Em 13 de
setembro, aconteceu na capital carioca mais uma edição do Congresso
Latino-Americano de Satélites, considerado um dos principais eventos
brasileiros no setor. A
exemplo da edição de 2011, um dos principais tópicos de interesse foi o
programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), que agora conta com
informações mais concretas. Abaixo, destacamos algumas informações na forma de
notas.
SGDC, Br1Sat, e não mais SGB
A sigla
SGB, pela qual o projeto ficou conhecido desde o início da década de 2000, deve
mesmo ser abandonada. Prevalecerá o nome oficial, Satélite Geoestacionário de Defesa
e Comunicações Estratégicas (SGDC), ou então o comercial: BR1Sat.
Principais características
Aos
poucos, vão sendo divulgadas informações mais específicas sobre as
características do primeiro satélite. O SGDC previsto para ser lançado em 2014
terá vida útil estimada de 15 anos, com centros de operações em áreas militares
em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ). Ocupará a posição 75º Oeste. O
sistema, como um todo, considera a operação de dois ou mais satélites
geoestacionários. O planejamento de longo prazo do governo considera três
satélites operacionais em órbita, com lançamentos a cada cinco anos.
O
projeto tem alguns objetivos principais: (i) atender o Sistema de Comunicações
Militares por Satélite (SISCOMIS), do Ministério da Defesa; (ii) comunicações estratégicas
do governo federal, de certos órgãos e estatais; (iii) Plano Nacional de Banda
Larga (PNBL), com uso exclusivo da capacidade em banda Ka; e (iv) absorção e
transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro. A capacidade
em banda Ka deve atingir até 55 gigabytes por segundo.
Em órbita em 2014?
Dirigentes
do governo presentes no congresso foram questionados sobre o prazo, exíguo,
para a colocação do satélite em órbita. O limite de 31 de dezembro de 2014
continua válido (inclusive, está previsto em decreto) e deve ser tomado como
meta. Segundo declarou Sebastião do Nascimento Neto, da Telebrás, “antes da definição do fabricante, não
porque se questionar a data”. Na prática, porém, a possibilidade de cumprir
o prazo, considerando-se uma possível contratação até o final desse ano, é
entendida como remota por especialistas do setor.
Pedidos de propostas
O envio
de solicitação de propostas (conhecido como RFP, sigla em inglês de request for proposal) para os
fabricantes deve acontecer no início de outubro, segundo informações de
representante do Ministério das Comunicações. De acordo com Maximiliano
Martinhão, secretário de telecomunicações do ministério, já foram realizadas
três reuniões do grupo-executivo para discussão do termo de referência com as
especificações requeridas para o satélite. A compra do satélite será realizada
com dispensa das regras previstas na Lei de Licitações (Lei n.º 8.666/93), de
acordo com autorização já conferida pelo Conselho de Defesa Nacional.
SISCOMIS
O Ten.
Cel. Anderson Hosken Alvarenga, do Ministério da Defesa, fez uma breve
exposição sobre o SISCOMIS, cuja demanda em comunicações por voz, dados e vídeo
deverá ser totalmente atendida pelo SGDC. Atualmente, há cerca de 100 terminais
em operação, dos tipos leve, transportável, rebocável e naval, e a expectativa
é que até 2020 o sistema opere 300 terminais, inclusive de novos tipos, como
portátil (manpack), móvel terrestre e
móvel submarino. O SGDC cobrirá todo o Atlântico, parte da costa do Pacífico e
da América do Norte. Contará ainda com um "spot" móvel em banda X,
isto é, capacidade de cobrir determinadas áreas em certos períodos de acordo
com os interesses do Ministério da Defesa (áreas de operações de navios e
submarinos da Marinha, por exemplo).
Os interessados
A
informação que circulava nos bastidores era de que a Boeing, Space Systems
Loral e Orbital Sciences Corporation, todas dos EUA, já haviam se reunido com a
Telebrás para conhecer e demonstrar interesse em fornecer o satélite. As
europeias Astrium e Thales Alenia Space, assim como a japonesa Mitsubishi
Electric Corporation também devem responder o RFP, quando este for enviado.
Ausência sentida
Ainda em
matéria de empresas interessadas no programa, uma ausência notada no evento foi
a de representantes da Thales Alenia Space que, aparentemente, não compareceram.
Na edição de 2011, a empresa franco-italiana foi uma das patrocinadoras do
congresso e também apresentou a sua proposta numa palestra. No Brasil, a campanha
pelo SGDC era liderada por Laurent Mourre, diretor-geral da Thales no País, mas
que deixou esta função no mês passado. O executivo acumulava considerável experiência
no setor espacial.
O papel da Visiona
Nelson
Salgado, presidente da Visiona Tecnologias Espaciais, joint-venture constituída pela Embraer e Telebrás para atuação no
projeto do SGDC, discorreu brevemente sobre o papel da empresa no programa.
Salgado destacou que a empresa não será operadora do satélite - esta função
caberá à própria Telebrás e ao Ministério da Defesa, mas sim a integradora da
rede, de seus segmentos espaciais e terrestres. "A Visiona não será fabricante, mas sim uma empresa de engenharia
[de sistemas] e integração", afirmou. O executivo mencionou que a
Visiona deve buscar participar de outros projetos do Programa Espacial
Brasileiro, destacando que estas iniciativas sempre foram consideradas no
planejamento estratégico da Embraer.
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