internet, melhorar a previsão da meteorologia, gestão da água etc. Hoje quase todas as pessoas estão usando satélites. E sem saber.
O Espaço é a chave mestra para a economia
A Indústria Espacial Brasileira precisa se desenvolver para não depender de outros países, mas também por razões econômicas. Em alguns anos, as empresas brasileiras poderiam exportar serviços e equipamentos (exportações espaciais na Europa representam a metade desse mercado). Hoje, no mínimo, uma forte indústria espacial brasileira diminuiria as importações.
O desenvolvimento das aplicações espaciais vai criar muitas oportunidades de negócios. Na Europa, os especialistas econômicos dizem que cada 1 euro investidos no espaço vai gerar 20 euro na economia.
O Brasil pode tomar um atalho
Para voltar a ser o líder regional no setor espacial, o melhor caminho é usar a transferência da tecnologia e implementá-la o mais rápido possível.
Com base em um integrador industrial (Visiona) com competências chave como controle de atitude e órbita, e com a aquisição, por meio da transferência da tecnologia, de competências em plataformas e instrumentos de observação para as empresas brasileiras, o Brasil terá a oportunidade de construir seu próprio sistema espacial para segurança, para gestão de seus próprios recursos e seu desenvolvimento econômico.
E voltar à liderança da corrida espacial!
Joel Chenet é presidente geral da Thales Alenia Space no Brasil
Artigo publicado na edição especial de Tecnologia & Defesa sobre atividades espaciais, em fevereiro de 2015.
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