domingo, 31 de agosto de 2014

Argentina: apesar da crise, programa espacial avança

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A Argentina poder ter perdido a Copa do Mundo e estar enfrentando há vários anos uma grave crise financeira, mas no campo espacial, o cenário é outro. 

Para meados de outubro, está previsto o lançamento do ARSAT-1, primeiro satélite geoestacionário de comunicações construído na América Latina, a bordo de um Ariane 5 voando a partir de Kourou, na Guiana Francesa. Um segundo satélite também está em construção nas instalações da INVAP, em Bariloche, principal indústria espacial do país, e já existem planos para a contratação de ao menos mais um artefato.

Em se tratando de sensoriamento remoto e aplicações científicas, o país vizinho também vai bem. Há pouco mais de três anos, numa missão conjunta com a agência espacial norte-americana (NASA), colocou em órbita o SAC-D/Aquarius. É o único da região a desenvolver uma família de satélites radar, o SAOCOM (SAtélite Argentino de Observación COn Microondas), em parceria com a Itália.

Embora com cronogramas atrasados (serão dois os satélites, o 1A e 1B, com previsões de lançamento em 2015 e 2016, respectivamente), fato é que o projeto SAOCOM posiciona a Argentina como uma das principais nações espaciais da América do Sul, senão a principal. Num paralelo com o Brasil, cuja missão radar (SAR) é bastante necessária para o acompanhamento do desmatamento da Amazônia, por sua capacidade de imagear mesmo com cobertura de nuvens, na previsão mais otimista, um satélite SAR estaria em órbita apenas em 2020.

SARE, missões de pequeno porte

Além das séries SAC e SAOCOM, o plano espacial argentino considera missões de menor porte, em torno de 250 kg, denominadas SARE. Estas compreenderão satélites operando de forma passiva, com cargas úteis óticas e de microondas, e ativa, tendo como cargas úteis instrumentos de microondas operando em conjunto com o SAOCOM, e um sistema laser LIDAR (Light Detection and Ranging).

A primeira missão do SARE, de demonstração, porém relativamente sofisticada, consistirá de quatro satélites de órbita baixa operando em conjunto com o SAOCOM 1B (ilustração acima). Serão testadas capacidades especiais, como comunicações entre os artefatos, distribuição de funções e apontamentos coordenados.

Tronador II

Buenos Aires também tem ambições de acesso autônomo ao espaço, e para tanto desenvolve o programa Tronador II, que tem recebido investimentos consideráveis nos últimos anos. O objetivo final é contar com um foguete capaz de inserir em órbitas baixas artefatos da classe do SARE, de até 250 kg.

Em 15 de agosto, foi realizado um novo teste, denominado VEX 1B, o segundo de uma série de 3 a 6 foguetes experimentais, planejados para dar forma ao pequeno veículo lançador (veja em "Argentina: novo ensaio relacionado ao Tronador II").
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