Operação vai testar oito experimentos em ambiente de microgravidade
Lançamento de VSB-30 está previsto para novembro em Alcântara (MA)
30/08/2016 10:00h
Prevista para novembro deste ano, a Operação Rio Verde vai testar oito experimentos científicos e tecnológicos em ambiente de microgravidade. O veículo VSB-30, que será lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, vai levar ao espaço pesquisas financiadas pelo Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Serão cinco experimentos científicos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e três tecnologias desenvolvidas pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), uma das quais em cooperação com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
“Esta é mais uma área em que a Força Aérea Brasileira trabalha, junto à comunidade científica, em prol do desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro”, explica o professor doutor José Bezerra, tecnologista sênior do IAE e representante do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) junto ao Programa Microgravidade da AEB.
Há duas semanas (de 15 a 18/08) foram realizados com sucesso os testes das cablagens (fiações) de voo e o primeiro teste de sistema integrado, em que foram ligados simultaneamente os oito experimentos que irão ao espaço a bordo do foguete brasileiro VSB-30. Os testes foram realizados pelo IAE em São José dos Campos (SP). O instituto é a organização responsável pelo desenvolvimento do veículo espacial VSB-30, cabendo também ao corpo técnico do IAE colaborar no desenvolvimento técnico dos experimentos.
Tecnologias nacionais - Entre os oito experimentos que serão alojados na Microg2, nome da carga-útil da Operação Rio Verde, estão três tecnologias desenvolvidas pelo IAE que serão qualificadas em voo. “São tecnologias nacionais que podem ser aplicadas em qualquer sistema espacial que envolva motor foguete”, destaca Bezerra.
O Circuito de Comutação e Acionamento, que pode ser entendido como um sistema de inteligência embarcado no veículo, realizará o seu primeiro teste em voo. Dele partem ordens pré-programadas para ignição do segundo estágio do foguete e a separação da carga-útil, por exemplo. "Como esse sistema ainda se encontra na fase de desenvolvimento, ele irá ao espaço como um experimento, e não como um equipamento operacional do VSB-30", afirma o pesquisador.
O Sistema de Posicionamento Global (GPS) para aplicação em veículos espaciais realizará seu sétimo voo ao espaço. O projeto é resultado de uma parceria entre o IAE e a UFRN no desenvolvimento de um equipamento para voos em altas velocidades. “Receptores GPS comerciais não funcionam a velocidades elevadas. Por isso, foi necessário desenvolver esse equipamento”, acrescenta sobre o equipamento que fornece dados em tempo real de latitude, longitude e altitude da carga-útil durante todas as fases de voo. As informações são essenciais para a equipe de segurança de voo do centro de lançamento e para a equipe que resgatará a carga-útil no mar, a 175 km do ponto de lançamento.
O GPS para foguetes já tem o oitavo voo agendado. Será feito a bordo do ITASAT, satélite de pequenas dimensões desenvolvido pelo ITA e com lançamento previsto para este ano.
Experimentos sendo testados
O terceiro projeto tecnológio que estará a bordo da carga útil da Operação Rio Verde será o Sensor Mecânico Acelerométrico. Será o terceiro voo de qualificação deste dispositivo mecânico de segurança usado para evitar o acionamento intempestivo de sistemas pirotécnicos, que fazem uso de pequenas cargas explosivas. Ao ser submetido à aceleração resultante da ignição do motor do primeiro estágio o sensor ativa, por exemplo, a linha de ignição do motor do segundo estágio. O sensor não leva à ignição do motor, mas permite que, uma vez dado o comando, o motor seja ignitado. "Nosso objetivo é elevar o nível de segurança da operação de lançamento. Não podemos admitir que tais sistemas sejam acionados com o foguete ainda em solo,” explica o pesquisador.
Programa Microgravidade - O Programa Microgravidade foi criado em 27 de outubro de 1998 pela AEB com o objetivo de colocar ambientes de microgravidade à disposição da comunidade técnico-científica brasileira, provendo meios de acesso e recursos financeiros para o desenvolvimento de experimentos. O gerenciamento das atividades é de responsabilidade da AEB, que conta com o apoio técnico do IAE e do CLA e suporte logístico da FAB.
Conheça um pouco dos cinco experimentos desenvolvidos pelas universidades brasileiras:
1. MPM-A: Os minitubos de calor são dispositivos que fazem uso do calor latente de fusão e do efeito capilar para transportar energia de uma fonte quente para uma fria. Esses dispositivos são utilizados para o controle térmico de equipamentos eletrônicos tanto no espaço como em terra. A Universidade Federal de Santa Catarina é responsável pelo desenvolvimento desse experimento;
2. MPM-B: Também desenvolvido pela UFSC, esse experimento tem a mesma finalidade do MPM-A, mas enquanto o fluido de trabalho do experimento MPM-A é o metanol, o MPM-B utiliza o fluido refrigerante denominado HFE7100;
3. VGP2: Trata-se de um experimento biológico desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com o objetivo de avaliar os efeitos na microgravidade sobre o DNA da cana de açúcar. Para tanto, amostras de cana de açúcar serão levadas ao espaço;
4. E-MEMS: Desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) este experimento tem por objetivo a determinação de altitude de foguetes e satélites. Com essa informação é possível efetuar correções na trajetória de um foguete que possua sistema de controle, bem como manter satélites em suas órbitas nominais;
5. SLEM: Este experimento contempla o desenvolvimento, construção e qualificação de um forno elétrico com capacidade de fundir ligas eutéticas. As amostras são alojadas no interior de um forno cuja temperatura de operação é de 300 oC. Ao atingir o ambiente de microgravidade, o forno é desligado e ocorre a solidificação das ligas. Ao serem recuperadas, as amostras são levadas ao laboratório para análise microscópicas.
Fonte: IAE/DCTA.
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