Atualizado em 16/06/16, 14h38.
André M. Mileski
Na semana passada, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) iniciou o processamento de imagens de radar geradas por satélites da constelação italiana COSMO-SkyMed, para detecção de desmatamento ilegal na Amazônia. Esta é a primeira vez que a região será monitorada sistematicamente com radares orbitais, segundo informações divulgadas pelo Censipam, citando o seu diretor-geral, Rogério Guedes.
Os dados foram adquiridos em licitação realizada no âmbito do programa Amazônia SAR, financiado pelo Fundo Amazônia, via o BNDES, e coordenado pelo Censipam, que foi vencida pela empresa Geoambiente, em parceria com a e-GEOS, uma joint-venture entre a italiana Telespazio e a Agência Espacial Italiana para a comercialização de imagens do COSMO-SkyMed.
O contrato firmado com a Geoambiente prevê a aquisição mensal dos dados satelitais sobre uma área de um milhão de quilômetros quadrados da região amazônica. As imagens que estão em processamento foram coletadas nos meses de abril e maio, e são do tipo Stripmap (40 km x 40 km), com resolução espacial de 3 metros. Quando finalizadas, serão disponibilizadas para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O processamento está sendo realizado pelas equipes de especialistas do Censipam em Brasília (DF), Porto Velho (RO), Manaus (AM) e Belém (PA), utilizando métodos considerados no estado da arte em técnicas de extração de informações sobre imagens de radar de abertura sintética (SAR) de alta resolução espacial, incluindo análises multitemporais dos dados de amplitude e fase do sinal de radar, extração de parâmetros interferométricos e métodos de classificação. De acordo com a Telespazio, “a utilização destas técnicas sobre dados SAR multitemporais e multigeometria tem como objetivo detectar e caracterizar as mudanças de cobertura do solo decorrentes de atividades antrópicas na Amazônia, nos períodos de maior incidência de nuvens”.
Os primeiros resultados dos processamentos de imagens do SipamSAR já evidenciam a sua importância para o monitoramento do desmatamento da Amazônia. Na figura abaixo (clique sobre ela para melhor resolução), as áreas destacadas em amarelo indicam o desmatamento detectado pelo sistema PRODES, do INPE, acumulado até agosto de 2015, a partir de imagens óticas (A). Após o processamento de imagem obtida pelo COSMO-SkyMed (B), é possível identificar desmatamento encoberto pelas nuvens, bem como o avanço do desmatamento ocorrido no período chuvoso, que estão indicados pelas áreas destacadas em vermelho (C).
SipamSAR: sistema integrado de alerta de desmatamento
O monitoramento por radar do desmatamento da Amazônia é uma demanda brasileira de muitos anos, e particularmente necessária durante os períodos mais chuvosos, em que a cobertura de nuvens impede um preciso monitoramento realizado por satélites com sensores óticos.
Em paralelo ao processamento das imagens já adquiridas, o Censipam está conduzindo uma concorrência visando adquirir, implantar, operacionalizar e manter uma solução completa de recepção de dados de satélites SAR, para operação do chamado Sistema Integrado de Alerta de Desmatamento por Radar Orbital – SipamSAR.
A solução compreenderá a construção de uma antena de recepção em território brasileiro, que proporcionará ao órgão o acesso direto aos dados de telemetria dos satélites, baixando as imagens em tempo real, e tornando mais ágil a disponibilização dos dados aos usuários finais.
O SipamSAR terá investimentos de pouco mais de R$80 milhões, sendo R$63,9 milhões oriundos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e R$16,6 milhões do orçamento federal.
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