De fato, o SCD-HIDRO não é a única iniciativa brasileira em desenvolvimento visando suprir o SBCDA. Em Natal (RN), no Centro Regional do Nordeste, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRN/INPE), há alguns anos uma equipe de engenheiros e pesquisadores desenvolve o projeto CONASAT, uma missão espacial baseada no conceito “acesso rápido e barato ao espaço”, tendo por referência o padrão cubesat, tecnologia que tem "popularizado" a tecnologia espacial em todo o mundo. [Nota do blog: recomendamos a leitura do artigo "Cube e nano satélites - Um novo conceito para o setor espacial", de Otavio Durão, publicada em T&D n.º 136. março de 2014]
Seu desenvolvimento ocorre de maneira gradativa, com desafios tecnológicos previstos para cada passo. "Apesar do projeto ser de uma constelação completa e todos os estudos terem sido feitos neste sentido, decidiu-se pela criação de versões de desenvolvimento gradativo, em que cada uma servirá de laboratório para avaliação de desempenho, de modo a nortear o desenvolvimento da próxima versão", detalha Carvalho.
Dentro desse processo gradual, o primeiro satélite da constelação, denominado CONASAT-0, numa estrutura 3U, servirá como prova de conceito e terá como principal missão embarcar a carga útil, um transpônder com massa inferior a 350 gramas em desenvolvimento pelo CRN, para validação de sua operação. A partir do CONASAT-1 (ilustração acima), o projeto assumirá um caráter operacional, quando utilizará uma estrutura tamanho 8U, com forma de cubo, peso máximo em torno de 8 quilos e dimensões de 20 centímetros, permitindo a redundância da carga útil e assim aumento de sua confiabilidade.
A versão seguinte, CONASAT-2, introduzirá o processamento a bordo dos sinais recebidos pela carga útil, visando otimizar a recuperação das mensagens transmitidas pelas estações de coleta de dados em solo. A CONASAT-3, por sua vez, permitirá a utilização de antenas multifocal, aumentando a capacidade de separação e a qualidade dos sinais recebidos simultaneamente das Plataformas de Coleta de Dados (PCD). Nesta versão, também será ampliada a faixa de entrada para acomodar novas aplicações compatíveis com o ARGOS-3, rede franco-americana com propósitos similares ao do SBCDA. Na versão CONASAT-4 serão introduzidos o links intersatélites com o objetivo de expandir a abrangência geográfica do sistema SBCDA, abrindo a possibilidade de acordos de cooperação com outros países.
Momento atual
Atualmente, a missão se encontra em fase de definição detalhada do projeto, com sua revisão crítica prevista para maio do ano que vem, momento a partir do qual poderão ser produzidos e qualificados os equipamentos e subsistemas do cubesat. A etapa seguinte será a revisão de qualificação, prevista para o final de 2015, e a revisão de aceitação no inicio de 2016. Desta forma, a expectativa é que o CONASAT-0 esteja disponível para lançamento no primeiro semestre de 2016, em lançador ainda não definido.
Em paralelo ao CONASAT-0, já acontecem algumas ações visando a uma constelação operacional. No final de agosto, a empresa holandesa ISIS - Innovation Solutions in Space, uma das líderes mundiais no segmento de cubesats, representada no Brasil pela Lunus Aeroespacial, firmou contrato com a FUNCATE (fundação ligada ao INPE) para o fornecimento de uma plataforma composta de uma estrutura mecânica 8U, subsistema de comunicação, computador de bordo e equipamentos de suporte por pouco menos de 200 mil euros (cerca de 600 mil reais).
Em termos de valores, aliás, estima-se que um CONASAT-1 operacional custará em torno de 2 milhões de reais, valor considerado bastante baixo. Uma constelação formada por seis modelos em órbita, contando-se o lançamento e o segmento solo, teria custo próximo ou inferior a 20 milhões de reais.
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