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Não é segredo que o projeto do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) tem sofrido com os embargos impostos pelo governo dos Estados Unidos. Estes embargos são respaldados pela ITAR — International Traffic in Arms Regulations, legislação interna norte-americana que restringe e em alguns casos impede a exportação de componentes para determinados países, um deles, a China. Este problema foi, aliás, muito bem abordado em excelente reportagem assinada por Janaína Simões, divulgada no boletim eletrônico Inovação Unicamp desta semana (para ler a reportagem, clique aqui).
Em teoria, o embargo americano deveria afetar apenas o CBERS, mas alguns outros projetos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) também têm sofrido conseqüências, ainda que indiretas. Este é o caso, por exemplo, da Plataforma Multimissão (PMM), vítima de atrasos em decorrência do aumento da burocracia para a importação de componentes dos EUA.
O drama brasileiro, ora do INPE, ora das indústrias envolvidas com a PMM, em grande parte se deve aos "end user declarations", documentos que respondem questões feitas pelo governo dos EUA, como se o satélite que usará os componentes importados será lançado por foguete chinês, ou se se trata de projeto em parceria com a China.
Um exemplo que ilustra bem o peso dos trâmites burocráticos no cronograma da Plataforma Multimissão, já bem atrasado, foi o processo de importação dos tanques da propulsão, (componentes duais, que podem ser usados em foguetes ou mísseis) para o primeiro modelo da PMM, comprados da empresa norte-americana PSI, e que chegaram ao Brasil quase cinco meses após o despacho pela fabricante.
Apesar da burocracia, segundo afirmou ao blog Mário Quintino, futuro coordenador geral de Engenharia e Tecnologia Espacial do INPE, nunca se deixou de comprar componentes americanos para a PMM por causa de embargos. Este é, de fato, um problema muito mais crítico para o CBERS. "Com o CBERS nós temos problemas, e isto pode induzir fortes atrasos", diz Quintino.
Algumas estratégias para lidar com o embargo de Washington já são discutidas internamente no INPE, como o chamado "up-screening", que, grosso modo, consiste em utilizar técnicas de seleção de componentes eletrônicos para aproveitar componentes de uma categoria inferior, disponíveis comercialmente, por exemplo, em uma aplicação que demandaria outras de categoria superior. Uma das idéias é justamente montar no INPE uma pequena equipe focada neste tipo de atividade.
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terça-feira, 29 de julho de 2008
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