sábado, 31 de dezembro de 2016

Cubesat SPORT: parceria INPE, ITA e NASA



Em parceria com INPE, ITA desenvolverá nanossatélite financiado pela NASA

Equipamento deve ser lançado a partir da Estação Espacial Internacional e deve ajudar na compreensão do clima espacial

30/12/2016 08:00h

O desenvolvimento de um nanossatélite com a participação de dois institutos brasileiros, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), acaba de ser selecionado, dentre mais de 70 propostas apresentadas, para financiamento pela NASA, a agência espacial norte-americana. O equipamento terá como finalidade investigar o clima espacial.

“Espera-se que esta missão possa reunir dados que aumentem a compreensão dos fenômenos que ocorrem nesta importante camada da atmosfera e permitam assim alimentar os modelos teóricos da ionosfera que modelem o seu comportamento, permitindo uma melhoria na previsibilidade destes fenômenos”, afirma o gerente da plataforma e professor doutor do ITA, Luís Loures.

A iniciativa é coordenada pelo Marshall Space Flight Center, centro de pesquisas civil do governo dos Estados Unidos, que inclui também universidades norte-americanas, e visa lançar o equipamento a partir da Estação Espacial Internacional (ISS) entre novembro de 2018 e março de 2019. O cronograma prevê o início da missão em março de 2017. A vida útil do nanossatélite é estimada em um ano, em função da atividade solar no período e da dinâmica de voo para o lançamento da ISS.

O nanossatélite, um cubesat de aproximadamente seis quilos, servirá a estudos sobre a formação de bolhas de plasma ionosférico, que são as fontes principais de reflexões de radar na região equatorial. A missão denominada de SPORT (sigla em inglês para Scintillation Prediction Observation Research Task) investigará o estado da ionosfera que acarreta o crescimento das bolhas de plasma. Também serão estudadas as relações entre as irregularidades no plasma em altitude de satélites com as cintilações de rádio observadas na região equatorial da ionosfera.

A ionosfera é a camada superior da atmosfera terrestre que se estende de 50 km a 1000 km de altitude, sendo composta basicamente por elétrons e átomos carregados eletricamente devido à forte incidência da radiação solar que induz a estes estados. Esta camada é extremamente importante para a transmissão de ondas de rádio e para a precisão do sinal de sistema de posicionamento global (GPS). O que ocorre é que a camada ionosférica é suscetível à formação de bolhas de plasma e cintilações, principalmente nas regiões próximas ao equador magnético, e estes fenômenos causam distúrbios diversos. A situação pode ser agravada pela ocorrência de tempestades solares que lançam grandes quantidade de radiação ionizante em direção à Terra.

“O projeto SPORT permitirá ao instituto a consolidação de sua competência na área de cubesats, criando as condições para uma evolução constante na pesquisa em engenharia de pequenos satélites”, resume Loures.

Tarefas - Ao ITA caberá o projeto, a integração e os ensaios da plataforma. As universidades americanas serão responsáveis pela carga útil, ou seja, em elaborar os instrumentos de medição da ionosfera. O INPE terá a tarefa de coordenar o segmento de solo, ou seja, controlar o satélite, receber os dados, tratá-los e disponibilizá-los para a comunidade científica.

Além da Engenharia Aeroespacial, o Departamento de Física do instituto está envolvido na tentativa de compreensão dos fenômenos que regem a ionosfera.

Sob o ponto de vista científico, o projeto SPORT contará com a liderança do professor do ITA Abdu Mangalathayil, considerado o principal pesquisador brasileiro na área de ionosfera e com atuação internacional reconhecida. O professor coordenará os trabalhos de estudo da ionosfera que serão desencadeados pela pesquisa. Também estão envolvidos especialistas em plasma e em sensores aeroespaciais. Outros professores e alunos de doutorado e pós-doutorado também participam.

Fonte: ITA/INPE, com edição da Agência Força Aérea, por Ten Jussara Peccini.
.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 147

. 

Já está disponível para venda a edição n.º 147 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina. A seção de espaço deste número traz dois conteúdos especiais: a reportagem "Visiona se prepara para o futuro", preparada com base numa entrevista com Eduardo Bonini, presidente da Visiona; e um artigo-entrevista com Carlos Gurgel, diretor de Satélites da Agencia Espacial Brasileira, que se despedirá da instituição no início de 2017.

Alem do conteúdo "espacial", a seguir alguns dos destaques deste número, disponível para venda no website de T&D:

- ProSub: como anda o programa
- O novo Cascavel: um demonstrador de conceitos e soluções
- Conhecendo a Seagull, de Israel, uma embarcação não tripulada para Guerra de Minas e a importância desta tarefa para a Marinha do Brasil
- Voamos o Grob G120TP para conhecer a proposta alemã para a formação dos pilotos na AFA
- Operações da ARP Hermes 450 contra o narcotráfico
- Coluna Defesa & Negócios: entrevista com Henrique Gomes, da IAI do Brasil
- E muito mais!
.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Mais informações sobre o programa VLM-1

.
.
O mais aguardado acontecimento em 2016 em se tratando de lançadores se deu na semana passada, com a contratação da produção de oito motores S50, que serão utilizados nos voos do veículo VS-50 e da primeira versão do VLM-1, ambos em desenvolvimento pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), em parceria com a indústria (sobre a assinatura, veja as notas divulgadas pela Agência Espacial Brasileira e pelo IAE/DCTA).

Apresentamos a seguir alguns bullet points com informações sobre o contrato e o programa VLM-1:

Ineditismo. O contrato firmado com a Avibrás é de grande relevância pelo seu caráter inédito, uma vez que foi o primeiro contrato de produção de propulsores de lançadores firmado junto à indústria nacional no Brasil - não sem motivo a nota divulgada pela Agência Espacial Brasileira faz referência à assinatura como uma "data histórica para o Programa Espacial Brasileiro". O processo de contratação dos motores durou pouco mais de um ano e teve várias reuniões e rodadas de negociações. A única ofertante foi a Avibrás Divisão Aérea e Naval S.A., que apresentou sua proposta revisada em novembro.

Expertise da Avibrás em foguetes. O envolvimento da Avibrás, mundialmente conhecida pelo sistema militar ASTROS, com foguetes de sondagem e lançadores não é novo. Nas décadas de setenta e oitenta, a empresa participou do desenvolvimento de foguetes da família SONDA. Mais recentemente, desenvolveu o Foguete de Treinamento Básico (FTB) e o Foguete de Treinamento Intermediário (FTI) para o IAE, frequentemente utilizados para testes, qualificação e treinamento de equipes nos centros de lançamento de Alcântara e da Barreira do Inferno. A Avibrás é a única fabricante privada brasileira de perclorato de amônio, um dos componentes do propelente sólido dos motores que equipam grande parte dos projetos de foguetes nacionais. No final de 2014, foi também beneficiada com recursos de subvenção do programa Inova Aerodefesa, da FINEP, para desenvolvimento de tecnologia para o VLM-1.

Envolvimento da indústria nacional. A Avibrás não é a única indústria nacional envolvida com o VLM-1. A CENIC e a JTDH Engenharia, ambas de São José dos Campos (SP), foram selecionadas em 2014, respectivamente, para subvenções no âmbito do Inova Aerodefesa para o desenvolvimento de módulos inter-estágios e estruturas, e das redes elétricas do VLM-1. Novas contratações, locais e no exterior, serão necessárias para a conclusão do projeto e realização do primeiro voo.

Recursos no orçamento. Em entrevista concedida à Tecnologia & Defesa no início de dezembro, o brig. Augusto Luiz de Castro Otero, diretor do IAE, destacou a importância de 2017 para o VLM-1, fazendo referência à previsão orçamentária: "O ano de 2017 será de grande importância para o projeto VLM-1, por estar previsto o início da fabricação dos motores S50 e a consolidação do projeto completo do veículo. Para o atingimento destas metas, a Proposta de Lei Orçamentária Anual de 2017 prevê um aporte de mais de R$ 30.000.000,00, grande parte dedicados à contratação da produção dos S50."

Parceria com a Alemanha. O VLM-1 é mais um dos projetos em que o IAE coopera com a Alemanha, dando continuidade a um relacionamento de mais de quatro décadas, com destaque para iniciativas envolvendo foguetes suborbitais (VS-30 e VSB-30). Segundo o brig. Otero, "a participação do DLR no projeto VLM-1 é também importante para a execução de várias atividades técnicas e de fornecimento de sistemas do veículo." Destaque-se também o envolvimento de empresas da Alemanha, como a MT Aerospace, do grupo OHB System, que tem trabalhado na estrutura em fibra de carbono do motor S50.

Cronograma. De acordo com informações do diretor do IAE, o projeto VLM-1 no momento encontra-se na fase de definição de requisitos funcionais e técnicos, visando a consolidação do projeto completo no final de 2017. No planejamento do Instituto, está programada a realização de ensaios de qualificação de todos os sistemas, inclusive o motor S50, ao longo de 2018, permitindo a execução dos primeiros voos de qualificação do motor, dos sistemas embarcados, e do veículo VLM-1 em si, ao longo de 2019. Por sua vez, o contrato de produção do S50 tem prazo previsto para execução de 26 meses.
.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

"A Humanidade na Era Espacial", artigo de José Monserrat Filho

.
A Humanidade na Era Espacial

José Monserrat Filho *

“... visualizo em nossos dias um grande esforço, por parte da doutrina jurídica mais lúcida, de retorno às origens, que corresponde um processo histórico de humanização do Direito Internacional.” Antônio Augusto Cançado Trindade (1)

O termo “humanidade” mereceu posição de realce no Tratado do Espaço de 1967, a lei maior do espaço e das atividades espaciais, cujo longo nome oficial – “Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes” (2), foi-lhe dado certamente para explicitar seus objetivos mais gerais.

O Tratado do Espaço menciona quatro vezes a humanidade. É uma de suas distinções, com especial significado jurídico. Será a humanidade sujeito do Direito Espacial Internacional? O tema ganhou atualidade com a intensificação da globalização econômica, que supostamente viria satisfazer necessidades e anseios de todos os povos, mas que, na verdade, está cada vez mais distante desse objetivo, sem nunca “fortalecer as vozes do Terceiro Mundo”. (3) Qual poderia ser o papel da humanidade – vasta e majoritária, mas impotente e descartada – na governança do mundo?

Ou terá sido por vivermos na “Era Planetária”, na definição holista e esperançosa de Edgar Morin? Para Morin e Kern, em Terra-Pátria, “a era planetária se inaugura e se desenvolve na e através da violência, da destruição, da escravidão, da exploração feroz das Américas e da África. É a idade de ferro planetária, na qual estamos ainda”, mas “é também a aspiração, neste início do século XXI, à unidade pacífica e fraterna da humanidade”. (4)

O preâmbulo do Tratado do Espaço, já em seus primeiros considerandos inspira-se “nas vastas perspectivas que a descoberta do espaço cósmico pelo homem oferece à humanidade” e reconhece “o interesse que apresenta para toda a humanidade o programa da exploração e uso do espaço cósmico para fins pacíficos”. São enfoques que se completam dialeticamente: de um lado, o espaço descoberto pelos humanos escancara imenso potencial de benefícios para a humanidade; de outro, a humanidade tem tudo para se interessar pela exploração e uso pacíficos do espaço.

O artigo 1º (§ 1ª) do Tratado estabelece a “Cláusula do Bem Comum”, determinando que “a exploração e o uso do espaço cósmico, inclusive da Lua e demais corpos celestes, deverão ter em mira o bem e interesse de todos os países, qualquer que seja o estágio de seu desenvolvimento econômico e científico, e são incumbência de toda a humanidade”. Ou seja, é tarefa, encargo, compromisso, dever, obrigação e responsabilidade (sinônimos de incumbência) da humanidade fazer com que a exploração e o uso do espaço sejam sempre realizados para o bem e no interesse de todos os países, independentemente de seu nível de avanço econômico e científico. A humanidade seria, então, o promotor e o fiador do bem comum nas atividades espaciais.

O artigo 5º do Tratado considera os astronautas como “enviados da humanidade no espaço cósmico”, título que também se aplica aos cosmonautas da ex-União Soviética e da Rússia, bem como aos taikonautas da China. A norma parece homenagem, mas, na realidade, tem um sentido prático e necessário, em plena guerra fria dos anos 60 em diante: cria a obrigação de prestar toda assistência possível aos astronautas em caso de acidente, perigo ou aterrissagem forçada em outro país que não o seu ou em alto-mar, e de retorná-lo a seu país de origem junto com seu veículo espacial, o mais rapidamente possível e em total segurança. Cria também mais duas obrigações: a de que os astronautas de um país prestem toda assistência possível aos astronautas dos outros países e a de que cada país informe de imediato aos demais países e ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas qualquer fenômeno que tenha descoberto no espaço, na Lua e nos outros corpos celestes, capaz de constituir perigo à vida ou à saúde dos astronautas. Note-se que os astronautas eram e muitos ainda são militares integrados às estratégias das Forças Armadas de seus países.

O Acordo que Regula as Atividades dos Estados na Lua e em Outros Corpos Celestes, de 1979, conhecido como “Acordo da Lua”, integra o quinteto de tratados aprovados pelas Nações Unidas, embora tenha sido ratificado por apenas 16 países e assinado por outros quatro. (5)

Em seu Artigo 4º, o Acordo da Lua repetem o Artigo 1º (§ 1º) do Tratado do Espaço, afirmando que “a exploração e o uso da Lua são incumbência de toda a humanidade e se realizam em benefício e no interesse de todos os países, qualquer que seja o estágio de seu desenvolvimento econômico ou científico”.

Mas tem o mérito de adotar duas novas disposições, em termos irrecusáveis: “Especial atenção deve ser dada aos interesses das gerações presentes e futuras, bem como à necessidade de promover níveis de vida mais elevados e melhores condições de progresso e desenvolvimento econômico e social, em conformidade com a Carta da Organização das Nações Unidas”.

Preparado em grande parte pelos países em desenvolvimento ao longo dos anos 70 – década em que os chamados países não alinhados tiveram importante atuação no cenário internacional –, o Acordo da Lua estabelece o princípio da relevância intergeneracional e ressuscita o amplo compromisso social adotado pela Carta das Nações Unidas na promoção de  “níveis de vida mais elevados e melhores condições de progresso e desenvolvimento econômico e social”.

O Acordo da Lua tem sua maior contribuição no Artigo 11, que começa estabelecendo, no § 1º, que “a Lua e seus recursos naturais são patrimônio comum da humanidade”. O § 2º reafirma e adapta o Artigo 2 do Tratado do Espaço: “A Lua não pode ser objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação, nem por qualquer outro meio”. E o § 3º detalha esse princípio da não-apropriação: “A superfície e o subsolo da Lua, bem como partes da superfície ou do subsolo e seus recursos naturais, não podem ser propriedade de qualquer Estado, organização internacional intergovernamental ou não-governamental, organização nacional ou entidade não-governamental, ou de qualquer pessoa física. O estabelecimento na superfície ou no subsolo da Lua de pessoal, veículos, material, estações, instalações e equipamentos espaciais, inclusive obras vinculadas indissoluvelmente à sua superfície ou subsolo, não cria o direito de propriedade sobre sua superfície ou subsolo e suas partes. Estes dispositivos não devem prejudicar o regime internacional referido no § 5º deste Artigo.”

O § 5º propõe a criação de um regime internacional para ordenar a exploração dos recursos naturais da Lua: “Os Estados-Partes se comprometem (...) a estabelecer um regime internacional, inclusive os procedimentos adequados, para regulamentar a exploração dos recursos naturais da Lua, quando esta exploração estiver a ponto de se tornar possível”.

O § 6º reza que, para facilitar a criação do regime Internacional, os Estados-Partes devem informar ao Secretário-Geral da ONU, ao grande público e à comunidade científica internacional, da forma mais ampla e prática possível, “sobre todos os recursos naturais que eles possam descobrir na Lua”. É o princípio da transparência, para fomentar a cooperação no mais alto grau possível.

E o § 7º alinha os principais objetivos do regime internacional, frisando que pode haver outros. São eles, conforme o texto do Acordo:

“a) Assegurar o aproveitamento ordenado e seguro dos recursos naturais da Lua;
b) Assegurar a gestão racional destes recursos;
c) Ampliar as oportunidades de utilização destes recursos; e
d) Promover a participação equitativa de todos os Estados-Partes nos benefícios auferidos destes recursos, tendo especial consideração para os interesses e necessidades dos países em desenvolvimento, bem como para os esforços dos Estados que contribuíram, direta ou indiretamente, na exploração da Lua.”

Muito se tem debatido sobre o conceito de patrimônio comum da humanidade, contido no Acordo da Lua e na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982 (7). Isso é sempre positivo, claro. No caso, porém, o importante é que, sendo ou não universalmente aceito o princípio de patrimônio comum da humanidade, o espaço e os corpos celestes são res communis omnium – bem comum a todos –, que não pode de modo algum ser objeto de apropriação, e sua exploração e uso devem atender ao bem e ao interesse de todos os países, como incumbência de toda a humanidade – conforme rezam o Artigo 2º e o Artigo 1º (§ 1º) do Tratado do Espaço.

Por isso, a ideia de se criar um regime internacional para gerir racionalmente a explotação dos recursos naturais da Lua e dos demais corpos celestes, inclusive dos asteroides, bem como a de “promover a participação equitativa de todos os Estados-Partes nos benefícios auferidos destes recursos” é perfeitamente alinhada e coerente com a “Cláusula do Bem Comum”.

Baseadas na lei nacional dos EUA, sancionada em 25 de novembro de 2015 (8), conferindo o título de propriedade privada às empresas norte-americanas que extraírem recursos naturais (minerais) de corpos celestes, empresas desta e de outras potências espaciais mobilizam-se para justificar legalmente a nova situação, que modifica totalmente o marco jurídico internacional em vigor, fundado no Tratado do Espaço. Aparentemente, o embate se trava só no campo do Direito, mas o movimento é poderoso e avassalador, pois, segundo se informa, envolve interesses e negócios estimados em trilhões de dólares. (9)

O Acordo da Lua não pode ser ignorado nessa discussão histórica. Ele oferece uma solução mais que razoável. O que parece em jogo é o rumo das atividades espaciais neste século. Vamos priorizar o direito público humanizado e democrático ou o direito privado dominador, dentro do rigor neoliberal, que até hoje não deu certo em nenhum lugar do nosso planeta?

A humanidade ainda não é sujeito do Direito. Falta-lhe uma instituição para representá-la e falar em seu nome legitimamente. Mas ceio que ela já é a maior destinatária do Direito Internacional e também do Direito Espacial Internacional. Essa posição continuará crescendo na medida em que aumente a consciência dos países e povos sobre o caráter global dos prolemas – paz, justiça social, saúde e educação, clima, aquecimento geral, meio ambiente etc. –, a interdependência e interconexão de todos os habitantes do planeta, e a necessidade de união, solidariedade e cooperação para enfrentá-los e solucioná-los de modo muito mais justo, eficiente e racional.

Desse ponto de vista, o debate sobre a explotação dos recursos espaciais é apenas um item importantíssimo do quadro geral em que vivemos, que pede nossa mais ativa participação.

Daí que urge uma ética do debate. Edgar Morin escreve a respeito: “A regra do debate é inerente às instituições filosófica, científica e democrática. A ética do debate vai mais longe ainda: exige a primazia da argumentação e a rejeição da anatematização. Longe de descartar a polêmica, ela a utiliza, mas rejeita todos os meios vis, todos os argumentos de autoridade, assim como quaisquer tipos de rejeições pelo desprezo, quaisquer insultos sobre as pessoas.” (10)

Em suma, não se pode tratar quem pensa diferente como se fosse um inimigo intolerável.

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e ex-Chefe da Assessoria Internacional do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Agência Espacial Brasileira (AEB). E-mail: jose.monserrat.filho@gmail.com.

Referências

1) A.A. Cançado Trindade, O Direito Internacional em um Mundo em Transformação, Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 1083.
2) Ver texto completo em www.sbda.org.br.
3) Stiglitz, Joseph E., Globalização: como dar certo, São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 38.
4) Morin, Edgar, e Kern, Anne Brigitte, Terra-Pátria, Porto Alegre: Sulina, 2011, p. 23-27.
5) Ver texto completo em www.sbda.org.br
6) Datonou, Dieudonné. Du concept de patrimoine commun de l'humanité aux droits de l'humanité: etude historico-juridique du concept de patrimoine commun de l'humanité en droit international, Roma: Pontificia Università Lateranense, 1995.
7) http://www.iea.usp.br/noticias/documentos/convencao-onu-mar.
8) H.R.2262 - U.S. Commercial Space Launch Competitiveness Act. Ver texto completo em https://www.congress.gov/bill/114th-congress/house-bill/2262.
9) Ver no site http://theweek.com/articles/462830/how-asteroid-mining-could-add-trillions-world-economy.
10) Morin, Edgar, A Ética do Sujeito Responsável, in Ética, Solidariedade e Complexidade, com textos de Edgard de Assis Carvalho, Maria da Conceição de Almeida, Nelly Novaes Coelho, Nelson Fiedler-Ferrara e Edgar Morin, São Paulo: Palas Ahenas, 1998, p. 73.
.

domingo, 25 de dezembro de 2016

VLM-1: Avibras contratada para produção dos motores S50

.
Contrato garante produção de oito motores S50

23/12/2016

O dia 22 de dezembro de 2016 será lembrado no Brasil como uma data histórica para o Programa Espacial Brasileiro. Neste dia, em São José dos Campos, no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), foi assinado o contrato de produção de oito motores S50, que serão utilizados nos voos realizados pelo veículo VS-50 e no voo da primeira versão do Veículo Lançador de Microssatélites VLM-1, financiado pela Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTIC).

O contrato garante o fornecimento de oito motores S50 com todos os seus acessórios. Os motores 1 e 2 serão utilizados para ensaios de engenharia (ensaios estrutural e de ruptura). Os 3 e 4 serão utilizados para queima em banco de testes para validação em solo. Os 5 e 6 serão utilizados para validação, durante os voos de dois veículos VS-50. Por fim, os 7 e 8 serão os motores de voo da primeira versão do VLM-1.

O projeto do VLM será desenvolvido com recursos da AEB por intermédio do convênio celebrado com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais Funcate), que prestará auxílios gerencial, financeiro e administrativo ao IAE.

“Os esforços das equipes do IAE que participaram da formalização, construção e análise da proposta foram imensos e devem ser valorizados por todos que confiam no sucesso do Programa Espacial Brasileiro. As discussões começaram em setembro de 2015 e, 15 meses depois, o contrato foi assinado. A consolidação do contrato deve-se, também, ao empenho da Indústria Aeroespacial (Avibras) envolvida no projeto que conquistou a confiança do IAE por meio de uma proposta séria que abrange planos gerenciais, de risco e de qualidade compatíveis com o tamanho da empresa e com os desejos do instituto contratante”, afirmou a equipe da Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento (DTEL).

Assim, nos próximos 26 meses, a empresa deverá industrializar o projeto do motor S50 e produzir seis motores e seus acessórios, que serão acompanhados por técnicos do IAE e do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) para o bom desempenho do contrato do ponto de vista técnico e de qualidade. O acordo assinado irá produzir os primeiros seis motores e os dois restantes serão objeto de Termo Aditivo ao contrato, após a revisão, submissão e aprovação de Termo Aditivo ao Convênio 001/2015, entre o IAE e a Funcate, para o desenvolvimento do VLM-1.

O presidente em exercício da AEB, Carlos Alberto Gurgel, acredita no sucesso do projeto e confia no trabalho a ser desenvolvido pela equipe de militares e servidores da Força Aérea Brasileira (FAB),  da Funcate e da Avibras e deseja êxito na continuidade desse importante projeto do Programa Espacial Brasileiro.

No ato da assinatura, estavam presentes o diretor-geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Ten. Brig. do Ar Antônio Carlos Egito do Amaral, o diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Brig. Eng. Augusto Luiz de Castro Otero e o gerente do projeto do VLM, Ten. Cel. Eng. Fábio Andrade de Almeida. Da Avibras, estavam presentes o presidente, João Brasil Carvalho Leite, o vice-presidente José Sá Carvalho Júnior, o gerente de Engenharia de Desenvolvimento, Luiz Eduardo Nunes Almeida e o Executivo de Vendas, Marco Aurélio Rodrigues de Almeida e o diretor de projetos da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), Dr. Donizeti Andrade.

Fonte: AEB
.

"Entrada do SGDC em operação vai alavancar atuação da Telebras"

.
Na avaliação do presidente da empresa, Antonio Loss, responsabilidade da companhia será a de ser o principal provedor de conexão à internet por meio da banda larga no território brasileiro. "Vamos ter a honra e a responsabilidade de entregar um serviço para os brasileiros como nunca foi feito antes", disse. Previsão é que o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que teve investimentos de R$ 2,1 bilhões, seja lançado ao espaço no ano que vem.

23/12/2016

A partir do dia 21 de março de 2017, o Brasil vai ter um novo padrão de telecomunicações e a Telebras vai ser o grande provedor de conexão à internet no país. A afirmação é do presidente da companhia, Antonio Loss, que destacou o desafio da empresa com o lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), previsto para o próximo ano.

O primeiro satélite geoestacionário do Brasil foi concluído e entregue ao governo brasileiro em 1º de dezembro último, em Cannes, na França. O projeto é uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Ministério da Defesa, com investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões. O satélite será operado pela Telebras e terá uma faixa de frequência usada para ampliar a oferta de banda larga em todo o Brasil (banda Ka) e outra parte destinada exclusivamente ao uso militar (banda X).

“Vamos ter a honra e a responsabilidade de entregar um serviço para os brasileiros como nunca foi feito antes. Vamos levar acesso à internet às pessoas em qualquer lugar e garantir a segurança das comunicações na área de defesa”, reforçou Antonio Loss.

Grande parte da capacidade do equipamento, 70%, será utilizada na oferta de banda larga aos brasileiros, principalmente para áreas remotas do país, como a região amazônica.  A previsão é que o satélite seja colocado em órbita a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa, em março do próximo ano. O equipamento, de 5,8 toneladas e 5 metros de altura, ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo o território brasileiro e o Oceano Atlântico.

Balanço – O satélite geoestacionário foi o grande destaque da reunião entre diretores e servidores da Telebrás para apresentar os resultados obtidos pela empresa em 2016. No encontro, as diretorias mostraram as principais iniciativas de cada área entre os 464 projetos apresentados neste ano e que terão continuidade em 2017.

O diretor Técnico-Operacional da Telebras, Jarbas Valente, apontou como prioridade o aumento da capacidade das cinco redes de fibra óptica da empresa, os chamados backbones, que abrangem todas as regiões do Brasil. Segundo ele, o lançamento do SGDC vai aumentar a demanda pela capacidade de tráfego dessas redes.

“Em 2016, melhoramos as condições de operação das redes para dar mais qualidade ao cliente. E, para 2017, vamos investir na ampliação da capacidade para dar vazão ao tráfego que o país vai precisar a partir do lançamento do satélite”, afirmou Valente.

Fonte: MCTIC
.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

CLBI: “A Estação que não para”

.
CLBI finaliza atividades operacionais com rastreamento do Veículo Ariane

22/12/2016

O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, finalizou, nesta quarta-feira, (21.12), as atividades operacionais de 2016 com o rastreamento do Veículo Ariane VA234. O veículo foi lançado a partir do Centro Espacial Guianês, em Kourou, na Guiana Francesa, às 18h30, horário de Brasília.

O Ariane transportou como carga embarcada, dois satélites de comunicações, o JCSAT-15 e o STAR ONE. O primeiro será usado nos serviços de TV no Japão, assim como nas comunicações de transferências de dados marítimos e de aviação para a Oceania e Oceano Índico. O segundo vai expandir os serviços da Embratel no Brasil e na América Latina, garantindo a oferta de sinais de áudio, TV, rádio e dados e internet.

No CLBI, a operação de rastreamento mobilizou, durante o ensaio técnico e a cronologia real de rastreamento, 48 servidores, entre técnicos e engenheiros. Das estações que compõem a cadeia de rastreamento, a de Natal é a única operada por profissionais de nacionalidade diferente das que integram a Agência Espacial Europeia (ESA).

O CLBI compõe uma cadeia de rastreamento de veículos lançados à leste, juntamente com Galliot, na Guiana Francesa; Ascension, no Atlântico Sul; Libreville, no Gabão e Malindi, no Quênia; tornando-se imprescindível a participação operacional da Estação Natal por ser a única estação rastreadora durante a fase propulsada do veículo.

De acordo com o coordenador de telemedidas, o engenheiro Clécio de Oliveira Godeiro, o rastreamento do VA234 foi um sucesso e a Estação cumpriu todos os requisitos exigidos nos protocolos operacionais: “Como todos os cinco rastreamentos realizados neste ano, a condição operacional foi plena, sendo os dados do foguete processados, analisados e enviados em tempo real para o Centro Espacial Guianês”, afirmou.

O diretor do CLBI, o coronel Paulo Junzo Hirasawa, destacou o valor de encerrar o calendário operacional de 2016 com a qualidade e a excelência que ratificam os processos operacionais da Organização. “Encerramos as atividades operacionais garantindo o fiel cumprimento do Acordo Internacional firmado entre o CLBI e a ESA nos processos de rastreamento, gravação, decomutação e entrega segura dos dados provenientes do veículo”.

Junzo ainda acrescentou que o apoio às atividades de lançamento e rastreamento remoto às Operações no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e a condução das Operações Astros e Barreira, certificaram a condição estratégica do Centro no exercício da missão institucional.

Estação Natal – A “Estação que não para” é rótulo que define a Estação de Natal (Telemedidas) por nunca ser desligada. Isso é praticado em todas as estações da Agência Espacial Europeia distribuídas ao longo de alguns Continentes. Essa característica é definida pela necessidade de tê-la permanentemente energizada e mantida sob condições controladas de temperatura e umidade relativa. Sistemas de alarmes em pontos estratégicos permitem a vigilância dos diversos parâmetros durante 24 horas, garantindo a minimização da quantidade de anomalias sobre os sistemas, elevando, consequentemente, a confiabilidade da Estação.

Uma segunda interpretação de “A Estação que não para”, decorre de sua alta taxa de utilização, tanto pelo Centro Espacial Guianês, quanto pelo CLBI, na elevada cadência operacional.

Ao longo dos 37 anos de cooperação internacional com a ESA, o CLBI realizou o rastreamento de veículos que levaram mais de 350 satélites, sejam para órbitas baixas, para as órbitas de transferências geoestacionárias ou para órbitas interplanetárias. Entre os destaques estão a Missão Rosetta, referenciada por sua complexidade e notoriedade.

Fonte: CLBI, via AEB.
.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Star One D1 em órbita!

.

Foi realizado com sucesso no início da noite de terça (21), a partir de Kourou, na Guiana Francesa, o sétimo e último voo este ano do lançador Ariane 5, tendo colocado em órbita dois satélites de comunicações, o Star One D1, da brasileira Embratel Star One, e o japonês JCSAT-15, da operadora SKY Perfect JSAT Corp.

"Com o Star One D1, a Arianespace lançou todos os satélites da Embratel Star One desde 1985 - um total de 11 unidades, e faz apenas um ano desde que lançamos o Star One C4, da Embratel", afirmou em nota o diretor-presidente da Arianespace, Stéphane Israël, destacando o relacionamento de cerca de trinta anos entre a provedora europeia e a operadora brasileira.

O Star One D1, construído pela Space Systems Loral (SSL), dos EUA, estenderá a oferta de capacidade em banda C, bem como trará novas capacidades nas bandas Ku e Ka para a América Latina, complementando os serviços oferecidos pelo Brasilsat B4, lançado em 1994. Trata-se do primeiro satélite da quarta geração da Star One, e também o maior (6.433 kg) e mais capaz satélite já construído para a companhia brasileira - são 70 transpônderes no total.
.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cooperação Brasil - EUA: cubesat SPORT

.
NASA financiará nanossatélite desenvolvido em parceria com o INPE e o ITA

Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2016

A missão SPORT - Scintilation Prediction Observations Research Task, que prevê um nanossatélite para estudos de bolhas de plasma na ionosfera, foi selecionada entre projetos apresentados à NASA para financiamento. A iniciativa é coordenada pelo Marshall Space Flight Center, da agência espacial americana, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

O nanossatélite, um cubesat de aproximadamente seis quilos, servirá a estudos sobre a formação de bolhas de plasma ionosférico, que são as fontes principais de reflexões de radar na região equatorial. A missão SPORT investigará o estado da ionosfera que acarreta o crescimento das bolhas de plasma. Também serão estudadas as relações entre as irregularidades no plasma em altitude de satélites com as cintilações de rádio observadas na região equatorial da ionosfera.

Os instrumentos a bordo do satélite serão desenvolvidos pelo centro da NASA e universidades dos Estados Unidos, com a participação de pesquisadores brasileiros. Já a plataforma poderá ser semelhante à do Itasat, nanossatélite universitário realizado em parceria pelo ITA, INPE e instituições de ensino.

No Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, em São José dos Campos (SP), será realizada a montagem e ensaios necessários para o lançamento do nanossatélite. A responsabilidade pela operação em órbita será do Centro de Controle de Satélites (CCS) do INPE e estações brasileiras de cubesats.

O Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace) do INPE fará o processamento, armazenamento e distribuição dos dados científicos da missão SPORT. As informações da rede de sensores de solo do Embrace na região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), combinadas com os dados obtidos pelo cubesat, conferem características pioneiras à missão.

O lançamento, de responsabilidade da NASA, será pela Estação Espacial Internacional (ISS). O cronograma prevê o início da missão em março de 2017, sendo que o seu lançamento e comissionamento deverá ocorrer entre novembro de 2018 e março de março de 2019, com uma vida útil de um ano, em função da atividade solar no período e a dinâmica de voo para o lançamento da ISS.

Pesquisadores e tecnologistas de várias áreas do INPE participaram do desenvolvimento da proposta agora contemplada pela NASA. Sob o encaminhamento do ITA, está sendo submetido à FAPESP um projeto temático para o orçamento da parte nacional da missão, bem como sua extensão.

Fonte: INPE
.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Mensagem de Final de Ano

.

Aos nossos leitores, amigos e colaboradores, nossos votos de um Feliz Natal e excelente 2017.

Como de costume, aproveitamos também agradecer a todos pelo interesse, participação e reconhecimento.

André M. Mileski
.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Star One D1: lançamento este mês

.

Está previsto para o dia 20 de dezembro, em Kourou, na Guiana Francesa, o 11o lançamento da Arianespace este ano, e o 7o do lançador Ariane 5, que levará a bordo dois satélites: o Star One D1 (imagem acima), para a brasileira Embratel Star One, e o JCSAT-15, para a companhia japonesa Sky Perfect JSAT Corportion.

Pela segunda vez este ano, a Arianespace transportará dois satélites construídos pela Space Systems Loral (SSL), dos EUA, num mesmo voo do Ariane 5.

O Star One D1, primeira unidade da quarta geração de satélites da Star One, será a 11a carga útil da operadora brasileira lançada pela Arianespace, e o 60o artefato construído pela SSL orbitado pela provedora de lançamentos europeia. O satélite será inserido na posição 84o, Oeste, permitindo cobertura do Brasil, Américas Latina e Central, México e Caribe.

O satélite, de grande porte, disporá de transpônderes em banda C, Ku e Ka e atenderá os segmentos de telecomunicações, transmissão de TV, banda larga, acesso a internet e outros serviços como inclusão digital.
.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Resultados da chamada FAPESP - FINEP

.
Fapesp e Finep anunciam propostas selecionadas em chamada para aplicações espaciais

Terça-feira, 13 de Dezembro de 2016

O resultado da seleção pública do Programa PIPE/PAPPE Subvenção para apoiar pesquisa voltada ao desenvolvimento de tecnologias e produtos para aplicações espaciais foi anunciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Confira aqui as propostas selecionadas

Puderam participar da chamada, lançada pela Fapesp com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), microempresas, pequenas e médias empresas brasileiras sediadas no Estado de São Paulo.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participou da elaboração do edital junto a Fapesp e Finep.

As propostas deveriam responder a desafios tecnológicos nas áreas de instrumentos embarcados da missão EQUARS; eletrônica e óptica espacial; propulsão; transponder digital e antena; suprimento de energia; integração de sistemas; controle de atitude e órbita.

O INPE busca auxiliar o Brasil a obter autonomia em todo o processo que envolve o desenvolvimento, a integração, o lançamento e o controle de satélites. Assim, adota uma política industrial que permite a qualificação de fornecedores e contratação de serviços, partes, equipamentos e subsistemas junto a empresas nacionais.

Fonte: INPE
.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Documentários sobre a Ciência brasileira

.
Ciência brasileira é tema de série de documentários do canal Discovery Brasil

Patrocinada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a série "Brasil Ciência" revela que o país possui uma infraestrutura de ponta, que coloca a pesquisa nacional na fronteira do conhecimento.

12/12/2016

A partir de segunda-feira (12), o canal Discovery Brasil irá exibir uma série de documentários sobre a ciência e a tecnologia produzidas no Brasil. Patrocinada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a série “Brasil Ciência” revela que o país possui infraestrutura de ponta, que coloca a pesquisa nacional na fronteira do conhecimento. Os documentários vão ao ar todos os dias, à meia-noite, até sexta-feira (16).

Nessa primeira temporada, o público vai saber mais sobre a Torre Atto, um dos mais importantes projetos de pesquisa do mundo sobre mudanças climáticas. Instalada no meio da floresta amazônica, o Observatório da Torre Alta de Observação da Amazônia (Atto, na sigla em inglês) tem 325 metros de altura, o que equivale a um prédio de 80 andares, e é a maior torre de estudos climáticos do mundo. A expectativa dos pesquisadores é que a torre monitore o clima na Amazônia por um período de 20 a 30 anos com a coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a biosfera e a atmosfera.

O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), também será tema de um episódio do “Brasil Ciência”. O país, hoje, é um dos líderes mundiais em pesquisas de luz síncrotron que possibilitam, por exemplo, avanços nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia. Em 2018, o LNLS concluirá a construção do seu mais ambicioso projeto, o Sirius, que deve superar o equipamento inaugurado na Suécia este ano.

A ciência brasileira também possui o maior e mais potente supercomputador da América Latina, o Santos Dumont. Localizado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), é capaz de realizar um quatrilhão de operações matemáticas por segundo. Sua velocidade de processamento de dados permite acelerar os resultados e apoiar pesquisadores de todo o país.

Em outro episódio, o telespectador poderá conhecer como funciona um dos mais modernos navios de pesquisa hidroceanográfica do mundo, o Vital de Oliveira. Equipada com o que há de mais moderno, a embarcação terá reflexo direto na ampliação da geração de conhecimento sobre o ambiente marinho na região do Atlântico Sul, no desenvolvimento de tecnologias e inovação em produtos e serviços, na redução da vulnerabilidade e dos riscos decorrentes de eventos extremos e das mudanças climáticas sobre a zona costeira e na formação de recursos humanos ligados à pesquisa científica marinha.

A série do canal Discovery também mostrará que o Brasil está perto de lançar na órbita terrestre o seu primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). O equipamento, construído com vários itens de tecnologia brasileira, vai possibilitar a conexão em banda larga em todo o território nacional e garantir a soberania em comunicações estratégicas. O satélite, uma parceria entre o MCTIC e o Ministério da Defesa com investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões, já foi entregue ao governo brasileiro e deve ser colocado em órbita em março de 2017. Com 5,8 toneladas e 5 metros de altura, ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo o território brasileiro e o Oceano Atlântico.

Clique aqui para acessar os vídeos.

Fonte: MCTIC
.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tancredo-1: tubesat escolar brasileiro

.
Satélite de escola pública de Ubatuba, a bordo de foguete japonês, será enviado nesta sexta-feira para ISS 

Quinta-feira, 08 de Dezembro de 2016

Com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estudantes de 10 a 15 anos foram capazes de construir um pequeno satélite, que deve ser enviado ao módulo japonês Kibo da Estação Espacial Internacional (ISS) nesta sexta-feira, 9 de dezembro, às 11h26 (hora de Brasília).

Clique aqui para acompanhar a transmissão ao vivo do lançamento.

O voo do Tancredo-1 irá coroar os esforços de alunos e professores da Escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba (SP), que desde 2011 atuam para colocar em órbita o picossatélite, um tubesat de aproximadamente 600 gramas.

O Tancredo-1 será enviado para a ISS-Kibo dentro do adaptador TuPOD, fabricado pela empresa italiana GAUSS Srl, a bordo de um foguete da JAXA, a agência espacial japonesa.

"Espera-se que o TuPOD seja ejetado da ISS em 19 de dezembro e, em 21 de dezembro, o Tancredo-1 deve ser finalmente ejetado do TuPOD para o espaço", informa Auro Tikami, do INPE, que acompanha as atividades com o picossatélite.

Quando em órbita, a uma altitude de cerca 400 km da Terra, o Tancredo-1 transmitirá dados de telemetria e mensagem gravada pelos estudantes brasileiros e radioamadores. Além disso, o picossatélite leva a bordo um pequeno experimento para estudo da formação de bolhas de plasma, preparado pelo pesquisador Polinaya Muralikrishna, da Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA) do INPE.

Para tornar real o Tancredo-1, a escola criou o projeto UbatubaSat, que nos últimos anos vem proporcionando ricas experiências aos estudantes, professores e, também, pesquisadores do INPE. Desde o início do projeto, foram inúmeros os encontros entre os alunos e especialistas, visitas de engenheiros à escola e do grupo de Ubatuba às instalações do Laboratório de Integração e Testes (LIT) e da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE, em São José dos Campos (SP).

O projeto é liderado pelo professor de matemática Cândido Oswaldo de Moura, que teve a ideia ao ler numa revista de divulgação científica sobre satélites pessoais. Ele buscou então apoio no INPE, que abraçou a iniciativa como parte de sua missão de difundir conhecimento e incentivar novos talentos para a área espacial.

Antes mesmo de voar, o Tancredo-1 levou a viagens e conquistas inesquecíveis. A história do grupo mais jovem do mundo a ingressar na área espacial foi contada pelos próprios estudantes no Japão, em 2014, quando tiveram um artigo científico aceito em congresso aeroespacial daquele país. Também puderam conhecer as instalações da NASA e da Interorbital, empresa dos Estados Unidos que criou o "kit" para montagem de tubesats.

O kit teve que passar por uma completa reengenharia, tema de mestrado na área Engenharia e Gerenciamento de Sistemas Espaciais de Auro Tikami no INPE. "Como o Tancredo-1 tem vida útil aproximada de três meses, a reengenharia foi feita atendendo aos requisitos de segurança exigidos pela JAXA e utilizando praticamente os mesmos componentes originais".

O INPE mantém o apoio aos estudantes e professores, que continuam o projeto e esperam lançar outros satélites. "Uma afirmação que sempre lembramos neste projeto voluntário é que a parte mais importante ficará perenizada em terra com seus participantes e no conhecimento gerado, podendo servir de ponto de partida para novas iniciativas de difusão em Ciência", afirma Walter Abrahão dos Santos, pesquisador que coordena o projeto no INPE.

Os participantes do projeto agradecem o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), da comunidade de radioamadores, da GAUSS (Itália), JAMSS (Japão), Morehead State University (Estados Unidos), além dos vários pesquisadores, engenheiros e especialistas voluntários de divisões da ETE, CEA e LIT do INPE, bem como do Centro Regional Sul (CRS/INPE) e do ITA, e todos que colaboraram para tornar possível o voo do Tancredo-1.

Fonte: INPE
.

Operação Rio Verde: VSB-30 é lançado

.
Foguete de Sondagem VSB-30 é lançado com oito experimentos científicos

07/12/2016

Os oito experimentos científicos e tecnológicos fomentados pela Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio do Programa Microgravidade, foram lançados nesta quarta-feira (7.12), a bordo da carga útil MICROG2, pelo Veículo de Sondagem Brasileiro VSB-30. Após o lançamento as equipes de resgate recuperaram a carga útil e devolveram os experimentos aos pesquisadores responsáveis.

Apesar da conquista, a Operação Rio Verde não ocorreu conforme o previsto pois sua carga útil não atingiu a altura máxima (apogeu) esperada, por razões ainda desconhecidas e a serem avaliadas nos próximos 30 dias, conforme informações dos órgãos envolvidos na operação.

Segundo o coordenador dos oito experimentos, José Bezerra Pessoa Filho, esse fator não inviabiliza a operação, uma vez que dados de alguns experimentos são úteis para futuras pesquisas e o tempo de voo permitiu a operação adequada de alguns experimentos e do sequenciamento de voo.

“Trabalharemos com empenho a fim de oferecer outra oportunidade para que esses experimentos sejam testados da melhor maneira possível e não atrapalhe a condução das pesquisas", afirmou o gerente do Programa Microgravidade da AEB, Carlos Eduardo Quintanilha Vaz de Oliveira.

A professora Kátia Castanho Scortecci, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), responsável pelo experimento da cana-de-açúcar explicou que o objetivo de sua pesquisa é compreender o efeito da microgravidade em plantas. “Queremos ver outros resultados moleculares como genes e proteínas em respostas a essas condições”. Ela diz ainda que seu maior sonho é realizar esse experimento em uma estação espacial, pois é uma área de ponta que pode auxiliar o homem a viver em outros planetas.

Assista o vídeo de lançamento abaixo:


Fonte: Coordenação de Comunicação Social AEB
.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

"Adivinhe quem vai tomar conta do arsenal nuclear dos EUA?", artigo de José Monserrat Filho

.
Adivinhe quem vai tomar conta do arsenal nuclear dos EUA?

José Monserrat Filho *

“A guerra é uma negociata. Sempre foi. Possivelmente a mais antiga, sem dúvida a mais rentável, certamente a mais viciosa. É a única na qual os lucros são contados em dólares e as perdas em vidas.” Smedley Darlington Butler, major general do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. (1)

Ele mesmo. Donald Trump, o magnata que ganhou as eleições presidenciais americanas no Colégio Eleitoral, mas perdeu no voto direto por mais de dois milhões de sufrágios, e que promete fazer qualquer negócio para “recuperar a grandeza dos EUA” – slogan repetido ad nauseam, mas que não se sabe bem o que significa, nem se tem algum limite.

Em 20 de janeiro de 2017, o novo morador da Casa Branca assume o comando da maior potência militar do planeta e, ato contínuo, passa a controlar todas as armas nucleares do país.

A julgar pelo que disse durante a campanha eleitoral e tem dito como presidente eleito, é difícil avaliar com clareza seu senso de responsabilidade e seu real grau de sanidade. Há quem diga que ele gosta de brincar com o fogo. Tanto que já nomeou para comandar o Pentágono o general reformado James Mattis, apresentado como “militar linha-dura” (2) e que é conhecido pelo apelido de “Mad Dog” (cachorro louco), que não diz tudo, mas sugere muita coisa. Isso, claro, ainda não garante que aceite de bom grado uma aventura nuclear, que poderia desperdiçar à toa boa parte de sua fortuna. Mas nunca se sabe. Quem de cabeça fria poria a mão no fogo por Trump?

A verdade é que os EUA realizaram mais testes nucleares do que o resto do mundo junto e que são o único país a ter usado bombas atômicas contra outro país (Japão, em Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945). Além do mais, ocupa de longe o primeiro lugar entre as 10 maiores potências detentoras dessas armas de destruição em massa. E é a única potência com armas nucleares instaladas em outros países (Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia), dentro do programa nuclear da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN (NATO, em inglês).

Os EUA têm o maior gasto militar do mundo, com 596 bilhões, seguido da China, com 215 bilhões (estimados), da Arábia Saudita, com 87,2 bilhões, da Rússia, com 66,4 bilhões, do Reino Unido, com 55,5 bilhões, da Índia, com 51,3 bilhões, e da França, com 50,9 bilhões – tudo em dólares americanos, segundo relatório de 2016 do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute – Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo), relativo a 2015. (3)

Em 2015, aliás, o mundo inteiro gastou um trilhão e 676 bilhões de dólares em armas e atividades militares. Para o SIPRI, se comparamos os gastos militares globais com as despesas previsíveis dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável do Milênio – Agenda 2030 (4), aprovados pelas Chefes de Estado e Governo e altos representantes das Nações Unidas em 27 de setembro de 2015, é fácil imaginar o que já poderia ter sido conquistado se parte dos gastos militares tivessem sido redirecionados para financiar as metas do Milênio. Pouco mais de 10% desses gastos seriam suficientes para eliminar a pobreza extrema e a fome no mundo, cumprindo os objetivos 1 e 2. E menos de 10% bastariam para atender ao objetivo 4, da Educação. Pouco menos da metade dos gastos militares permitiriam alcançar a maioria dos objetivos visados, para os quais é essencial dispor de meios financeiros adicionais.

No início do presente ano, 2016, nove países detinham 15.395 armas nucleares – 4.120 delas à disposição de forças operativas e outras 1.800 mantidas em alto estado de alerta. Os nove países, pela ordem de quantidade de armas, são: Rússia, EUA, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. A Rússia aparece em 1º lugar, com 7.290 ogivas, e os EUA em 2º, com 7 mil – o que é visto como empate técnico. A informação é do mesmo relatório do SIPRI.

O relatório do SIPRI tem um dado aparentemente positivo: “O número total de ogivas nucleares está diminuindo no mundo, graças sobretudo às reduções, por parte dos EUA e Rússia, de seus arsenais nucleares, como efeito do Tratado sobre Medidas para Redução e Limitação das Armas Estratégicas Ofensivas (Novo Start), de 2010, e de reduções unilaterais.” Acontece, alerta o SIPRI, que “desde o princípio de 2011, nenhum dos dois países promoveu grandes reduções em suas forças nucleares instaladas” e, como se isso fosse pouco, “tanto os EUA, quanto a Rússia, puseram em marcha extensos e custosos programas de modernização” (de armas nucleares). Ademais, “todos os demais Estados”, com arsenal nuclear bem menor, “estão desenvolvendo ou implantando novos sistemas de armas ou anunciaram a intenção de fazê-lo”.

Já houve nos EUA quem pretendesse resolver o impasse da Guerra Fria com o lançamento de armas nucleares. Foi o general Douglas MacArthur (1880-1964), chefe supremo das Forças Armadas dos EUA na Guerra contra o Japão. Ele comandou as tropas das Nações Unidas (EUA e aliados) na Guerra da Coreia (25/06/1950-27/07/1953), durante o governo de Harry S. Truman (1884-1972). Seis meses após o início da Guerra da Coreia, em janeiro de 1951, MacArthur passou a defender a ideia de atacar a China e a Coreia do Norte com bombas atômicas, como Truman decidira no caso do Japão.

Desta feita, no entanto, Truman achou que a operação podia não dar certo e apostou no fim do conflito. MacArthur se deu mal: demitido do comando em 11 de abril de 1951, foi julgado, logo em maio e junho, pelo Congresso dos EUA, que concluiu: o general violou a Constituição do país ao desrespeitar as ordens do presidente. (5) A posição de Truman acabou vingando em julho de 1953, quando Dwight D. Eisenhower (1890-1969) já era presidente dos EUA desde o começo do ano e Josef Stalin (1878-1953), que ajudara Mao Tse Tung (1893-1976) na Coreia, já tinha morrido, em 5 de março. O conflito coreano terminou com um simples e frágil armistício (trégua), e não com um desejável acordo de paz (até hoje não assinado). Esse é um dos graves problemas pendentes.

Poderia Trump ser o McArthur de hoje? Provavelmente, não. Mas também não é impossível.  Só Deus sabe.

No artigo “Mister Trump e a bomba” publicado na revista Arms Control Today, seu diretor Daryl G. Kimball, escreve: “Durante décadas, os presidentes dos EUA – de ambos os partidos – foram confrontados com uma série de perigos com armas nucleares. Até hoje, apesar de várias falhas e ordens próximas, evitamos a catástrofe e limitamos a disseminação de armas nucleares a nove estados. Mas, com a eleição de Donald Trump, os EUA e o mundo adentram um território nuclear desconhecido e perigoso.” (6)

Kimball considera que de 20 de janeiro em diante, “o poder devastador do arsenal nuclear dos EUA estará sob o controle de um comandante-chefe impetuoso e impulsivo”. A seu ver, ao longo da campanha eleitoral, Trump deu declarações “profundamente preocupantes”, deixando claro que “ele está longe de entender os perigos incomparáveis das armas nucleares” e “não tem condições de administrar seus riscos”.

Perguntado se poderia usar armas nucleares, Trump não negou. Deu uma resposta dúbia, evasiva: "Bem, é uma última postura absoluta ... [mas] se quiser ser imprevisível", o que foi interpretado como se, em caso de crise, ele admitisse se envolver com armas nucleares... Afirmou também que seria aceitável se o Japão ou a Coréia do Sul buscassem suas próprias armas nucleares para combater a Coréia do Norte, porque, segundo ele, "isso vai acontecer de qualquer maneira".

Prometeu, ainda, "desmantelar" o acordo com o Irã, de 2015, de que participam seis potências mundiais. Se tentar "renegociar" o acordo, adverte Kimball, poderá estimular a rápida reconstituição da capacidades nuclear do Irã (que teme as bombas de Israel), paralisará os principais aliados dos EUA e criará condições para nova guerra no Oriente Médio, ainda mais desastrosa. Para Kimball, isso significa que “se Trump ou o Congresso liderado pelos republicanos sabotarem o acordo com o Irã, terão graves consequências geopolíticas”. Na sua visão, ao contrário de Obama, que entrou na Casa Branca com um plano detalhado para reduzir a ameaça nuclear, “Trump não tem uma estratégia discernível para gerenciar os desafios nucleares mais assustadores do nosso tempo”.

Como tratará a Coreia do Norte? Na campanha, ele disse que estaria disposto a conversar com o líder da Coréia do Norte. Mas também sugeriu terceirizar o caso à China. Kimdall tem uma ideia razoável e construtiva a respeito: Pequim só entrará em campo para valer se contar o apoio claro dos EUA para um diálogo renovado e de amplo alcance com a Coreia do Norte. Quer dizer, um diálogo renovado e amplo com a própria China também. Terá Trump cabeça para tanto?

Se tiver (os milagres acontecem quando menos se espera), o mundo estará bem mais seguro do que hoje. Será o fim da nova Guerra Fria, ora em pleno andamento (com gastos de muitos bilhões, como já vimos.) Mudando de rumo, o mundo poderá até adotar “Uma proibição completa de testes nucleares”, como em boa hora propõe o atual Secretário de Energia dos EUA, Ernest J. Moniz (7), deixando um nobre e oportuno recado para Trump.

* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e ex-Chefe da Assessoria Internacional do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Agência Espacial Brasileira (AEB). E-mail: jose.monserrat.filho@gmail.com.

Referências

1) “War is a racket. It always has been. It is possibly the oldest, easily most profitable, surely the most vicious. It is the only one in which the profits are reckoned in dollars and the losses in lives.” Butler, Smedley Darlington (1881-1940), War is as Rocket (A Guerra é como uma negociata), Dragon Nikolic (Editor), 2012, p. 1. Crítico das guerras empreendidas pelos EUA, Butler foi, no entanto, até sua morte, o soldado mais condecorado da história americana. A frase aparece como epígrafe do livro de Luis Alberto Muniz Bandeira, A Desordem Mundial – O Espectro da Total Dominação, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
2) O Globo, 02/12/2016.
3) https://www.sipri.org/sites/default/files/SIPRIYB16-Summary_ESP.pdf.
4) https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.
5) Stein, R. Conrad, The Korean War – The Forgotten War, USA, NJ: Enslow Publichers, 1954.
6) https://www.armscontrol.org/aca/977.
7) http://science.sciencemag.org/content/354/6316/1081.full. Science, 2 de dezembro.
.

Cooperação Brasil - China: ciência espacial

.
INPE realiza 1º Workshop Brasil-China em Ciência Espacial

Segunda-feira, 05 de Dezembro de 2016

Ciências espaciais e atmosféricas, sensoriamento remoto, lixo espacial e formação de novos talentos estão entre os temas do 1º Workshop Brasil-China em Ciência Espacial, que reunirá especialistas e gestores de ambos os países, nos dias 6 e 7 de dezembro, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

Em cooperação com a Academia Chinesa de Ciências e o Centro Nacional Chinês para Ciência Espacial (CAS e NSSC, nas siglas em inglês), o INPE mantém em suas instalações, desde 2014, um laboratório conjunto de clima espacial. A iniciativa tem facilitado as pesquisas na área, promovendo o intercâmbio de cientistas entre os dois países e a formação de pós-doutorandos.

Juntos, Brasil e China promoveram campanhas científicas de coleta de dados e instalaram instrumentos para aperfeiçoar estudos sobre clima espacial. Com o avanço neste setor, os dois países buscam expandir a parceria no campo da ciência espacial e do sensoriamento remoto. A participação em atividades de monitoramento de lixo espacial e estudos para o desenvolvimento de um satélite na área de clima espacial estão entre as possibilidades que serão discutidas no encontro.

"Cumprimos todas as atividades previstas com a implantação do laboratório conjunto e estamos iniciando as discussões para os próximos passos da cooperação. Este será um workshop exploratório", define Clezio Marcos De Nardin, pesquisador que coordena o Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace) do INPE, responsável por acompanhar fenômenos que podem afetar satélites e sistemas tecnológicos como GPS e linhas de transmissão, entre outros.

Além de INPE, CAS e NSSC, participarão do workshop representantes do Ministério das Relações Exteriores e de outros institutos de pesquisa e universidades. "O objetivo é estender a parceria em áreas de interesse mútuo", conclui o pesquisador do INPE.

Fonte: INPE
.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Cooperação Brasil - China: CBERS 4A

.
Brasil e China acertam operação do satélite CBERS-4A

Terça-feira, 29 de Novembro de 2016

Técnicos brasileiros e chineses se reuniram no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), na segunda-feira (28/11), para discutir assuntos relacionados ao Programa CBERS e à cooperação nas atividades de rastreio, telemetria e telecomando para o CBERS-4A, satélite que tem lançamento previsto para 2018.

Sexto satélite do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), o CBERS-4A garantirá a continuidade do fornecimento de imagens para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

Segundo Valcir Orlando, chefe do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) do INPE, os técnicos já se preparam para as ações durante a crítica fase de lançamento e órbitas iniciais do satélite.

"Discutimos qual seria a participação do INPE na realização das atividades operacionais do satélite durante esta fase, além de detalhes importantes sobre a comunicação de dados na ocasião. Outro ponto importante abordado na reunião foi o modo pelo qual a responsabilidade pelo controle em rotina do CBERS-4A seria compartilhado entre INPE e CLTC (China Satellite Launch and Tracking Control General)", explicou o chefe do CRC/INPE.

O CLTC é o órgão responsável pelas bases de lançamentos e estações de rastreio chinesas, bem como pelo centro de controle de satélites de Xian. No âmbito da cooperação no Programa CBERS, enquanto o desenvolvimento dos satélites está sob a responsabilidade do INPE junto com a CAST (China Academy of Space Technology), as operações em órbita, a partir do lançamento, são realizadas em parceria com o CLCT.

Para a reunião, o diretor do INPE Ricardo Galvão recepcionou a delegação chinesa do CLTC coordenada por Wu Shuangtie, consultor do CLTC. Após as discussões, foi assinada a minuta acordando que, em geral, serão consideradas as mesmas soluções adotadas para o CBERS-4, satélite lançado em 2014 e atualmente em operação.

Pelo INPE, também participaram Maurício Gonçalves Vieira Ferreira e Jun Tominaga, do CRC/INPE, Antonio dos Reis Bueno, do Programa CBERS, e Adriana Cursino Thomé, da Seção de Relações Internacionais.

Após a reunião técnica, a delegação chinesa visitou o Laboratório de Integração e Testes (LIT) e o Centro de Controle de Satélites (CCS) do INPE.

Sobre o Programa CBERS: www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Telespazio e Yasat: capacidade em banda Ka para o Brasil

.
Yahsat e Telespazio assinam acordo para capacidade em banda Ka no Brasil

A Yahsat e a Telespazio divulgaram hoje (30) a assinatura de um contrato com duração de 5 anos para a prestação de serviços integrados de satélite por meio do uso de capacidade em banda Ka do satélite Al Yah 3, que será lançado ao espaço em 2017.

De acordo com o contrato, a Telespazio fornecerá soluções em conectividade de satélites e IP para seus clientes por meio de uma combinação de capacidade em banda Ka do Al Yah 3, que cobrirá 95% da população brasileira em mais de 5 mil municípios, e uma infraestrutura solo no estado-da-arte. Os serviços serão oferecidos via gateways localizados no Brasil, o que maximizará a performance e disponibilidade.

Comentando o acordo fechado com a Yahsat, Marzio Laurenti, presidente da Telespazio Brasil, afirmou: "Nossa oferta atual para os mercados corporativo, institucional e de telecomunicações está baseada nas bandas de satélites C, Ku e L. A tecnologia da Yahsat na banda Ka se encaixa e complementa o portfólio de serviços da Telespazio Brasil, e nos permitirá atender a crescente demanda em banda larga com a necessária competitividade em termos de custos."

Fruto de uma joint-venture entre os grupos Leonardo, da Itália, e Thales, da França, a Telespazio tem quase 20 anos de presença no País, atuando principalmente nos segmentos de comunicações e observação terrestre.
.

SGDC: mais sobre a entrega na França

.
.
Brasil recebe oficialmente satélite geoestacionário nesta quinta-feira 

Equipamento deve ser lançado em 2017 a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa

30/11/2016 09:00h

O Brasil recebe oficialmente nesta quinta-feira (01/12) em Cannes, na França, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). A cerimônia contará com as presenças do ministro da Defesa, Raul Jungmann, do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, e do presidente da Telebrás, Antonio Klinger Loss Leite.

“Esse primeiro satélite representa um salto enorme em termos de comunicações de defesa. Ampliará a nossa capacidade de forma segura e, por isso, representa um enorme avanço ao País”, afirma o ministro da Defesa.

O lançamento do SGDC está previsto para o primeiro trimestre de 2017 a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo do foguete Ariane-5.

O satélite ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo o território brasileiro e o oceano Atlântico. O equipamento tem 5,8 toneladas e cinco metros de altura. Quando entrar em funcionamento, vai permitir a expansão da internet banda larga para todo o País e comunicações seguras ao governo brasileiro.

Nos últimos meses o equipamento passou pela fase final de testes na fabricante (Thales Alenia Space), no sul da França. Foi testado o sistema de telecomunicações e de telecomando, que simula as condições de transmissão das antenas. Na prova de vibração, o satélite recebeu cargas de vibração mecânica que simularam as condições de lançamento. Todo o processo foi acompanhado por profissionais brasileiros.

Capacitação - Os profissionais que vão operar o satélite geoestacionário de defesa e comunicações estão na última fase de treinamentos. Foram mais de dois anos de preparação. Parte dos profissionais teve formação no Canadá, França e Chile.

Na etapa final de formação realizada no Brasil, foram mais de 30 cursos com duração média de uma semana. Os últimos módulos se encerram em fevereiro do próximo ano. As oficinas envolvem aulas teóricas e práticas e são ministradas por estrangeiros em Brasília, onde está localizada uma das antenas de comando. Outras antenas de recepção estão instaladas em áreas militares em diferentes Estados. Cada módulo de instrução é dirigido à equipe responsável por áreas específicas de operação ou de manutenção.

A partir de janeiro, os cerca de 60 profissionais, militares das Forças Armadas e funcionários da Telebrás, do Núcleo do Centro Operações Espaciais Principal (NUCOPE-P) usarão simuladores para testar a operação do satélite.

Sobre o SGDC – O satélite vai operar nas chamadas bandas X e Ka. Em relação à primeira, trata-se de uma faixa de frequência destinada exclusivamente ao uso militar, correspondendo a 25% da capacidade total do satélite. A banda Ka terá capacidade de 54 Gbit/s e será usada para ampliar a oferta de banda larga pela Telebrás. O satélite vai garantir conexão banda larga nos municípios mais distantes do País. Ele reforçará a rede terrestre da Telebrás, atualmente com 28 mil km de extensão, presente em todas as regiões brasileiras. O projeto é uma parceria entre os ministérios da Defesa (MD) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). De acordo com a Defesa, o valor de investimento é de R$ 2,1 bilhões, incluindo os custos com a infraestrutura terrestre, e o valor anual de manutenção é estimado em R$ 10 milhões. A vida útil do SGDC está estimada em 18 anos.

Fonte: FAB
.