quinta-feira, 28 de maio de 2009

Mais sobre a Operação Maracati I

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Após dois anos, Alcântara volta a ter lançamento de foguete

Operação Maracati 1 pretende preparar instalações e equipe técnica para novas campanhas

Wilson Lima e Gabriel Manzano Filho

Após cerca de dois anos, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) volta a lançar foguete. A previsão é que seja amanhã. O equipamento será de médio porte, na operação batizada de Maracati 1, uma parceria entre Brasil e Alemanha.

Segundo o diretor do CLA, coronel Nilo de Andrade, essa missão visa a treinar pessoal e preparar técnica e logisticamente o CLA. "O objetivo é meramente técnico e esse foguete não levará carga útil", explicou. Andrade também afirmou que o CLA tem passado por reformulações desde 2007, principalmente nos seus sistemas operacionais, e isso demanda mais lançamentos experimentais.

Apesar disso, ele não relacionou a Maracati 1 a qualquer preparação para um possível primeiro lançamento de foguetes da Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional brasileira e ucraniana montada para realizar experimentos a partir da base de Alcântara.

O foguete Orion tem motor monoestágio americano e aproximadamente 5 metros de extensão. Considerado um modelo de baixo custo, chega a uma altura máxima de 110 quilômetros. Nesta missão, alguns testes relacionados a meios operacionais de controle e rastreamento de equipamentos devem ser feitos. Não é a primeira vez que o Orion será lançado no Brasil. No fim do ano passado, o Centro de Lançamento Barreira do Inferno (CLBI) também fez campanha semelhante.

Para 2009 estão previstas mais três operações de lançamento do CLA: em julho, setembro e novembro. Destas, só uma será com carga útil. Em setembro, o VSB-30 deve decolar com novos experimentos.

A última vez que o CLA realizou uma missão com VSB-30 foi em julho de 2007, durante a operação Cumã 2. Na ocasião, o voo durou aproximadamente 19 minutos, atingindo um apogeu de 242 km. O VSB-30 estabeleceu um ambiente de microgravidade por 6,2 minutos e levava nove experimentos relacionados ao Programa de Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Em 2007, era o quarto voo do VSB-30 - o segundo no Brasil. A missão foi considerada um sucesso pela AEB, mas parte dos experimentos não foi recuperada durante o resgate do foguete. Conforme a AEB, oscilações no sinal de telemetria dificultaram a operação de resgate da carga útil.

REUNIÃO CANCELADA

Foi cancelado ontem pela Casa Civil, meia hora antes de seu início, o encontro entre a ministra Dilma Rousseff e vários ministérios para definir os próximos passos do projeto de lançamentos de foguetes do consórcio Brasil-Ucrânia em Alcântara. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar da discussão - em um dia ainda não definido, na primeira metade de junho. No encontro, o diretor brasileiro do consórcio Alcantara Cyclone System, Roberto Amaral, apresentará os planos de trabalho da empresa, que pretende lançar pelo menos seis foguetes em 2011.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, 28/05/2009, via NOTIMP

Comentários: as notícias que têm surgido sobre a Operação Maracati I indicam que esta missão sem carga útil (e outras duas ainda esse ano, segundo a matéria do "Estado de S. Paulo") servirão para, além de treinamento do pessoal do CLA, também realizar testes dos sistemas de rastreio e telemetria do centro espacial. A falha parcial da Operação Cumã II, realizada em julho 2007, teria ocorrido em razão da separação prematura do módulo de carga útil, conforme foi amplamente divulgado pela imprensa nos dias seguintes à falha. Na época, escrevi uma pequena reportagem (veja aqui) informando que o módulo de recuperação das cargas úteis era de responsabilidade da DLR-MORABA, da Alemanha. Alguns dias depois da reportagem ter sido divulgada, recebi um e-mail de um engenheiro da DLR afirmando que a minha matéria prejudicava a cooperação espacial entre o Brasil e a Alemanha. Em sua mensagem, salvo qualquer engano (já fazem quase dois anos) o engenheiro alemão explicou que teriam ocorrido problemas relacionados ao segmento solo da telemetria. Respondi a mensagem explicando que a minha reportagem estava baseada em informações oficiais, que não era o meu objetivo prejudicar a cooperação espacial com a Alemanha, e também me colocando a disposição para divulgar a posição alemã sobre o ocorrido. Até hoje não recebi resposta.
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Um comentário:

Brazilian Space disse...

Olá Mileski!

Hummm, será que as relações brasileiras/germânicas já não são mais as mesmas? Estranho o conteúdo desse e-mail que você recebeu do engenheiro alemão e a isso se junta a falha da separação prematura do módulo de carga útil da operação Cumã II, que estava sob a responsabilidade da DLR-MORABA e agora essa aparente desistencia dos alemães no projeto MAPSAR. Sei não, parece que a cerveja alemã azedou.

Abs

Duda Falcão