terça-feira, 6 de abril de 2010

Cooperação Brasil - Rússia: Glonass

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial da Rússia (Roscosmos) promoveram hoje (06), na capital paulista, o Encontro Empresarial sobre o Glonass. O objetivo do encontro, nas palavras do coordenador técnico-científico da AEB, Raimundo Mussi, era "casamenteiro", isto é, aproximar empresas brasileiras e russas interessadas em parcerias para a produção de receptores terrestres do sistema, além da oferta de serviços e aplicações no Brasil.

O evento contou com a presença de cerca de quinze integrantes da Roscosmos e de empresas de seu país, liderados por Vladmir Putkov, vice-diretor de assuntos internacionais da agência russa, além de dezenas de empresários e interessados brasileiros. Representantes de ao menos uma indústria espacial brasileira, a Atech, compareceram ao encontro, embora o blog tenha obtido a informação de que existem outras empresas nacionais do setor interessadas no Glonass, inclusive uma, de controle estrangeiro, também bastante atuante na área de Defesa.

Dividido em duas partes, pela manhã foi apresentado um panorama e perspectivas do Glonass, enquanto que a parte da tarde foi dedicada à promoção de encontros específicos entre os empresários presentes. Na apresentação inicial, Putkov, que fala português, recordou a parceria entre Rússia e Brasil na área espacial, destacando o caso da revisão crítica do projeto do VLS-1 após o trágico acidente em 2003, e a cooperação para o desenvolvimento de propulsores de combustível líquido.

Segundo Alexandre Martynov, chefe de divisão do Departamento de Navegação por Satélite da Roscomos, a constelação Glonass conta atualmente com 23 satélites em órbita, sendo 21 operacionais. Sua disponibilidade global está em torno de 99%, devendo ser ampliada para 99,7% em outubro, quando mais um satélite será lançado, e 99,9% em dezembro, mês em que a constelação estará completa, com 24 satélites. O objetivo é que o sistema de geoposicionamento russo seja equivalente ao GPS em termos de disponibilidade global até o final de 2011. Martynov destacou que nos últimos três anos, a acurácia do Glonass melhorou cinco vezes, estando hoje na mesma categoria que o GPS norte-americano.

Em suas apresentações, os representantes da Roscosmos focaram bastante na interoperabilidade e compatibilidade do Glonass com outros sistemas existentes ou futuros, como o GPS e o europeu Galileo, o que, aliás, possibilitaria uma sensível redução de riscos. Inclusive, a expectativa é que se opere no Brasil receptores combinados, isto é, com sinais tanto do Glonass como do GPS. Além do sinal padrão do Glonass, o blog apurou que a Roscosmos está oferecendo ao Brasil a liberação de sinal mais preciso (L2) em casos específicos e por períodos limitados de tempo, que poderia ser útil, por exemplo, em atividades de geodésia em Petróleo & Gás.

Ao conversar com o blog, Raimundo Mussi informou que existe interesse na instalação de uma pequena estação de monitoramento da constelação de satélites em território brasileiro, possivelmente na região central do País. A materialização dessa possibilidade, no entanto, dependerá das evoluções do encontro empresarial e da aceitação do sistema pelos usuários brasileiros. Pesquisas científicas relacionadas ao sistema também são um dos itens de cooperação.

Atualização, 07/04, às 11h15: a AEB divulgou um press release sobre o evento. Para acessá-lo, clique em "Brasil e Rússia debatem cooperação na área espacial". A edição da "Folha de S. Paulo" de hoje também traz uma reportagem a respeito: ""GPS" russo busca parceria com empresas brasileiras".
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