domingo, 8 de abril de 2012

SGB e o fratricídio francês

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Desde setembro de 2011, o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) se tornou o principal tema de interesse do Programa Espacial Brasileiro pela indústria espacial estrangeira. E com frequência, surgem notícias sobre os preparativos e as movimentações para a viabilização do projeto, a ser executado pela BR1SAT, joint-venture a ser constituída pela Embraer Defesa e Segurança e a estatal Telebrás, sob os auspícios e interesses dos ministérios das Comunicações e Defesa.



À medida que o projeto vai se viabilizando, também acontecem as movimentações de empresas e indústrias interessadas, e o blog passará a abordar algumas dessas movimentações de bastidores.


De acordo com informações que chegaram ao conhecimento do blog Panorama Espacial, houve uma tentativa francesa para uma proposta conjunta para o governo brasileiro, envolvendo a Thales Alenia Space e a Astrium, num solução turn-key, com a entrega do satélite em órbita. Seria uma proposta similar a que está sendo feita pela Astrium e Thales Alenia Space para a empresa espanhola Hisdesat envolvendo o satélite militar Hisnorsat. A Thales, no entanto, teria recusado a proposta.


Na opinião de quem observa atentamente as movimentações empresariais relacionadas ao SGB, a decisão da Thales demonstra a importância que o eventual contrato brasileiro representa para a empresa. Em 2011, o único contrato para a construção de um satélite geoestacionário de comunicações conquistado pela companhia foi com governo do Turcomenistão. Não houve encomendas comerciais. Oficialmente, as dificuldades em conquistar novos negócios teriam um motivo principal: a desvalorização do euro frente ao dólar, o que estaria minando a competitividade da indústria espacial europeia. Mas, mesmo com a desvalorização do dólar, a também europeia Astrium fechou em 2011 cinco novas encomendas de satélites geoestacionários, inclusive de clientes comerciais, como a DirectTV e Eutelsat.


A Thales Alenia Space é a contratante principal do Syracuse, o sistema francês de comunicações militares por satélite, e tem esperanças de que seu expertise na área, aliado ao acordo de parceria estratégica entre o Brasil e a França, sejam determinantes para a sua escolha como fornecedora principal do satélite do SGB.


A competição vai se desenhando


Em declarações públicas feitas há algumas semanas, Marco Antônio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação não perdeu a oportunidade para falar sobre a aguardada abertura de concorrência internacional para a seleção do fornecedor do SGB, o que tem causado certa aflição em setores industriais e mesmo no governo.


Primeiro, Raupp falou da possibilidade da participação norte-americana, e embora não tenha citado nomes, fato é que a Space Systems Loral (selecionada pela brasileira Star One para a construção do Star One C4) já esteve em Brasília para contatos relacionados a uma possível participação no SGB, conforme já revelado pelo blog. Além da Loral, cogita-se também sobre o possível interesse da Boeing, que, em mais de uma ocasião, demonstrou estar atenta a oportunidades espaciais no Brasil.


Diz a lenda, a Loral, que é bastante conhecida por suas propostas competitivas, muitas vezes com valores percentuais até dois dígitos mais baratos, já conta com experiência (e habilidade) em suportar "desaforos" sul-americanos. A Boeing, por sua vez, apesar de ter sistemas de comunicações considerados caros, há alguns anos decidiu voltar com força ao mercado, e colocou o Brasil como um dos seus mercados de atenção, particularmente pelo Programa F-X2, que prevê a aquisição de novos caças pela Força Aérea Brasileira.


Raupp também esteve na Índia, integrando a comitiva que viajou ao país asiático no final de março. Nesta ocasião, o ministro convidou os indianos a analisarem o projeto SGB e eventualmente participarem da concorrência. A Índia conta com uma tecnologia recentemente madura em satélites geoestacionários, principalmente em plataformas de médio porte, mas ainda depende de fornecedores estrangeiros para componentes e cargas úteis, como os transpônderes de comunicações, usualmente fornecidos pela europeia Astrium. A empresa do grupo EADS e a Antrix Corporation (braço comercial da agência espacial indiana, a ISRO), aliás, mantêm vários acordos de cooperação, como em lançamentos de cargas úteis, satélites, entre outros.


Fratricídio?


Para muitos observadores, a indústria espacial francesa sempre foi vista como uma das mais bem posicionadas para o SGB, posicionamento este que ganhou reforço com o acordo de parceria estratégica celebrado em dezembro de 2008. Uma falha da indústria da França em unir esforços para uma oferta conjunta para o SGB poderia resultar num movimento fratricida, que só traria prejuízos a sua própria indústria. Falhas estas, aliás, que muitas vezes levaram a indústria francesa a ser surpreendida e perder negócios em que já era entendida como vitoriosa, mesmo no Brasil (uma pessoa ouvida pelo blog citou o caso, pouco conhecido em detalhes, da tentativa francesa em vender e transferir tecnologia de pequenos satélites de observação).
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2 comentários:

Adolfo disse...

Uma dúvida o governo brasileiro quer transferência de tecnologia! Mas empresas americanas são proibidas por lei de tal transferência!

Quanto a Europa eu não sei como funciona!

Mas enfim, está me cheirando que mais uma vez os políticos brasileiros irão enganar a população com esse papo de transferência de tecnologia que não está no cyclone e pelo andar da carruagem não haverá no SGB!

Brasil um país de TOLOS!

Adolfo disse...

Uma dúvida o governo brasileiro quer transferência de tecnologia! Mas empresas americanas são proibidas por lei de tal transferência!

Quanto a Europa eu não sei como funciona!

Mas enfim, está me cheirando que mais uma vez os políticos brasileiros irão enganar a população com esse papo de transferência de tecnologia que não está no cyclone e pelo andar da carruagem não haverá no SGB!

Brasil um país de TOLOS!