terça-feira, 27 de abril de 2010

Cooperação Brasil - República Tcheca

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Uma nota na seção "In Orbit" da edição desta semana da revista norte-americana Aviation Week & Space Technology chama a atenção. Trata do programa espacial da República Checa ou, mais especificamente, as intenções do governo desse país europeu em ampliar seus projetos na área. A última linha da nota, traduzida livremente pelo blog, menciona o Brasil: "Os tchecos devem assinar acordos com o Brasil e Canadá, e pactos com o Japão e a França podem ser firmados".

Não foram dados mais detalhes sobre a natureza do acordo que poderia ser firmado com a República Tcheca. Mas é bastante provável que a origem da informação seja o próprio país europeu, uma vez que a notícia sequer havia circulado no Brasil. Numa rápida pesquisa na web, foi possível encontrar uma pequena notícia no site Czech Space Alliance (uma espécie de associação de indústrias espaciais tchecas), de 30 de outubro de 2009, sobre visita de representantes tchecos à residência oficial do embaixador brasileiro em Praga. Está escrito algo mais ou menos nesse sentido: "Nós tivemos a oportunidade de encontrar o representante europeu da Embraer, assim como várias personalidades políticas importantes do governo brasileiro, que demonstraram grande interesse em nosso esforço de concluir um acordo de cooperação em tecnologia espacial com a Agência Espacial Brasileira (AEB)."

Apesar de receber algumas críticas pela quantidade de acordos internacionais firmados pelo Brasil no setor espacial, a AEB continua a focar suas ações nessa direção. O presidente da Agência, aliás, em entrevista concedida no início deste ano à Tecnologia & Defesa, defendeu o posicionamento de sua organização:

"T&D - Sua gestão tem sido marcada pela busca de novos acordos de cooperação e o senhor já afirmou que seu objetivo é firmar tantos quantos forem possíveis, de modo a beneficiar o País. Ao mesmo tempo em que um maior número de parceiros significa maior leque de oportunidades, há quem veja isso de maneira negativa, por indicar falta de foco e divisão dos parcos recursos em diferentes atividades. O que o senhor pensa a respeito?

Carlos Ganem - A lógica dos acordos internacionais é bem simples. Esses acordos abrem inúmeras perspectivas de novos mercados, visto que apenas a demanda nacional não tem sido suficiente, ao menos neste momento, para estruturar um setor industrial sustentável no Brasil. Alianças estratégicas com alguns países podem trazer benefícios pelo lado da política internacional possibilitando, inclusive, desenvolvimento de grandes projetos conjuntos, como já ocorre com o CBERS e a ACS.

Em áreas de ponta e repercussões estratégicas, o sectarismo e o isolamento não permitem que o País possa esperar soluções autóctones que compensem o atraso e a perda de papel protagonista que o Brasil deveria exibir."
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