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Os interesses chineses em defesa e espaço no Brasil
Em meio a dezenas de atos assinados durante a visita de Estado do Presidente Xi Jinping ao Brasil, em 17 de julho, que incluiu uma significativa venda de E-Jets da Embraer, chamou pouca ou nenhuma atenção um acordo firmado entre uma empresa brasileira e entidades chinesas visando os setores de defesa e segurança pública: o Acordo-Quadro de Cooperação Tripartite entre a Engevix Sistemas de Defesa Ltda., o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) e a China Electronics Import and Export Corporation (CEIEC). Não foram divulgados maiores detalhes sobre o escopo do instrumento, muito embora algo possa ser deduzido a partir do expertise da CEIEC e de declarações de autoridades.
A empresa chinesa tem um amplo espectro de atuação, que se estende de sistemas de comando e controle, radares, equipamentos de comunicação e guerra eletrônica, a sistemas eletro-óticos e veículos aéreos não tripulados. Na região, por exemplo, a CEIEC já forneceu alguns centros de comando e controle para segurança pública ao Equador.
O interesse chinês no mercado brasileiro de defesa foi evidenciado em reuniões com autoridades e na celebração de acordos. O ministro Celso Amorim recebeu Xu Dazhe, ministro da Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa da China, e destacou a possibilidade de abertura de outras áreas de cooperação além das já existentes, como "proteção marítima e de vigilância da fronteira terrestre". Em nota divulgada logo após o encontro, o Ministério da Defesa citou o interesse chinês em "expandir a cooperação em programas brasileiros de proteção aos recursos naturais, como o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SISGAAz), além de dar continuidade à parceria espacial". Ainda, na visita de Estado, foi firmado um acordo para fortalecer o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), por meio de iniciativas de sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação para a defesa e proteção da Amazônia.
Novidades também no campo espacial, área em que os dois países cooperam há mais de 25 anos, com o programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS). O lançamento do CBERS 4, previsto para o início de dezembro, foi confirmado, assim como a construção do CBERS 4A (um terceiro artefato da família de segunda geração). Ainda, foi assinado um memorando envolvendo dados e aplicações em sensoriamento remoto, além de manifestado interesse na formação de recursos humanos e no desenvolvimento de uma terceira geração da família (5 e 6). Em agosto, um laboratório conjunto para clima espacial foi inaugurado em São José dos Campos (SP), além de ter sido firmado acordo entre a brasileira Orbital Engenharia e as asiáticas China Great Wall Industry Corporation (CGWIC) e Shanghai Institute of Space Power Sources para que a empresa nacional atue como suas representantes. Segundo divulgado na ocasião, o acordo também preveria o desenvolvimento de projetos e produtos. Os chineses também estão de olho na futura missão meteorológica geoestacionária (ver reportagem em T&D n.º 137).
No setor espacial, aliás, não seria exagero afirmar que a China é hoje a principal parceira da América do Sul, considerando o programa CBERS e o fornecimento de satélites de comunicações para a Venezuela e Bolívia, e de observação para a Venezuela, havendo outros negócios em prospecção.
Fonte: coluna "Defesa & Negócios", Tecnologia & Defesa n.º 138, setembro de 2014.
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terça-feira, 7 de outubro de 2014
"Os interesses chineses em defesa e espaço no Brasil", coluna "Defesa & Negócios"
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