Pesquisadora propõe microssatélites para atualizar o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados
Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2016
No livro “O Segmento Espacial orientado pela Engenharia de Sistemas”, a pesquisadora Jaqueline Vaz Maiolino, mestre em Engenharia e Tecnologia Espaciais (ETE) pelo INPE, e diretora de Engenharia da Orbital Engenharia, propõe o uso de pelo menos dois microssatélites para atualizar o segmento espacial do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados (SBCD). A obra, publicada no início do ano passado, é baseada na dissertação de mestrado da autora, defendida em 2011, no Curso da ETE, sob a orientação do professor Marcelo Lopes de Oliveira e Souza, da ETE, e co-orientação do ex-gerente do SBCD, Wilson Yamaguti.
Dois anos após a defesa de sua dissertação, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou edital de licitação (Concorrência 01/2013) para a contratação de estudo comparativo de soluções para o Sistema de Coleta de Dados Hidrometeorológicos (SCD-Hidro). Atualmente, o SBCD conta com os satélites SCD-1, SCD-2 e CBERS 4A. Os dois primeiros, embora em funcionamento, podem ficar inoperantes a qualquer momento, pois já ultrapassaram o tempo de vida útil inicialmente previsto em vários anos.
SCD-2 no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE.
Além da obsolescência desses satélites, a autora argumenta que a necessidade crescente de maior quantidade e frequência de dados ambientais e hidrometeorológicos para monitoramentos e pesquisas vem demandando, nos últimos anos, estudos sobre a atualização do segmento espacial do SBCD. A pesquisadora lembra ainda que soluções com nanossatélites também vêm sendo apresentadas, tendo em vista o baixo custo destes sistemas e o grande envolvimento de universidades no desenvolvimento dos projetos, em parceria com o INPE, ITA e a AEB.
O Sistema Brasileiro de Coleta de Dados (SBCD) foi idealizado nos anos 1970, com a criação da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), e entrou em operação no início de 1993, com o lançamento do primeiro Satélite de Coleta de Dados (SCD-1). Na sequência, foram lançados o SCD-2 (1998) e os satélites da série CBERS que passaram a integrar o segmento espacial do SBCD, mas com missão dedicada prioritariamente à geração de imagens por sensoriamento remoto. O segmento solo do SBCD é composto por mais de 1000 plataformas de coleta de dados (PCDs) distribuídas pelo território nacional, pelas estações de recepção de Alcântara (MA) e Cuiabá (MT), pelo Centro de Missão de Coleta de Dados, em Natal (RN), e pelo Centro de Controle de Satélites (CCS), em São José dos Campos (SP).
Segundo Maiolino, os dados ambientais e hidrometeorológicos são fornecidos a cerca de 100 usuários, entre estes a Agência Nacional de Águas (ANA) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A necessidade cada vez maior de dados e com maior frequência, para monitoramentos ambientais e hidrometeorológicos, vem demandando melhorias e ampliação da capacidade de geração e retransmissão de dados. Atualmente, os dados chegam a ser retransmitidos a cada 100 minutos durante o dia. Para suprir a necessidade de dados com maior frequência e de forma complementar àqueles fornecidos pelas PCDs do SBCD, muitos usuários buscam outros sistemas, como o dos satélites GOES/NOAA, transmissões via celular, entre outros, nem sempre adequados às necessidades do usuário.
Com base nos estudos realizados anteriormente pelo INPE, na realidade da configuração do atual sistema SBCD e em estudos de simulação computacional, Maiolino avaliou os atuais sistemas espaciais frente às demandas dos atuais usuários e também daqueles em potencial, como o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A avaliação considerou o custo dos sistemas, mas também a necessidade de dados com intervalos de no máximo 1 hora. Apesar de sugerir dois microssatélites para recompor o SBCD, Jaqueline destaca o uso de nanossatélites, como o CONASAT, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com apoio do INPE, cuja solução traz uma série de vantagens e vem se apresentando como alternativa promissora.
Jaqueline Maiolino é formada em engenharia aeronáutica pela Univap, desenvolveu sua pesquisa na área de Engenharia e Tecnologia Espaciais (ETE) do INPE, opção Engenharia e Gerenciamento de Sistemas Espaciais (CSE). Sua dissertação “Uma proposta para a atualização do segmento espacial do sistema brasileiro de coleta de dados orientada pela engenharia de sistemas”, pode ser acessada através do link: http://mtc-m16d.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m19/2011/03.22.13.25/doc/publicacao.pdf.
Fonte: INPE
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