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Adianto aos leitores do blog uma das notas de minha coluna Defesa & Negócios, que sai no próximo número da revista Tecnologia & Defesa.
"Lançador de pequeno porte
O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), está estudando projetos de parcerias para o desenvolvimento de um novo lançador espacial de pequeno porte, focado no mercado de lançamento de microssatélites, apurou T&D. Existem discussões com empresas da Rússia, Ucrânia e França e uma decisão sobre qual será o parceiro deve ser tomada até o final do ano. A grande surpresa é a participação da européia EADS nessas conversas, grupo que não tem tradição em atuar no Brasil em matéria de lançadores, ao contrário da Rússia (programa VLS e propulsão líquida) e Ucrânia (Alcântara Cyclone Space). Certamente, a possibilidade de cooperação em foguetes é uma das razões que levaram a EADS Astrium, divisão espacial do grupo, a considerar o Brasil como um dos mercados prioritários para 2009, conforme anunciado na LAAD."
Em breve, divulgaremos aqui no blog informações mais detalhadas sobre o estudo do IAE/CTA.
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5 comentários:
Caro Mileski, cada dia que passa fico mais convencido que falta no mínimo massa cinzenta a essas pessoas que são responsáveis pelos rumos do Programa Espacial Brasileiro. O nosso programa vive um momento tão cheio de incertezas (veja como exemplo as últimas notícias sobre o CLA onde o ministro Jobim diz uma coisa e o presidente da AEB dois dias depois diz outra) e os caras ficam arrumando mais sarna para se coçar. O VLS nem fez seu primeiro vôo teste depois de ser reformulado, a Alcântara Cyclone Space nem sabe se vai realmente sair do papel (haja paciência amigos Ucranianos, haja paciência) e os caras já estão pensando assinar outro acordo de desenvolvimento. Um bando de cegos aloprados no meio de um tiroteio e salve-se quem puder. Muitas vezes dá a impressão que a política espacial brasileira e o PNAE são um samba do crioulo doido. Esses caras demonstram a cada dia que passa que não sabem o que querem e nem como atingir metas e muito menos como estabelece-las. Esta claro que a falta de foco dessa gente a continuar dessa maneira será um grande empecilho para o desenvolvimento das atividades espaciais no país, pois nada adianta recursos sem planejamento e objetividade. Lamentável.
Abs
Duda Falcão
Prezado Mileski
A informação como publicada é extra oficial. Entretanto, dado que este tipo de proposta não quer sumir, vão aqui alguns comentários.
Em primeiro lugar; já devería estar claro, para quem tem alguma vivência com programas espaciais, que veículos lançadores para microssatélites não fazem qualquer sentido tecnicamente ou economicamente. Uma análise mesmo que superficial sobre o escalonamento de veículos lançadores mostra que o desempenho de veículos lançadores decresce rapidamente com a redução do tamanho do veículo. O mesmo se aplica a satélites. Não há missões relevantes que sejam atendiadas por este tipo de lançadores ou satélites. Basta ver que em todos os programas espaciais relevantes do mundo o tamanho e capacidade de lançamento dos veículos só tem aumentado.
Um programa de "microlançadores" pode ser uma diversão interessante para algum milionário excêntrico que disponha de algums milhoes de dólares para torrar, mas certamente não serve para um programa espacial de caráter nacional.
Alías, se um programa deste tipo servisse para alguma coisa, os "parceiros" da empreitada, estariam desenvolvendo-o em seus respectivos países e com seus próprios recursos.
Outra proposta igualmente persistente no imaginário de parcela significativa da comunidade espacial brasileira é a de ocupação de um "nicho" na área de mini e micro satélites e agora lançadores.
Deve ser igualmente claro que a idéia de nicho não se aplica a um programa espacial de caráter nacional como se quer o programa espacial brasileiro.
Não é necessária análise muito prolongada, ou sofisticada para concluir que o acesso ao espaço para o Brasil, na sistuação atual passa pelo desenvolvimento de um veículo de porte médio, para plataformas em órbitas baixas, incluindo polar e uma capacidade marginal para lançamento em órbita de transferência geoestacionária.
Qualquer coisa menos do que isto é perda de tempo e recursos.
Abs
J N Hinckel
Já eu vejo a coisa de um jeito diferente.
Dentro do IAE há muita gente que defende o cancelamento do programa VLS-1 (mas não do vls-1b), que é um foguete obsoleto, de baixo desempenho, alto risco (complexo demais para sua faixa de operação) e muito caro.
Para se lançar um satéliten de 100 a 200 kg não precisa de um foguete de 4 estágios e extremamente complexo.
Talvez estejam pensando em um veículo mais leve e movido a propulsão líquida, talvez já visando o teste de componentes dos novos motores líquidos que estão sendo desenvolvidos.
Microssatélites é exatamente o que viemos fazendo nas últimas duas décadas (com exceção ao CBERS, que são grandes). Vai facilitar muito o programa microgravidade, facilitando (baixo custo e baixo risco)o lançamento de satélites universitários.
Um outro ponto importante é que talvez (vide o envolvimento com a EADS) o foguete possa ser exportado, no contexto do lançamento de pequenos satélites científicos, a exemplo do sucesso do VSB-30 na agência espaical européia.
Seria um grande estímulo a nossa indústria, já que abandonaríamos o velho retrospecto de um VLS por década.
abraços
A questão de escalonamento de veículos lançadores: custos x desempenho
No custo de um lançador a matéria prima constitue uma fração muito pequena do total; e este custo varia linearmente com o tamanho do satélite. Os outros custos, mão de obra, equipamentos, infra-estrutura tem uma grande parcela de valores fixos e um valor pequeno que varia com o tamanho do foguete envolvido.
Em consequência disto, ao escalonar o tamanho do veículo para cima a razão custo/tonelagem-bruta do foguete decresce. O inverso ocorre ao se escalonar para baixo.
Por outro lado, o desempenho do foguete, medido pela razão carga_util/tonelagem_bruta escalona de forma inversa. Ao se escalonar para cima a razão carga_útil/tonelagem_bruta cresce. Ao se escalonar para baixo esta razão decresce.
Isto ocorre pela seguinte razão: Ao se escalonar para baixo o tamanho do veículo, o coeficiente estrutural do foguete cresce enquanto o rendimento energético e o coeficiente balístico se deterioram.
O exemplo (fictício) a seguir ilustra a situação:
Consideremos um veículo de referência com tonelagem bruta de 80 ton, com capacidade de lançamento de uma carga útil de 2000 kg numa missão de referência a um custo de R$ 100.000.000.
Temos portanto o custo de R$ 50.000 por kilograma em órbita.
Ao dobrar o tamanho do veículo, admitamos que a massa da carga útil aumente para 5000 kg e o seu custo aumente para R$150.000.000.
O custo por kg de carga útil ém órbita cai para R$ 30.000.
Ao se reduzir o tamanho do veículo à metada, consideramos que a carga carga útil caia para 800 kg e o seu custo caia para R$80.000.000.
O custo do kg de carga útil em órbita sobe para R$ 100.000.
Ou seja, 3 vezes maior do que o custo obtido ao se escalonar o veículo para cima.
Não é por acaso que em todos os programs espaciais do mundo o escalamento tem sido monotonicamente para cima. E não há evidências de que no Brasil estas regras não valham.
Há que se perguntar o que os "rocket scientists" do Brasil sabem, e que os outros não saibam, para que aqui as coisas sejam diferentes.
Abs
J N Hinckel
José Hinckel,
A sua observação sobre a complexidade do VLS chamou minha atenção. Vendo as características do 1.o foguete tripulado americano, o Redstone, possuía um único! estágio, de combustível líquido com um empuxo e tamanho bem similar ao VLS. Será que não demos um passo maior que nossas pernas ao apostar em um design com chance de falhas multiplicado. Caso esteja enganado um projeto igual a esse só os projetos Voskhod-Soyuz, que era a combustível líquido, com um empuxo que poderia ser mais facilmente controlado que o combustível sólido. Estou dizendo o que li, se cometo alguma impropriedade fique a vontade para corrigir.
Um abraço,
José Gustavo
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