sábado, 17 de outubro de 2015

O programa argentino de satélites de comunicações

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No início deste mês, o senado argentino aprovou por unanimidade um projeto de lei para o desenvolvimento de sua capacidade local de satélites geoestacionários de comunicações, considerada de interesse público. O projeto prevê a criação do "Plan Satelital Geoestacionario Argentino 2015-2035", que prevê o lançamento de oito novas missões geoestacionárias de comunicações nos próximos vinte anos, a serem operados pela estatal ARSAT. Três destes novos satélites estão planejados para o período entre 2019 e 2023.

O projeto reconhece a construção dos satélites, de responsabilidade da também estatal INVAP, como uma prioridade nacional, declara a indústria de satélites como de interesse público, e busca ampliar o conteúdo nacional nas missões. Também estabelece objetivos para o desenvolvimento de uma plataforma orbital, com mais capacidade e potência.

Único país do hemisfério sul com capacidade de construir satélites geoestacionários, a Argentina já colocou em órbita duas missões, o Arsat-1, que no último dia 16 completou um ano no espaço, e o Arsat-2, lançado no final de setembro. Embora projetados localmente pela INVAP, os satélites contam com parte significativa de seus principais subsistemas adquiridos no exterior. É o caso das cargas úteis (transpônderes), fornecidos pela franco-italiana Thales Alenia Space, e dos sistemas de propulsão, painéis solares e certos componentes do subsistema de controle de atitude e órbita, fabricados pela europeia Airbus Defence and Space.

Cooperação internacional

Em 30 de setembro, por ocasião do lançamento do Arsat-2, promovido pela Arianespace a partir de Kourou, na Guiana Francesa, ministros dos governos da Argentina e da França firmaram um acordo de cooperação técnica no âmbito de comunicações por satélite e aplicações espaciais. O instrumento assinado, um primeiro passo para o início de discussões, contempla a busca de projetos de cooperação industrial e comercial no campo espacial. Abrange também a exploração de possíveis projetos de colaboração em plataformas de aplicações destinadas para utilidade pública baseadas em uso de sinais de satélites de comunicações, Observação da Terra e Navegação, além de intercâmbios e iniciativas em recursos humanos.

No continente sul-americano, a Argentina tem sido um dos principais países a estimular iniciativas conjuntas para cooperação no âmbito espacial, e o programa ARSAT é uma de suas plataformas para este objetivo. No final de agosto de 2014, uma comitiva com representantes da Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), INVAP e ARSAT esteve na Bolívia para uma visita oficial a Agência Boliviana Espacial (ABE), com o propósito de “apresentar as características, desenvolvimento e capacidades do setor espacial argentino” a seus pares bolivianos, além de “avançar em aspectos de interesse mútuo para um próximo acordo de cooperação na área espacial”. O projeto de lei aprovado pelo senado também faz referência à busca de cooperação na região.
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