domingo, 11 de julho de 2010

Amazônia monitorada do espaço

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O primeiro número da revista "Up to Planet EADS", publicação institucional do grupo aeroespacial e de defesa europeu EADS, traz uma interessante reportagem ("The Science behind survival") sobre como a tecnologia espacial tem contribuído para pesquisas e monitoramento relacionados ao desmatamento e mudanças climáticas. O Brasil é importante player mundial nesta área, especialmente em razão de sua privilegiada condição em termos de biodiversidade, recursos hídricos, floresta amazônica, etc. Naturalmente, o Brasil, no caso a Amazônia, acabou sendo um dos tópicos da reportagem, com especial ênfase no apoio dado pelo segmento espacial (Spot Image, Infoterra e DMC) em iniciativas REDD (do inglês 'reducing emissions from deforestation and forest degradation', e em português, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).

No passado, já abordamos algumas iniciativas REDD no País (veja aqui), mas o trecho que reproduzimos abaixo, em tradução livre do inglês feita pelo blog, sintetiza bem seu funcionamento:

"o pulmão verde da Terra

As consequências do desflorestamento e degração das florestas podem ser sérias. O desflorestamento tropical responde por uma grande porção da estimativa de 1,7 bilhão de toneladas de carbono liberadas anualmente devido às mudanças no uso do solo. De acordo com o Centro Internacional de Pesquisas Florestais, o desmatamento representa 20% das emissões atuais de carbono, fatia maior que as emissões de todo o setor de transporte, e dez vezes maior que as produzidas por todo tráfego aéreo. [...] o trabalho de imageamento executado pela EADS Astrium para ajudar no monitoramento global de florestas é outra importante contribuição para monitorar as mudanças climáticas. Pierre Duquesne é diretor geral da Spot Image Brasil, uma subsidiária da Astrium que fornece imagens de satélites e mapeamento para metade dos estados na região da Amazônia Legal. Ele vê grande potencial neste campo: "Eu estou convencido que temos que ir além. Nós temos que garantir que não estamos apenas nos pintando de verde, mas que estamos realmente fazendo a diferença." Ele explica como os produtos da EADS são usados em iniciativas REDD. REDD, que significa 'reducing emissions from deforestation and forest degradation', surgiu em 2007, na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU em Bali, onde se reconheceu a importância das florestas nas mudanças climáticas. O objetivo do REDD é ligar diretamente incentivos financeiros para conservação com o carbono estocado nas florestas. Os créditos gerados com a redução de emissões seriam quantificados, e este dado quantificado se tornaria um crédito que poderia ser vendido num mercado internacional de carbono. Alternativamente, este crédito poderia ser cedido para um fundo internacional criado para prover compensação financeira para países participantes que conservassem suas florestas. O tipo de tecnologia precisa de imageamento oferecido pela EADS Astrium permite aos estados quantificar precisamente como seus solos são usados e ajuda a medir a quantia de carbono a ser convertida em créditos. "É uma aposta no futuro", diz Duquesne.

A EADS Astrium tem trabalhado com o Imazon, um instituto brasileiro de pesquisas, desde 2007. A Imazon e a Infoterra, uma subsidiária da Astrium, estão envolvidas em um projeto de reprocessamento de imagens do Mato Grosso - área equivalente ao tamanho da França - obtidas nos últimos 25 anos, e que foram então classificadas para degradação florestal e desflorestamento. A Imazon e a Infoterra apresentaram suas constatações num evento durante a Cúpula de Copenhague, em dezembro de 2009, onde, segundo Duquesne, foram bem recebidas pela comunidade científica. A EADS Astrium também ajuda a monitorar florestas na Amazônia, na Bacia do Congo e na Indonésia por meio da DMCii, parte da subsidiária Surrey Satellite Technology Ltd., cujos satélites da constelação DMC fornecem mapeamento sistemático de extensas áreas de habitat. [...]"
[Nota do blog: sobre o uso de imagens DMC no Brasil, acesse a postagem "Satélites DMC no monitoramento da Amazônia"]
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