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A Agência Espacial Brasileira (AEB) divulgou recentemente em seu web-site o relatório de gestão referente ao ano de 2007, finalizado em março de 2008. O relatório aborda de maneira detalhada os resultados dos objetivos e metas institucionais e programáticas da AEB, coordenadora central do Sistema Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais (SINDAE), sendo importante fonte oficial sobre o status das atividades espaciais desenvolvidas no País. Abaixo, destacamos os principais resultados de quatro ações coordenadas pela Agência.
Projeto CBERS
Em 2007, o CBERS 2 completou quatro anos de operação, superando muito sua vida útil projetada. Também neste ano foi lançado com sucesso o CBERS 2B, terceiro satélite da série, construído a partir da utilização de componentes sobressalentes dos dois primeiros satélites.
A informação mais importante sobre o CBERS, no entanto, não é tão positiva. De acordo com o relatório, o andamento de algumas atividades relacionadas ao desenvolvimento e construção dos CBERS 3 e 4 têm sofrido consideráveis atrasos, principalmente por causa do embargo ao fornecimento de componentes imposto pelos EUA. Leiam o parágrafo abaixo, extraído da página 10 do relatório:
"Na continuidade do programa, houve progresso nas atividades relacionadas aos satélites CBERS-3 e 4, através de refinamentos das configurações de subsistemas e, via contratos com indústrias, do início da fabricação dos satélites e dos equipamentos de testes dos subsistemas mecânicos e elétricos. Entretanto, o andamento das atividades vem sofrendo consideráveis atrasos, principalmente, devido ao embargo ao fornecimento de componentes imposto pelo governo dos EUA, através de uma escalada de restrições efetuada recentemente. Os seguintes subsistemas e/ou partes dos satélites estão sendo afetados por este problema, alguns, ainda sem perspectivas de solução: Computador de Bordo de Controle de Atitude – AOCC, Subsistema de Suprimento de Energia – EPSS, Subsistema de Telecomunicações de Serviço – TTCS, Computador de Bordo e Terminais Remotos de Supervisão de bordo – CTU e RTU, Câmera CCD Multiespectral – MUX, Câmera CCD de Largo Campo – WFI, Transmissor de Dados de Carga Útil – MWT, Gravador de Dados Digital – DDR, Carga Útil de Coleta de Dados – DCS. Em conseqüência, já se podem prever atrasos consideráveis no programa, o que acarretará sérios problemas ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil na cooperação contratada com a China, responsabilizando-se por cerca de 50% do desenvolvimento dos satélites."
Sabe-se, inclusive, que este embargo não tem afetado apenas o CBERS, mas também outros projetos de satélites nacionais.
Desenvolvimento de Satélites de Sensoriamento Remoto
o projeto da Plataforma Multi-Missão caminha, embora com atrasos (sobre a PMM, sugerimos a leitura da nota Problemas com a Plataforma Multi-Missão). Estes atrasos causaram, inclusive, alteração nos cronogramas do satélite de observação terrestre Amazônia-1.
"O satélite Amazônia-1, de imageamento óptico, o primeiro da nova série de satélites de sensoriamento remoto utilizando a Plataforma Multimissão, teve seus cronogramas alterados pelos sucessivos atrasos verificados no projeto PMM. Assim, o desenvolvimento do instrumento imageador (carga útil óptica), que não se encontra no caminho crítico do projeto, será abordada a partir do momento em que se delinear a disponibilidade da PMM." (Página 12)
Em relação ao satélite radar MAPSAR, que se seguir adiante também deverá utilizar a PMM, foi concluída em 2007 a Fase A do projeto, nada mais do que um estudo de viabilidade, e iniciada a Fase B, para definição dos requisitos e produtos da missão. O relatório tem ainda uma informação interessante: "Sob o patrocínio da câmara de comércio Brasil-Alemanha, foi iniciada também a seleção de fornecedores para a carga útil do MAPSAR, que é de responsabilidade da equipe alemã." (Página 12)
Veículo Lançador de Satélites (VLS)
Quanto ao VLS, os destaques são a continuidade da incorporação das modificações no VLS-1, decorrentes da Revisão Crítica executada com apoio de institutos e empresas russas, além da preparação da Maquete de Integração de Redes Elétricas (MIR), do VLS-1 XVT-01, do VLS-1 XVT-02 e do VLS-1 V04.
A parceria com a Rússia na área de foguetes continua. Os estudos do projeto preliminar do VLS-ALFA foram realizados naquele país, de acordo com as especificações estabelecidas pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).
Foguetes de Sondagem
No ano passado, duas operações de lançamento de foguetes de sondagem no Brasil foram realizadas, uma a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), de um VSB-30 (Operação Cumã II), e a outra do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), operando um VS-30 (Operação Angicos) com experimentos preparados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e pela Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE), da Argentina. Ainda em 2007, outros dois VSB-30 começaram a ser preparados para serem utilizados em missões do Programa Microgravidade, da AEB, com previsão de lançamento este ano, 2008.
Nesta área, o destaque foi a retomada das atividades de transferência de tecnologia para a indústria nacional, em especial do foguete VSB-30, que tem tido relativo sucesso em missões realizadas aqui e no exterior (ver a nota Foguete brasileiro acumula sucessos na Europa). Um consórcio formado por várias empresas do setor aeroespacial, chamado Brasil Espaço demonstrou há alguns anos grande interesse em receber a tecnologia do VSB-30, e assumir a sua produção.
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quinta-feira, 22 de maio de 2008
AEB divulga relatório com informações sobre as principais atividades desenvolvidas em 2007
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