domingo, 10 de julho de 2011

INPE considera Resourcesat-2 para a Amazônia

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Inpe busca novo sistema para monitorar danos a Amazônia

10/07/2011

Equipamento atual não mostra desmatamento em áreas pequenas da mata e que já são 80% do desflorestamento

MARCO ANTONIO GONÇALVES
ESPECIAL PARA O VALE

Com um sistema de detecção de desmatamento defasado, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José, não consegue monitorar rapidamente grande parte do desflorestamento da Amazônia.

Isso porque o Deter, programa que faz um levantamento rápido de desmates, usa o sensor Modis, com resolução de 250 metros, que só permite detectar desmates maiores que 250 metros quadrados), porém com precisão maior só acima de 50 hectares.

Em razão disso, os desmatadores mudaram de estratégia e começaram a fazer desmates mais espalhados, menores que 50 hectares e que não são detectados pelo satélite. Hoje esses pequenos desmates representam 80% do total de desflorestamento da região amazônica.

“O Deter cobre a Amazônia inteira e manda relatórios de dois em dois dias, que são enviados ao Ibama. No final do mês é publicado um relatório de intervenção na floresta”, afirmou o coordenador do Programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano.

Segundo ele, esse sistema não funciona para divulgar números confiáveis de desmatamento.

“O sistema serve apenas como alerta de áreas que estão sofrendo intervenção”, disse. Vários fatores, como as nuvens, por exemplo, influenciam na detecção dos desmatamentos.

Satélite. O satélite indiano Resourcesat-2 é a maior esperança do governo brasileiro para melhorar o monitoramento rápido de desmate. “Este satélite indiano tem uma capacidade imensa. Pode liberar informações de cinco em cinco dias, com uma resolução de 56 metros”, informou Valeriano.

Gratuito, esse satélite deixaria o Deter obsoleto. Porém, o Inpe ainda não tem total acesso às imagens deste sistema. “O Ministério das Relações Exteriores deve entrar em contato com o governo da Índia para pedir o acesso pleno aos dados desse satélite”, disse o coordenador do programa do Inpe.

Satélites. O Brasil deve ter em três anos dois satélites próprios que forneceriam as imagens para o monitoramento da Amazônia. O satélite Amazônia-1, equipado com uma câmera de 40 metros de resolução e com lançamento previsto para 2012 e o satélite sino-brasileiro CBERS-3 darão ao Inpe a capacidade de obter imagens de toda a Amazônia, em alta resolução, a cada três dias.

“Em 2014, já teremos uma autonomia maior em relação aos satélites, mas esse satélite indiano já poderia nos auxiliar muito”, afirmou Valeriano.

Segundo ele, apesar de tudo isso, os resultados tem sido bons. “Temos tido bons resultados, a fiscalização tem sido bastante eficiente, mas é sempre preciso melhorar, quando se trata da Amazônia. Ela não é só um assunto do Brasil”.

SAIBA MAIS

Amazônia
A Amazônia possui mais de 5 milhões de metros quadrados e cobre nove países

Desmatamento
Em relação ao ano passado, o desmatamento caiu 44% na Amazônia brasileira

Inpe
O Inpe possui um centro regional na região amazônica e faz o monitoramento usando diversos satélites

Programa divulga o desmate anual

Um importante sistema do Inpe de monitoramento da Amazônia é o Prodes, que divulga relatórios completos anualmente sobre a intervenção na floresta. O sistema mede o tamanho da área desmatada. Com seus dados é possível e confiável fazer análises comparativas de desmatamento. O Inpe divulga os relatórios finais sempre no fim de ano.

Fonte: Jornal O Vale

Comentários: o satélite indiano Resourcesat-2 foi lançado ao espaço em abril de 2011. A reportagem não chega a aprofundar o tema, mas uma das maiores carências do sistema de monitoramento da Amazônia é a falta de satélites com sensores radar, capazes de imagear o solo mesmo com a cobertura de nuvens. A necessidade de um sistema radar já foi identificada há muitos anos e, inclusive, um projeto, chamado MAPSAR (Multi-Application Purpose SAR), chegou a ser estudado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em parceria com a agência aeroespacial da Alemanha (DLR). Impressiona o fato de, até o momento, o País não ter sido capaz de encontrar o seu caminho para atender esta necessidade. Enquanto o governo brasileiro faz "marketing" no exterior com "CBERS for Africa" e acesso gratuito a imagens de satélites, os sistemas de monitoramenro DETER e PRODES vão sendo atendidos com imagens de satélites estrangeiros, especialmente da constelação DMC.
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