Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou um relatório indicando uma redução de 20% no índice de desmatamento da Amazônia em junho, se comparado ao mês anterior. Uma ótima notícia.
Este mesmo relatório, no entanto, também apresenta algumas informações que, numa análise mais cuidadosa, merecem no mínimo certa reflexão.
Os dados sobre o desmatamento foram gerados, como é de praxe, pelo DETER, acrônimo de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, sistema que se baseia em imagens geradas por satélites com sensores óticos, incapazes de “enxergar” por debaixo das nuvens. A conseqüência disso é que grande parte do território amazônico, a depender das nuvens, não é verificada (na imagem acima, as áreas destacadas em rosa correspondem ao território coberto por nuvens). Em junho, por exemplo, os Estados do Amapá e Roraima tiveram 99% e 89%, respectivamente, de seus territórios cobertos por nuvens.
O DETER tem ainda outra limitação, relacionada à resolução das imagens geradas pelos satélites, capazes de detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares.
Estas duas limitações são em tese mitigadas pelo PRODES, que mede as taxas anuais de desmatamento para incrementos superiores a 6,25 hectares, com base em imagens geradas pelo satélite norte-americano Landsat 5. Suas medições são realizadas em meses de boas condições de observação na Amazônia, geralmente de julho a setembro, período em que é possível observar cerca de 90% da região sem cobertura de nuvens. O PRODES também tem um problema: o Landsat 5, lançado há mais de vinte anos, a qualquer momento pode deixar de operar, e seu substituto, o Landsat 8, não entrará em operação antes de 2011. Além do mais, seus dados são anuais, não tendo o mesmo propósito do DETER, de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento.
Fato é que o DETER e o PRODES têm demonstrado a sua relevância, o que não significa dizer que não possam ser melhorados. Se a Amazônia é estratégica para o Brasil, é razoável pensarmos que o País precisa ter os melhores sistemas para o seu monitoramento, como satélites equipados com sensores radares (capazes de penetrar pelas nuvens), e câmeras óticas com melhor resolução.
Este mesmo relatório, no entanto, também apresenta algumas informações que, numa análise mais cuidadosa, merecem no mínimo certa reflexão.
Os dados sobre o desmatamento foram gerados, como é de praxe, pelo DETER, acrônimo de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, sistema que se baseia em imagens geradas por satélites com sensores óticos, incapazes de “enxergar” por debaixo das nuvens. A conseqüência disso é que grande parte do território amazônico, a depender das nuvens, não é verificada (na imagem acima, as áreas destacadas em rosa correspondem ao território coberto por nuvens). Em junho, por exemplo, os Estados do Amapá e Roraima tiveram 99% e 89%, respectivamente, de seus territórios cobertos por nuvens.
O DETER tem ainda outra limitação, relacionada à resolução das imagens geradas pelos satélites, capazes de detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares.
Estas duas limitações são em tese mitigadas pelo PRODES, que mede as taxas anuais de desmatamento para incrementos superiores a 6,25 hectares, com base em imagens geradas pelo satélite norte-americano Landsat 5. Suas medições são realizadas em meses de boas condições de observação na Amazônia, geralmente de julho a setembro, período em que é possível observar cerca de 90% da região sem cobertura de nuvens. O PRODES também tem um problema: o Landsat 5, lançado há mais de vinte anos, a qualquer momento pode deixar de operar, e seu substituto, o Landsat 8, não entrará em operação antes de 2011. Além do mais, seus dados são anuais, não tendo o mesmo propósito do DETER, de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento.
Fato é que o DETER e o PRODES têm demonstrado a sua relevância, o que não significa dizer que não possam ser melhorados. Se a Amazônia é estratégica para o Brasil, é razoável pensarmos que o País precisa ter os melhores sistemas para o seu monitoramento, como satélites equipados com sensores radares (capazes de penetrar pelas nuvens), e câmeras óticas com melhor resolução.
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2 comentários:
A insistência em justificar o programa espacial brasileiro pela
necessidade de proteção da amazônia é um lastimável equívoco; não
justifica um programa espacial de caráter nacional e é de utilidade
questionável ao objetivo nobre e importante de preservação do imenso
patrimônio representado pela amazônia.
Considerados separadamente, tanto o programa espacial quanto a
preservação da amazônia são plenamente justificáveis. Entretanto, a
justificativa primordial para o programa espacial é o suporte a um
sistema de comunicação e observação com cobertura global e contínua do
território de atuação do estado brasileiro. (Que pode inclusive
contribuir para uma política abrangente de preservação da amazônia).
Por outro lado, é questionável que uma política de proteção da amazônia
monopolizada por ambientalistas urbanos do sudeste brasileiro seja
eficaz.
Há inúmeras formas de verificar o avanço do desmatamento. As fronteiras
e frentes de desmatamento tem avanços razoavelmente previsíveis e
detectáveis por mecanismos como o acompanhamento de movimentação de
cargas de madeira, produção agrícola e pecuária. As áreas críticas a
serem monitoradas são limitadas.
Satélites são governados pela rígida dinâmica orbital e apresentam pouca
flexibilidade para cobertura local, enquanto um monitoramento por meio
de aeronaves e meios terrestres apresenta grande flexibilidade quanto a
adaptação a condições climáticas adversas e refinamento de observação em
áreas críticas.
A principal utilidade da componente espacial é o acompanhamento em
grande escala espacial e temporal.
A grande demanda por produtos agrícolas e madeira, naturalmente aumenta
a pressão pelo avanço sobre as florestas.
O grande desafio é fatorar o custo ambiental associado à exploração de
atividades agrícolas, produção de energia e mineração e agir
politicamente para particionar estes custos com a sociedade em geral.
J N Hinckel
Se a área destacada no mapa acima é a que não foi inclusa nesse relatório de queda de 20% do desmatamento, acredito que não interfira significantemente nesse resultado, pois a área não faz parte do chamado "arco do desmatamento" (concentrados mas ao sul e sudeste da Amzônia legal)
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