sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"Para onde irá a Airbus Defence and Space?"

Para onde irá a Airbus Defence and Space?

Em meados de setembro, a Airbus DS divulgou que focará sua atuação nos setores espacial (lançadores e satélites), aeronaves militares, mísseis e sistemas e serviços associados, tendo definido planos para a venda de negócios que não se enquadram nesses segmentos chave. Dentre as unidades que serão vendidas, estão a de comunicações móveis profissionais (conhecida pela sigla PMR), serviços comerciais de comunicações por satélite, além de subsidiárias e participações em empresas como Fairchild Controls, Rostock System-Technik, AvDef, ESG e Atlas Elektronik. Ainda, para a divisão de eletrônica de defesa e segurança, concentrada principalmente na Alemanha, alternativas industriais serão exploradas com o objetivo de melhor desenvolver e posicionar tais negócios para crescimento futuro e criação de valor.

Pela extensão do grupo, a restruturação terá reflexos no Brasil. O mais imediato envolve a rede de comunicações Tetrapol, utilizada pelo Departamento de Polícia Federal desde 2006, e até então, um dos poucos produtos da antiga Cassidian com presença considerada material no País. Na Europa, a Alcatel e a Thales são citadas como potenciais interessadas nesta unidade.

Outra presença local que deverá passar por mudanças industriais será a Optronbras, subsidiária da Cassidian Optronics, uma das unidades que deu origem à Airbus DS, quando da “fusão” com a Astrium e com a Airbus Military, tendo em vista os planos do grupo para o setor de eletrônica de defesa. A Optronbras foi inaugurada em novembro de 2013 com o propósito de operar como plataforma de negócios no País, em especial em sistemas optrônicos para veículos blindados. A atividade da Airbus DS em optrônica, aliás, exemplifica bem o processo de consolidação em curso na Europa, com suas idas e vindas. Num espaço de menos de dois anos, a então Carl Zeiss Optronics passou a fazer parte da antiga Cassidian, que virou Airbus DS, e que em breve poderá vir a ter um novo dono.

No setor espacial, a Airbus DS buscava desenvolver serviços comerciais de comunicações por satélite, capacidade adquirida quando da compra da Vizada, em 2011, que agora será também alienada. Uma subsidiária brasileira, a Astrium Serviços de Comunicações, chegou a ser constituída no Rio de Janeiro (RJ), e estava em processo de obtenção de todas as licenças necessárias junto a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para a sua operação.

Apesar de não ter havido qualquer menção a possíveis mudanças envolvendo a unidade de comunicações, inteligência e segurança (Communications, Intelligence and Security), que responde pelas atividades da Airbus DS em vigilância marítima, é possível que a restruturação tenha algum reflexo nos planos do grupo em participar da concorrência do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), da Marinha do Brasil, considerando que algumas de suas soluções são oriundas da unidade de eletrônica de defesa.

Fonte: coluna Defesa & Negócios, Tecnologia & Defesa n.º 139, outubro de 2014.
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