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Empresa quer base de Alcântara no PAC
Paulo de Tarso Lyra
O diretor-geral brasileiro da Cyclone Alcântara Space (CAS), Roberto Amaral, pediu ontem à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a inclusão do projeto de lançamento do satélite binacional no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto está atrasado desde o seu princípio, em dezembro de 2007. Amaral espera que, com a inclusão no PAC, as coisas funcionem em um novo ritmo. "Incluir no PAC mostra que o projeto é prioritário para o país e a burocracia diminui", disse ele.
Amaral afirma que algumas barreiras já foram transpostas. Ontem ele esteve com a ministra Dilma para apresentar o diretor-geral ucraniano, Alexander Ardyuk. Há dois dias, ficou acertado um aumento de capital de US$ 105 milhões para US$ 475 milhões, divididos equitativamente entre ambos os países. No entanto, Amaral precisa, ainda, convencer o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a desembolsar a contrapartida brasileira. "Além de uma quantidade maior de recursos, o aporte de capital nos coloca em um novo patamar no cenário internacional", disse ele.
Presidente em exercício do PSB e ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral acredita que o "carimbo de prioritário" da inclusão no PAC servirá, por exemplo, para acelerar o processo de licença ambiental da área onde o lançamento será feito. Ele afirma que a intenção da empresa é iniciar as obras de terraplanagem em agosto deste ano para lançar o primeiro satélite, ainda que sem fins comerciais, no segundo semestre de 2010. O lançamento comercial está previsto para 2011.
Ele admite que o mesmo pedido já havia sido feito em outras oportunidades à ministra Dilma. Mas, desta vez, acha que será atendido. "Ela prometeu advogar pessoalmente junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva", acrescentou. No fim de maio está prevista uma reunião do presidente Lula com todos os ministérios diretamente ligados ao projeto, como Defesa e Ciência e Tecnologia. "Esperamos, antes disso, êxito no nosso pleito."
Amaral disse ser coisa do passado a disputa judicial com os quilombolas, que reivindicavam como sua uma área de 78 mil hectares, de um total de 114 mil hectares que constituem a península de Alcântara, no Maranhão. A antiga base de Alcântara, controlada pela aeronáutica, explodiu em agosto de 2003, matando mais de 20 engenheiros, na maior tragédia sofrida pelo setor na história brasileira. "Vamos construir uma nova base de lançamento de foguetes, que será controlada pela binacional Brasil-Ucrânia", reforçou.
Amaral também anunciou o recapeamento de 51 quilômetros da MA 106, que liga o Porto Marítimo ao Centro de Lançamentos (CLA), facilitando o deslocamento de veículos na região. O diretor brasileiro acrescentou ainda que, no início de agosto, o presidente da Ucrânia, Victor Yuschenko, virá ao Brasil para encontrar-se com o presidente Lula. A intenção de Roberto Amaral é agendar com os diplomatas do Itamaraty uma visita dos dois presidentes à base de lançamento de foguetes em Alcântara.
Fonte: jornal Valor Econômico, 30/04/2009
Comentários: todas as notícias que têm sido publicadas sobre a empresa binacional Alcântara Cyclone Space indicam um esforço da direção da empresa, liderada pelo ex-ministro Roberto Amaral, em cumprir com o cronograma de primeiro lançamento no final de 2010, objetivo bastante arrojado, como já foi dito em algumas ocasiões aqui no blog. Apenas a título de informação, as obras de infraestrutura do lançador russo Soyuz, em Kourou, na Guiana Francesa, foram iniciadas em abril de 2005 e ainda não foram concluídas. Espera-se que o primeiro lançamento do Soyuz a partir de Kourou ocorra no final desse ano ou começo de 2010.
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5 comentários:
Olá Mileski!
Realmente é louvável o esforço do ex-ministro para resolver os entraves que atrapalhavam a ACS. E mais ainda a idéia sugerida por ele a ministra Dilma de incluir no PAC. No entanto, a crença do cumprimento do prazo pré-estabelecido por parte da empresa (dezembro de 2010) me parece uma jogada estratégica para estimular uma maior velocidade na resolução dos entraves políticos e legais que ainda estão pendentes. O ex-ministro Roberto Amaral demonstra com isso ser um estrategista e nada ingênuo. Aproveito Mileski para convidar você e a todos que freqüentam o blog PANORAMA ESPACIAL a visitarem o meu Blog BRAZILIAN SPACE pelo link abaixo:
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Abs
Duda Falcão
Olá!
Sou aficionado em tecnologia espacial nacional e tenho a seguinte dúvida:
Sendo a Alcântara Cyclone Space uma empresa em parte brasileira, então posso imaginar que qualquer serviço comercial de lançamentos ficará a cargo da ACS.
Como ficará então o vls?
Qual será seu destino,sua utilidade, uma vez que no país existiria uma empresa concorrente para esse fim?
André e demais comentaristas,
Algo que comentei a alguns meses atrás (PAC do espaço já), agora pegando o gancho do comentário do Rondini... como fica a AEB nessa história. São esforços duplicadas ou é uma ação coordenada da agência e da ACS? Há um acompanhamento planejado do governo do que cada parte irá desempenhar? Como ficam os investimentos da IAE no VLS e foguetes de combustível líquido? Ou será uma corrida meramente para adquirir recursos financeiros em detrimento de um benefício efetivo à nação. O presidente da ACS está chutando a bola, mas e o governo? Será que tem um plano de jogo?
Olá Rondini!
Respondendo a sua pergunta a coisa é muito simples. Veja Bem: O Cyclone 4 da ACS é um foguete que terá a capacidade de colocar satélites em órbita GEO de até 1600 Kg e em órbita LEO de até 5300 kg. Já o VLS terá a capacidade de colocar em órbita circular, de 250 a 1000 Km de altitude, satélites de 100 a 300 Kg. Dito de outra forma, o Cyclone 4 (devido a sua capacidade de carga) é um foguete comercial, já o VLS esta sendo desenvolvido para nutrir as necessidades de lançamento dos micros e pequenos satelites que serão desenvolvidos pelo Programa Espacial Brasileiro, já que não compensa financeiramente usar um foguete como o CYCLONE 4 para esse serviço. Além é claro Rondini do VLS ser uma execelente plataforma para o Brasil obter o conhecimento tecnológico na área de lançadores de satélites. Existe um projeto do IAE - Instituto de Aeronáutica e Espaço (visite o site) chamado "CRUZEIRO DO SUL" que visualiza o desenvolvimento até 2022 (ao que parece com a ajuda dos russos) de uma família de 5 de foguetes de pequeno, medio e de grande porte. No entanto, para que isso ocorra, serão necessarios muitas mudanças dentro do Programa Espacial Brasileiro. Aproveito para convida-lo a visitar o meu blog BRAZILIAN SPACE pelo link abaixo.
Abs
Duda Falcão
http://brazilianspace.blogspot.com
É isso mesmo que o Duda falou. O Cyclone 4 e o VLS são lançadores de portes distintos, logo, em tese, não concorrem entre si. Além do mais, desde o início a joint-venture com a Ucrânia teve um foco comercial, tanto é que os acordos já assinados entre os países não envolve transferência de tecnologia. O Programa VLS, por sua vez, é um projeto tecnológico, envolve o desenvolvimento de tecnologia de lançadores no País.
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