Uma conhecida indústria brasileira do setor aeroespacial e de defesa está com dificuldades de entregar uma das mais importantes unidades de um dos subsistemas da Plataforma Multi-Missão (PMM), o que estaria ocasionando atrasos no cronograma do projeto, e também no trabalho de outras empresas integrantes do consórcio que desenvolve a plataforma. A informação que chegou ao conhecimento do blog Panorama Espacial, vinda de diferentes fontes familiarizadas ao tema é de que a empresa teria sido inclusive multada em decorrência do atraso.
Consultado sobre o assunto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do Dr. Marco Antonio Chamon, coordenador de Gestão Tecnológica, afirmou que o contrato de desenvolvimento em questão "corre normalmente e que a contratada nunca foi multada por este ou qualquer outro subsistema da PMM. Além disso, nenhum evento de contrato foi pago sem a devida entrega e aceitação do item contratado. Esses contratos são auditados pelos vários órgãos de controle do governo, em particular o TCU [Tribunal de Contas da União]."
Apesar da posição oficial do INPE negando o problema, uma das fontes ouvidas pelo blog, que está diretamente envolvida no projeto, afirmou que a situação atual é preocupante, uma vez que o consórcio contratado para o desenvolvimento do subsistema não pode receber recursos financeiros se a etapa de uma das consorciadas não for entregue, prejudicando assim outras empresas membro do consórcio que estão em dia com suas obrigações. Não foi possível apurar se o atraso na entrega da unidade é decorrente de dificuldades tecnológicas para o seu desenvolvimento, ou por razões financeiras.
Quando finalizada, a PMM, projeto surgido no final da década de noventa será um módulo de serviço com subsistemas de propulsão, suprimento de energia, telecomunicações e controle padrão, compatível com uma gama de cargas úteis direcionadas a missões espaciais. Em outubro de 2007, numa palestra aberta ao público realizada na sede da Agência Espacial Brasileira, em Brasília, foi divulgado que a plataforma estaria disponível em meados de 2009.
Se o atraso de fato for confirmado, haverá fortes implicações no segmento de satélites do Programa Espacial Brasileiro. Praticamente todas as futuras missões de satélites desenvolvidas no Brasil, com exceção do CBERS deverão utilizar a PMM. É o caso dos projetos de satélites de imageamento Amazônia-1 (missão ótica) e MAPSAR (missão radar), dos satélites científicos Lattes (Equars, Mirax) e meteorológico GPM (Global Precipitation Monitoring). O projeto de um satélite de observação terrestre em parceria com a Argentina, reavivado no final do ano passado também é candidato a utilizar a PMM.
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2 comentários:
É lamentável constatar mais uma vez (caso seja verdade essa notícia) a incompetência e inoperância das pessoas que dirigem o "Programa Espacial Brasileiro". Lamentável, Lamentável, nada mais a se acrescentar.
na bolha de SJK, fica difícil ter um olhar não direcionado (unbiased), self-preservation is the BIGGEST moto.
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