segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CBERS 3: nota da Opto Eletrônica

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Falha em foguete chinês não tira mérito do Programa Espacial Brasileiro

A Opto Eletrônica S.A. lamenta o incidente ocorrido no posicionamento do satélite CBERS-3 em órbita, na madrugada desta segunda, 09/12 (às 1h26, horário de Brasília). O satélite CBERS-3, desenvolvido conjuntamente por Brasil e China, foi lançado pelo veículo chinês Longa Marcha 4B, do Centro de Lançamentos de Satélites de Taiyuan, China. Avaliações preliminares apontam que uma falha no sistema de propulsão do veículo lançador, sob responsabilidade chinesa, resultaram na colocação do satélite em órbita inadequada, ocasionando perda do equipamento.

O satélite carregava duas câmeras chinesas e duas brasileiras. À parte brasileira, coube a Opto Eletrônica, vencedora em licitação, desenvolver a partir do zero as câmeras MUX (multiespectral) e WFI (wide field imager; esta, em parceria com a empresa Equatorial Sistemas).  Hoje, apenas outros sete países (EUA, França, Rússia, Índia, Japão, China e Israel) detêm o conhecimento e a tecnologia necessários para desenvolver e produzir câmeras como estas. Os dados obtidos mostram que os subsistemas do CBERS-3, incluindo as câmeras funcionaram normalmente durante a tentativa de colocação em órbita. O satélite funcionou dentro do esperado até o choque contra a superfície da Antártida.

Importante ressaltar que já foram produzidos mais dois modelos de voo (Flight Models, FMs), completamente idênticos, de cada uma das duas câmeras que equipavam o satélite CBERS-3. Tais modelos estão prontos e funcionais para equipar os satélites CBERS-4 e CBERS-4B.

Portanto, iniciam-se imediatamente discussões técnicas entre os dois países visando à antecipação da montagem e lançamento do CBERS-4.

A história mostra que, apesar de completamente indesejáveis, as perdas de satélites durante o lançamento e “comissionamento” são relativamente comuns, mesmo para países que dominam completamente as tecnologias de propulsão envolvidas, como EUA, Rússia e a própria China.  O satélite americano Landsat 6, por exemplo, teve falha similar em 1993, depois de uma série de cinco lançamentos bem sucedidos.

Como tal, o incidente de hoje deve ser encarado como mais uma etapa no aperfeiçoamento do complexo sistema propulsão de veículos lançadores. Neste instante, os engenheiros chineses, responsáveis pela construção e operação do veículo lançador, estão avaliando as possíveis causas do problema.

O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês) gera imagens da superfície do território brasileiro para aplicações diversas, tais como zoneamento agrícola, monitoramento de desastres naturais e acompanhamento de alterações da cobertura vegetal, com grande aplicação na região amazônica.

De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, Brasil e China alcançaram resultados frutíferos nos últimos 25 anos de cooperação na área espacial, e estão confiantes na continuidade desse êxito.

Fonte: Opto Eletrônica.

Comentários do blog: como já era especulado momentos após a confirmação da falha do lançamento do CBERS 3, a estratégia a ser seguida pelos governos do Brasil e da China será a de acelerar a montagem do CBERS 4 para que este seja lançado tão logo que possível. Interessante notar que as partes consideram o lançamento de um terceiro satélite da segunda série, o CBERS 4B, estratégia similar a adotada no caso do CBERS 2B, que também fez uso de componentes redundantes e de engenharia.
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