sábado, 31 de maio de 2008

Programa CBERS: 20 anos

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Brasil e China comemoram 20 anos do Programa CBERS nesta terça-feira

30/05/2008

O estágio de desenvolvimento dos próximos satélites da parceria entre Brasil e China deve ser anunciado nesta terça-feira (3/6), em São José dos Campos, durante solenidade na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), às 15h30, que comemora os 20 Anos do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres).

Estarão presentes o diretor do INPE, Gilberto Câmara, e o presidente da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), Yang Baohua, entre outras autoridades ligadas ao programa espacial dos dois países. Entre 2 e 4 de junho, o INPE sedia as reuniões do JPC, como é chamado o Comitê Conjunto do CBERS, formado por brasileiros e chineses e responsável por todas as decisões sobre o andamento do programa, como cronograma de lançamento dos satélites, especificações de suas câmeras imageadoras e política de distribuição de dados.

INPE irá apoiar missões tripuladas chinesas

Da reunião do JPC também participa a delegação do CLTC (China Satellite Launch & Tracking Control), chefiada por seu vice-presidente Zhang Xueqian. O CLTC é o órgão militar chinês responsável pela operação das Bases de Lançamentos de Satélites, do Centro de Controle de Satélites de Xian e das Estações de Rastreio e Controle de Satélites. Dentro do programa CBERS, enquanto o desenvolvimento dos seus satélites está sob responsabilidade da CAST e do INPE, as operações de satélites em órbita, a partir do lançamento, estão sob responsabilidade do CLCT e do INPE.

Para ampliar a cooperação espacial entre a China e o Brasil, a Estação de Rastreio e Controle de Alcântara do INPE dará suporte às missões tripuladas chinesas a partir de 2009. “Este apoio do INPE refere-se à recepção das informações técnicas do desempenho da Cápsula Tripulada Shenzhou, bem como dos dados fisiológicos dos tripulantes. As informações recebidas pela Estação de Alcântara serão transferidas para análise dos peritos na China”, explica Pawel Rozenfeld, chefe do Centro de Controle de Satélites (CRC) do INPE.

Esta ampliação da cooperação espacial entre China e Brasil é uma conseqüência da confiança adquirida pelo CLTC na capacidade operacional do CRC/INPE, resultado dos anos de trabalho conjunto na operação, com sucesso, dos satélites CBERS-1, CBERS-2 e CBERS-2B.

Aroeira e Carimbo Postal

Na terça-feira, a partir das 15h30, a solenidade em comemoração ao CBERS será marcada pelo plantio de uma Aroeira (Schinus molle L.) em frente à Biblioteca do INPE. Também serão lançados pelos Correios o Carimbo Postal Comemorativo e o Selo Personalizado dos 20 Anos do Programa CBERS.

O Carimbo Postal Comemorativo é lançado pelos Correios para registrar importantes eventos nacionais ou internacionais. O carimbo alusivo ao CBERS será utilizado na Agência Central dos Correios de São José dos Campos para obliterar todas as correspondências ali postadas durante os 20 dias seguintes ao seu lançamento. Após seu uso, o carimbo fica disponível aos filatelistas para coleções de selos e Exposições Filatélicas.

Histórico

Quando assinado o acordo de cooperação entre Brasil e China, em 1988, o Programa CBERS contemplava o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto que também levassem a bordo, além de câmeras imageadoras, um repetidor para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais. Os equipamentos foram dimensionados para atender às necessidades de China e Brasil, mas também para ingressar no emergente mercado de imagens de satélites.

Em 2002, foi assinado um acordo para a continuação do programa, com a construção de dois novos satélites - os CBERS-3 e 4, com novas cargas úteis e uma nova divisão de investimentos de recursos entre o Brasil e a China - 50% para cada país (nos CBERS-1 e 2 a divisão foi de 70% para a China e 30% para o Brasil). Porém, para garantir o fornecimento das imagens até o lançamento do CBERS-3, o Brasil e a China, em 2004, decidiram construir o CBERS-2B, lançado em setembro de 2007.

Imagens gratuitas

Além dos usuários brasileiros, as imagens CBERS são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em Cuiabá, Mato Grosso. O Brasil é hoje o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo, graças à política adotada em junho de 2004 que permite o download gratuito a partir do site www.obt.inpe.br/catalogo

Apenas no Brasil já foram distribuídas mais de 350 mil imagens CBERS para cerca de 15 mil usuários de várias instituições públicas e privadas, comprovando os benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados. Na China, após a adoção de uma política similar à brasileira, foram distribuídas mais de 200 mil imagens, sendo o Ministério da Terra e de Recursos Naturais seu principal usuário.

No final de 2007, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do CBERS para todo o continente africano. A distribuição das imagens contribui para que governos e organizações na África monitorem desastres naturais, desmatamento, ameaças à produção agrícola e riscos à saúde pública.

Fonte: INPE
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Atualizações sobre o Projeto do VLS


Diretores do CTA apresentam encaminhamentos do projeto do VLS

29/05/2008 14:58:19

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, recebeu nessa terça-feira (27/05), em Brasília, representantes do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), entre eles, o diretor de Ciência e Tecnologia, Major Brigadeiro Ronaldo Salamone, o sub-diretor de Empreendimentos, Brigadeiro Venâncio Alvarenga Gomes e o diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Coronel Francisco Carlos Melo Pantoja.

Eles vieram apresentar as ações do Veículo Lançador de Satélites (VLS). O Brigadeiro Salamone informou que a previsão de que em 2010 um Mock-up de integração da rede elétrica esteja pronto. De forma leiga, esse equipamento seria a carcaça do foguete, constituída com toda a parte elétrica e pirotécnica. “Para um foguete completo estaria faltando apenas o propelente (combustível)”, explicou. Isso será feito para testar toda a parte elétrica e a integração com a torre de lançamento.
Com todos os testes concluídos, em 2011, poderá ser construído o VLS – VT 01. Esse será completo, porém, com a ignição apenas do quatro motores do primeiro estágio, o acionamento do segundo estágio e a separção com o terceiro, que não deverá ser acionado.

Em mais um ano, com a conclusão dos ensaios dos motores e separação de estágios concluídas, será apresentado o VLS – VT02, que voará completo e levará consigo equipamentos de instrumentações. A partir daí, segundo Salamone, o VLS já estará pronto para colocar um satélite brasileiro em órbita.

Para cumprir esses prazos, porém, Venâncio, chamou atenção para o inicio das obras de conclusão da Torre Móvel de Integração (TMI). Segundo ele, falta a garantia de recursos extras, que foram necessários por conta do tempo que demandou a análise da licitação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “É preciso 22 meses para a construção da TMI. Se não começarmos logo as obras, esse prazos deverão ser estendidos”, afirmou.

O presidente da AEB, Carlos Ganem, disse que a diretoria da Agência está empenhada em tratar dessa questão. “AEB busca um balanço geral das atividades e uma ampla revisão dos empreendimentos espaciais em curso para o alinhamento das visões políticas e definições de prioridades estratégicas, de modo a permitir a integração mais equilibrada das ações de desenvolvimento global do programa espacial brasileiro, a sua sustentabilidade política, tecnológica e econômica, bem como sua repercussão social”.

Ganem anunciou, ainda, uma visita técnica aos dois executores do programa espacial, o CTA e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para meados de julho.

Fonte: AEB

Comentário: as informações dadas pelos diretores do CTA indicam que, no melhor dos cenários, o VLS-1 estará operacional apenas em 2012. Apesar do programa de satélites cientificos e de sensoriamento remoto do Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) também enfrentar alguns atrasos (ver notas anteriores), é presumível que estes estejam disponíveis para vôo antes da conclusão do primeiro VLS-1 operacional. Já havia relativa certeza de que ao menos os principais satélites vislumbrados pelo PNAE (Amazônia 1, Equars, MAPSAR) não fossem ser lançados pelo foguete brasileiro dada a sua baixa confiabilidade, e a notícia divulgada pela AEB só vem confirmar esta certeza. Será função da AEB buscar no exterior possíveis lançadores para os satélites nacionais.
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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Artigo "Thales foca o Brasil"

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Hoje (28) foi publicado no web-site da Tecnologia & Defesa uma matéria de minha autoria sobre as atividades no Brasil do grupo francês Thales, um dos maiores do mundo nas áreas aeroespacial e de defesa. Apesar de não ser uma matéria totalmente focada em questões espaciais, busquei abordar os negócios do grupo neste setor no Brasil, como o fornecimento de satélites geoestacionários para a Star One, e também sua participação no programa CBERS, entre outros. Fica aí a dica aos interessados em conhecer um pouco mais sobre a presença e perspectivas da Thales no País. Para acessar a matéria, clique aqui.
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Desmatamento da Amazônia e o Programa Espacial

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O desmatamento da Amazônia tem sido assunto freqüente nos noticiários das últimas semanas. O tema, que já era freqüentemente abordado pelos principais jornais e revistas em passou a ser ainda mais destacado pela imprensa após a saída de Marina Silva do Ministério do Meio-Ambiente. Mas, afinal, o que isto tem a ver com espaço?

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é a principal entidade brasileira responsável pelo monitoramento do desmatamento na região amazônica, e exerce esta atividade através de dois projetos, o PRODES, que elabora estimativas anuais com imagens tiradas pelos satélites norte-americanos da série LANDSAT, e o DETER, acrônimo de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, que faz uso de imagens geradas por sensores com alta freqüência de observação a bordo dos satélites americanos TERRA e AQUA, da NASA, e do satélite sino-brasileiro CBERS-2B. O DETER, justamente por produzir informações mais rápidas é menos preciso quanto as suas conclusões se comparado aos dados gerados pelo PRODES.

A polêmica que contrapõe o Ministério do Meio-Ambiente e o INPE em relação ao governo do Mato Grosso (MT) está justamente nos dados fornecidos pelo DETER, que mostrariam um aumento no desmatamento da Amazônia, especialmente no MT. A polêmica atingiu tal ponto que o governador do estado, Blairo Maggi chegou a afirmar que “O INPE está mentindo a serviço de alguém. Queremos saber a serviço de quem”.

Sem entrar no mérito da qualidade das informações produzidas pelo INPE (eu particularmente conheço o trabalho feito pelo Instituto, que conta com profissionais altamente qualificados e competentes), diante dos acontecimentos, não se pode deixar de formular algumas questões, na esperança de que mais dia ou menos dia sejam respondidas pelos fatos: os sistemas de monitoramento terrestre e tecnologia que o Brasil tem atualmente são adequados para as necessidades do País? E em termos de futuro, os satélites da série CBERS, Amazônia e MAPSAR atenderão as necessidades nacionais para observação terrestre?

No último dia 26, num evento realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmou que "o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono", algo óbvio para nós brasileiros. E justamente por sermos donos da Amazônia brasileira é que devemos explorá-la e monitorá-la de forma racional e com qualidade, e nisto o Programa Espacial Brasileiro, em especial o seu segmento de satélites tende a ter funções e responsabilidades cada vez maiores.
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quinta-feira, 22 de maio de 2008

AEB divulga relatório com informações sobre as principais atividades desenvolvidas em 2007

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) divulgou recentemente em seu web-site o relatório de gestão referente ao ano de 2007, finalizado em março de 2008. O relatório aborda de maneira detalhada os resultados dos objetivos e metas institucionais e programáticas da AEB, coordenadora central do Sistema Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais (SINDAE), sendo importante fonte oficial sobre o status das atividades espaciais desenvolvidas no País. Abaixo, destacamos os principais resultados de quatro ações coordenadas pela Agência.

Projeto CBERS

Em 2007, o CBERS 2 completou quatro anos de operação, superando muito sua vida útil projetada. Também neste ano foi lançado com sucesso o CBERS 2B, terceiro satélite da série, construído a partir da utilização de componentes sobressalentes dos dois primeiros satélites.

A informação mais importante sobre o CBERS, no entanto, não é tão positiva. De acordo com o relatório, o andamento de algumas atividades relacionadas ao desenvolvimento e construção dos CBERS 3 e 4 têm sofrido consideráveis atrasos, principalmente por causa do embargo ao fornecimento de componentes imposto pelos EUA. Leiam o parágrafo abaixo, extraído da página 10 do relatório:

"Na continuidade do programa, houve progresso nas atividades relacionadas aos satélites CBERS-3 e 4, através de refinamentos das configurações de subsistemas e, via contratos com indústrias, do início da fabricação dos satélites e dos equipamentos de testes dos subsistemas mecânicos e elétricos. Entretanto, o andamento das atividades vem sofrendo consideráveis atrasos, principalmente, devido ao embargo ao fornecimento de componentes imposto pelo governo dos EUA, através de uma escalada de restrições efetuada recentemente. Os seguintes subsistemas e/ou partes dos satélites estão sendo afetados por este problema, alguns, ainda sem perspectivas de solução: Computador de Bordo de Controle de Atitude – AOCC, Subsistema de Suprimento de Energia – EPSS, Subsistema de Telecomunicações de Serviço – TTCS, Computador de Bordo e Terminais Remotos de Supervisão de bordo – CTU e RTU, Câmera CCD Multiespectral – MUX, Câmera CCD de Largo Campo – WFI, Transmissor de Dados de Carga Útil – MWT, Gravador de Dados Digital – DDR, Carga Útil de Coleta de Dados – DCS. Em conseqüência, já se podem prever atrasos consideráveis no programa, o que acarretará sérios problemas ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil na cooperação contratada com a China, responsabilizando-se por cerca de 50% do desenvolvimento dos satélites."

Sabe-se, inclusive, que este embargo não tem afetado apenas o CBERS, mas também outros projetos de satélites nacionais.

Desenvolvimento de Satélites de Sensoriamento Remoto

o projeto da Plataforma Multi-Missão caminha, embora com atrasos (sobre a PMM, sugerimos a leitura da nota Problemas com a Plataforma Multi-Missão). Estes atrasos causaram, inclusive, alteração nos cronogramas do satélite de observação terrestre Amazônia-1.

"O satélite Amazônia-1, de imageamento óptico, o primeiro da nova série de satélites de sensoriamento remoto utilizando a Plataforma Multimissão, teve seus cronogramas alterados pelos sucessivos atrasos verificados no projeto PMM. Assim, o desenvolvimento do instrumento imageador (carga útil óptica), que não se encontra no caminho crítico do projeto, será abordada a partir do momento em que se delinear a disponibilidade da PMM." (Página 12)

Em relação ao satélite radar MAPSAR, que se seguir adiante também deverá utilizar a PMM, foi concluída em 2007 a Fase A do projeto, nada mais do que um estudo de viabilidade, e iniciada a Fase B, para definição dos requisitos e produtos da missão. O relatório tem ainda uma informação interessante: "Sob o patrocínio da câmara de comércio Brasil-Alemanha, foi iniciada também a seleção de fornecedores para a carga útil do MAPSAR, que é de responsabilidade da equipe alemã." (Página 12)

Veículo Lançador de Satélites (VLS)

Quanto ao VLS, os destaques são a continuidade da incorporação das modificações no VLS-1, decorrentes da Revisão Crítica executada com apoio de institutos e empresas russas, além da preparação da Maquete de Integração de Redes Elétricas (MIR), do VLS-1 XVT-01, do VLS-1 XVT-02 e do VLS-1 V04.

A parceria com a Rússia na área de foguetes continua. Os estudos do projeto preliminar do VLS-ALFA foram realizados naquele país, de acordo com as especificações estabelecidas pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

Foguetes de Sondagem

No ano passado, duas operações de lançamento de foguetes de sondagem no Brasil foram realizadas, uma a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), de um VSB-30 (Operação Cumã II), e a outra do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), operando um VS-30 (Operação Angicos) com experimentos preparados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e pela Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE), da Argentina. Ainda em 2007, outros dois VSB-30 começaram a ser preparados para serem utilizados em missões do Programa Microgravidade, da AEB, com previsão de lançamento este ano, 2008.

Nesta área, o destaque foi a retomada das atividades de transferência de tecnologia para a indústria nacional, em especial do foguete VSB-30, que tem tido relativo sucesso em missões realizadas aqui e no exterior (ver a nota Foguete brasileiro acumula sucessos na Europa). Um consórcio formado por várias empresas do setor aeroespacial, chamado Brasil Espaço demonstrou há alguns anos grande interesse em receber a tecnologia do VSB-30, e assumir a sua produção.
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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Novidades na parceria Brasil-Ucrânia

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No início desta semana vários jornais e revistas de grande circulação publicaram artigos e notas sobre a joint-venture formada pelos governos do Brasil e da Ucrânia para explorar o potencial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

Três informações interessantes são mencionadas por praticamente todos os artigos publicados acerca do assunto: (i) o ano vislumbrado para o primeiro lançamento de um Cyclone 4 de Alcântara, 2010; (ii) a carga útil do primeiro lançamento, o nano-satélite japonês Nano-JASMINE, acrônimo de Japan Astrometry Satellite Mission for Infrared Exploration; e (iii) a necessidade de se firmar um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EUA (sobre esta informação, ver o comentário publicado numa das notas do blog).

Em breve publicaremos neste blog uma análise detalhada sobre a Alcântara Cyclone Space, com outras novidades sobre o projeto.
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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Foguete brasileiro acumula sucessos na Europa



No dia 15 de maio, após vários adiamentos em razão de ventos fortes foi lançado com sucesso do Centro Espacial de Esrange, na Suécia, o foguete de microgravidade MASER 11, numa missão executada pela Swedish Space Corporation (SSC), em benefício da Agência Espacial Européia (ESA, sigla em inglês). O MASER 11 na realidade nada mais é do que o foguete brasileiro VSB-30, desenvolvido e produzido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/CTA), com módulos
de experimento e de serviço, e sistema de recuperação desenvolvidos pela Agência Espacial Alemã (DLR, sigla em alemão). O VSB-30 é exportado desde 2005 para a Europa, onde é utilizado em missões científicas e tecnológicas (TEXUS e MASER) pela DLR, SSC e ESA.

O MASER 11 proporcionou 6 minutos e 26 segundos de ambiente de microgravidade, suficientes para a realização de quatro experimentos para estudos relacionados a física de fluidos e processos metalúrgicos. "Eu considero o MASER 11 um grande sucesso; as equipes científicas estão muito satisfeitas com os resultados do vôo e irão agora avaliar os experimentos mais detalhadamente em seus institutos de origem", disse Wolfgang Herfs, gerente de projeto de foguetes de sondagem da ESA, logo após o término da operação.

Este foi o terceiro vôo do VSB-30 em 2008, e o quinto realizado desde o Centro Espacial de Esrange, no norte da Suécia. Mais um lançamento está programado para abril de 2009, e outros três em consideração para o final de 2009 e meados de 2010.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

Chávez no Espaço

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Hugo Chávez não tem usado os petrodólares do povo venezuelano para comprar apenas armamentos e executar sua generosa política de boa vizinhança na América Latina. No final de 2005, o governo da Venezuela assinou com a estatal chinesa China Great Wall Industry Corporation um contrato prevendo o desenvolvimento, produção e lançamento de um satélite geoestacionário de telecomunicações, o Venesat-1, negócio de 241 milhões de dólares. O satélite, que terá uma vida útil estimada em ao menos 15 anos, está em fase de conclusão, com lançamento previsto para setembro ou outubro deste ano.

O Venesat-1, também chamado de Simón Bolivar ocupará a posição orbital geoestacionária 78 graus, Oeste, concedida pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) ao Uruguai. O governo de Montevidéu, sem recursos para ter um satélite próprio acabou fechando em março de 2006 um acordo com a Venezuela, cedendo a posição orbital e assumindo e uma fatia de 10% do total do projeto. Em abril, durante visita oficial do ministro da Ciência e Tecnologia venezuelano, Héctor Navarro à capital do Uruguai, foi ressaltado que o satélite será de uso governamental para fins sociais, mas que haverá também a possibilidade de se comercializar sua capacidade para outros interessados.

Relacionada à aquisição do satélite Simón Bolivar, o governo venezuelano criou um fundação para atuar na área espacial, o Centro Espacial Venezolano. Até o momento o Centro tem em seu portfólio de projetos o próprio Venesat-1, e projetos na área de interpretação de imagens de sensoriamento remoto. Em termos de cooperação internacional, além dos acordos espaciais com a China e Uruguai, a Venezuela assinou instrumento de cooperação com a Índia, e tem outros em negociação com a Argentina, Brasil, Irã e Rússia.

A Venezuela é mais um país sul-americano a ter criado um órgão governamental responsável por desenvolver atividades espaciais, juntando-se a um grupo até agora formado por Brasil (Agência Espacial Brasileira), Argentina (Comision Nacional de Actividades Espaciales), Chile (Agencia Chilena del Espacio), Colômbia (Comisíon Colombiana del Espacio), e Peru (Comision Nacional de Investigacion y Desarrollo Aeroespacial). Destes, apenas o Brasil e Argentina são proprietários de sistemas orbitais, grupo ao qual se somará em breve a Venezuela e o Chile.
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domingo, 11 de maio de 2008

Problemas com a Plataforma Multi-Missão

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Uma conhecida indústria brasileira do setor aeroespacial e de defesa está com dificuldades de entregar uma das mais importantes unidades de um dos subsistemas da Plataforma Multi-Missão (PMM), o que estaria ocasionando atrasos no cronograma do projeto, e também no trabalho de outras empresas integrantes do consórcio que desenvolve a plataforma. A informação que chegou ao conhecimento do blog Panorama Espacial, vinda de diferentes fontes familiarizadas ao tema é de que a empresa teria sido inclusive multada em decorrência do atraso.

Consultado sobre o assunto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do Dr. Marco Antonio Chamon, coordenador de Gestão Tecnológica, afirmou que o contrato de desenvolvimento em questão "corre normalmente e que a contratada nunca foi multada por este ou qualquer outro subsistema da PMM. Além disso, nenhum evento de contrato foi pago sem a devida entrega e aceitação do item contratado. Esses contratos são auditados pelos vários órgãos de controle do governo, em particular o TCU [Tribunal de Contas da União]."

Apesar da posição oficial do INPE negando o problema, uma das fontes ouvidas pelo blog, que está diretamente envolvida no projeto, afirmou que a situação atual é preocupante, uma vez que o consórcio contratado para o desenvolvimento do subsistema não pode receber recursos financeiros se a etapa de uma das consorciadas não for entregue, prejudicando assim outras empresas membro do consórcio que estão em dia com suas obrigações. Não foi possível apurar se o atraso na entrega da unidade é decorrente de dificuldades tecnológicas para o seu desenvolvimento, ou por razões financeiras.

Quando finalizada, a PMM, projeto surgido no final da década de noventa será um módulo de serviço com subsistemas de propulsão, suprimento de energia, telecomunicações e controle padrão, compatível com uma gama de cargas úteis direcionadas a missões espaciais. Em outubro de 2007, numa palestra aberta ao público realizada na sede da Agência Espacial Brasileira, em Brasília, foi divulgado que a plataforma estaria disponível em meados de 2009.

Se o atraso de fato for confirmado, haverá fortes implicações no segmento de satélites do Programa Espacial Brasileiro. Praticamente todas as futuras missões de satélites desenvolvidas no Brasil, com exceção do CBERS deverão utilizar a PMM. É o caso dos projetos de satélites de imageamento Amazônia-1 (missão ótica) e MAPSAR (missão radar), dos satélites científicos Lattes (Equars, Mirax) e meteorológico GPM (Global Precipitation Monitoring). O projeto de um satélite de observação terrestre em parceria com a Argentina, reavivado no final do ano passado também é candidato a utilizar a PMM.
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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Alcântara Cyclone Space

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Centro Espacial de Alcântara tem apoio de parlamentares

07/05/2008 10:44:00

Discutir e garantir recursos orçamentários para a ampliação do programa espacial brasileiro e elaborar legislação específica nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação. Esses são os principais pontos a serem debatidos pela Frente Parlamentar para a elaboração do Estatuto em Defesa do Centro Espacial de Alcântara (CEA), lançada nesta terça-feira (6) na Câmara dos Deputados.

A cerimônia contou com a presença de várias autoridades, entre elas, a dos ministros da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende, Minas e Energia, Edison Lobão e da Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Social, Edson Santos e ainda do presidente da AEB, Carlos Ganem; do presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi; dos diretores da ACS, Roberto Amaral e Oleksandr Serdyuk e do embaixador da Ucrânia Volodymyr Lakamov.

De iniciativa do deputado Ribamar Alves (PSB-MA), a medida visa buscar solução para os problemas da população que vive nas proximidades da base. Quando da instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em São Luís (MA), nos anos 80, centenas de famílias tiveram de ser remanejadas da área. "Hoje, elas pedem uma compensação", disse o deputado.

Ribamar Alves espera que, ao solucionar tais problemas, o projeto do CEA, considerado importante para o País, não sofra mais oposição. Já o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, presente no evento, disse que visitou quilombolas em Alcântara e que o governo está comprometido em reparar os transtornos ocasionados pelo deslocamento dessas famílias da área.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, defende a consolidação do projeto do CEA, pois o considera fundamental para os interesses do País. Ele disse dispor de um projeto e uma licitação feita para a reconstrução da torre do CLA. "Essa licitação foi contestada na justiça pela empresa que perdeu, mas isso finalmente foi resolvido pelo Tribunal de Contas da União", informou o ministro.

Rezende lembra que a instalação do CEA se trata de um projeto já existente no MCT. Com a construção do Centro Espacial, explicou, será garantida a operacionalização dos lançamentos de medio e grande porte na região. Ele citou o lançamento do foguete Ciclone IV, que será realizado pela empresa binacional Alcantara Cyclone Space. "Estou confiante de que até 2010 teremos um foguete lançado de Alcântara, conforme previsto", disse o ministro se referindo a previsão do lançamento do Ciclone IV.

Para o presidente da AEB, Carlos Ganem, o Brasil não pode “fechar os olhos” para a crescente importância da indústria espacial que movimenta mundialmente mais de 20 bilhões de dólares. Ele ressaltou a significativa vantagem geográfica de Alcântara como um dos fatores de destaque no cenário mundial. “A colocação de um satélite em órbita a partir de uma base próxima do equador, como a de Alcântara, custa até 30% menos do que a de bases a latitudes mais altas, devido à economia de combustível”, explicou.

Ganem acredita que o lançamento da frente irá ajudar a garantir recursos na execução do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). “A iniciativa da Frente nos enche de orgulho, diante das dificuldades que temos enfrentado. O Programa Espacial, mais do que um programa de governo, é um projeto de Estado que demonstra nossa extaordinária vocação para investir nesse setor”, enfatizou o presidente da AEB.

(Com informações do Ministério da Ciência e Tecnologia)

Fonte: AEB

Comentário: a questão dos quilombolas não é o único problema que o acordo espacial com a Ucrânia para a exploração de Alcântara enfrenta ou enfrentará. Até o momento não foi assinado um acordo de salvaguardar tecnológicas com os EUA, algo imprescindível para que a joint-venture ucraniano-brasileira tenha chances de sucesso no mercado de lançamentos espaciais. E até onde se sabe, não existem negociações em curso. A Alcantara Cyclone Space, joint-venture constituída para operacionalizar o acordo espacial também não mostrou qual será o filão a ser explorado pela dupla Alcântara / Cyclone 4. O lançador ucraniano (desenho no canto superior esquerdo) é de porte médio e tem capacidade de satelitização em órbita de transferência geoestacionária (posição em que o satélite permanece sobre um mesmo ponto em relação à Terra, muito utilizada por satélites de telecomunicações) de apenas 1,8 tonelada, sendo incapaz, portanto, de lançar a grande maioria dos satélites geoestacionários atualmente produzidos, justamente o maior filão do mercado de lançamentos espaciais. Outro obstáculo mora ao lado. Trata-se da parceria entre a Rússia e a Agência Espacial Européia (ESA) para lançar os foguetes Soyuz a partir de Kourou, na Guiana Francesa, um competidor do nível do Cyclone 4. Ao contrário do que ocorre em Alcântara, as obras estão a todo vapor em Kourou, e a previsão é de que o primeiro Soyuz seja lançado em 2009.
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quinta-feira, 1 de maio de 2008

50 anos da Era Espacial

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Sputnik 50 anos: material do evento

A Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) está disponibilizando o material das apresentações do evento 50 Anos da Era Espacial, bem como um resumo dos debates das Mesas Redondas organizadas pela AAB em 5 de outubro de 2007.

Os documentos podem ser acessados diretamente na página do evento.

Fonte: AAB

Comentário: a AAB é uma associação criada em 2004 com a finalidade de "congregar pessoas físicas e jurídicas com interesse na promoção e no desenvolvimento da Engenharia, Ciência e Tecnologia Aeroespaciais". Embora ainda não muito conhecida, a maioria dos membros da Associação é oriunda do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), Embraer, e outras empresas e institutos de pesquisa do setor aeroespacial. Os eventos organizados pela AAB, em geral gratuitos têm grande qualidade, justamente por reunir um corpo técnico e convidados especialistas nos temas abordados. No caso do evento sobre os 50 anos do lançamento do Sputnik, realizado em outubro de 2007, foram apresentadas palestras sobre o "Futuro do Programa Espacial Segundo a Vertente de Satélites e suas Aplicações", e também mesas-redondas sobre Veículos Lançadores e Satélites (neste caso em específico, foi disponibilizada uma transcrição-resumo das discussões que vale a pena ser lida).
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