domingo, 6 de maio de 2012

O valor da inovação


Como parte de suas estratégias para o aquecido mercado brasileiro, algumas empresas estrangeiras dos setores aeroespacial e de defesa têm ido além da fabricação local ou promessas de transferência de tecnologia. Comprometem-se agora com projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), isto é, desenvolver novos produtos e tecnologias no País, em parceria com universidades, centros de pesquisa e indústrias brasileiras. Tais estratégias, embora relacionadas principalmente à projetos do setor de defesa (Programa F-X2, Sisfron e SisGAAz, dentre outros), podem também beneficiar a área espacial, direta ou indiretamente.

No início de abril, a norte-americana Boeing anunciou a criação, no País, de um centro de pesquisa e desenvolvimento (Boeing Research & Technology - Brazil), a ser instalado em São Paulo, e que terá como principais áreas de foco de pesquisa, biocombustíveis sustentáveis de aviação, gestão avançada de tráfego aéreo, metais avançados, biomateriais e tecnologias de apoio e serviço, tanto para a área comercial quanto para a área militar. A Boeing seguiu a estratégia já adotada pelo grupo europeu EADS e o sueco Saab (veja no final desta postagem nota da coluna "Defesa & Negócios", publicada na edição n.º 127 de Tecnologia & Defesa, de dezembro de 2011).

Um exemplo dos benefícios que estes esforços em PD&I podem gerar às atividades espaciais brasileiras: em 19 de abril, representantes da Boeing Research & Technology estiveram no Instituto de Estudos Avançados (IEAv), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), para discutir aspectos relacionados à consolidação de uma parceria para a realização de experimentos e cálculos teóricos relacionados à pesquisa em veículos hipersônicos, em particular, o projeto do veículo 14-X.

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Saab e EADS atentas à inovação

Para ocupar posição relevante no mercado brasileiro de defesa, não basta mais apenas se comprometer a fabricar localmente e transferir tecnologia. Com o crescente interesse do governo brasileiro em aprimorar sua capacidade de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), alguns grupos com fortes laços com o País estão se antecipando e anunciando criação de centros locais de PD&I.

Em maio [de 2011], a sueca Saab participou, como membro fundador, do lançamento do Centro de pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), instalado em São Bernardo do Campo (SP), que desenvolverá projetos nas áreas de defesa e segurança, energia sustentável e desenvolvimento urbano, em parceria com empresas, entidades governamentais e universidades do Brasil e da Suécia. Em novembro, o CISB e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) fecharam um acordo para a concessão de 100 bolsas de estudos para pesquisadores brasileiros na Suécia, que serão financiadas pela Saab.

Em novembro [de 2011], o grupo europeu EADS anunciou que instalará no Brasil, em local ainda não definido, o seu sexto centro de inovação fora da Europa, que deverá reunir as atividades das unidades do grupo já presentes no País. A Helibras, subsidiária da Eurocopter, a Cassidian, por meio da joint-venture com a Odebrecht e a Equatorial Sistemas, controlada pela Astrium, já desenvolvem atividades de inovação no Brasil. A Equatorial Sistemas, instalada em São José dos Campos (SP), por exemplo, obteve inclusive linhas de subvenção econômica da FINEP, empresa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que financia projetos no setor. O centro brasileiro estará conectado a outros 16 núcleos de inovação e pesquisa da EADS, que contam com mais de 700 engenheiros distribuídos em nove países. Além da Europa, em seus mercados "domésticos", a EADS tem centros de inovação na Rússia, Índia, EUA, Cingapura e China.

Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 127, coluna "Defesa & Negócios".
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